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Assim surgiu esta imagem de graças

Peregrina-OriginalDesde que João Pozzobon iniciou sua caminhada com a imagem da Mãe e Rainha de Schoenstatt, já passaram mais de 50 anos. Com a idéia genial de fazer as pequenas imagens peregrinas que visitam as famílias, em 1959, este seu empenho apostólico se multiplicou lentamente, a ponto de, na atualidade, ter se tornado um verdadeiro fenômeno. Nas mais de 90 nações onde foi aceita, a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, literalmente ‘invade’ escolas, prisões, hospitais, estabelecimentos comerciais e milhões de famílias, levando às pessoas as graças dos Santuários de Schoenstatt.

Desde alguns meses tem crescido o interesse pela história da assim chamada ‘Imagem Peregrina Original’, ou seja, a imagem da Mãe e Rainha de Schoenstatt que João Pozzobon recebeu em 1950 e carregou durante 35 anos. Antes de morrer, João Pozzobon confiou esta imagem histórica às Irmãs de Maria de Schoenstatt, que a custodiam no Centro Mariano, sede do Movimento de Schoenstatt em Santa Maria.

Assim foi publicado

A atenção a esta imagem foi intensificada por algumas notícias que circularam desde setembro de 2004, que ligam esta imagem histórica com o Santuário Filial de Nueva Helvetia/Uruguai, e com a afirmação que ela mesma – a Imagem Peregrina ‘Original’ – teria sido feita no Uruguai, onde fora presenteada à Ir. M. Teresinha Gobbo. Esta imagem ela teria entregado a João Pozzobon em setembro de 1950.

Estes dados não coincidem com aqueles já conhecidos e, como era de esperar, provocaram certo ‘choque’ na terra de origem da Campanha. Como se têm multiplicado artigos com esta ‘presumida’ história da Imagem Peregrina Original, nada mais justo do que se fizesse uma pesquisa histórica, para que os fatos fossem esclarecidos.

Para esta tarefa, foram consultados os arquivos históricos da causa de canonização de João Pozzobon e da secretaria da Campanha em Santa Maria/Brasil, que constam de anotações do Sr. João e também de gravações com entrevistas suas feitas ainda pelo Pe. Esteban Uriburu. Desta pesquisa, resultam os dados que seguem. Estes não querem aumentar nem diminuir as origens da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt, mas cuidar que as informações noticiadas sejam de acordo com os fatos realmente acontecidos.

A versão da história da Imagem Peregrina Original veiculada em algumas páginas Internet e na Revista ‘Tuparendá’ de setembro/2005 (edição 247) relata que nos anos 40, em Nueva Herlvetia/Uruguai, uma Irmã de Maria realizou um apostolado semelhante ao de João Pozzobon, fazendo peregrinar algumas imagens ‘portáteis’ da Mãe e Rainha de Schoenstatt.

Estas imagens eram feitas pelo mesmo marceneiro que esculpira o altar do primeiro santuário filial. Ir. M. Terezinha Gobbo, uma das primeiras Irmãs de Maria brasileiras e, na época, empenhada na edificação do Movimento de Schoenstatt no Brasil, teria visitado Nueva Helvetia em 1950 (o que realmente aconteceu em outubro de 1949) e se interessado pelas imagens da Mãe e Rainha ‘portáteis’, encomendando algumas ao hábil marceneiro. Este teria feito três modelos diferentes que, tendo agradado Ir M Terezinha, lhe foram gentilmente presenteados. O relato ainda afirma que teria sido uma destas imagens que fora entregue a João Pozzobon, em setembro do mesmo ano.
Infelizmente, as pessoas diretamente envolvidas nesta história não vivem mais. Mas foi possível averiguar alguns dados.

Em primeiro lugar, a descrição feita das ‘imagens portáteis’ relatadas nos artigos (retangulares, com portinhas e com uma cruz) não corresponde àquela dada pelo próprio João Pozzobon sobre a Imagem Peregrina Original, nas suas entrevistas ao Pe. Esteban Uriburu. Segundo seu próprio relato, a imagem não tinha cruz (colocada por ele somente no ano de 1964) nem tinha portas. Estas foram feitas mais tarde, para proteger a imagem.

Assim é a verdadeira história

É de conhecimento geral em Santa Maria, e também confirmado pelo próprio João Pozzobon nas suas anotações, que em 1950 foram feitas algumas imagens ‘iguais’ da Mãe Três Vezes Admirável, em madeira e na forma do Santuário (Falou-se muito tempo de três imagens, João Pozzobon se recorda de quatro imagens iguais). Estas foram confiadas a homens do Movimento para peregrinarem entre as famílias em preparação à proclamação do dogma da Assunção de Maria. Isto contradiz a versão que teriam existido três modelos diferentes de Imagens Peregrinas e que um destes teria sido entregue a João Pozzobon. Existem nas crônicas do Movimento de Santa Maria fotos de outubro de 1950, com quatro imagens ‘peregrinas’.

Infelizmente, não existem notícias do paradeiro destas outras imagens nem da identidade dos outros homens que exerceram este apostolado. Eles devem ter feito o que lhes foi proposto: peregrinar com a imagem durante pouco tempo, até a proclamação do dogma. João Pozzobon continuou ‘somente’ por mais 35 anos!

Da metade dos anos 40 à metade dos anos 50, a devoção à Mãe e Rainha de Schoenstatt foi criando raízes em Santa Maria e nos arredores. Depois da inauguração do Santuário Tabor, foram organizadas muitas romarias e procissões. Por isso, foram feitas também outras imagens da Mãe Três Vezes Admirável, em madeira e na forma de Santuário, um pouco menores que a Mãe Peregrina Original. A crônica do Movimento de Santa Maria relata que, por exemplo, em 1953, na 2ª edição da Romaria da Primavera, participaram três mil pessoas e foram trazidas ao Santuário quinze (!) imagens da Mãe e Rainha. Provavelmente, trata-se destas imagens.

Como surgiu o formato da Imagem

Quanto ao formato da Imagem Peregrina Original, existem documentos que afirmam que – como modelo – foi tomada uma pequena imagem da Mãe e Rainha em madeira e na forma de Santuário, vinda da Alemanha e pertencente a um grupo de Irmãs de Maria. A Irmã proprietária desta imagem, deixou descrito detalhadamente os diálogos com a Ir. M. Terezinha sobre os planos de fazer as ‘imagens peregrinas’ segundo o modelo da sua capelinha.

A própria Ir. M Terezinha ainda vivia quando era já contada a história que o modelo da Imagem Peregrina Original foi tirado da imagem deste grupo de Irmãs. E ela nunca se opôs a esta versão, o que testemunha a sua veracidade. Já quanto ao lugar onde foram fabricadas as imagens, quando perguntado por Pe. Esteban Uriburu, João Pozzobon não duvidou em indicar uma escola técnica de marcenaria dirigida, na época, por Irmãos Maristas. (A ‘Escola de Artes e Ofícios’, situada na Avenida Rio Branco, em Santa Maria, extinta nos anos 80.)

Quem teve a idéia de fazer peregrinar a imagem da Mãe e Rainha nas famílias?

É difícil responder esta pergunta. Segundo os testemunhos de João Pozzobon, sabemos que Pe. Celestino Trevisan e Ir. M. Terezinha propuseram esta idéia aos membros do Movimento e mandaram fazer as imagens. Foi em setembro de 1950, durante um retiro para homens, onde se estimulou a oração do terço seguindo as sugestões dadas pelo Papa de então, Pio XII.

É possível que, em Santa Maria, se tenham inspirado em exemplos como o de Nueva Helvetia, mas deve-se levar em consideração que o costume de fazer peregrinar imagens nas famílias já era conhecido no Brasil, especialmente em regiões de colonização italiana. Também as Irmãs de Maria, para preparar a inauguração da sua casa em Santa Maria, no ano de 1945, visitaram as famílias da paróquia com um ‘altar portátil da MTA’. As anotações de João Pozzobon em seu diário, ainda antes do início da Campanha, relatam também o seu desejo de fazer algo pela salvação das famílias e que ele há mais tempo refletia o que poderia fazer pela Mãe de Deus.

É interessante recordar que João Pozzobon, juntamente com outras pessoas do Movimento, fez sua consagração de Carta Branca no Santuário Tabor em 18 de outubro de 1950, pouco mais de um mês depois de iniciar a Campanha, sob o lema ‘ser vítima para a santificação das famílias’. E, na preparação para este dia, escreveu no seu diário que estava consciente de ser chamado por Maria a uma missão e de estar preparado ‘para tudo’.

Corrigindo sem desvalorizar

Os dados aqui apresentados corrigem a versão da origem da Imagem Peregrina Original ligada a Nueva Helvetia. Este fato, porém, não diminui o valor nem de uma nem de outra iniciativa que tenha surgido nos dois países, no sentido de levar a MTA e as graças do Santuário de Schoenstatt às famílias. O povo latino-americano é ‘naturalmente’ mariano e recebeu a espiritualidade de Schoenstatt com muita abertura.

Podemos constatar esta realidade, facilmente, na história da Família de Schoenstatt nesses países. Por isso, não é de admirar que tivessem surgido tais iniciativas, tão semelhantes, mas que não precisam, necessariamente, estar historicamente ligadas. Elas encontram sua raiz na mesma aliança de amor com a Mãe e Rainha de Schoenstatt no seu Santuário e são expressão, mesmo se não consciente, das palavras de nosso Pai e Fundador em 15 de abril de 1948, perenizadas na carta de Santa Maria: “Levem a imagem da Mãe de Deus e dêem-lhe um lugar de honra em seus lares. Assim, estes se transformarão em pequenos santuários, nos quais a imagem de graças atuará eficazmente, criando uma terra santa na família, e formando santos membros da família.” Louvemos a Deus e nossa querida Mãe e Rainha porque estas palavras se tornaram realidade!

Os documentos citados no artigo pertencem à causa de canonização de João Pozzobon. Para referências destes dados, consultar diretamente o arquivo da causa:sionmari@terra.com.br

Texto: Pe. Argemiro Ferraccioli / Ir M Rosequiel Fávero

FONTE:
Site Oficial do Movimento Apostólico de Schoenstatt
http://www.maeperegrina.org.br

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