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Em um risonho vale que se abre no meio de serras íngremes nas proximidades de Ouro Preto está situada a povoação de Antônio Pereira, fundada nos primórdios do século XVIll por Antônio Pereira Machado, um dos primeiros habitantes de Mariana. Diz o historiador Augusto de Lima Jr. que ali as casas mais antigas, construidas em blocos de cangas e com seus telhados enegrecidos pela ação do tempo, lembram as aldeias dos Pireneus ou do norte de Portugal, habitadas por pastores. Os moradores do povoado são descendentes dos antigos aventureiros do ouro e se dedicam às fainas agrícolas e pastorais, de parcos rendimentos, de modo que o vilarejo aos poucos vai mergulhando em profunda decadência.

Sua primeira matriz, dedicada a Nossa Senhora da Conceição, foi consumida pelo fogo em uma noite fatídica. A população, despertada pelos estrondos do pavoroso incêndio, viu o templo destruído em poucas horas. O auto do corpo de delito declarou que a catástrofe fora fortuita e inexplicada, proveniente talvez de alguma faisca de vela mal apagada, ou do fogo da lâmpada de azeite. Circula entretanto uma lenda segundo a qual o culpado pelo sinistro fora um sujeito mais tarde condenado à forca em Goiás ou Mato Grosso. Contam que na hora do suplício declarou aceitar a morte por castigo, não como justa puníção de outro crime, monstruoso e real, que praticara em Minas, ateando fogo a uma de suas igrejas.

O incêndio da matriz trouxe uma profunda tristeza ao povo de Antônio Pereira, que não se conformava com a perda da casa de sua padroeira, pois devido à pobreza ali reinante não via possibilidade de construir outra. A Virgem Maria, Mãe Bondosa, presenteou seus humildes devotos com um santuário natural encravado numa rocha e adornado por caprichosos estalactites, Este templo, consagrado a Nossa Senhora da Conceição da Lapa, mais conhecido pelo nome de Nossa Senhora da Lapa de Antônio Pereira, é um dos mais interessantes santuário do Brasil.

Raiava o dia 15 de agosto, festa da Assunção da Virgem, quando um menino, a pedido do pai, foi juntar os burros de tropa que pastavam pelas beiradas da serra. Passava ele perto do monte vizinho ao vilarejo, quando atravessou rápido em sua frente um bonito coelho branco. Intrigado com a presença do animalzinho, raro naquelas paragens, a criança quis pegá-lo e saiu correndo ao seu encalço até chegar perto de um alto penedo. No momento em que ia alcançá-lo, o coelho desapareceu, embrenhando-se por uns ramos que cobriam a pedra. Quebrando os galhos que o atrapalhavam, o garoto descobriu uma fenda na rocha e por ela penetrou ansioso por pegar o belo animalzinho.

Em sua frente surgiu então uma enorme grota, deslumbrante de beleza e, ao dar alguns passos, o meninoo percebeu, sentada sobre uma pedra como em um altar natural, uma jovem senhora dominada por estranha luz. A principio ele assustou-se, porém, esquecendo-se do coelhinho, saiu correndo para o arraial a fim de narrar a seus pais o que lhe acontecera.

Recebida a notícia deste falo extraordinário, várias pessoas correram para o lugar indicado, onde não viram a Senhora, mas encontraram sobre a pedra uma imagem da Imaculada Conceição, que parecia estar ali havia muito tempo. Esta imagem recebeu o título de Senhora da Conceição da Lapa.

A novidade se espalhou e o povo começou a afluir à gruta, principalmente após as curas mílagrosas ocorridas no local. Todos se admiraram com a sua forma, que parecia uma igreja feita por mãos humanas e talhada com minúcias de pedra. O céu socorria assim a população que se encontrava sem o templo de sua padroeira, incendiado, havia pouco, por mãos criminosas.

Dirigiram-se então os fiéis à cidade de Mariana, que era a sede episcopal, e solicitaram ao bispo a permissão para transformarem a gruta em capela consagrada a Maria Santissima. Concedidas as licenças necessárias, foram aproveitadas as próprias pedras da lapa para armação da igreja. Altares, púlpitos, tudo se empregou do natural e ainda hoje admiram-se os detalhes da rocha sob o capricho das estalactites deste templo original.

Ali foi colocada a imagem de Nossa Senhora da Conceição com o título de Lapa e começou-se a rezar a Santa Missa.

Esta devoção continua até hoje, pois são inúmeras as maravilhas operadas pela Virgem, especialmente por intermédio de uma mina de água fresca que corre no interior da gruta. Uns a bebem, outros se lavam com ela e muitos conseguem alivio para seus males.

O santuário de Nossa Senhora da Conceição da Lapa tornou-se célebre e anualmente, nos dias de festa de sua padroeira, grande romarias para ali se dirigem a fim de homenagear a Virgem Maria. O arraial é bem pobre e tudo ao redor indica decadência, menos a devoção à Mãe Santíssima, qu todos os anos desperta do seu torpor secular a pequena cidade de Antônio Pereira.

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