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Abrir o Coração para Maria

Quem se aproxima de Maria, vincula-se a Ela, aprende a amá-la. Lentamente Ela prepara a terra de seu coração, indica valores, ensina a descobrir que vale a pena sacrificar-se pelo outro e ter paciência. Ela coloca em nosso coração o impulso de sermos melhores e o dom de seguirmos as inspirações da graça.

A mãe de Deus quer gravar a imagem do seu filho em nosso coração e nos ensinar a ouvir a sua voz, que nos exorta: “tendes ouvido o que foi dito: olho por olho, dente por dente. Eu, porém, vos digo: não resistais ao mal. (…) amai vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, orai pelos que vos maltratam e perseguem… Se amais somente os que vos amam, que recompensa tereis? (…) Se saudais apenas vossos irmãos, que fazei de extraordinário? Na fazei isto também os pagãos?” (Mt 5,38-39; 44,47).

Por isso, somos convidados a nos vincular ao Santuário, abrir-nos para as graças que a Mãe de Deus distribui no lugar da Aliança e que a Mãe Peregrina vem trazer à nossa família. É possível que nossa tristeza seja transformada em alegria, o desanimo em otimismo e nos momentos de escuridão brilhe uma luz.

Na luta pela sobrevivência, a Mãe de Deus nos impulsiona a não perdemos a confiança e por que não, a encontrar o trabalho que falta? Ela ajuda na educação dos filhos, sobretudo nos dá esperança contra a corrente comum hoje em dia de apresentar a separação como a solução, quando a crise entre o casal atinge sua fase aguda e dolorosa. Quando tudo parece fracassar, quando acreditamos que o sonho acabou ou se transformou em um pesadelo e,  infelizmente, “não há nada a fazer”, Ela nos ensina a recomeçar, confiando um no outro, a perdoar, deixando que a chama do amor reacenda novamente.

Fonte: Mensagem de Schoenstatt às famílias (Nº 106)

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Maria, Virgem Orante

A Virgem Maria sempre foi considerada não só orante, mas mestra da oração. Na sua “escola” de silêncio e de contemplação se aprende a entrar em comunhão com Deus. À casa de Nazaré, devemos voltar muitas vezes para contemplar Maria na sua atitude orante à espera da vinda do Salvador, do libertador do seu povo. Em Maria, os sentimentos e a esperança do povo se fazem realidade. É a pobre de Javé que suplica e intercede, e Deus, olhando a sua sinceridade e humildade, a escolhe como mãe do seu Filho unigênito.

Não são muitas as palavras que os evangelistas nos transmitem de Maria. Lucas, o evangelista da infância de Jesus e de Maria, dedica mais espaço à humanidade do Senhor e faz resplandecer em Cristo a beleza do rosto de Maria, e em Maria a beleza, a luz do rosto de Jesus.

Meditando as poucas palavras de Maria, podemos penetrar no seu santuário e perceber toda a sua grandeza; meditando o seu silêncio, sentimos sua presença permanente ao lado de Jesus e de toda a humanidade. Maria é a sombra benfazeja que cobre com seu amor o Cristo peregrino entre nós.

A alegria da alma de Maria

Embora todas as atitudes de Maria sejam oração, o evangelista Lucas quis deixar-nos uma “amostra” de como ela rezava. O cântico de Maria, conhecido pela palavra latina “Magnificat”, não é outra coisa senão um caminho de oração. Um método de oração simples, que nasce da realidade, do contexto da vida e se faz fermento, dando sentido a todas as nossas ações.

O Magnificat é a transparência da alma de Maria que, profundamente tocada pelas palavras de sua prima Isabel ao elogiar a sua fé, explode de alegria com palavras de louvor ao Senhor Todo-poderoso.

Então, leia lentamente o texto (Lc 1,46-55), sem pressa, com amor, com o coração cheio de gratidão, tentando compreender o sentido de cada palavra:

“A minh’alma engrandece o Senhor e exulta meu espírito em Deus, meu Salvador; porque olhou para a humildade de sua serva, doravante as gerações hão de chamar-me de bendita.

O Poderoso fez em mim maravilhas e Santo é o seu nome!

Seu amor para sempre se estende sobre aqueles que o temem; manifestou o poder de seu braço dispersou os soberbos; derrubou os poderosos de seus tronos e elevou os humildes; saciou de bens os famintos, despediu os ricos sem nada.

Acolheu Israel seu servidor, fiel ao seu amor, como havia prometido a nossos pais, em favor de Abraão e de seus filhos para sempre.”

Depois de ler o texto do Magnificat, é interessante ler com muita atenção as referências bíblicas inseridas neste hino de Maria. Sabemos que o Magnificat não é o canto de Maria assim como ela se expressou naquele momento do encontro maravilhoso com sua prima Isabel. Não é uma gravação, mas uma “reconstrução” de Lucas. O evangelista, depois de conversar com Maria, percebeu que as palavras da mãe de Jesus eram como um maravilhoso bordado de conceitos e frases bíblicas, presentes no Antigo Testamento. Como nós, que ao falar, sem querer, citamos São João da Cruz, Santa Teresa, São Francisco, frases de livros já lidos, de pregações ouvidas, e fazemos nossas tantas idéias que, na verdade, outras pessoas antes de nós expressaram.

Esta continuidade da história entre passado, presente e futuro é algo bonito, impressionante. A nossa oração segue o mesmo caminho. Por isso é importante dedicar um pouco do nosso tempo à leitura meditativa destas passagens: 1Sm 2,1-10; Is 61,10; Hab 3,18; 1Sm 1,11; Gn 30,13; Sl 111,9; Sl 103,17; Sl 89,11; Jó 12,19; Is 41,8-9; Gn 12,3.

Os “três olhares” de Maria

A oração de Maria é percebida na sua vida, no seu silêncio e, principalmente, no fato de acompanhar Jesus em todos os momentos de sua vida, de Belém ao calvário, e ainda depois, como no cenáculo.

Poderíamos colocar em evidência a dinâmica do olhar de Maria, que faz brotar a sua oração contemplativa: ela olha o presente, o passado e o futuro.

Quando nos colocamos em oração, a primeira atitude é deixar o nosso coração agradecer e louvar ao Senhor por tudo. Inclusive pelos sofrimentos, cruzes e dificuldades do dia-a-dia. Deus se revela em todos os momentos de nossa vida. É preciso olhar o presente como “momento de eternidade”, como sacramento em que se realiza a nossa salvação e a nossa experiência profunda de Deus. O presente traz à nossa mente e ao nosso coração as alegrias que experimentamos no convívio com os outros. Sempre que rezamos precisamos saber dizer, como Maria: “Faça-se em mim segundo a tua palavra”. Mas por que a alma de Maria se alegra no Senhor?

O presente é muito pequeno para compreendermos as maravilhas que o Senhor tem operado na nossa caminhada, então, os santos sempre olham o passado. Primeiramente, para reconhecer os próprios pecados e pedir perdão a Deus, experimentando assim a misericórdia do amor. Os pecados nos acompanham por toda a vida. Se meditássemos mais neles, sem dúvida, seríamos mais sábios e evitaríamos no futuro tantos erros. Contemplar os pecados não com desespero ou duvidando da misericórdia do Senhor, mas na certeza do amor – e o amor, segundo São João da Cruz, com amor se paga.

Maria olha o passado não para reconhecer o seu pecado, pois dele fora preservada; mas ela possuía um grande sentido de humildade, de pobreza. Tinha consciência de sua pequenez. Ela é a pobre de Javé, a mulher simples, destituída de todo o poder, mas enriquecida pelo poder e autoridade do amor e do serviço.

“Ele viu a pequenez de sua serva”

Maria sente-se profundamente feliz por ter sido escolhida por Deus para a grande missão de trazer à terra o Verbo eterno; por emprestar a sua carne à Palavra e revesti-la da verdadeira humanidade.

A humildade não é desprezar a nós mesmos, mas termos consciência do nosso valor, do que somos. E saber que todas as qualidades que possuímos são dons de Deus.

Todos os verbos do Magnificat estão conjugados no passado, para mostrar que Maria é contemplativa do passado; conserva em si a memória límpida e transparente, uma memória “purificada” de todo o mal, revigorada por todo o bem. Uma memória sempre virgem e “re-virginizada” pela experiência do amor de Deus, atuante na história da humanidade. O passado, em Maria, não traz medo, mas gera alegria, porque ela sabe ver que a vitória de Deus é sempre maior do que o pecado.

Fez maravilhas

Na oração pessoal, é sempre bom recordar as maravilhas que o Senhor foi realizando na nossa vida. A partir do dom do nascimento, da inteligência, da saúde, da perfeição física. Temos milhões de motivos na vida para percebermos que Deus não nos abandona, mas caminha ao nosso lado. O mistério da fé gera em nós o desejo de sermos fiéis. A palavra-chave para que Deus opere maravilhas é a nossa “fidelidade”.

Pare um pouco hoje e contemple as maravilhas que Deus fez em você e através de você. Mas veja também como os irmãos ao seu redor consideram você, necessitam de você, e como você é instrumento necessário para que o Reino se dilate e se torne cada vez maior e mais presente. Descobrir as maravilhas de Deus é como remover toneladas de terra em busca de um grama de ouro; ou remover pedras para procurar uma nascente de água viva. Não desista! Dentro de você está o ouro e está a nascente da água viva.

Demonstrou o poder

O braço de Deus é poderoso! Não para esmagar ou para escravizar, mas para libertar. Deus entra na nossa história para nos restituir a dignidade com que nos tinha criado e que nós, por nossa culpa, perdemos. Experimentar o braço forte de Deus é sentir o seu amor; reconhecer que Ele é nossa rocha, nossa fortaleza, o escudo que nos defende e nos abriga.

Neste momento, é importante você pensar um pouco: de quantas e quais dificuldades e perigos Deus o libertou ao longo de sua vida? Perigos materiais, espirituais, situações difíceis? Como Ele foi bom com você!

Maria sentiu que o braço do Senhor estava presente sempre e a defenderia de todos os ataques do mal.

Dispersou

A memória histórica de Maria é aberta ao passado. Ela olha a história com positividade, vê e contempla a vitória de Deus sobre todos os orgulhosos. O orgulho é um pecado capital, é uma raiz de onde brotam tantos outros pecados que prejudicam a vida da comunidade. Querer ser maiores do que os outros, sentir que somos sempre mais importantes… O pecado de Lúcifer foi querer ser como Deus. Nada de mais destruidor de si mesmo e dos outros que o orgulho. Por isso Maria contempla como Deus dispersou os orgulhosos.

Derrubou

Os poderosos não têm força para se manter de pé por muito tempo. A fidelidade de Deus é para os pequenos e humildes que não confiam na força das armas, mas na força do amor e do poder de Deus. É só olhar a história para ver o resultado disso: são lembrados os santos, que deixando de lado o poder e a exploração dos pobres souberam se colocar ao lado dos necessitados.

Deus quer que o poder, dentro e fora da Igreja, seja somente serviço: “Eu não vim para ser servido, mas para servir”. Se Deus derruba os poderosos, Ele exalta os humildes.

Exaltou

Exaltar é colocar em evidência, no centro da comunidade. Deus exalta quando resgata os pobres e os coloca como modelo para os outros. A palavra “humilde” tem a mesma raiz de “húmus”, terra fértil, bem adubada. A humildade é, portanto, a terra mais fértil onde brota a oração, a santidade, o amor, a vida.

Este é o momento histórico de recuperar a verdadeira humildade, não como sinal de “incapacidade”, mas de autenticidade, de verdade. Santa Teresa nos diz que “humildade é caminhar na verdade”. E Jesus faz referência à sua própria humildade: “Aprendei de mim, que sou manso e humilde”.

Humildade que é reconhecer, ao mesmo tempo, as próprias qualidades e as próprias limitações. Ninguém é capaz, mais do que nós mesmos, de nos “auto-avaliar” quanto valemos. Tanto é orgulhoso quem se subestima como quem se superestima. A oração é colocar-nos diante de Deus com as nossas qualidades para agradecer ao Senhor, e com o peso dos nossos pecados para pedir perdão.

Saciou os famintos

Este versículo é, de certa forma, o prenúncio das bem-aventuranças. É a fome e a sede de justiça que o Senhor não pode deixar de saciar, a busca do verdadeiro alimento que nos sacia; a busca do Reino de Deus.

A nossa oração é verdadeira quando torna-nos atentos às necessidades dos outros. O encontro com Deus na intimidade e na oração nos obriga a descer do monte e assumir as muitas fomes dos nossos irmãos. É preciso, como Maria, olhar ao nosso redor e ver quais são as fomes do povo: fome de cultura, de justiça, de saúde, de moradia, de amor, de perdão, de paz, de vida… Não se pode somente contemplar estas fomes, mas é necessário fazer algo para diminuir o peso da angústia que gravita no coração de tantas pessoas simples e humildes.

Despediu

A primeira atitude de quem se prepara para rezar é ter a certeza de que ninguém pode aproximar-se de Deus achando que tem “direito” de receber. Simplesmente somos mendigos de mãos estendidas, apresentadas não tanto com os nossos pedidos, mas mostrando silenciosamente as nossas necessidades. Deus, que vê os corações contritos e humildes, virá em nosso socorro. Ele nunca abandona os que suplicam, em silêncio, diante dele, porque antes que nós peçamos Ele sabe o que nós precisamos para nós mesmos e para os outros.

É necessário romper o “egoísmo” da nossa oração, em que estamos preocupados somente conosco e esquecemos o que o outro necessita. Tantas vezes voltamos de mãos vazias das nossas orações porque pedimos com arrogância e prepotência. O único caminho que comove o coração de Deus é a humildade.

Acolheu

Os braços de Deus se abrem para receber o povo que caminha, que peregrina na busca da verdadeira terra prometida, que experimenta a dor e a saudade da espera, prolongada pela vinda do Messias. Maria sabe esperar; sabe que a promessa feita a Abraão não será inútil, mas será realizada sempre. Como é bom sentir-se acolhido na tenda de Deus e saber que tudo se realizará plenamente, porque Deus é fiel à sua promessa e o povo também busca ser fiel ao que Ele promete. Por isso, o último versículo do Magnificat faz referência às promessas feitas a Abraão, nosso pai na fé, na esperança e na perseverança.

O orante não pode duvidar de ser acolhido por Deus, mas sabe que o Senhor será fiel. A fidelidade não tem tempo, ela é para sempre e deve ser característica do amor. O amor fiel sabe esperar. Que este artigo nos coloque na escola de oração da Virgem Maria, nossa mãe!

Fonte: Comunidade Shalom

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Maria: modelo de Modéstia

Exteriormente é modesta. Não se faz notar pela severidade nem pela negligência. Sempre humilde e mansa, traz o sinal da simplicidade em tudo que realiza.

Modesta em relação ao mundo. Maria sacrifica com generosidade a condição de gestante; vai mediatamente, vencendo grande distância, visitar sua parenta Isabel, levando felicitações e auxílio. Durante três meses acompanha e serve, trazendo grande alegria ao lugar. Somente quando a glória do Filho exigir aparecerá em público. Assistirá às bodas de Caná sem nenhum privilégio. A modéstia faz com que pratique a caridade de acordo com a ocasião.

Modesta no cumprimento dos deveres. Desempenha com suavidade, sem precipitações, sempre alegre e disposta a abraçar uma nova obrigação; não deixa transparecer as contrariedades, não busca consolações e pela naturalidade não atrai a atenção dos demais. Modelo exemplar para os adoradores do Santíssimo Sacramento; cuja vida se compõe de pequenos atos e de pequenos sacrifícios, que somente Deus deve conhecer e recompensar; cuja glória e conforto consistem na filial e humilde dedicação no cumprimento dos deveres, ambicionando agradar o Mestre pela contínua imolação de si mesmo.

Modesta na piedade. Elevada ao mais alto grau de contemplação que uma criatura possa atingir, vivendo no constante exercício do perfeito amor, exaltada acima dos anjos e constituída Mãe de Deus, mesmo com todas essas prerrogativas, serve o Senhor com simplicidade; sujeita-se às prescrições da lei, assiste às festas, reza junto com os demais fiéis; em nada se faz notar, nenhum exercício exterior demonstra sua piedade e o seu fervor. Assim deve ser a piedade do cristão: comum em suas práticas, simples em seus meios, modesto no agir, evitando chamar a atenção, fruto sutil do amor próprio que leva à vaidade e à ilusão.

Modesta nas virtudes. Possui todas as virtudes em grau supremo, praticados com suma perfeição, embora de forma simples e usual. Em todos os favores recebidos, a humildade vê somente a bondade de Deus, somente agradece.

Agradecimento escondido e sem glória humana. Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré? (Jo 1, 46). Ninguém presta atenção em Maria, passa totalmente despercebida.

Eis o segredo da Perfeição: a simplicidade, mesmo quando ignorada, saber conservá-la. Uma virtude acentuada fica exposta, uma virtude louvada pode trazer a ruína; a flor que mais chama a atenção, murcha depressa. Afeiçoemo-nos às pequenas virtudes de Maria de Nazaré, que germinam aos pés da cruz, à sombra de Jesus; deste modo, não temeremos as tempestades que abatem os cedros nem o raio que cai no cimo da montanha.

Modesta nos sacrifícios. Aceita em silêncio e conformidade o exílio no Egito. Diante da dúvida de José, permanece em silêncio, confia na providência. Traspassada pela dor, acompanha o Filho que carrega a cruz, não grita nem lamenta exteriormente. No Calvário, mergulhada em sua dor, sofre calada e se despede do Filho num olhar mudo.

Maria é também modesta em sua glória. Como Mãe de Deus, possuía todos os direitos e todas as homenagens, entretanto abraça a provação e o sacrifício. Não aparece nos triunfos do Filho, porém está aos pés da cruz.

Para ser filhos desta Mãe, devemos nos revestir de modéstia, deve ser tema usual de nossa meditação. A modéstia é virtude régia de um adorador do Santíssimo Sacramento, pois fornece a exterioridade dos sentidos na presença de Deus.

(Extraído da Obra Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento: Um mês com Maria, de São Pedro Julião Eymard, Editora Formatto, 2008, p.50-53)

Fonte: Site “Nos Passos de Maria”

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Nossa Senhora do Divino Pranto

Detalhe da imagem de Nossa Senhora do Divino PrantoNa comunidade das Irms Marcelinas, em Cernusco, na Itália, berço da Congregação, o médico Dr. Bino, no dia 6 de janeiro de 1924, apresenta seu diagnóstico a respeito de uma jovem religiosa enferma, Irmã Elizabeth: “Nada mais posso fazer por ela. A medicina já não tem recursos neste caso…”. Muito querida por todos, a irmã está cega, debilitada, prostrada por tremendas dores. Muitas vezes, fica, durante horas e horas, inconsciente. Imersa em dores, o sorriso permanece em seus lábios.

 Às dez e trinta da noite, na casa religiosa todas dormem. Na enfermaria, Irmã Elizabeth respira com muita dificuldade. De repente, a religiosa começa a falar. As irmãs presentes escutam atônitas o que ela diz:

  “Oh! Como a Senhora é boa! Mas eu tenho uma dor tão grande que nem sei oferecer direito a Deus… Reze a Senhora que é tão boa!”.

 As religiosas estão atentas, mas não podem ouvir a resposta da ‘Senhora’ que, no entanto, fala: “REZA! CONFIA! ESPERA! Voltarei de 22 para 23”. Em meio ao seu sofrimento, a enferma pensa na dor das outras irmãs enfermas: “Vá falar com Irmã Teresa, Irmã Amália e com Irmã Elisa Antoniani, que há tantos anos está doente!”. A boa ‘Senhora’ sorri e desaparece.

Na manhã seguinte, as companheiras de quarto comentam: “Ontem, à noite, Irmã Elizabeth não parava de falar, sonhando”. Prontamente ela respondeu: “Não sonhei, falei com aquela ‘Senhora'”. As religiosas sorriem penalizadas. A enfermeira, bondosa e enérgica, repreende a Irmã Elizabeth, dizendo: “Que pode ter visto, você, que está cega há um ano? Você sonhou e não invente tolices!…” A Superiora, Irmã Ermínia Bussola, também tenta convencê-la: “… Quero-lhe muito bem e não a engano. Repito que, aqui em casa não veio ninguém de fora. Você sonhou.” A pobre Superiora por toda a sua vida teve que lamentar-se de sua incredulidade. Foi, ao invés, no plano de Deus, uma das tantas provas que autenticaram a aparição.

Irmã Elizabeth prossegue tranqüila carregando sua cruz. Chega fevereiro, trazendo neve e frio intenso. A enferma aguarda um novo encontro com a ‘Senhora’ para o dia 2. Não dorme, ouvindo as batidas do relógio e conta as horas. A noite passa sem nenhuma novidade. Vem a manhã do dia 3 e Irmã Elizabeth mal disfarça o choro. A Superiora pergunta-lhe a razão da tristeza. A enferma responde: “Ela não veio… tinha dito de 2 para 3… A Superiora fica preocupada com as faculdades mentais de Irmã Elizabeth que piora a cada dia. Novamente o médico é chamado. Sua opinião: “Desta vez é o fim. Não há nada mais a fazer. A Irmã tem poucas horas de vida”.

A Imagem marca o local exato da aparição

No dia 22 de fevereiro, na enfermaria, Irmã Gariboldi vela pela agonizante acompanhada de outra religiosa. São vinte e três horas e quarenta e cinco minutos. As duas Irmãs rezam em voz baixa. Pedem misericódria para a co-irmã que sofre tanto. Neste momento, Irmã Elizabeth tem um sobressalto. As Irmãs acodem, pensando que chegou o momento final. Mas, aquela que há quinze dias não fala, grita, agora: “Oh! a ‘senhora’! a ‘senhora'”! Trêmula, a Irmã Gariboldi convida a outra Irmã a ajoelhar-se e murmura: “Se for a Senhora, levá-la-á consigo!” Sem nada entender, as duas espectadoras ouvem atentamente: “Oh! a ‘senhora’! De 22 para 23? Pois eu havia entendido de 2 para 3. E era de 22 para 23!…”

De repente, a Irmã Elizabeth se ergue um pouco mais e sua atitude é de espanto quando diz: “Mas, ‘senhora’… é Nossa Senhora! É Nossa Senhora!” Ela vê que a Virgem traz o Menino Jesus nos braços e ele está chorando. “Chora por meus pecados? Chora porque não o amei bastante?…” As religiosas presentes nada ouvem mas pressentem que algo extraordinário está ocorrendo. A Senhora responde: “… O Menino chora porque não é bastante AMADO, PROCURADO, DESEJADO, também pelas pessoas que Lhe são consagradas… Tu deves dizer isto!”

Ir. Elisabeth Couleur

Irmã Elizabeth ainda não percebe a missão que a Senhora lhe confia. Ela julga que a Virgem viera levá-la ao paraíso, no que se equivoca. Maria quer dar-lhe uma missão e para tanto lhe dá um sinal: devolve-lhe a saúde e desaparece com seu Menino. Alguém se lembra de chamar a Superiora que se levanta, achando que vai encontrar a enferma dando seu último suspiro. Ao invés disso, vê a doente luminosa, de olhos radiantes. Irmã Elizabeth corre a abraçar a Superiora, exclamando: “Nossa Senhora curou-me e mandou-me dizer que Jesus chora porque não é bastante AMADO, PROCURADO, DESEJADO, também pelas pessoas que lhe são consagradas!”

O médico que a acompanhou sempre afirmou: “A cura de Irmã Elizabeth não pode ser explicada pela ciência”. Antes, ateu, converteu-se e tornou-se um cristão fervoroso. Mais tarde, conseguida a aprovação da Igreja para este culto de Nossa Senhora, foi modelada uma imagem, de acordo com a descrição feita por Irmã Elizabeth.

Ainda hoje, em Cernusco e em vários países, as Irmãs Marcelinas espalham esta devoção à Virgem Santíssima. A afluência de peregrinações ao local da aparição é grande. A capela já não é suficiente para conter todos aqueles que, cheios de fé, diante da Virgem do Divino Pranto, REZAM, CONFIAM e ESPERAM.

Jaculatória: Querido Menino Jesus, amar-Vos-ei muito para enxugar as lágrimas que Vos faz derramar a ingratidão dos homens.

 

Nossa Senhora do Divino Pranto,

Rogai por nós que recorremos a vós!

Fonte: “Nossa Senhora do Divino Pranto”, material vocacional publicado pelas Irmãs Marcelinas, São Paulo, 1984.

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O que é Devoção a Maria

Devoção significa dedicação total ao serviço de Deus. É o ato interior da vontade que se entrega a Deus por generosidade e fervor. A devoção leva a realizar atos, mas é, em primeiro lugar, interior, no íntimo de cada um.

Fundamentada sobre a fé, tem a sua fonte inspiradora na caridade e pode, por vezes, identificar-se com ela. São Tomás nos diz que o ato principal da virtude de religião, de prontidão e disponibilidade da vontade para servir a Deus pelo ato de oferta da vida e de gestos como uma oferenda desta mesma vontade. Ele ainda nos diz que a devoção é dom de Deus, mas também obra do homem, convidado especialmente pela oração, à meditação, à contemplação, que despertam amor e engendram a devoção. Esta deve ser a marca de toda a nossa vida, e constantemente, mas inunda-a de alegria interior, a satisfação de realizar tal ato.

E a devoção a Virgem Maria é um ardor em servi-la para melhor servir a Deus!

Maria, a mulher, a virgem, a mãe cumulada de dons por Deus e que se associa plenamente à obra do Filho de maneira particular, até ser chamada a partilhar sua glória. Maria é para nós um sinal. Situar-se em relação a Maria é dizer algo de Deus e algo de nós! Os nossos contemporâneos são sensíveis a isto. No entanto, foi desde cedo que a Igreja fez memória de Maria, e para dizer alguma coisa de Cristo, a Igreja se faz necessária dizer alguma coisa de Maria, como aconteceu em Éfeso. Os padres conciliares colocaram aquela assembléia sobre a proteção de Maria, “Sub tuum praesidium…” no final do sec. IV.

E assim, ao longo da história Maria tem sido para a Igreja Aquela que convida ao louvor (Lc 1,46-55) e à devoção. Como em Jo 2,5 é também Aquela que mostra, junto da Cruz, até onde deve ir a fidelidade, e, no Cenáculo, que a oração tende primeiramente a pedir o Espírito Santo sobre a Igreja, na comunidade dos discípulos.

Foi sobre tudo a partir do concilio de Éfeso que o culto do povo de Deus a Maria cresceu admiravelmente na veneração e no amor na invocação e na imitação (Lumen Gentium, 66).

Esta veneração e amor nos orientam para Deus, a invocação de Maria situa no interior da comunhão dos santos. Aquela que é a mais próxima de Deus e de nós, como já nos dizia o Papa Paulo VI. A imitação de Maria conduz não a um serviço normal, mas nos leva a um louvor e ao serviço a Deus e aos irmãos.

A verdadeira devoção não consiste numa emoção estéril e passageira, mas deve nascer e ser conservada pela fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos indica a amar filialmente a nossa mãe e a imitar as Suas virtudes (Lumen Gentium, 67).

E assim poderíamos terminar dizendo com as palavras do Concílio: “na sua vida, deu a Virgem Maria exemplo daquele afeto maternal de que devem estar animados todos quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja tem de regenerar aos homens” (Lumen Gentium, 65).

 

fonte: Santuário NS Fatima – Brasil

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História criação da Imagem de Nossa Senhora da Amazônia

Aos 23 anos, a designer amazonense Lara Denys assumiu uma grande responsabilidade: a de desenhar a imagem da Nossa Senhora da Amazônia. Nascida em uma família tradicionalmente católica, Lara venceu um concurso nacional para a criação da figura da Virgem. A jovem teve o projeto aprovado pelo Vaticano. Com traços caboclos, Nossa Senhora da Amazônia ganhará agora um Santuário em frente ao Rio Negro, no formato de uma canoa, principal transporte dos povos amazônidas.

Retratar uma figura tão importante para mim, para a minha igreja, era uma responsabilidade de ‘gente grande’, e não para uma menina que mal tinha saído da faculdade”

Lara decidiu participar do concurso devido ao apoio dos pais. “Há pouco mais de um ano, lembro-me de estar em uma missa dominical na Igreja de São Sebastião, quando na hora do ofertório, me dei conta de não ter qualquer valor na bolsa para o ofertório. Porém, naquele momento, me ajoelhei e ofereci a Deus o que Ele mesmo tinha me dado, aquilo que eu tinha de melhor em mim, o meu talento”, contou na missa de apresentação da imagem.

Segundo ela, o anúncio do concurso para a criação da imagem veio em seguida. “Ao saber disso, meus pais me incentivaram com insistência a participar do concurso. Mesmo percebendo claramente que aquele era o chamado dEle, hesitei. Era algo muito grande para a minha pouca experiência; não achei que pudesse ser capaz de tal feito, apesar de dominar razoavelmente a habilidade de desenhar. Retratar uma figura tão importante para mim, para a minha igreja, era uma responsabilidade de ‘gente grande’, e não para uma menina que mal tinha saído da faculdade”, completou.

A designer contou que, antes de produzir a imagem, estudou arte sacra e a fisionomia do caboclo. “Pesquisei em livros e vi até como indígenas carregando bebês. Queria que o traje fosse mais indígena, mas precisava cobrir todo o corpo da Nossa Senhora, para não incitar sexualidade. Planejei cada detalhe”, disse. A roupa de Maria, por exemplo, é de tom terracota, que remete às terras amazônidas e demonstra a humildade da Virgem.

O vestido da Nossa Senhora traz ainda uma simples estampa baseada na arte dos indígenas Waimiri-Atroari. O manto ganhou um tom mais escuro que o tradicional azul celeste. Lara decidiu manter o véu na cor branca por representar a pureza da mãe de Jesus Cristo, que aparece nos braços da Nossa Senhora também com traços caboclos. “Ele é um verdadeiro curumim”, descreveu.

A Nossa Senhora da Amazônia aparece ainda na figura em cima de uma vitória-régia. Segundo Lara, a planta foi escolhida por ser uma das espécies mais conhecidas e bonitas da região. “Além disso, a vitória-régia é forte, cresce em solo infértil, e suporta até 40 quilos. Quando a flor nasce, sempre no escuro, exala um perfume único. Ela é então a base da Nossa Senhora, que aparece como a verdadeira flor da vitória-régia”, ressaltou. Ao redor da Virgem Maria, orquídeas brancas, tradicionais da Amazônia, foram estrategicamente posicionadas. De acordo com a criadora da imagem, as flores representam o feminino.

Fonte: G1

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Aprovada a ladainha dos Beatos de Fátima

Em ocasião do 92º aniversário de morte da beata Jacinta Marto, o bispo de Leiria-Fátima, Dom António Marto, aprovou nesta segunda-feira, 20, a oração oficial aos pastorinhos beatos de Fátima: Francisco e Jacinta Marto. A ladainha foi rezada pela primeira vez na noite deste domingo, 19, durante vigília realizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Para a composição da ladainha, foram utilizados a homilia de João Paulo II na cerimônia de Beatificação dos Veneráveis Francisco e Jacinta; a Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a Beatificação dos Pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, e as Memórias da Irmã Lúcia, além de textos litúrgicos.

O programa da Festa dos Beatos Francisco e Jacinta Marto começou na Capelinha das Aparições, com a recitação do Rosário. Depois de uma procissão que levou duas telas dos beatos da Capelinha das Aparições até a Igreja da Santíssima Trindade, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas, presidiu a celebração eucarística, em que todas as crianças presentes foram convidadas a subir no altar para receberem as bênçãos de Deus.

Na homilia, padre Carlos lembrou que a santidade é possível a todos. “A santidade não é, de fato, um privilégio reservado a alguns eleitos: todos somos chamados a ser santos. Se hoje a santidade parece pouco atrativa, é sobretudo porque quando falamos de santos, pensamos em figuras exóticas, em pessoas estranhas e com vidas ainda mais estranhas.

Ele também ressaltou que a imagem que se tem dos santos muda quando se olha para o testemunho de vida dos Pastorinhos Beatos de Fátima. “Nos Pastorinhos, a santidade adquire, para nós, um rosto familiar, próximo e, sobretudo, possível”, disse. Ele completou dizendo que esse exemplo contribui para a compreensão de que a santidade seja a vocação de todo o cristão.

Programação

Este ano, a programação da Festa dos Beatos Francisco e Jacinta Marto foi entendida. Além da procissão e da missa realizadas pela manhã, outras atividades estão programadas para o período da tarde, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. São elas:

– Conferência sobre a temática dos Pastorinhos, proferida por Maria Luísa Malato, Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

– Apontamento musical pela Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima

– Apresentação da publicação “Francisco e Jacinta Marto: candeias que Deus acendeu” – catálogo das exposições comemorativas do centenário dos nascimentos dos Beatos Francisco e Jacinta Marto.

Fonte: Canção Nova

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Grandezas de Maria na Bíblia

1 – Que a Santa Mãe do Divino Salvador tenha recebido de Deus prerrogativas que Lhe são exclusivas, é verdade que se deduz de várias passagens da Bíblia. Para o provar, vamos examinar vários textos sagrados, que a Ela se referem.

Note-se desde já que a Bíblia abre-se e se fecha (Gên. 3,15 – Apoc.12,1) sob o signo da Mulher vitoriosa e bendita, sempre em luta com o dragão.

2 – Eis alguns textos áureos da Bíblia Sagrada:

a) “Porei inimizade entre ti e a Mulher, e entre a tua descendência e a dEla. Ela te esmagará a cabeça, e tu tentarás ferir o seu calcanhar”. (Gên. 3,15)

Comentário: o texto acima é a 1ª profecia da vinda do Salvador feita por Deus logo após a queda de nossos primeiros pais. Nele, ao grupo dos vencidos (Adão e Eva) Deus contrapõe o grupo dos vencedores (Jesus e sua Mãe). – A “descendência da mulher” (no original: sêmen, prole), é, num 1º plano, Jesus Cristo; e, num 2º plano, são todos os remidos que correspondem à graça da Redenção. – O termo “Ela”, como sujeito de “esmagará”, se refere diretamente à “prole”, a Jesus. Mas, será através da natureza humana de Cristo, recebida de Maria, que o poder de Satã será quebrado por Cristo unido à sua Mãe. Logo, também Ela, a “Mulher invicta” desta profecia, com o seu Filho, quebrará a cabeça de Satã. – O termo “inimizade” indica a incompatibilidade absoluta entre Cristo e sua Mãe de um lado, e Satã e os seus aliados, do outro; indica ainda a vitória completa de ambos sobre o Maligno.

b) Dois textos de Isaías:”Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho, o Emanuel (Deus conosco)”. (Is. 7,14) “Nasceu-nos um menino …Ele será Deus forte …”. (Is. 9,5)

c) Outros textos de S. Lucas:”Ave, ó cheia de graça…” (Lc. 1,28);”…darás à luz um Filho, e Lhe porás o nome de Jesus; (…) Ele será Filho do Altíssimo” (Lc. 1,32); e “Filho de Deus” (Lc. 1,35); “Bendita és tu entre as mulheres; ( …) donde me vem a dita de vir a mim a Mãe de meu Senhor””. (Lc. 1,42-43)

– Esses textos sagrados destacam as várias grandezas singulares de Nossa Senhora:

3 – A Maternidade Divina: É evidente: – 1º ) no texto “a”, a descendência da Mulher é, no 1º plano, Jesus Cristo. E então a “mulher singular” da profecia é a sua verdadeira Mãe. E como Cristo é Deus, Ela pode e deve chamar-se Mãe de Deus.

2º) Confirma-se isso com os textos da letra “b” (Is. 7,14), pois “a Virgem” é predita aí como a verdadeira Mãe do Emanuel (Deus conosco), portanto, Mãe de Deus.

3º) O mesmo afirmam os textos da letra “c” (Lc. 1,31-32;1,42-43), pois aí se declara que Maria Santíssima é a verdadeira Mãe “do Filho do Altíssimo”, “do Filho de Deus” e a “Mãe de meu Senhor”.

– Argumento de razão – Podemos e devemos chamar a Virgem Maria “Mãe de Deus” porque o objeto-termo de toda maternidade é a pessoa. Não se diz que a mãe é mãe da natureza do filho, mas da sua pessoa. E a Pessoa, em Cristo, é a 2ª da Santíssima Trindade, o Filho de Deus. Na Virgem Maria se realiza, pois, este mistério: ser Ela, ao mesmo tempo, “Mãe de Deus e de Deus filha”. Ela participa do mistério do seu Filho que é “Deus e Homem ao mesmo tempo”.

– Maternidade espiritual – também. De fato, como no 2º plano, aquela “Mulher” é Mãe da “prole” também no sentido de “descendência”, Maria Santíssima é Mãe espiritual dos remidos. O que o próprio Jesus na Cruz confirmou, na pessoa de São João, ao dizer à sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. São João, então, representava a todos os remidos.

– Medianeira – também. Realmente, como Deus deu às mães, como ofício próprio da maternidade, prover o alimento dos filhos, assim Cristo, ao dar à sua Santa Mãe o ofício da maternidade espiritual, deu-Lhe também todas as graças necessárias para a salvação de seus filhos espirituais. Senão esse título seria meramente nominal. Ela é, pois, Medianeira de todas as graças de Cristo para nós.

4 – A Imaculada Conceição – Essa prerrogativa é conseqüência da primeira. Destinada a ser Mãe verdadeira e virginal de Cristo-Deus, não podia Ela ter contato com o pecado. Ademais, se a alguém fosse dado poder escolher a própria mãe, não escolheria a mais virtuosa, a mais pura, a mais santa” E Jesus não só pôde escolher a Sua Mãe, mas criá-lA, pois é Deus. Ele A fez, pois, imaculada, isenta de toda a culpa original. É a razão de conveniência.

Mas, essa verdade está contida no próprio texto da Bíblia (Gên. 3,15), pois aí se prediz para o futuro Salvador e para a sua Mãe, uma inimizade total com Satã, que implica derrota total deste. Isso é incompatível com a condição de quem tivesse estado, por um momento sequer, sob o pecado e, pois, sob o poder do Maligno. É claro que isso pressupõe a concepção imaculada, não só de Cristo-Homem, mas também de sua Santa Mãe.

5 – O ofício de Corredentora – Também está contida no texto de Gên. 3,15 a verdade de que aquela Mulher invicta, posta por Deus em total inimizade com o Demônio, ia participar de todos os sofrimentos e lutas do futuro Redentor. De fato, a Virgem Maria participou da Paixão de Jesus no grau máximo, sofrendo em união com Ele as dores mais atrozes, oferecendo-O a Deus Pai como Vítima por nós. Ela sacrificou-Lhe também o direito natural de Mãe sobre o próprio Filho. Todos esses sacrifícios já estavam incluídos na aceitação da maternidade divina. Ela cooperou voluntariamente para nossa Redenção.

6 – A Assunção corpórea ao céu – A vitória de Cristo sobre Satã, o pecado e a morte foi realizada na Paixão e Morte na Cruz, mas se tornou completa e patente com a sua Ressurreição e Ascensão ao Céu. Ora, o texto do Gênesis associa inseparavelmente o Messias e a sua Mãe na mesma luta e na mesma Vitória final e completa. Ora, a vitória de Maria Santíssima não seria completa se o seu corpo imaculado e virginal tivesse ficado sujeito à corrupção do sepulcro. Jesus Cristo não o permitiu, mas A elevou ao Céu em corpo e alma, no fim de sua vida. Assim cumpriu-se plenamente aquela magnífica profecia.

RESPONDENDO OBJEÇÕES

8 – Os protestantes não cessam de injuriar a Jesus, rebaixando a sua Santa Mãe à condição de uma mulher comum, pela interpretação errônea que dão a alguns textos.

Vejamos na Bíblia como isso é falso: – No encontro de Jesus no Templo, Ele não argüiu a Sua Mãe de não saber que Ele”devia cuidar dos interesses de seu Pai”. (Lc. 2,49) Não era esse o sentido das suas palavras no contexto. Era antes o seguinte: “Não sabeis que devo estar no que é de meu Pai “” (sentido literal) Assim, era normal que sua Mãe entendesse a resposta no sentido de “ficar morando no Templo”, a exemplo de Samuel. Por isso, em Lc. 2,50 lemos: “Eles não entenderam o que Jesus lhes dissera”.

9 – Em Caná, a Mãe de Jesus Lhe informou ter acabado o vinho para os convidados. Jesus respondeu usando a expressão semítica (da língua hebraica): “Mulher, que há entre mim e ti”” E acrescentou: “A minha hora ainda não chegou”. (Jo.2,4) A expressão usada por Jesus tem um sentido próprio daquela língua.

De fato, verificou-se que ela foi usada, pelo menos seis (6) vezes na Bíblia do Antigo Testamento, nas quais se supõe resposta negativa: “não há nada”; uma ou outra vez, indica que “não há nada” porque há oposição; as outras indicam que as partes estão de acordo. (Cf. 2 Reis 3,13; 2 Sam.16,10; 19,22; Jz. 11,12; 1 Reis 17,18; 2 Crôn. 35,21)

Note-se que essas citações conferem com a tradução literal da frase latina:”Quid mihi et tibi est”” = “Que há entre mim e ti””, sem as acomodações ao nosso modo de falar, como por ex., “Que nos importa isso a mim e a ti””, ou “Que queres de mim “”, como hoje se costuma fazer.

Em Caná é claro o sentido de pleno acordo quanto ao fato da providência solicitada (o milagre), com pequena restrição quanto à sua oportunidade. Daí Jesus dizer:”a minha hora ainda não chegou”. Mas antecipou essa hora, e fez o milagre, atendendo a intenção caritativa de sua Santa Mãe.

10 – Quanto ao apelativo “Mulher”, dizem os peritos da língua que Jesus falava, o aramaico, que tem um sentido respeitoso equivalente a “Senhora”. E que dizer do acento de respeito desta palavra na boca de Jesus ao dirigir-se à sua Santa Mãe! Sobretudo no contexto de Caná e da Cruz. Jesus, o melhor dos Filhos, deve ter-Se dirigido à sua santa Mãe com acentuado carinho e respeito filiais. Nesse contexto, tal apelativo lembra ainda a “Mulher” da profecia do Gênesis. (3,15) Então, Jesus Se projeta ao lado de sua Mãe como dando cumprimento àquela profecia.

11 – Por fim, Jesus pregava numa casa cheia de gente. Avisam-Lhe que lá fora estão sua Mãe e os seus (chamados) irmãos. (primos-Ver “F. C. nº 12) Jesus responde:”Minha Mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. (Lc. 8,21) É claro que Jesus não está negando à sua Santa Mãe a honra de ser a primeiríssima entre os ouvintes e praticantes da palavra de Deus, antes o supõe, e é seu principal título de glória. O mesmo se diga de Lc.11,27-28.

Fonte: Comunidade Shalom

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Maria, mestra do amor

Todos nós necessitamos de pontos de referência, de pessoas que nos ensinem a caminhar diante do novo de nossa vida, diante dos desafios que surgem no caminho. Em nossa infância tivemos nossos mestres, nossa primeira professora que nos ensinou a escrever as primeiras palavras, nossos mestres que nos prepararam para alcançar uma cultura que nos capacitasse a nos integrarmos na sociedade. Mas foram nossos pais, com certeza, os nossos primeiros mestres.

Eles nos formaram desde antes que nascêssemos e, desde o seio materno, já começamos a aprender lições de vida. Que bom seria se só tivéssemos aprendido boas lições e ensinamentos edificantes! Mas, infelizmente, não é assim, trazemos também fatores dolorosos e marcas que muitas vezes nos arrastam para trás em nosso processo de crescimento pessoal. Contudo, aprendemos com Jesus a transformar o mal em bem e a fazer da necessidade virtude. Ou seja, aprendemos e tiramos proveito também dos acontecimentos tristes e desagradáveis, transformando-os em degraus em nossa escalada até o céu.

Temos uma grande mestra em nossa vida, se queremos trilhar os caminhos de Deus, que não pode ser esquecida um dia sequer. É Maria, aquela que Jesus nos entregou como mãe quando morria na cruz. É ela quem nos toma pela mão – como o fez com Jesus menino – e nos ensina a dar os passos em nossa vida humana e em nossa vida de fé. Podemos nos entregar sem reservas a ela, pois sua mão é firme e seu ensinamento é seguro e muito atual.

Em Mt 7,15-20, Jesus nos diz que a árvore boa produz bons frutos. Olhando para toda a vida do Senhor sobre esta terra vemos apenas gestos que revelam amor. Até nos momentos de dor, de ira – como na expulsão dos vendilhões do templo -, de cansaço etc., Jesus soube apenas expressar amor. Sua ternura para com os enfermos e sofredores fazem-nos pensar em Maria que, em Nazaré, acolhia a todos que a buscavam para prestar-lhes algum pequeno serviço.

É natural que Jesus aprendesse gestos humanos de amor com sua Mãe, pois o próprio Evangelho diz que Ele ‘crescia em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens’. Jesus é amor, pois é filho de Deus e Deus é amor, como nos diz São João. Maria, por participação, também se torna amor e gerou seu “fruto”, Jesus – amor. Ela é a árvore boa que produziu este excelente fruto. Contemplando mais de perto essa árvore, podemos perceber alguns aspectos que se destacam e que podem ser para nós uma verdadeira ‘escola de amor’:

Amor a Deus

Maria foi preservada do pecado em vista da concepção de Jesus. O pecado é nosso grande “não” aos planos de Deus sobre nós. Como Maria estava isenta desse risco, toda a sua vida foi um ‘sim’ constante à vontade de Deus. Seu amor a Ele foi tão grande e puro que, conforme nos dizem os Padres da Igreja, Deus a encontrou sobre a face da terra tão aberta à sua graça que a escolheu para ser a mãe de seu Filho Unigênito. Amor gera amor, diz São João da Cruz, e isto se cumpriu na vida de Maria.

Amor filial

Detendo-nos um pouco sobre o amor de Maria para com seus pais, que a tradição chama de “Joaquim e Ana”, embora os Evangelhos nada digam a respeito, podemos encontrar uma referência nas palavras que ela diz nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Maria foi aquela filha que soube acolher as palavras de seus pais e deixar-se formar por eles.

Hoje existem formas diferentes de relacionamento entre pais e filhos e conhecemos histórias muito bonitas de amor dentro das famílias. Há mais diálogo e partilha de vida, criou-se uma maior participação dos filhos nos problemas e resoluções familiares. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido por várias famílias e o respeito e a submissão dos filhos aos pais, como o diálogo e compreensão dos pais para com seus filhos continuam sendo valores para se preservar em todos os tempos e lugares.

Amor esponsal

Este aspecto do amor na vida de Nossa Senhora é muito profundo. Ela é chamada pela Igreja de “esposa do Espírito Santo” e, como sabemos, também foi acolhida e protegida por José, seu esposo. Maria soube viver o amor humano com todas as suas expressões de ternura feminina, de entrega de si pela felicidade do lar, de atenção às necessidades de cada ente querido que lhe foi entregue, sendo, portanto, verdadeira esposa de José. Embora o amor entre eles fosse tão grande e forte, souberam oferecer a Deus – para que o Filho de Deus encontrasse total disponibilidade da parte de seus pais aqui na terra – a expressão da intimidade conjugal, tão importante na vida de todo casal que se ama.

Maria, conforme a tradição, oferecera-se a Deus pelo voto de castidade. Deus acolheu sua oferta e a preservou em sua virgindade “antes, durante e depois do parto”, e teve a delicadeza de lhe entregar como esposo José, homem justo, homem conforme o coração de Deus, que acolheu este plano sobre a vida de sua família.

Era uma família especial e ao mesmo tempo simples como qualquer outra. Maria soube ser esposa que se coloca ao lado de seu esposo em todos os momentos. Partiu com ele para Belém, depois para o Egito, retornando a Nazaré, com toda lealdade e sem dramas. Soube esquecer-se para ver seu lar feliz e em segurança. Apesar da pobreza em que viviam, soube cuidar dos seus e das coisas que, com sacrifício, conseguiam para sua casa.

A vida familiar é muito simples e bela, e os problemas que enfrentamos são desafios que a fé nos ensina a superar. Maria, sendo esposa de José, soube também ser fiel ao Espírito Santo que “veio sobre ela, cobrindo-a com sua sombra”. Diz São João da Cruz que “Maria jamais se deixou mover por criatura alguma, mas somente se deixou mover pelo Espírito Santo em sua vida”. Nela o Espírito Santo encontrou morada e plena acolhida a suas moções.

Amor fraterno

É próprio do amor tomar a iniciativa, não esperar que o outro peça ajuda, mas simplesmente se doar, gratuitamente. Quando o anjo anunciou a Maria que ela seria a mãe do Salvador, ele apenas fez referência à gravidez de Isabel sua prima. Isabel não enviou um pedido de ajuda a Maria, mas esta logo se pôs a caminho ‘às pressas’. O mesmo nas bodas de Caná, quando da falta do vinho, não foi necessário que os noivos pedissem socorro, Maria percebeu a necessidade e agiu.

Nossa vida de comunidade – quer na vida religiosa, quer na vida laical ou familiar – é rica em ocasiões para se fazer o bem. Nós vemos o bem a ser feito e, pergunto, por que não o fazemos? Por que esperar que nos peçam, mandem ou obriguem? É tão mais consolador quando podemos fazer algo em pura gratuidade, por que não nos damos esta felicidade então?

É fácil notar que vivemos num mundo de muita informação, muitas palavras, muitos cursos, capacitação, reuniões, congressos etc., mas me parece que existe uma distância que precisa ser vencida entre a palavra e a ação. É bom que nos reunamos e possamos discutir os problemas e soluções, mas é preciso a decisão de colocar em prática o que se disse.

A impressão que se tem é de que basta dizer e chegar a conclusões e pronto. Porém, isso não foi o que Maria, como nossa mestra, nos ensinou com sua vida. São poucas suas palavras registradas nos evangelhos, mas muita foi sua ação. Ela fez e fez muito. Sua maior ação foi acolher o Verbo de Deus em seu seio e gerá-lo para o mundo. Fez-se serva não só em palavras, mas soube se colocar disponível a Deus e a todos que dela precisavam. Talvez o axioma de São João da Cruz “calar e agir” esteja muito atual ainda hoje e carecendo de ser vivido em nosso amor fraterno.

A vida fraterna também é feita de gestos de ternura que se repetem e se multiplicam, em sua simplicidade, dando novo sentido e tornando concreto o amor fraterno. Não basta dizer que nos amamos, não basta rezar juntos, comer juntos, dormir sob o mesmo teto, é preciso expressar amor em gestos concretos, cuidando do outro, olhando em seus olhos, sentindo ‘com’ ele, dando-lhe tempo para que partilhe sua vida, ou seja, ouvindo-o e buscando conhecê-lo melhor, também deixando-se amar e conhecer.

É um círculo de vida que se vai criando e tornando felizes aqueles com quem convivemos. Olhando a ternura com que Maria esteve no cenáculo com os apóstolos em oração, sua vida em Nazaré ou na comunidade primitiva, é impossível não tirar lições de vida fraterna que sustentem nossa caminhada comunitária…

Amor fiel

O amor se prova nos momentos de crise. Amar uma pessoa que está bem, que é bem-sucedida, tem saúde, está de bem com você e com a vida é fácil, até os ateus fazem. Agora, amar quem está mal, perdeu todos os seus bens, ou está doente e precisa de sua presença amiga, ou mesmo que, por algum motivo, não correspondeu à sua expectativa, isto sim é amor de verdade. Amar um viciado, um alcoólatra, uma pessoa que está destruindo sua vida, um condenado… aí está o amor em toda a sua gratuidade. Maria amou seu Filho até o fim. Quando todos o abandonaram, quando Ele era tido como malfeitor e ia ser executado por isso, quando ela corria risco por estar do lado dele naquele momento, Maria estava lá, de pé, com dignidade e força. Sofria mas não se desesperava, e sua presença ali, com certeza, foi uma grande força para Jesus. Quem ama não tem medo de nada nem de ninguém. Está disposto a dar a vida pela pessoa amada.

Amor transcendente

Finalmente vejo Maria como mestra de um amor transcendente, um amor que ultrapassa os limites do tempo e do espaço. São Paulo já dizia que “a caridade jamais passará”, e vemos o amor de Maria tão imensamente profundo que transbordou pelos dois milênios de história e chega até nós, com perspectiva de chegar até o fim dos tempos, quando o Senhor voltar em glória.

Se amamos, temos esta convicção de não nos limitarmos a este determinado lugar ou espaço, o amor nos dá asas e nos faz voar, nos dá condições de sermos um com a pessoa amada ainda que esta esteja distante.

O amor é unitivo e esta unidade transcende o nosso ser e a própria razão para chegar ao outro. Este amor vemos em Maria, orante. Ela viveu uma profunda comunhão de amor com Deus na oração. Como nossa Mestra, olhemos para a intimidade de seu coração, todo aberto ao Espírito Santo, todo atento ao menor toque de Deus sobre si e sobre os que a rodeiam. Só uma comunhão constante com o Senhor poderia capacitá-la para viver sua missão de Mãe do Redentor e Mãe da Igreja. Quando Deus nos entrega uma missão Ele nos prepara, nos educa a ela, e isto se dá primeiramente na oração, e numa oração de total entrega e atenção amorosa a Ele.

Conclusão

Contemplando Maria como nossa mestra de amor, vemos como ainda estamos longe de amar como o Senhor quer que amemos, mas ao mesmo tempo temos a segurança de não caminharmos sozinhos nesta aventura. A vida adquire novo sentido quando nos decidimos a amar e a deixar-nos amar. Nunca nos esqueçamos desta mestra que pode nos ensinar muito a amar de forma concreta e eficaz a quem se aproxima de nós.

fonte: Comunidade Shalom

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Beata Jacinta, milagre da Graça

Em pouco mais de dois anos, a inocente pastorinha de Fátima atingiu altíssimo grau de união com Deus, cumpriu uma grande missão e espalhou pelo mundo inteiro o  perfume de sua santidade. Como conseguiu tudo isto  em tão pouco tempo?

O que é mais fácil: fazer o sol bailar no céu ou mover o coração humano a abraçar a santidade? É bastante conhecido o “milagre do sol” que ziguezagueou no céu, no dia 13 de outubro de 1917, diante de 70 mil pessoas reunidas na Cova da Iria.

Mas a pergunta acima, feita por um famoso sacerdote português, desperta a atenção para outro prodígio operado pelo Imaculado Coração de Maria, mais luminoso e duradouro que o primeiro: a santificação de Jacinta e Francisco Se todos os santos são milagres da graça, estes dois são, por assim dizer, únicos no seu gênero. Por quê?

“Em breve tempo cumpriu uma longa vida”

Até o pontificado de João Paulo II, a Igreja não permitia canonizar uma criança a título de confessora da Fé, ou seja, sem ter sido mártir. Pelo seguinte motivo: para uma pessoa ser elevada à honra dos altares, ela precisa ter praticado a virtude em grau heróico; ora, isso pressupõe uma consistência de caráter que, pelas contingências da natureza humana, falta a uma criança. O Papa Pio XI chegou mesmo a regulamentar o assunto, impossibilitando serem instaurados esses processos de canonização.

Porém, ante as provas incontestáveis da heroicidade das virtudes dos dois pequenos videntes de Fátima, o Papa João Paulo II suspendeu o decreto do seu antecessor e declarou-os bem-aventurados.

A vida de Jacinta é mais conhecida. Primeiro, devido às várias visões particulares tidas por ela de Nossa Senhora. Em segundo lugar, pelos múltiplos aspectos de santidade que transpareciam em sua fogosa alma.

“Em breve tempo cumpriu uma longa vida” diz o Livro da Sabedoria (4,13). Estas palavras são utilizadas no decreto de beatificação da jovem vidente, justamente para mostrar como em pouquíssimos anos atingiu elevados píncaros da perfeição.

Um amor capaz de chegar ao Heroísmo

De um temperamento afeito aos extremos, Jacinta ficou imediatamente fascinada pela “Senhora”, como geralmente a chamava. Logo após a primeira aparição, não se cansava de repetir: “Ai! Que Senhora tão linda! Que Senhora tão linda!” E o seu amor nunca vacilou, mesmo quando foi necessário dar provas de heroísmo.

No dia 13 de agosto, por exemplo, os três pastorinhos foram seqüestrados pelo Administrador (autoridade

 

 municipal). Este, ateu e arbitrário, decidira arrancar-lhes a custo de ameaças a revelação do segredo a eles confiado pela Virgem. Começou por metê-los num cárcere, onde foram mantidos durante três dias entre bandidos e malfeitores. Depois submeteu-os a um brutal interrogatório. Por fim, fez-lhes, aos gritos, a ameaça de matá-los num grande caldeirão de azeite fervente, se não lhes contassem tudo.

Jacinta foi a primeira a enfrentar a possibilidade do martírio.

– Tenho para os três um caldeirão de azeite a ferver na cozinha, prontinho à vossa espera. Jacinta, qual é o segredo que a tal Senhora te revelou? A pobrezinha tremia de medo, mas respondeu com firmeza:

– Eu não o posso dizer, senhor Administrador, ainda que me matem.

Fama de santidade

A fama de santidade de Jacinta espalhou- se rapidamente. Quem dela se aproximava, sentia logo o perfume dos seus dons sobrenaturais e a presença da graça. Sua prima Lúcia assim a descreve: “Jacinta tinha um porte sempre sério, modesto e amável, que parecia traduzir a presença de Deus em todos os seus atos, próprio de pessoas já avançadas em idade e de grande virtude”.

Certa vez, Jacinta acompanhou Lúcia a uma festa e, após o almoço, começou a deixar cair a cabeça, com sono. O dono da casa mandou uma das suas sobrinhas deitá-la em sua cama. Daí a pouco, a pequena dormia a sono solto. Começou a juntar-se a gente do lugarejo e, na ansiedade de a ver, foram espreitar no quarto. Todas ficaram admiradas de vê-la em profundo sono, com um sorriso nos lábios, um ar angelical e as mãozinhas postas voltadas para o céu.

O quarto encheu-se depressa de curiosos. A custo uns saíam para deixar entrar os outros. A dona da casa e suas sobrinhas comentavam admiradas: “Isto deve ser um anjo”. E, tomadas de um reverencial respeito, permaneceram de joelhos junto da cama. À medida que transcorriam as aparições, crescia a confiança do povo no poder de intercessão dos videntes.

Numa tarde, iam eles pela estrada para rezar o terço na casa de uma piedosa senhora. A meio caminho, veio-lhes ao encontro uma jovem de uns 20 anos, suplicando-lhes irem até sua casa rezar por seu pobre pai, o qual, havia mais de três anos, sofria de um incômodo soluço que o impedia de dormir.

Sendo quase noite, e não querendo atrasar o terço, Lúcia pediu a Jacinta que fosse à casa da jovem rezar pelo seu pai, enquanto ela seguiria adiante com o Francisco e a chamaria na volta. Quando retornou, encontrou sua jovem prima sentada numa cadeira, diante de um homem não muito idoso, mas mirrado e chorando de comoção, totalmente curado. Jacinta levantou-se e se despediu, prometendo não se esquecer do ex-enfermo em suas orações. Três dias depois, acompanhado de sua filha, este veio agradecer a graça recebida pelas valiosas orações da humilde pastorinha.

Sacrifícios pela conversão dos pecadores

“Sim, eu quero oferecer sacrifícios para salvar os pecadores”, repetia sempre a pequena Jacinta, especialmente quando seu irmão Francisco apresentava- lhe uma oportunidade de mortificar-se.

Movidos por uma ardente devoção ao Imaculado Coração de Maria, os dois juveníssimos videntes em pouco tempo alcançaram uma alta compreensão do verdadeiro significado do sofrimento.

Poucos meses antes, a Santíssima Virgem lhes mostrara o inferno, local de tormentos eternos, e lhes pedira que oferecessem orações e sacrifícios pela conversão dos pecadores, muitos dos quais para lá vão por não haver quem sofra por eles. Jacinta e Francisco tomaram tão a sério o pedido da “Senhora” que, a partir de então, não deixavam passar ocasião alguma de sacrificar-se nessa intenção.

Lúcia, em suas memórias, afirma serem tão numerosos os exemplos do seu espírito de mortificação que não era possível relatá-los todos. A título de exemplo, narra alguns.

Numa manhã, quando os três videntes brincavam perto de uma vinha, a mãe de Jacinta ofereceu-lhes alguns cachos de uva. Nada mais apetecível, para três crianças vivazes, cansadas e com sede. Mas Jacinta nunca se esquecia do pedido da bela Senhora:

– Não vamos comê-las! E oferecemos esse sacrifício pelos pecadores. Em seguida, foi correndo levar as uvas para algumas crianças pobres, que brincavam pouco além. Quando voltou, estava radiante de alegria. Em outro dia, a tia de Lúcia ofereceu- lhes uma cesta de esplêndidos figos. Jacinta sentou-se com Lúcia, satisfeita, ao lado da cesta. Pegou o primeiro figo para comer, mas, de repente, lembrou-se do pedido da Senhora e disse:

– É verdade! Hoje ainda não fizemos nenhum sacrifício pelos pecadores! Temos que fazer este.

Convite ao holocausto completo

Maior generosidade, contudo, foi necessária para enfrentar a terrível gripe pneumônica de 1918, a qual ceifou milhões de vidas na Europa. Entre elas, as de Jacinta e Francisco. Durante meses, os dois irmãos sofreram com edificante resignação. A primeira operação, mal-sucedida, fora feita apenas com um anestésico local para remediar as dores. Duas costelas foram-lhe tiradas para facilitar a drenagem, deixando uma chaga aberta que permitia a entrada de um punho. Em meio às imensas dores, Jacinta dizia apenas: “Ai! Nossa Senhora! Ai! Nossa Senhora!”

Em janeiro de 1919, a Santíssima Virgem apareceu-lhes para dar uma surpreendente notícia e convidar Jacinta ao holocausto completo. Eis como esta relatou o fato a Lúcia: – Nossa Senhora veio nos ver e disse que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim, perguntou- me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim. Disse-me que iria para um hospital, que lá sofreria muito; que sofresse pela conversão dos pecadores, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria e por amor de Jesus.

Aconteceu como Nossa Senhora predisse. Internada no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, ela a todos edificou por sua inocência e pela encantadora serenidade com que suportava os padecimentos da terrível enfermidade.

De lá, só sairia para o Céu, em 20 de fevereiro de 1920.

Na última visita feita à sua santa prima, Lúcia perguntou-lhe se sofria muito, e colheu de seus lábios esta singela e sublime confidência: “Sofro sim, mas ofereço tudo pelos pecadores e para reparar o Imaculado Coração de Maria. Gosto tanto de sofrer por seu amor! Para dar-lhe gosto! Ela gosta muito de quem sofre para converter os pecadores!”

União mística com Jesus

Em poucos anos de vida, Jacinta atingiu uma tão alta união com Nosso Senhor Jesus Cristo, que pode ter chegado àquele grau chamado de “troca de corações” por alguns teólogos. Disse ela: “Eu não sei como é: sinto Nosso Senhor dentro de mim, compreendo aquilo que Ele me diz, embora não O veja e não escute a sua voz!”

Mas, não nos esqueçamos! Se Jacinta chegou em tão pouco tempo a este grau de união com Deus, foi porque soube entender e praticar ternamente a devoção a Nossa Senhora. Sigamos, pois, nós também, o conselho dado por ela à Lúcia na última despedida: “Diz a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria. Ah! Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o fogo que tenho cá dentro do peito, que me queima e me faz gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!” (Revista Arautos do Evangelho, Maio/2004, n. 29, p. 12 a 15)

Fonte: Arautos do Evangelho