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Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Guarda

Em Marselha, França, em 1214, um sacerdote erigiu no morro da Guarda uma capela em honra de Nossa Senhora. A Virgem adquiria um novo título. O culto desenvolveu-se rapidamente.

Em 1477, estando a primitiva capela em ruínas, iniciaram a construção de outra capela que existiu até o século XIX. A imagem mais antiga que era venerada na antiga capela tinha o nome de Nossa Senhora Morena, por ser de cor escura. Esta imagem e outra, venerada como “A Virgem do Ostensório”, desapareceu na revolução de 1794.

Após a Revolução, a antiga capela foi reaberta em 1807. A nova imagem foi levada em solene procissão do convento de Picpus até o morro da Guarda. Todos os devotos acompanharam o cortejo com os pés descalços.

Este local mariano, que é motivo de santo orgulho para os marselheses, em 1837, foi entregue à cura dos padres oblatos, que construíram a grande basílica em estilo romano-bizantino, consagrada em 1864.

Sobre a torre da basílica uma enorme estátua da Virgem guarda o porto e a cidade de Marselha. Cerca de um milhão e meio de peregrinos visitam anualmente a citada igreja.

Muitas visitas de navegantes podem ser constatadas pelas miniaturas de navios e barcos oferecidos à Virgem com um pedido de proteção.

Até o século XVIII, os navios que regressavam à França, assim como todos os que estavam no porto, costumavam saudar Nossa Senhora com um tiro de canhão, enquanto os marinheiros se ajoelhavam no convés em oração.

Elevado em cima de uma rocha, o santuário sobressai-se na belíssima paisagem da baía de Marselha. Do alto, Nossa Senhora contempla seus filhos aguardando a visita dos citadinos, turistas e peregrinos que confiam na intercessão da Santa Mãe de Deus.

Nossa Senhora da Guarda rogai por nós!

Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores*

Na casa da esquina da atual rua dos Mercadores, de fundos para a igreja da Cruz dos Militares, havia um oratório com uma imagem de Nossa Senhora da Lapa.

Instituíram o oratório homens que viviam do pequeno comércio à beira-mar, na Praia do Peixe. Comercializavam-se basicamente roupas feitas e bugigangas. Para vender sua mercadorias, esses homens armavam suas barracas entre a atual rua 1º de Março e a Praia do Peixe Nova.
Esses negociantes eram tratados ou designados por mascates ou mercadores; daí o título de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores, dado, pelo povo, à imagem e ao oratório.
Ignora-se a data da instituição do oratório e não se conhecem os nomes dos que o erigiram. Deviam ter sido homens de poucos recursos, pois era-lhes suficiente render preito à imagem de sua padroeira no singelo oratório.
De acordo com a tradição, aí se rezava o terço todas as noites, e no dia 15 de agosto se ornava o oratório, tributando devido culto a Nossa Senhora.
Em 1747, resolveram os negociantes mais abastados do local instituir uma confraria com o respectivo templo e organizar seu compromisso, pedindo a necessária permissão ao bispo diocesano dom frei Antônio do Desterro, que a concedeu por despacho de 20 de junho de 1747.
Em dezembro do mesmo ano de sua instituição, a Irmandade de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores deu início à abertura do templo, que foi sagrado em 06 de agosto de 1750, apesar de não estar concluído, mas já ter condições para o culto.
A construção foi continuando, fazendo-se as obras necessárias para a conservação e o aumento do templo, sem esquecer também seu embelezamento; mas a grande obra de remodelação foi realizada nos anos de 1870-1872, e a ela se deve, em grande parte, o atual aspecto da linda igreja de Nossa Senhora da Lapa dos Mercadores.
OBS. * É a mesma “Nossa Senhora da Lapa” de Portugal com o acréscimo de “Dos Mercadores”.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Lapa

Em meados do ano de 1498 ainda nenhuma habitação se abrigava, por muitos quilômetros ao redor, no ponto mais alto de uma serrania da freguesia de Quintela. Apenas alguns pastorinhos de magros e diminutos rebanhos freqüentavam as agrestes paragens; porém, tão violento era o local, que os próprios pastores o evitavam tanto quanto possível, pois só de lobos e raposas eram covil fácil e seguro os duros rochedos graníticos pegando o solitário local.

Fazia exceção, ao temor que o lugar inspirava, uma jovem pastorinha chamada Joana, muda de nascença, que frequentava com insistência as lapas e fraguedos daquele inóspito planalto, onde passava horas e horas a fio sozinha e abandonada de seus companheiros, mas sempre rodeada de seu rebanho de cabras e ovelhas. Estas, apesar de já terem devorado tudo quanto de comestível se encontrava ao redor, não se afastavam da pastorinha, que por sua vez não se arredava de determinada lapa, justamente a de mais difícil acesso, pelo que era evitada por todos os outros pastorinhos de Quintela. Os animais de Joana, no entanto, estavam gordos, como se tivessem diariamente pasto fresco e reconfortante.
Aconteceu, porém, que a mãe de Joana veio a conhecer a predileção da filha pelo recôndito penhasco, a mil metros acima do nível do mar, e não querendo que ela perdesse tempo com o rebanho por aqueles ermos tão mal afamados, ordenou que não se demorasse na lapa e que seguisse com o rebanho por toda a serra.
Obediente como boa filha que era, a muda Joana cumpriu as ordens da mãe, e por isso, na dia seguinte, seus companheiros, com grande espanto, viram-na retirar do seu bornal uma linda imagenzinha de rosto tão formos, que dava gosto vê-la e contemplá-la, pondo-se depois a rezar diante dela, o que fazia todos os dias, da seguinte maneira: com toda a delicadeza tirava a imagem do seu bornal, colocava-a em cima de uma das mais elevadas pedras da serrania e, depois de rodeá-la de flores silvestres, fazia-lhe sua oração, contemplando-a com os olhos arregalados horas e horas seguidas, como se estivesse a conversar com sua querida imagem, o que lhe era impossível, por ser muda de nascimento. O rebanho não a abandonava um só instante; em vez de procurar pasto e alimento, mantinha-se igualmente em muda e admirativa contemplação, como se a melhor forragem fosse seu alimento cotidiano.
Ao cair da tarde, Joana guardava a imagenzinha no seu bornal, com todo o cuidado e carinho, e, seguida do rebanho, voltava para casa, para no dia seguinte recomeçar tarefa idêntica.
Assim se iam passando os dias, até que chegou o inverno com a neve, o frio, a intempérie própria dessa estação, retendo a pastorinha e sua ovelhas no redil de seu lar.
Numa tarde triste e sombria, com o vento uivando pelas desconjuntadas frestas da pouco confortável habitação, lareira acesa para se poder resistir ao frio, Joaninha em seu habitual entretenimento, ajoelhada diante de sua querida imagenzinha, estava tão absorta na oração que não se apercebeu das zangas da mãe, que irritada, furiosa, sem que se soubesse o motivo do seu agastamento toma a imagem e arremessa-a à fogueira que na lareira ardia.
Nesse mesmo instante um duplo milagre se observa, deixando estarrecidos todos os que observavam a inesperada cena: as chamas em rubros lampejos, vacilantes, tremeluzindo, afastam-se da imagem, para poupá-la à sua fúria devastadora, e Joana, a muda Joana, soltando um grito aflitivo, lancinante, exclama aterradoramente: “Ó minha mãe! Que fez a minha mãe?! Quer queimar a Senhora da Lapa?!…”
A mãe, atônita, espavorida, assombrada com o que vê e ouve, mais espavorida se torna ainda, quando ao quere retirar do fogo a santa imagem que inconscientemente tinha profanado, sentiu o braço direito paralisado, tolhido, incapaz de fazer o mais simples movimento. E então, de admiração em admiração, ouve a
filha contar com toda a clareza e nitidez: “Encontrei esta linda imagem no ponto mais alto da serra, escondida no fundo de uma lapa dos maiores penedos que ali se encontram, quase impossível de nele se penetrar, tal a espessura dos silvados, do tojo e do matagal que a escondiam aos olhos profanos. Brilhava no interior da lapa com um estranho fulgor, e foi desde que a retirei de lá a minha companheira inseparável. E deu-me a fala Nossa Senhora da Lapa!”
Veio a saber-se mais tarde que a linda imagem tinha pertencido às beneditinas do convento de Sermilo (Aguiar da Beira), e por elas fora escondida no recôndito daquela lapa, para assim impedirem o sacrilégio de ser destruída pelas hostes do terrível Al-Mançor. No recanto oculto e ignorado daqueles alcantis agrestes e bravios tinha a imagem permanecido mais de 515 anos.
Vejamos agora o que sucedeu à imagem de Nossa Senhora da Lapa depois de retirada do fogo: todos se puseram de joelhos, pedindo perdão a Deus da profanação cometida, e logo depois foram procurar o pároco da freguesia de Quintela, o qual ciente do que se passara, colocou a imagem num altar de sua igreja paroquial.
Novos milagres se operaram: a mãe de Joana recupera a força e o movimento de seu lado paralisado, a pastorinha continua falando, exprimindo com clareza seus pensamentos; e por três vezes a imagem misteriosa e inexplicavelmente, desaparece do seu altar, para de novo ser achada por Joana em sua antiga lapa nos fragueados gigantescos da alcantilada serra que conserva seu nome.
Compreenderam então todos que Nossa Senhora da Lapa queira permanecer no lugar onde tinha sido encontrada, e por isso foi ali construída sobre o rochedo modesta capelinha que ficou sendo propriedade da freguesia de Quintela.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Lapinha

 Na freguesia de São Lourenço de Calvos há, desde tempos remotos, uma capela sob a invocação de – Nossa Senhora da Lapinha, cuja imagem é uma das mais milagrosas e queridas do concelho de Guimarães e terras circunvizinhas.

Em 1663 já o célebre clamor ou ronda (hoje romaria ou procissão) ia a Guimarães, como nos informa uma deliberação do cabido da Colegiada.

Proveio a denominação de – Nossa Senhora da Lapinha – de ter sido encontrada a primeira imagem da Senhora em uma lapa, ou penedo, que servia de fundo à capela-mor até a construção da nova capela; afirma a tradição popular que Nossa Senhora manifestou, milagrosamente, decidida vontade de ser venerada no lugar onde apareceu; portanto, levada para outro, desaparecia misteriosamente pela calada da noite e voltava para o primeiro lugar; este fato, repetido por diversas vezes, produziu a ereção da capela em honra de – Nossa Senhora da Lapinha.

A festa principal da titular celebra-se com toda a pompa na segunda-feira do Espírito Santo, e nesse dia determina-se aquele em que a Senhora irá processionalmente a Guimarães, em regra, no domingo imediato a 13 de junho.

Esta procissão (ou clamor) é uma das solenidades mais concorridas, mais singular e característica do concelho de Guimarães e terras vizinhas à Lapinha.

Cumprindo antigo voto, Nossa Senhora, carregada de adornos, cordões e jóias, ostenta-se donairosa no seu trono, levantado em vistoso andor, o qual é conduzido aos ombros de espadaúdos moços, que á porfia disputam a honra de carregar o andor.

Resumindo, direi ainda, somente, que Nossa Senhora da Lapinha faz anualmente a sua entrada em Guimarães, e, após alguma demora na igreja de Nossa Senhora da Oliveira, regressa, por outro caminho, a sua capela, entoando o povo, durante o percurso de 15 quilômetros, pelo menos, a ladainha de Todos os Santos.

Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Luz

Pedro Martins, português de origem humilde, nascido em Carnide, possuía no Algarve algumas terras herdadas por sua mulher, senhora de alguns haveres. Certa vez, quando para lá se dirigia a fim de cuidar de sua propriedade, foi aprisionado pelos mouros numa das incursões feitas pelos infiéis em território cristão e levado para o norte da África.

 
Naquela ocasião, por volta de 1453, sobre a fonte do Machado, em Carnide, começou a aparecer uma luz misteriosa, cuja origem ninguém conseguia descobrir. Andava o povo alarmado e de Lisboa e dos arredores chegava muita gente para ver o fenômeno, começando o lugar a ser chamado: “A Luz”.
 
Pedro Martins, no seu cativeiro, desanimado da intercessão dos homens para libertá-lo, recorreu àquela que é o Socorro dos Aflitos e a Esperança dos Desesperados. Suas orações foram ouvidas pela Virgem Maria que lhe apareceu trinta noites seguidas em sonho, procurando consolá-lo. Na ultima noite Ela prometeu-lhe que ao acordar se encontraria em Carnide, mas que aí deveria procurar uma imagem sua escondida perto da fonte do Machado, em sítio que lhe seria indicado por estranha luz. Quando a encontrasse, deveria erguer no local uma ermida em sua homenagem.
 
No dia seguinte, como a Virgem Maria lhe havia anunciado Pedro Martins amanheceu em sua querida cidade natal. Em agradecimento por tão milagrosa libertação, o ex-cativo procurou logo realizar o desejo da Mãe Santíssima. Em companhia de um parente, saiu certa noite à procura da imagem. A luz cintilava sobre a fonte. Caminharam por entre o arvoredo e notaram que ela ia se deslocando até que em determinado momento parou. Limparam o local e ao removerem algumas pedras encontraram a efígie da Rainha do Céu.
 
Assim que se espalhou a notícia do feliz achado, grande foi a afluência do povo ao lugar, e a Virgem Maria aí começou a ser invocada com o título de Nossa Senhora da Luz.
 
Logo que pôde, Pedro Martins iniciou a construção da ermida com a permissão do bispo de Lisboa, que se prontificou a lançar a primeira pedra em solene cerimônia religiosa. Mais tarde esta capela foi substituída por suntuoso templo, inaugurado em 1596.
 
A festa de Nossa Senhora da Luz começou a ser celebrada todos os anos e as casas nobres portuguesas disputavam entre Si a honra de se encarregarem das despesas. Este grandioso santuário, entretanto, foi quase totalmente destruído pelo terremoto que assolou Lisboa em 1755, catástrofe que, segundo piedosa lenda, deu origem à construção de Nossa Senhora da Luz de Diamantina.
 
Contam que a distinta dama D. Teresa de Jesus Corte Real, durante a imensa tragédia que destruiu Lisboa, suplicou a proteção da Senhora da Luz e conseguiu refugiar-se com seu esposo e empregados domésticos em uma capela dedicada à Mãe de Deus. Seu marido havia sido designado para o posto de funcionário do “Contrato de Diamantes” em Minas Geras e ela prometeu então que, se conseguisse chegar ao Brasil sã e salva, faria erigir na colônia uma capela à Virgem da Luz.
 
Aqui chegando, fixou residência no Arraial do Tejuco e alguns anos depois mandou construir nos arredores da vila urna pequena igreja. Diz a tradição que ao lado do templo, em cumprimento a outra promessa feita por seu pai à Senhora da Luz durante o terrível terremoto, fez erguer um recolhimento para a educação de órfãs, preparando-as para a vida. Cada moça que se casava, após esmerada educação, recebia um faqueiro de prata e três mil cruzados, quantia que dava para construir uma boa casa.
 
D. Teresa Corte Real faleceu em 1826 e seu corpo foi sepultado debaixo do coro da igreja que fundara, na qual também foi colocado um seu retrato a óleo feito pelo pintor Manuel Pereira.
 
Nos fins do século passado, a igrejinha estava prestes a ruir, porém o seu vigário conseguiu angariar fundos para reconstrui-la. No dia 20 de maio de 1900 ela foi solenemente reaberta aos fiéis e a imagem da Padroeira recolocada em seu antigo altar após solene procissão acompanhada de uma chuva de flores atiradas das sacadas pela senhoras de Diamantina. Todas as ruas estavam profusamente ornarmentadas e iluminadas para homenagear aquela que, tendo gerado a Luz do Mundo, bem mereceu o título de Nossa Senhora da Luz.
 
Contudo, esta devoção em terras brasileiras não nasceu em Minas Gerais, pois a mais antiga igreja dedicada a Senhora da Luz em nosso pais foi a de São Paulo, fundada primeiramente no Ipiranga, por volta de 1580, e depois transferida para o atual bairro da Luz, em 1603. Foi na primeira capela, citada pelo Padre Anchieta em urna de suas cartas, que um frade franciscano, capelão da armada de Diogo Flores Valdez, foi assassinado por um soldado ao pedir esmolas para os pobres.
 
O segundo templo da Virgem da Luz acompanhou toda a história da cidade de São Paulo, tendo sido instalado ao lado da Capela o famoso Recolhimento da Luz fundado por um grupo de religiosas. Atualmente, depois de reformados, tanto o templo como o convento deram lugar ao Museu de Arte Sacra da capital paulista, onde se encontram preciosidades históricas e artísticas do Estado bandeirante.
 
0 culto a Nossa Senhora da Luz, difundido pelos jesuítas e beneditinos, deu origem a diversos santuários no Rio de Janeiro e nos Estados do Sul do Brasil, principalmente Paraná e Rio Grande.
 
A cidade de Curitiba se iniciou em torno de uma capela, onde a Mãe da Luz era venerada pelos seus inúmeros milagres. Sobre a sua fundação existe interessante lenda, que passaremos a narrar:
 
Na segunda metade do século XVII, Gabriel de Lara, seguindo os faiscadores de ouro, cruzou a serra do Mar e encontrou uma pequena povoação no sítio dos Pinhais, onde em 1659 seria fundada a vila de Nossa Senhora da Luz. Dizem que seus primeiros habitantes foram membros da bandeira de Antônio Domingues, que em 1648 se dirigia ao sul do país. No entanto, segundo a lenda, os bandeirantes se haviam estabelecido um pouco além, nas margens do rio Atuba, onde ergueram uma ermida à Senhora da Luz.
 
Com o andar do tempo, os rudes penetradores do sertão notaram que a imagem da Virgem tinha sempre os olhos voltados para os campos aos quais os índios denominavam Curitiba (Pinhais). Aquela região era dominada pelos ferozes cainguangues, ciosos de seus bosques de pinheiros. Contudo, Nossa Senhora insistia em mirá-la, pois todas as manhãs aparecia com os olhos luminosos voltados para o poente.
 
Tal foi a insistência da Virgem, que os sertanejos resolveram sondar a possibilidade da conquista do sítio indicado pela Padroeira. Com seus aprestos de guerra seguiram para a esplanada dominada pelos bárbaros caingangues, prontos para o combate.
 
Em vez da luta prevista como certa, o que ocorreu foi a acolhida generosa e cordial. Do chefe indígena para o chefe branco partiu apenas um aceno acolhedor. Os arcos foram jogados no chão em sinal de paz e a cuia de mate, símbolo da hospitalidade, foi oferecida ao chefe índio, rodando depois pelos guerreiros brancos.
 
A Cidade de Luz, no Oeste de Minas Gerais, iniciada em 1790 em torno de uma capelinha dedicada a Nossa Senhora da Luz e desde 1918 sede da Diocese, recebeu no dia 2 de fevereiro de 1995 preciosa escultura de sua Padroeira, que lhe foi doada pela câmara Municipal de Lisboa. Esta imagem, abençoada no santuário de Carnide, em Portugal, construído junto à fonte do Machado, onde em 1453 0 humilde Pedro Martins obteve da Mãe Santíssima um estupendo milagre, é toda em mármore branco e foi recebida com grandes festejos populares e comemorações cívicas na progressista cidade mineira e entronizada na bonita catedral.
 
Existe ainda na Cidade de Luz interessante monumento erguido em 1993 para comemorar o 75º aniversário da criação do Bispado, no qual foi colocada uma efígie de bronze de Nossa Senhora da Luz, cópia daquela trazida pelos portugueses em 1503, que se encontra em exposição no Museu de Arte Sacra de São Paulo.
 
A invocação de Nossa Senhora da Luz é bastante difundida no Brasil, pois existem 21 paróquias a Ela dedicadas.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora das Dores

Referindo-se frei Agostinho de Santa Maria, aos motivos iniciais do culto aos sofrimentos de Nossa Senhora, que se distribuem por variadas invocações, da “Piedade”, da “Soledade”, do “Pranto”, e, por fim, mais recentemente, das “Dores”, escreve que “ainda que todos os mistérios que celebra a piedade cristã de Maria Santíssima, se devem ter mui presentes para a veneração e para a contemplação, este do seu pranto e as lagrimas que esta soberana Senhora chorou na morte do seu amado Filho, devemos fixar na nossa memória e estampar na nossa imaginação.”

Explica ainda, que esse culto se inspira no Eclesiastes, que nos ensina que não devemos esquecer os suspiros e as lágrimas de nossa mãe: GEMITUS MATRIS TUAE NE OBLIVIFICARIS.
O Apóstolo São Paulo, em uma das suas cartas, adverte também que “quem se compadecer do que padece, reinará com o mesmo que padecer.”
Santa Isabel, Rainha da Hungria, teve uma aparição na qual São João Evangelista lhe revelou que, depois da Assunção da Virgem, lhe fora dada a visão do primeiro encontro da Mãe com o Filho, fora da terra. Segundo o autor que narrou a visão de Santa Isabel, “via o Discípulo Amado, em espírito, que a Mãe de Deus com seu amoroso Filho, falava das dores que alternadamente padecerem entre ambos no Calvário; o Filho na Cruz e a Mãe em seu coração e em sua alma. E que acabada a prática, pediu a Senhora ao Santíssimo Filho, àqueles que de suas dores, lágrimas e suspiros se compadecem e o tivessem na sua memória, lhes concedesse singulares privilégios e graças : e condescendendo o Senhor Jesus Cristo com a petição de sua Santíssima Ame, lhe concedeu quatro prerrogativas singulares que foram as seguintes : 1) O que invocar a Virgem Maria por suas dores e prantos, alcançará a dita de fazer penitência verdadeira dos seus pecados antes de morrer. 2) Em todas as suas adversidades e trabalhos, e com singularidade na hora da morte, terá a proteção e o amparo de Nossa Senhora das Dores. 3) O que por memória na das dores e prantos de Nossa Senhora, incluir em seu entendimento as da Paixão, gozará, no Céu, de prêmio especial e particular. 4) Quanto pedir a esta Soberana Senhora em ordem à sua salvação e utilidade espiritual lhe concederá.” Foi por isso que desde remotos tempos, muitas fervorosas devoções se dirigiram as dores de Maria, criando-se imagens históricas de seus sofrimentos. “A Piedade”, representa a Senhora tendo seu Filho morto nos braços. Da Soledade, é Maria isolada, levantando os olhos ao Céu ou então para a Cruz tendo nos braços o Santo Sudário.
Somente nos começos do século dezoito a invocação de “Dores”, começou a ter culto singular, sendo de notar que antes eram muito raras as invocações de Nossa Senhora das “Dores”, em contraste com as demais que lhe relembram os seus sofrimentos de Mãe.
Segundo Senna Freitas em seu livro “Memórias de Braga”, a invocação da Dores começou a ser pública e específica, desde que o Papa Benedito XIII em 22 de agosto de 1727 mandou que se rezasse sobre as “Dores de Nossa Senhora”, determinando que nos Breviários, por adição fosse inscrita. O Papa Benedito XIV “notando a razão da festa, satisfaz as dúvidas que se poderiam opor.” E sustenta o parecer de que Nossa Senhora não chorara estando junto da Cruz, e procura confirmar a razão do hino STABAT MATER de que assevera não ser composição nem de São Gregório Magno nem de São Boaventura, como disseram e afirmaram alguns autores, mas sim do Sumo Pontífice Inocêncio III. De qualquer modo, os artistas interpretaram a Senhora das Dores em pranto, tendo no peito atravessadas, ora uma, ora sete espadas, mas todos eles dando ao rosto da Mãe de Jesus uma expressão de “Angústia”, o que fez com que durante muito tempo, antes da definição especifica de “Dores”, denominava, o povo, a imagem da Senhora.
Coube a’ Congregação do Oratório, em sua Casa de Braga, organizar em Portugal o culto de tão grata invocação, estabelecendo os oratorianos uma Confraria de “Servos de Nossa Senhora das Dores”, que logo passaram a ser denominados de “Servitas”, e que se transformou em Irmandade de Nossa Senhora das Dores e Calvário, pois que a imagem das Dores estava colocada junto de uma Cruz, onde estava crucificado o seu Filho. Era a tradução em arte, dos versos de Inocêncio III
STABAT MATER DOLOROSA
JUSTA CRUCEM LACRIMOSA
DUM PENDEBAT FILIUS.
O padre mestre Martinho Pereira da Congregação do Oratório, deu enorme desenvolvimento a essa confraria que logo se espalhando por Portugal, atravessava o Oceano, sendo Minas Gerais em Vila Rica, Minas Gerais, o primeiro lugar em que se firmou com enorme alegria dos fiéis. Os numerosos arraiais que se formaram em torno de pequenas ermidas de Nossa Senhora das Dores, e o avultado numero de filiados a Confraria, demonstra que as promessas de Nossa Senhora, anunciadas no sonho de Santa Isabel, eram conhecidas de nossos avós que por elas dedicaram fervor ao culto da Senhora das Dores. Começada em Braga em 17ó1, não só pelo número de sacerdotes que de lá nos vieram no período de nossa formação, como pela enorme porcentagem de imigrantes das regiões portuguesas do Minho, não tardou em aparecer em Vila Rica, a irmandade de Nossa Senhora das Dores e Calvário, introduzindo a pratica da Via Sacra, procissão dos Passos e a do Enterro, que é apenas um final da Via Sacra. Como é sabido, não existe em nenhuma dessas pequenas capelas que se denominam de “Passos”, nem a cena do descimento da cruz, nem a deposição do sepulcro, pois que isso se prática na Sexta-feira da Paixão, em lugar amplo seguindo-se o cortejo do Senhor Morto.
Filiada à Congregação do Oratório de Braga, fundou-se em Vila Rica, em 17ó7, a Irmandade das Dores e Calvário, que logo obteve do Prior Geral a Carta de Confirmação em 17ó8. Por essa Carta, autorizava o Prior Geral, a qualquer sacerdote regular ou secular, a conferir aos irmãos de Vila Rica o Escapulário e Coroa das Dores. A primeira vez que se realizaram essas cerimônias foi em só de abril de 1770, com grande solenidade, tendo, para ela, sido colocado no altar de São João Batista, da matriz de Antônio Dias, um painel representando a Senhora das Dores, que foi bento pelo vigário colado da paróquia, padre João de Oliveira Magalhães, sendo, nesse dia, eleita a Mesa definitiva, da qual foi Provedor Manuel Luís Saldanha. A essa festa de primeira imposição do Escapulário das Dores, aos filiados à nova Irmandade, estiveram presentes o Conde de Valadares, Governador e Capitão General de Minas; o Corregedor da Comarca, Doutor José da Costa Fonseca; o Intendente da Real Casa de Fundição, Doutor João José Teixeira Coelho; Provedor da Fazenda Real, Doutor João Caetano Soares Barreto alem de numerosos membros da nobreza civil e militar e grande concurso de povo. Desenvolveu-se rapidamente a devoção da Senhora das Dores, tendo já em 1775 cerca de cinco mil associados em toda a Capitania. Cuidou logo a Mesa da Irmandade das Dores e Calvário, de construir uma capela e de adquirir imagens para o culto. A primeira foi de dois palmos, feita em Braga, pelo padre Manuel Martinho Pereira, que durante algum tempo continuou no altar de São João Batista, na matriz de Antônio Dias. Entrando em entendimento com os mesários da Irmandade da Nossa Senhora da Conceição, obtiveram os das Dores, mediante indenização que foi arbitrada, o terreno onde atualmente se ergue a Capela das Dores, local em que estava o Cemitério da Matriz. Em 1774 inauguraram, com grandes festas, a capela que logo, em 1775, obtinha para seu altar-mor um breve Pontifício com privilégios perpétuos, sendo também benta e nele colocada a nova imagem de seis palmos da Senhora das Dores vinda, também de Braga. Tudo isso, decorria não somente das contribuições dos fiéis, como do esforço de Dona Leonor Luisa de Portugal, casada com o Coronel José Luís Saião, que era Secretário do Governo da Capitania e que não poupava recursos para a disseminação do culto à Senhora das Dores. A nova Capela obteve, ainda, mais 5 Breves Pontifícios com indulgências plenárias e não plenárias, inclusive um que isentava a Irmandade das Dores da jurisdição paroquial.
Em 1775 realizou-se em Vila Rica, a primeira procissão das Dores e logo a do Senhor Morto, que o povo denominou de “Enterro”, espalhando-se o uso dessas cerimônias por toda a Capitania. A Irmandade do Senhor dos Passos foi criada em 1774 pelo pároco João de Oliveira Magalhães que deu altar à primeira imagem que chegou a Vila Rica na própria Matriz de Antônio Dias e era de dois palmos, obra de Braga.
Nossa Senhora das Dores, rogai por nós.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora das Lagrimas de Siracusa

Em Siracusa, Sicília, nos dias 29, 30 e 31 de agosto e 1º de setembro de 1953, uma imagenzinha de Nossa Senhora derramou abundantes lágrimas, fenômeno que pôde ser observado por muitas pessoas, por autoridades eclesiásticas e civis.

Vejamos como contam o fato:
Antonina Iannuzo, depois de rezar diante de sua imagem de Nossa Senhora, percebeu em seus olhos abundantes lágrimas. Pensou em princípio ser ilusão, mas logo depois parentes e o próprio marido puderam verificar o fato.
A pequenina imagem chorava a ponto de as lágrimas correrem pela face. Espalhou-se logo a notícia: da cidade, da Sicília, da Itália toda, e depois de toda a Europa começam a acorrer devotos e curiosos. Quintuplicaram os trens para Siracusa, e as passagens de avião eram reservadas com semanas de antecedência. Apesar do calor tórrido, a multidão era imensa. Veículos de todos os tipos e de todas as cores, ao longo das estradas, seguiam para lá.
Os doentes era colocados numa praça de 100 m2 à vista da “Madonina” exposta em um nicho aos olhos da multidão.
Durante dezoito horas por dia padres e religiosos se revezavam tocando objetos na imagem. Na própria casa dos Iannuzo formou-se logo o “Comitê da Virgem que chora” para exame dos miraculados. Em princípio os interrogatórios eram exigentes e severos; depois os médicos cansaram. Trezentos casos extraordinários puderam ser examinados desde o início pelas autoridades civis e eclesiásticas.
O arcebispo de Siracusa, dom Baranzini, acompanhado de todas as autoridades eclesiásticas da Província, celebrou a santa missa em plena rua.
Os químicos Leopoldo La Rosa e Francisco Cotzia analisara, 1 cm3 das lágrimas e concluíram: “O líquido revela a mesma composição e a mesma densidade das lágrimas humanas”.
Entre os casos tidos como milagrosos, conta-se o de Núnzio Vinci, operário de 49 anos, que sofria de uma artrite deformante e voltou para casa completamente curado. Foi o primeiro favorecido por Nossa Senhora.
A “Madonina” das lágrimas recebeu milhares de cartas e telegramas de súplicas e de agradecimento por graças recebidas.
Destinaram 3 milhões de liras para a construção de uma capela na praça de Siracusa onde se encontra a imagem.
Na edição semanal do L`Osservatore Romano de 21 de dezembro de 1953 lê-se a seguinte notícia: os bispos da Sicília, reunidos ontem para a costumada Conferência em Magheria (Palermo), ouviram amplo relato de dom Heitor Baranzini, arcebispo de Siracusa, relativo às lágrimas da imagem do Coração Imaculado de Maria repetidas viárias vezes nos dias 29, 30 e 31 de agosto e 1º de setembro deste ano (1953), em Siracusa (Via degli Orti, 11), e, ponderados atentamente os relativos testemunhos nos documentos originais, concluíram de modo unânime que não se pode duvidar da realidade da lacrimação.
E fazem votos de que tal manifestação da Mãe Celestial excite todos a salutar penitência e a maior devoção ao Coração Imaculado de Maria, augurando que se apresse a construção de um santuário que perpetue a memória do prodígio.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora das Mercês na América Latinda

Entre todas as imagens da Virgem Santíssima, objeto de veneração desde o início da colonização, a mais maravilhosa foi, sem dúvida, Nossa Senhora das Mercês, também conhecida pelo título de “Peregrina de Quito”, pois foi conduzida a muitos lugares pelos religiosos Mercedários.

É uma estátua de madeira um pouco menor que o tamanho natural e representa a Virgem Santíssima sentada em seu trono com uma atitude imponente.  A mão esquerda sustenta o menino Jesus e a mão direita levanta o cetro ao alto. O rosto da imagem é majestoso.
Qual é a origem desta imagem? Uma vez fundada a cidade de São Francisco de Quito em 1534, os religiosos Mercedários pediram a autorização dos conquistadores para estabelecerem-se na cidade. O pedido foi aceito e o convento Mercedário foi fundado.
A devoção, que ocorreu desde o princípio, à imagem de Nossa Senhora das Mercês contribuiu de maneira especial para fazer esta ordem mais amada.
Nos primeiros anos da conquista, a emergente colônia espanhola era muito pobre. Pouco a pouco os colonos de Quito construíam suas casas, a praça principal e, ao lado dela, a primeira igreja paroquial.
O imperador Carlos V da Espanha colaborou muito com as cidades, os conventos e as igrejas das novas colônias da América. Foram enviados da Espanha aos Padres Mercedários, os quais o monarca apreciava de especial forma, diversos objetos para o culto e algumas imagens de Maria, entre elas a de Nossa Senhora das Mercês.
Desde a chegada da imagem começaram os milagres. Entre todos que esperavam sua chegada, existia um sacerdote cego que, apesar de seu grave inconveniente, foi pessoalmente ao encontro da imagem da Virgem Santíssima. Superando dificuldades, correu ao encontro da procissão dos devotos fora da cidade. Mal se aproximou da bonita imagem, recuperou de repente a vista, com enorme admiração e alegria daqueles que presenciaram o prodígio.
Mas nem todos conseguiram a felicidade de contemplar a entrada triunfal da maravilhosa imagem. Uma mulher pobre, surda e muda há vários anos estava em seu leito de dor. Ao tomar conhecimento do que aconteceu, chorou por estar privada do consolo de assistir a procissão. A mulher, submersa em seus tristes pensamentos, se consagrou a Rainha da Misericórdia e em seguida foi curada totalmente de sua doença. Tanto que poderia ir por seus próprios pés, cheia de agradecimento, visitar a imagem.
Com estes prodígios admiráveis a devoção popular a Nossa Senhora das Mercês cresceu muitíssimo. São muitas as graças concedidas por esta imagem sagrada a todos os povos e em circunstâncias extraordinárias. Assim, a grande popularidade da devoção a Nossa Senhora das Mercês, não somente no Equador, mas também em outros países, se deve a essa imagem.
Solenidade dia 24/09.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora das Necessidades

Durante a “peste grande”, fugiram de Lisboa para a Ericeira dois cônjuges da freguesia dos Anjos, os quais encontraram perto da vila, numa ermida, uma imagem de Nossa Senhora da Saúde, a que muito se afeiçoaram. Por isso levaram-na, furtada, em seu regresso a Lisboa e mantiveram-na escondida em casa, começando depois a pedir esmolas, para lhe erigir uma capela, tendo dona Ana Gouveia de Vasconcelos doado um terreno que possuía no Alto de Alcântara.

Construiu-se a capela, e cresceu a devoção à Santíssima Virgem, representada na referida imagem que começou a ser invocada sob o título de Nossa Senhora das Necessidades (provavelmente porque os fiéis eram atendidos por Nossa Senhora em todas as suas necessidades).
Quando D. João V adoeceu, em 1742, quis que a imagem de Nossa Senhora das Necessidades fosse para a sua câmara e, tendo melhorado, mandou construir um rico templo no lugar onde esta a capela.
Junto ao templo mandou construir o magnífico palácio que até 1910 pertenceu à família real.
Em São Pedro da Ericeira existe atualmente uma imagem feita e modelada a partir de Nossa Senhora das Necessidades de Lisboa.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora das Neves

Depois da proclamação do dogma da Maternidade divina de Maria no Concílio de Éfeso (ano 431), o Papa Sixto III consagrou em Roma uma Basílica em honra da Virgem, chamada posteriormente Santa Maria Maior. É a mais antiga igreja dedicada a Nossa Senhora.

Santa Maria Maior é também invocada como Nossa Senhora das Neves, devido a uma antiga lenda segundo a qual um casal romano, que pedia à Virgem luzes para saber como empregar a sua fortuna, recebeu em sonhos a mensagem de que Santa Maria desejava que lhe fosse erigido um templo precisamente num lugar do monte Esquilino que aparecesse coberto de neve.
Isto aconteceu na noite de 4 para 5 de agosto, em pleno verão: no dia seguinte, o terreno onde hoje se ergue a Basílica amanheceu inteiramente nevado.
A Basílica de Santa Maria Maior de Roma, a mais antiga igreja do Ocidente consagrada à Virgem Maria, onde se deram tantos acontecimentos relacionados com a história da Igreja; especialmente, relaciona-se com essa igreja a definição dogmática da Maternidade divina de Maria, proclamada pelo Concílio de Éfeso. O templo foi construído sob essa invocação no século IV, sobre outro já existente, pouco tempo depois de encerrado o Concílio. O povo da cidade de Éfeso celebrou com grande entusiasmo a declaração dogmática dessa verdade, na qual, aliás, acreditava desde sempre. Essa alegria estendeu-se por toda a Igreja, e foi então que se construiu em Roma a grandiosa Basílica. Esse júbilo chega-nos hoje através desta festa em que louvamos Maria como Mãe de Deus.
Segundo uma piedosa lenda, certo patrício romano chamado João, de comum acordo com a sua esposa, resolveu dedicar os seus bens a honrar a Mãe de Deus, mas não sabia ao certo como fazê-lo. No meio da sua perplexidade, teve um sonho – como também o teve o Papa – pelo qual soube que a Virgem desejava que se construísse um templo em sua honra no monte Esquilino, que apareceu coberto de neve – coisa insólita – no dia 5 de agosto.
Embora a lenda seja posterior à edificação da Basílica, deu lugar a que a festa de hoje seja conhecida em muitos lugares como de Nossa Senhora das Neves e a que os alpinistas a tenham por Padroeira.
Em Roma, desde tempos imemoriais, o povo fiel honra a nossa Mãe nesse templo sob a invocação de Salus Populi Romani. Todos acorrem ali para pedir favores e graças, na certeza de estarem num lugar onde sempre são ouvidos. João Paulo II também visitou Nossa Senhora nesse templo romano, pouco depois de ter sido eleito Papa. “Maria – disse o Sumo Pontífice nessa ocasião – tem por missão levar todos os homens ao Redentor e dar testemunho dEle, mesmo sem palavras, apenas mediante o amor, com o qual manifesta a sua índole de mãe. É chamada a aproximar de Deus mesmo os que lhe opõem mais resistência, aqueles para quem é mais difícil crer no amor (…). É chamada a aproximar todos – quer dizer, cada um – do seu Filho”. E aos seus pés fez a dedicação de toda a sua vida e de todos os seus anseios à Mãe de Deus, com palavras que nós podemos repetir, imitando-o filialmente: “Totus tuus ego sum et omnia mea tua sunt. Accipio Te in me omnia; sou todo teu, e todas as minhas coisas são tuas. Sê o meu guia em tudo” (João Paulo II, Homilia em Santa Maria Maior, 8-XII-1978). Com a proteção da Virgem, caminhamos bem seguros.
São Bernardo afirma que Santa Maria é para nós o aqueduto por onde nos chegam todas as graças de que necessitamos diariamente.
Devemos procurar constantemente o seu auxílio, “porque esta é a vontade do Senhor, que quis que recebêssemos tudo por Maria”, especialmente quando nos sentimos mais fracos, nas dificuldades, nas tentações…, e tanto nas necessidades da alma como nas do corpo.
No Calvário, junto do seu Filho, a maternidade espiritual de Maria atingiu o seu cume. Quando todos desertaram, a Virgem permaneceu junto à cruz de Jesus (Jo 19,25), em perfeita união com a vontade divina, sofrendo e padecendo com o seu Filho, corredimindo. “Deus não se serviu de Maria como de um instrumento meramente passivo.
Ela cooperou para a salvação humana com livre fé e obediência” (Lumen gentium, 56). Esta maternidade da Virgem perdura sem cessar, e agora, no Céu, “não abandonou esta missão salvífica, mas pela sua múltipla intercessão continua a obter-nos os dons da salvação eterna” (Lumen gentium, 62).
Temos de agradecer muito a Deus que tenha querido dar-nos uma Mãe a quem recorrer na Vida da graça; e que essa Mãe tenha sido a Sua própria Mãe. Maria é nossa Mãe não só porque nos ama como uma mãe ou porque faz as suas vezes; a sua maternidade espiritual é muito superior e mais efetiva que qualquer maternidade legal ou baseada no afeto. É Mãe porque realmente nos gerou na ordem sobrenatural. Se recebemos o poder de chegarmos a ser filhos de Deus, de participarmos da natureza divina (cfr. 2Pe 1,4), foi graças à ação redentora de Cristo, que nos tornou semelhantes a Ele. Mas esse influxo passa por Maria. E assim, do mesmo modo que Deus Pai tem um só Filho segundo a natureza, e inúmeros segundo a graça, por Maria, Mãe de Cristo, chegamos a ser filhos de Deus. Das mãos de Maria recebemos todo o alimento espiritual, a defesa contra os inimigos, o consolo no meio das aflições.
Para a nossa Mãe do Céu, “jamais deixamos de ser pequenos, porque Ela nos abre o caminho para o Reino dos Céus, que será dado aos que se fazem crianças (cfr. Mt 19,14). De Nossa Senhora não devemos separar-nos nunca. Como a honraremos? Procurando a sua intimidade, falando-lhe, manifestando-lhe o nosso carinho, ponderando no coração as cenas da sua vida na terra, contando-lhe as nossas lutas, os nossos êxitos e os nossos fracassos.
No Brasil, Nossa Senhora das Neves é padroeira da cidade de João Pessoa. A ermida da Ilha da Maré, no Recôncavo Baiano, fundada em 1584, é uma preciosidade da arquitetura colonial brasileira. A imagem da Padroeira, de madeira estofada, é em estilo maneirista. Nossa Senhora das Neves é também cultuada em Olinda e Igaraçu, no Rio de Janeiro e no Espírito Santo.