Nossa Senhora de Siluva
Siluva, Lituânia (1608)
Título: Nossa Senhora de Siluva
Festa: 08 de Setembro
Aparições: 2 aparições
Videntes: Filhos de pastores
Investigado: 1612
Aprovação: 17 de Agosto de 1775 pelo Papa Pio VI
Siluva é uma pequena cidade localizada na região da Samogícia, na Lituânia. A cidade de menos de 700 habitantes, desde o final do século XIV cultivou especial devoção à Virgem Maria quando o país tornou-se cristão. Siluva tornou-se um importante centro de peregrinação mariana após a construção da Igreja da Natividade da Bem-Aventurada Virgem Maria e dos Apóstolos São Pedro e São Bartolomeu em 1457, pelo nobre Lituano Petras Gedgaudas. Anos mais tarde, Petras, edificou também uma igreja de “Silai” que posteriormente passou a ser chamada de “Sidlava” (do polonês “szydlo”) e depois “Siluva”.
“Com o advento da Reforma na Lituânia do século XVI, muitos dos habitantes da região de Siluva se converteram ao calvinismo. Isso fez com que a igreja fosse saqueada e fechada por volta de 1569. O último pároco, John Holubka, enterrou os objetos de valor e documentos legais restantes da igreja em uma caixa de ferro perto da igreja vandalizada”.¹ Entre os objetos sagrados guardados na caixa encontrava-se os documentos que provavam que Vytautas, o Grande, havia doado aquelas terras a Igreja Católica e um precioso ícone da Virgem Maria e do Menino Jesus em seu colo. O governador local tornou-se calvinista e a propriedade da Igreja foi confiscada e a terra entregue aos calvinistas. Oitenta anos se passaram e o rebanho católico, sem pastor para guiá-lo e alimentá-lo, aos poucos foi se extinguindo. Apenas alguns dos aldeões mais antigos lembravam vagamente que havia uma Igreja Católica em sua aldeia…”.²
O cristianismo parecia caminhar para o seu fim na Lituânia. Os calvinistas montaram centros de formação para preparar líderes, catequistas, pastores e professores protestantes. Mas tudo mudou naquele ensolarado dia de verão no longínquo 1608. “Num dia de verão, em 1608, várias crianças cuidavam de suas ovelhas em um campo nos arredores da aldeia de Siluva. Eles estavam brincando alegremente perto de uma grande rocha. De repente, ouviram soluços e ficaram paralisados, olhando na direção da rocha onde havia uma linda jovem, em pé sobre a rocha, segurando um bebê em seus braços e chorando amargamente. Ela somente olhou para eles com uma tristeza avassaladora, chorando como se seu coração estivesse se partindo. Uma luz envolvia a mulher e a criança. Quando a jovem e o bebê desapareceram misteriosamente, as crianças correram para a aldeia contar ao pastor, que não acreditou na história contada por elas. As crianças, porém, relataram tudo o que presenciaram aos seus pais e vizinhos, e a notícia espalhou-se rapidamente pelo vilarejo”.³
Ao raiar da manhã seguinte a multidão correu para o lugar dos acontecimentos relatados pelas crianças. Indignado com o povo que acorreu em massa ao local da aparição relatada pelas crianças, o pastor acompanhado de Salomão que era o professor do seminário protestante foi ao encontro do povo e com um discurso inflamado, repreendeu ao povo dizendo que não acreditassem nas palavras das crianças. Disse em fúria aos presentes que “se alguém apareceu neste lugar certamente foi uma tentação demoníaca”. Ao dizer estas últimas palavras o inesperado aconteceu. “Naquele momento a bela mulher apareceu novamente, chorando em cima daquela pedra, como no dia anterior. Muito assustado, o pastor perguntou a ela: Senhora por que choras?” E ela respondeu: “Choro porque neste lugar onde meu Filho era glorificado e meu nome era venerado, hoje aqui só restou pasto e animais.” Sem mais uma palavra, ela desapareceu”4
Diante da aparição, os líderes protestantes não podendo desmentir o ocorrido presenciado pelos presentes começou a convencer a todos de que eram ciladas do demônio o que tinham presenciado. O bispo local soube do ocorrido e designou o Padre John Kazakevicius para investigar o fenômeno e questionar os que estavam presentes sobre o que viram e ouviram. Com as dúvidas esclarecidas referente a aparição, iniciou-se um processo para reaver as terras novamente para a igreja católica. É durante este mesmo período que um senhor cego de quase um século de vida lembrou-se da caixa de ferro que ajudou o padre John Holubka a enterrar próximo a grande pedra alguns anos antes.
Os moradores da aldeia acompanharam o quase centenário homem ao local das aparições no intuito de que o mesmo os ajudasse a localizar o local onde a caixa de ferro havia sido enterrada. Logo que chegaram ao local das aparições, o homem recuperou a luz da visão milagrosamente. De joelhos em agradecimento pela graça alcançada, o homem indicou o local onde a caixa havia sido enterrada. “O baú de ferro foi escavado no chão e, quando foi aberto, lá – perfeitamente preservado – estava a grande pintura da Madona com o Menino, vários cálices de ouro, paramentos, escrituras da igreja e outros documentos. A pintura foi consagrada permanentemente na Basílica do Nascimento da Bem-Aventurada Virgem Maria e é venerada até hoje como a Imagem Milagrosa de Siluva.”5
O padre John Kazakevicius tendo agora em mãos os documentos de doação das terras para a Santa Igreja solicitou aos Calvinistas a devolução das terras. Os juízes que julgaram o caso eram na sua maioria calvinistas e por isso o processo de devolução das terras durou mais de dez anos sendo causa ganha para a Santa Igreja em 1622. Em 1627, o padre Kazakevicius foi nomeado como o primeiro reitor de Siluva. Mandou edificar no local uma pequena ermida de madeira com recursos próprios. A pequena igreja virou local de peregrinação e muitos milagres aconteceram ali. Em 1641, foi construída uma igreja maior para abrigar os peregrinos e uma escola infantil foi fundada para atender as crianças mais vulneráveis. Em 1643, o Bispo Alexander Sapieha mandou construir a Capela de Tijolos da Aparição, a capela foi consagrada pelo Bispo Petras Parcevskis em 1651.
No mesmo ano da consagração da nova igreja (1651) Canon. Sr. Sviekauskas preparou a história mais antiga de Siluva: “Perto da aldeia, os pastores, com o seu rebanho a pastar as terras da igreja, viram numa grande pedra uma menina de cabelos grená, segurando um bebê nos braços e chorando amargamente. Ao presenciar esta cena, um deles correu para o catequista calvinista de Siluva e relatou o que tinha visto. O catequista, um homem solteiro chamado Salomão, aproximou-se da pedra e também viu a Virgem chorando, como os pastores haviam visto. Reunindo coragem, ele se virou para ela: “Menina , por que você está chorando?” A menina respondeu: “Eu choro porque neste local meu Filho foi uma vez adorado, e agora aqui estão apenas campos arados e semeados.” Tendo dito essas coisas, ela desapareceu. O catequista desprezou a visão acreditando ser um espírito maligno.
Os pastores, devolvendo o rebanho à casa, começaram a espalhar a notícia dessa ocorrência. Um velho agricultor, com mais de cem anos, quase cego pela velhice, disse aos vizinhos: “Caros vizinhos, digam-me o que querem, mas direi que na pedra não havia algum tipo de espírito maligno, mas o A Virgem apareceu com seu Filho, que já esteve naquele lugar de honra de uma antiga Igreja Católica. Tanto quanto me lembro, há oitenta anos foi destruída e desconsiderada.” (Fonte: siluva.lt )
Em 1663, por ordem do Bispo Aleksandras Sapiega, sobre a pedra onde a Santíssima Virgem apareceu um altar foi colocado e ao lado do altar uma imagem de Cristo em madeira foi colocado, e até hoje se encontra no mesmo local. Uma nova igreja foi edificada entre os anos de 1760 – 1775 pelos reitores de Siluva, o Padre Jonas Lopacinskis e Tadas Bukota e diante de tais prodígios o bispos John Lopacinskis exclamou aos 31 de Outubro de 1774 que: “Siluva recuperou graça especial de Deus e a maravilhosa Mãe de Deus … manifestando e mediando milagres”. Em 1770, o Padre Tadas Bukotafez fez trazer de Londres uma imagem da Virgem Santíssima com o Menino entalhada em mármore, imagem esta que se encontra até os dias de hoje na Capela da igreja.
Fiquei pensando se a mulher mais importante da história teria descoberto estes cinco segredos do amor. Desde o cristianismo nascente, ela é um símbolo, um ícone, uma figura exemplar, um território humano onde o céu uniu-se definitivamente com a terra. Ela é o endereço da salvação. É o lugar em que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”, na afirmação genial do Evangelho de João (1,14).
Os estudiosos de Maria concordam que o texto mais denso e detalhado sobre a Virgem de Nazaré é o capítulo 2 do Evangelho de Lucas. Essa página está escrita em milhares de histórias, poemas, pinturas e canções. Trata-se do encontro de Maria com o anjo Gabriel e, depois, o abraço em sua prima Isabel. Se prestarmos atenção aos passos deste poema, chegaremos à conclusão de que Maria digitou letra por letra os cinco códigos do amor. Vejamos:
Em 17 de Agosto de 1775, por meio de um decreto do Papa Pio VI às aparições da Mãe de Deus em Siluva autenticando-as e no mesmo ano a Santa Sé concedeu a permissão para que a Imagem veneranda da Virgem e o Menino no quadro fosse solenemente coroada. O então Bispo recentemente empossado, Steponas Giedriatis, decidiu investigar minuciosamente os milagres de Siluva. Para tal investigação formou uma junta que analisou os ex-votos e peregrinos sobre os milagres alcançados. Com as investigações concluídas marcou finalmente a solene coroação da imagem para o dia 8 de Setembro do ano seguinte e por meio de uma carta informou a todos que: “Fizemos uma investigação minuciosa, conforme instruções e normas da Igreja, com objetividade, atestando não imaginação, mas depoimentos de testemunhas oculares e pessoas sérias: teólogos, médicos e todos os que tinham jurisdição em Ao final, com base na opinião de adoradores e sábios conselheiros, gradualmente chegamos à convicção de que desde 1622 o Deus eterno e onipotente, através de graças claramente concedidas, queria realmente ser milagroso naquele quadro da nobre Virgem Maria de Siluva.” (Fonte: Foros de la Virgen). Na manhã de 8 de Setembro de 1776 a imagem da Virgem e do Menino foi adornada com duas coroas de ouro maciço. A festa durou três dias e contou com pessoas de várias classes sociais vindas de toda a Lituânia e também da Polônia.
Em 1795, ano da Grande Partição, a Lituania foi tomada pela Rússia. A fé na Virgem Maria de Siluva prosseguiu e em 1818, Dom Simonas Giedraitis, mandou construir uma Capela maior e seu estilo seguiria as formas da Catedral de Vilnius. Em 1886, cem anos após a coroação da imagem da Virgem e do Menino, cerca de quatrocentas mil pessoas se reuniram no Santuário de Siluva para celebrar o centenário da coroação apesar das investidas militares de impedir o acesso dos fiéis ao Santuário. Em 1904, uma revolta dos lituanos contra o governo Russo foi reprimida, porém várias restrições foram retiradas do país dando mais liberdade aos Lituanos. Com esta liberdade garantida, as Romarias ao Santuário de intensificaram no ano seguinte (1905). Entre os anos de 1912 e 1924 uma nova capela foi edificada para as comemorações dos 300 anos das Aparições da Virgem Maria em Siluva. Os arquitetos responsáveis pela monumental obra foram: Antanas Vivulskis, Arquitecto Jonas Maciulis-Maironis. Marcijonas Jurgaitis. A nova edificação foi consagrada pelo Decano de Siluva. A dita Capela em honra da Santa Mãe de Deus em Siluva foi redecorada e dourada em 1979 e um ano após, 1980, recebeu quatro afrescos em seu teto. Em 8 de Setembro de 1991, o então Cardeal Vincentas Sladkevicius e o Presidente do Parlamento Vytautas Landsbergis confiaram debaixo da proteção do Imaculado Coração da Virgem Maria de Siluva a Lituânia. O Papa São João Paulo II visitou o Santuário em 7 de Setembro de 1993 e chamou a Virgem de Siluva pela primeira vez de “Rainha da Paz”. Em 2002, foi então consagrada a Basílica do Nascimento da Bem-Aventurada Virgem Maria. Na impossibilidade de comparecer às comemorações dos quatrocentos anos das aparições da Virgem Maria na Lituânia, o Papa emérito Bento XVI nomeou arcebispo de Colônia, Alemanha, Joachim Meisner para o representar levando a todo o povo uma mensagem de paz e encorajamento.
Fonte: Academia Marial de Aparecida
Vinícius Aparecido de Lima Oliveira
Associado da Academia Marial de Aparecida
Bibliografia
1. Siluva, Wikipedia – The Free Encycloédia, 2022. Disponível em: . Acesso em: 23, Outubro de 2022.
2. Siluva, Lituânia (1608-1612), The Miracle Hunter, 2022. Disponível em: . Acesso em: 23, Outubro de 2022.
3. Nossa Senhora de Siluva “O maior tesouro da Lituânia”, Paróquia São José – Vila Zelina, 2022. Disponível em: . Acesso em: 23, Outubro de 2022.
4. Maria entre nós: as aparições marianas, a devoção a Nossa Senhora em seus vários títulos e o esplendor do Santo Rosário / Solange Garcia… [et al.]. – Petrópolis, RJ : Vozes, 2022.
5. Siluva, Lituânia (1608-1612), The Miracle Hunter, 2022. Disponível em: . Acesso em: 23, Outubro de 2022.
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