Imaginemos a mãe de São João Bosco tendo-o ao colo, estando ele com três a quatro anos ou um pouco mais. Embora ela não soubesse o magnífico futuro do filho, é certo que ela esmerou-se em formá-lo. Tanto mais que sendo ela muito virtuosa (está em processo de canonização) procurava fazer dele, antes de tudo um santo.
Com Maria Santíssima e Jesus havia algo de diferente? Sim. Ela sabia ser Ele Deus, ou seja a própria Sabedoria Eterna e Encarnada. Mas Jesus quis em tudo submeter-se à condição humana e, portanto, passar por uma criança que tinha que aprender. De fato, afirmam os teólogos, Ele quis viver cada etapa da sua vida humana como homem inteiramente, sem deixar de ser Deus. E, como ficou dito, Maria sabia ser Ele o próprio Deus. Como se portou Maria, tendo que educar… um Deus feito Homem?
Sabedora de que Jesus viveria cada etapa de sua vida humana como homem, tinha a responsabilidade de criá-lo e educá-lo. Ensinou-O a andar, embora Ele movesse todo o Universo; ensinou-O a falar, embora Ele fosse o Verbo (palavra) de Deus feito homem; deu-lhe ordens formativas, embora Ele fosse Deus Todo Poderoso e Criador dEla. Assim, quando lhe ensinava, aprendia muito mais com Ele, do que Ele dEla.
Maria vendo não haver mais vinho nas das bodas de Caná, por exemplo, mesmo Jesus dizendo que sua hora não tinha chegado, o que fez Maria? Confiou que Jesus atenderia seu pedido; por isso disse aos servos: “fazei tudo o que Ele disser”. Quando aos 12 anos de idade, Jesus ficou no templo em Jerusalém, debatendo com os doutores da lei, depois de procurá-lo por três dias, Maria apenas disse-lhe: “Filho, por que fizeste assim conosco? Teu pai e eu estamos angustiados à tua procura”. Ela não o censurava; queria apenas compreender porque Ele agira daquele modo.No santo zelo que a animava, é necessário ver Maria como uma pessoa dinâmica, perspicaz, intuitiva na educação de seu Filho. Esse zelo provocaria espanto ao mais sábio dos homens sobre a terra.
Jesus usava a mesma pedagogia que sua Mãe: não dava respostas prontas, sempre incentivava as pessoas a pensarem ou examinarem a consciência. O mesmo fez no caso da mulher adúltera: “Atire a primeira pedra aquele que não tiver pecado”.
Deus A escolheu para mãe de seu Filho pois era — como a saudou o Anjo — “cheia de graça” e, como Ela mesmo o confessa no encontro com sua prima Isabel, “Deus fez em mim grandes coisas”. Era antes de tudo uma digna mãe de Deus e portanto a melhor educadora que imaginar se possa.Maria não só observa, mas “guardava todas essa coisas no seu coração”. Ela não só ensinava, mas aprendia vendo como o Filho aprendia.
O mais impressionante na história de Maria não é o que foi dito a seu respeito, mas o que ficou em silêncio, não é o que foi escrito, mas o que ficou oculto. Se Maria com a mente privilegiada que tinha e uma capacidade de observar, educar e amar incomparáveis, por que pouco se fala nos evangelhos dessa maravilhosa fonte de sabedoria?
E para nós homens, a única palavra dEla dirigida aos homens é para nos aproximar de Jesus: “Fazei tudo que Ele vos disser”. As demais palavras foram dirigidas a Deus ou ao Anjo da Anunciação.A resposta nos é dada por São Luís Grignion de Montfort: Ela obteve de seu Esposo, o Divino Espírito Santo, que os evangelistas a Ela mal se referissem e apenas no necessário para mostrar Jesus.
“Fazei tudo que Ele (Jesus) vos disser”, é o único ensinamento que esta sublime educadora deixou para nós homens. E no nosso dia a dia Nossa Senhora está sempre disposta a nos tratar com o mesmo afeto, o mesmo cuidado com que tratava seu Divino Filho.
FONTE:
Arautos do Evangelho – Juiz de Fora/MG
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