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Autor: Frei Lourenço Maria Papin, OP

Domingo, dia 12 de junho: Solenidade de Pentecostes.

Igreja, barca de Cristo, de velas enfunadas pela força do Espírito

Inicialmente, entre os judeus, Pentecostes foi uma alegre festa rural de ação de graças, em que se ofertavam a Javé os primeiros frutos das colheitas; em seguida tornou-se um jubilosa festa em memória da aliança com Deus com seu povo libertado da escravidão do Egito.

Por ocasião desta festa judaica, no quinquagésimo dia (em grego pentekoste) após a ressurreição de Jesus aconteceu um fato histórico, como realização de uma promessa de Cristo e como um fruto de sua própria ressurreição: a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos.

Lucas descreve essa vinda em forma de sugestiva encenação. “De repente veio do céu um barulho como se fosse um forte vento que encheu a casa onde os apóstolos se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava” (At 2, 2-4).

Em grego uma mesma palavra significa vento e Espírito: forte vento simbolizando o impulso transformador do Espírito Santo; línguas de fogo: símbolo do anúncio da Palavra de Deus e símbolo do mesmo Espírito, Amor que aquece os corações e Luz que as mentes ilumina.

Com destemor dos ventos e a ousadia do fogo, os apóstolos proclamam corajosamente a Boa Nova do Evangelho, num contexto de universalidade, pois falando a própria língua, eram entendidos por peregrinos estrangeiros de diversos países que os ouviam falar em suas respectivas línguas.

Pentecostes é o início da trajetória da Igreja no mar da história, barca do Cristo de velas enfunadas pelo vento que é o Espírito. Pentecostes é uma realidade que se prolonga no tempo, no aqui e agora, como presença e ação do Espírito Santo dentro e fora da Igreja do Senhor. “O vento, (ou seja, o Espírito) sopra onde quer” (Jo 2,8).

O Espírito Santo é a alma, o princípio vital que anima, dirige e orienta a Igreja, não obstante sua fragilidade e limitação humana. A Igreja é sua habitação predileta. “Vós não sabeis que o Espírito Santo habita em vós”? (1 Cor 3, 16)

Ele foi enviado pelo Cristo, como Paráclito – Defensor – para completar sua obra, para ser memória dos seus ensinamentos. Sua presença santifica e transforma as pessoas, realizando a comunhão entre nós e a Trindade.

Forte e suavemente Ele age e penetra nas profundidade do coração humano, fazendo-nos sentir o sabor das verdades da Fé, iluminando nossas mentes, aconselhando-nos em nossa atitudes e decisões pessoais, familiares, comunitárias e sociais, inspirando-nos o discernimento espiritual e moral, conduzindo-nos à experiência de Deus como “Abbá” (Pai querido), socorrendo nossa fraqueza humana, suscitando o amor a Deus e aos irmãos.

Além de toda e qualquer fronteira, o Espírito Santo está presente e atuante na evolução do cosmo e da história dos homens, na inteligência e na vontade humana. Apesar de nossos percalços, ambiguidades e obstáculos éticos e morais, Ele conduz a história dos homens para “novos céus e nova terra onde habitará” (1 Pd 3, 13), suscitando a esperança de um mundo melhor. Ele alimenta o otimismo e se opõe a todo tipo de fatalismo histórico.

Que nos seja concedida a graça de uma dócil aceitação da presença e ação do Espírito Santo no meio de nós, seu Povo santo e pecador.

Fonte: Informativo “A Partilha” – Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima – Santa Cruz do Rio Pardo/SP – Edição 147 – Junho/2011

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