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Santuários Marianos

Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt

Quando o Pe. Kentenich e os estudantes selaram a Aliança de Amor com Maria na pequena capelinha no vale de Schoenstatt, nasceu um lugar de graças que se converteu na origem de um Movimento que cresceria e se expandiria, mas que também experimentaria severas provas e tormentas. O Padre Kentenich queria essencialmente criar uma vida espiritual que fosse adaptável às condições de rápidas mudanças no mundo moderno. Os propósitos e planos dos jovens estudantes foram duramente provados quando muitos deles foram chamados a servir nas frentes de combate na primeira guerra mundial. Foi aí que esta nova visão e vida passaram pela prova e a vida e o testemunho dos jovens membros de Schoenstatt – apoiados pela revista MTA que levou suas experiências mais longe – atraíram mais pessoas de diferentes estados de vida.

Entre Guerras

Entre as guerras Schoenstatt começou a crescer como um centro de retiros para diversos grupos de pessoas de diferentes estados de vida. O próprio Pe. Kentenich deu muitas palestras e retiros, desenvolvendo o tema da Aliança de Amor com Maria. Ele deu ênfase em como o mundo se movia a uma nova era e a Igreja deveria dar uma resposta convincente às necessidades deste tempo. Durante os anos 30, as atividades do Movimento foram acompanhadas de perto pelos nazistas.

Ao mesmo tempo, o Pe. Kentenich começou a enviar Irmãs de Maria a outros continentes para expandir o movimento em diferentes países. Era muito comum que os antigos estudantes da geração fundadora, que neste momento trabalhavam como Padres Pallotinos em outros continentes, abrissem as portas para elas.

Internacional

Em 1941 o Pe. Kentenich foi preso e enviado ao campo de concentração de Dachau por quatro anos. Ele começou a expansão de Schoenstatt entre os prisioneiros, também entre os italianos, poloneses, tchecos e de outras nacionalidades. Em 1944 fundou junto com eles a “Internacional”.

O primeiro santuário filial foi inaugurado no dia 18 de outubro de 1943 pelo Monsenhor Alfredo Víola, Bispo de Salto, em Nova Helvecia, Uruguai. Os santuários filiais surgiram por iniciativa das Irmãs de Maria alemãs que foram enviadas como missionárias aos países da América do Sul.

As Irmãs do Uruguai se deram conta do difícil que era vincular um povo a um santuário distante fisicamente e, além disso, em território alemão, em um tempo de guerra e por isso tiveram a iniciativa de construir uma réplica do Santuário Original. Neste momento, o Fundador Pe. José Kentenich estava em Dachau, por isso não foi possível pedir seu consentimento expressamente.

Ao receber as notícias deste fato, o Pe. Kentenich viu uma ação divina e assumiu a ideia de construir um santuário filial em cada lugar onde Schoenstatt florescia. Hoje Schoenstatt não é somente um lugar de graças às margens do Reno na Alemanha. Em torno a cada santuário filial (200 hoje em dia), Schoenstatt é também um lindo lugar onde muitas pessoas podem experimentar a presença de Deus. Schoenstatt é uma “rede de santuários” e quer ser uma ponte entre a terra e o céu, até que todo o mundo se converta em um “lindo lugar”.

Frutos de Dachau

Em Dachau o Padre Kentenich pode experimentar em si mesmo e na vida dos schoenstattianos que o acompanhavam, a força transformadora e vitoriosa da Aliança de Amor com a Santíssima Virgem, com a Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt.

A Aliança de Amor foi vivida à altura da «Inscriptio», ou seja, com uma pré-disposição positiva frente à realidade da Cruz e do sofrimento. Nesse lugar de provas, viveu o choque frontal entre o «poder das trevas» (cf Col. 1, 13) e o Grande Sinal, a «Mulher reves­tida de sol» (cf Apoc 12, 1). Ali recebeu uma dupla confirmação: por um lado, a catástrofe antropológica para a qual marchava o ocidente; de outro, o selo divino da Obra que havia fundado. Mais ainda, percebeu que o «fenômeno Dachau» não era um fato isolado, mas sim um prelúdio do que, de uma maneira ou de outra, iria acontecer em todo o mundo. Os campos de concentração – afirmará – foram, ao mesmo tempo, «campos de preparação».

Isto explica o por que, saindo de Dachau, o Pe. Kentenich mudou a estratégia na condução da Família de Schoenstatt. Se até aquele momento, ou seja, durante trinta anos, sua ação se caracterizou por um estilo mais silencioso e prudente, dali por diante seu atuar terá o sinal do risco, da audácia e uma dinâmica muito mais forte.

Devemos registrar também outro fato decisivo: no campo de concentração, o Padre Kentenich fundou a «Internacional» de Schoenstatt. A esse passo foi conduzido por uma leitura crente das circunstâncias, dos sinais dos tempos.  Ali se encontravam sacerdotes prisioneiros de diversos países da Europa. Através deste acontecimento,  Deus não lhe estava indicando um caminho para dar uma dimensão e dinâmica internacionais à Obra que havia começado? No dia 18 de outubro de 1944, sob a chuva, o Padre Kentenich deu um passo decisivo: «… Hoje queremos formar aqui uma «Internacional». Todos estão representados. Até agora Schoenstatt era uma obra limitada. Hoje rompe-se este limite e se faz internacional».

Em Dachau e no Terceiro Documento de Fundação, encontramos as chaves decisivas que iluminam todo o período seguinte de sua ação apostólica. Depois de ter podido perceber, em forma direta, os extremos do rebaixamento do homem ao que conduz todo projeto coletivista – qualquer que seja sua variante ou tonalildade -, depois de experimentar o espírito com o qual se pode vencer este tipo de homem e dar a sua Obra uma base conscientemente internacional, o Padre Kentenich parte de Dachau. E enquanto lhe é permitido pelas circunstâncias, sai ao mundo em busca de aliados: «Nossa missão mariana não tem me deixado em paz; tem me dado força e coragem para percorrer todo mundo, buscando aliados que me ajudem a realizar plenamente esta missão» (Carta ao Padre Carlos Sehr, 1956). Entre os anos de 1947 e 1952, visitou a África do Sul, Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Estados Unidos.

Provas

Durante este período escreveu uma longa carta às autoridades da Igreja na Alemanha, a qual colocou no altar do Santuário de Bellavista, Chile, no dia 31 de Maio de 1949. Nesta carta, o Pe. Kentenich ressalta os perigos que enfrenta a Igreja devido a alguns modelos de pensamento teológico que separavam Deus de sua criação e nossa humanidade do Espírito, uma atitude que ele descreve como um “pensar, viver e amar mecanicista”. A carta não foi compreendida, mas sim considerada ofensiva. Uma resposta a isto foi a visitação a Schoenstatt por parte das autoridades eclesiásticas e logo após a mesma o Pe. Kentenich foi exilado nos Estados Unidos por 14 anos. Durante este tempo, o Movimento em Schoenstatt e em outros países sofreu uma severa perseguição e esteve perto de ser dissolvido em várias ocasiões. No Movimento, este tempo levou a uma entrega heróica e a muitos sacrifícios, seguindo o exemplo de amor à Igreja do seu Fundador.

O Concílio Vaticano II abriu uma nova visão da Igreja que compreendeu melhor a obra do Pe. Kentenich e em 1965 foi chamado a regressar a sua terra e foi plenamente restituído pelo Papa Paulo VI. Durante os três anos seguintes foi possível que ele continuasse com seu trabalho com o Movimento,  falecendo no dia 15 de setembro de 1968.

Depois da morte do Padre Kentenich, o Movimento de Schoenstatt permaneceu profundamente vinculado à pessoa do Fundador, trabalhando no crescimento de uma fidelidade criativa à sua missão e carisma, adaptando-se aos novos ambientes culturais e fatos históricos.

Rumo ao centenário da Aliança

Em 1985, na celebração do centenário do nascimento do Pe. Kentenich, o Movimento de Schoenstatt se uniu em uma grande celebração internacional em Schoenstatt e em Roma sob o lema: Tua Aliança – nossa Vida.

Desde então, o Movimento se expandiu para mais países e recuperando-se dos “anos de exílio”, trabalha para oferecer sua contribuição para a Igreja e para a sociedade, também em colaboração com outros movimentos eclesiais.

Do dia 1° ao dia 7 de fevereiro de 2009, a Conferência 2014 deu início em nível mundial à preparação do cententário da Aliança de Amor, começando com o 18 de outubro de 2013 e finalizando com uma peregrinação massiva ao Santuário Original no dia 18 de outubro de 2014 e logo partindo a Roma.

O documento da Conferência 2014 diz:

“A “pedra fundamental” é a celebração do acontecimento fundacional. Em torno a ela se agrupam os demais componentes da celebração: em Schoenstatt, em Roma e localmente. A partir da contribuição dos diversos países, percebemos claramente que a MTA nos convida a uma peregrinação aberta ao Santuário Original no dia 18 de outubro de 2014. O lugar e o tempo têm para nós caráter de sacramentais. A celebração no lugar de origem deve estar em conexão simultânea com todo o mundo. Assim se manifesta a amplitude da irradiação da corrente de graças do Santuário Original e a grande fecundidade que retorna ao Schoenstatt original depois de 100 anos. A celebração jubilar tem outro pólo em Roma. Com nosso Pai nos unimos no coração da Igreja para renovar nosso compromisso com ela e acentuar nosso caráter missionário. Levamos os frutos dos nossos Santuários e nossos projetos apostólicos como presente e pedimos ao Santo Padre que nos envie. Assumimos assim o desejo do Fundador que está expressado no Santuário Belmonte: Omnia Matri Ecclesiae.”

A Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt- A imagem de graças

O núcleo de Schoenstatt é constituído pela Aliança de Amor com Maria. O traço mariano talvez é o que mais se conheça em Schoenstatt. Como na imagem de graças de Schoenstatt, também em sua espiritualidade mariana se destaca a relação de Maria com Jesus, a “biunidade”. Ela é a grande Portadora de Cristo aos homens, a companheira e colaboradora permanente de Cristo, o Redentor, em toda a obra da salvação.

A grande graça que se pede a Maria em Schoenstatt é a graça de assemelhar-se a Ela. Maria é o conceito incorrupto de Deus sobre o homem, a mulher plenamente humana, mas configurada em Cristo, colaboradora no plano do Pai, que nos convida a construir livre e ativamente o seu Reino.

Qual é a origem da imagem da MTA?

Nos anos de 1914 – 1915 os primeiros congregados buscavam uma imagem adequada da Virgem Maria para a sua capela. Um professor do colégio os presenteou com uma reprodução litográfica de um quadro do pintor italiano Luigi Crosio. No início, esta imagem não os agradou muito, já que para alguns não lhes agradava desde o ponto de vista estético. Como não tinham dinheiro para comprar outra, colocaram esta imagem na capela no dia 19 de agosto de 1915. Desde então permaneceu sempre no Santuário.

Originalmente a imagem tinha o nome de “Refugium peccatorum”, “Refúgio dos pecadores”. No entanto, os estudantes de Schoenstatt descobriram um título com o qual se identificavam mais por sua própria história: Mater Ter Admirabilis, Mãe Três Vezes Admirável. Em meados do ano de 1916, começou-se a venerar a imagem da Santíssima Virgem no Santuário de Schoenstatt sob este título. “MTA” (como muitas vezes é chamada em Schoenstatt) é a abreviação do título em latim: “Mater Ter Admirabilis”. Seu significado gramatical viria a ser “Mãe muito admirável”. Posteriormete, explicou-se o título de forma simbólica, por exemplo: Ela é Três Vezes Admirável como Mãe de Deus, Mãe do Redentor e Mãe dos redimidos; ou então, Admirável por sua fé, seu amor e sua esperança, etc.

Schoenstatt: Um Santuário com Movimento

“Vocês suspeitarão o que eu pretendo: converter este lugar em um lugar de peregrinação, em um lugar de graça para a nossa casa e para toda a Província alemã e talvez para mais além…”. Este era o audacioso plano que o Padre José Kentenich, Diretor Espiritual do.

Ele os convidava a trabalhar para que a antiga capelinha de São Miguel se transformasse em um Santuário Mariano: “O Santuário que se encontrava,  desde tempos imemoráveis, abandonado, descuidado e vazio, foi restaurado por nós e por nossa iniciativa foi dedicado à Santíssima Virgem”. Há apenas dois meses havia iniciado a grande guerra européia, que iria transformar-se na Primeira Guerra Mundial.

Desde aquele dia de outubro já se passaram nove décadas. O Padre Kentenich faleceu no dia 15 de setembro de 1968, mas suas palavras tornaram-se realidade. O profeta tinha razão, ou melhor, percebeu o plano de Deus para este lugar. Descobriu uma fonte de graças – que naquele momento era apenas um fio de água – e que hoje se converteu em uma poderosa corrente de graças, de vida e de idéias, chegando a muitos países e a todos os continentes. A palavra “Schoenstatt” hoje é pronunciada no Paraguai e na Austrália, nos Estados Unidos e no Caribe, na África do Sul e na Índia… Aquela pequena capelinha dedicada a São Miguel Arcanjo é atualmente o Santuário Original e multiplicou na Alemanha, Europa e em todo o mundo através de uma rede de mais de cento e oitenta Santuários Filiais. Foi reconhecido oficialmente pela Igreja como Santuário em 1947.

Schoenstatt, um lugar de peregrinação

Muita gente se pergunta hoje se houve ali uma aparição da Virgem, como costuma acontecer em outros lugares santos como Lourdes e Fátima. Não, em Schoenstatt não houve nenhuma aparição da Mãe de Deus, mas Ela certamente se manifestou a partir deste lugar; ali houve uma iniciativa divida através de um intrumento sacerdotal, o Padre Kentenich. “Todos os que aqui vierem para rezar” – dizia na prática do dia 18 de outubro de 1914 – “devem experimentar as glórias de Maria”. Onde a Virgem Maria se faz presente, surge a vida; onde Ela está, encontramos a paz.

A partir do Santuário, Ela derrama em abundância seus tesouros e suas graças, sempre em favor dos homens, seus filhos. E como toda mãe o faz, preocupa-se particularmente com aqueles que mais sofrem, dos mais necessitados e débeis. Esperamos que uma mãe, que Maria atue sim.

Schoenstatt, um lugar de peregrinação para hoje

Há muitos Santuários marianos em todo o mundo. Diversas são as graças que Maria concede em cada lugar. Por que Ela quis manifestar-se também em Schoenstatt? Para responder a essa pergunta, nada melhor do que recorrer ao testemunho do seu principal instrumento, o Padre Kentenich, e à história vivida a partir de sua fundação.  Com uma aguda percepção dos problemas de sua época e uma profunda intuição sobre o futuro, o Padre Kentenich detectou que estávamos diante de uma mudança radical no mundo e, no centro da problemática, estava o homem. Via um crescente processo de massificação, detectava o perigo do desapego aos valores, pessoas e tradições. Percebia o crescente fenômeno de ateísmo já em desenvolvimento e captava que tempos novos requerem um novo tipo de homem e que a Virgem Maria deveria ser sua Mãe, para dar a luz a Cristo nos corações dos homens. Em Schoenstatt e a partir de Schoenstatt queria que Ela se manifestasse como a Educadora desse homem novo em uma nova comunidade.

Devemos perguntar também à história, ao que ocorreu a partir daquele 18 de outubro de 1914. Os fatos falam com uma linguagem eloquente. Milhares de pessoas encontraram em Schoenstatt um lar espiritual e através dele receberam graças especiais. A partir dessa pequena capelinha no vale surgiu um forte Movimento de renovação espiritual, uma grande onda religiosa que, fazendo-se cada vez maior à medida que avança, vai em busca das “novas praias” do futuro. Um movimento que busca a transformação do homem em Cristo através de uma Aliança de Amor com Maria. Uma corrente de entrega heróica e de santidade (esta era uma das exigências do documento de fundação: “aceleração do desenvolvimento de nossa própria santificação e, desta maneira, a transformação de nossa Capelinha em um lugar de peregrinação”). Surgiram seis Institutos Seculares, comunidades de dirigentes católicos, comunidades contemplativas, um vasto movimento laical, movimento popular e de peregrinos. Onde está a Virgem Maria, ali está presente o Senhor, ali atua seu Espírito. Nunca poderemos compreender ou dar o pleno valor para as maravilhas que o Senhor realiza. Sentimos um profundo assombro em apenas perceber sua proximidade e sentimos nascer em nós a verdadeira gratidão. Assim o expressava o Padre Kentenich em forma de oração: “Obrigada, Pai porque elegeste Schoenstatt e porque ali Cristo nasce de novo. Obrigada porque a partir daqui queres irradiar ao mundo as glórias de nossa Mãe, inundando os corações frios com torrentes de amor”.

A Fundação – 18 de outubro de 1914

Se quiser compreender algo com profundidade, deve-se sempre perguntar por suas raizes. Se nós quisermos captar o que é Schoenstatt, devemos buscar compreender o fato a partir do qual deu-se a sua origem e desenvolvimento.

E isto nos leva a um lugar – Schoenstatt – no vale de Vallendar (Alemanha) e a uma data, o dia 18 de outubro de 1914. Neste dia, na antiga capelinha de São Miguel recentemente inaugurada, o Padre Kentenich selou uma Aliança de Amor com a Santíssima Virgem. A homilia que deu neste oportunidade aos jovens seminaristas foi reconhecida por ele mesmo, anos mais tarde, como o documento de fundação do Movimento de Schoenstatt, e seu testemunho é decisivo.

Ao compararmos a história de Schoenstatt com a de outros lugares nos quais também se manifestou a Virgem Maria, constatamos semelhanças e diferenças. Algo em comum a todos: Deus busca sempre instrumentos humanos através dos quais Ele quer se aproximar dos homens.

Em outubro de 1914 a Mãe de Deus tomou uma nova iniciativa em Schoenstatt, Alemanha e agora o instrumento humano é um jovem sacerdote de 29 anos, o Padre José Kentenich.

Naquele 18 de outubro, o Padre Kentenich comunica aos seus interlocutores “uma secreta ideia predileta”, um “pensamento audacioso”, algo que estava em seu interior há um certo tempo: “Por acaso não seria possível que a Capelinha de nossa Congregação chegasse a ser ao mesmo tempo nosso Tabor, onde se manifestem as glórias de Maria?”

Três meses antes, no dia 18 de julho, havia chegado a suas mãos um artigo escrito pelo Padre Cipriano Fröhlich, narrando a história do Santuário de Pompéia (Itália). Não havia surgido, como em outros lugares, por uma aparição da Virgem Maria. Deus elegeu ali um instrumento humano para realizar seus planos: um advogado chamado Bartolo Longo (recentemente beatificado por Sua Santidade João Paulo II). O paralelo era sugestivo. O que havia acontecido em Pompéia não poderia se repetir em Schoenstatt? Sua proposta foi realmente audaciosa. Mas – dizia aos jovens seminaristas – “quantas vezes na história do mundo foi o pequeno e insignificante a origem do grande! Por que não poderia acontecer o mesmo conosco?”

Uma proposta audaciosa na verdade

Os quase 100 anos da história de Schoenstatt – desde aquele dia 18, um dia como todos os demais, mas ao mesmo tempo um dia diferente -, comprova que aqueles anelos se transformaram em fatos. Na pequena capelinha de São Miguel, a Mãe de Deus eregiu seu trono de graças de maneira especial e de lá tem distribuido seus tesouros e realizado milagres.

O pequeno Santuário de Schoenstatt multiplicou-se em todo o mundo através dos Santuários Filiais (o primeiro foi construído em Nova Helvecia/Uruguai). A presença de Maria e a manifestação de suas glórias se multiplicou através dos numerosos santuários nos lares das famílias. Em todos estes lugares, Maria quer se manifestar como Mãe e Educadora realizando grandes coisas.

Mas em todos é requerida, segundo as leis permanentes da história da salvação, a cooperação humana. Assim expressa o lema: “Mãe, nada sem Ti; nada sem nós”.

Pe. Esteban Uriburu

Ultrapassar o umbral

Há diferentes formas de se aproximar do Santuário. A mais adequada, no entanto, é a do peregrino. No fundo todos nós, seres humanos, somos peregrinos.

A realidade do Santuário (como a da Aliança de Amor) não pode ser transmitida plenamente com as palavras. Deve-se experimentá-la para que seja captada vitalmente. Enquanto isso não acontecer, pode ser que muitas coisas sejam interessantes em Schoenstatt, mas não se terá ultrapassado o umbral e nem penetrado em seu mistério. Este passo é sempre uma decisão pessoal e livre.

A Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt – Uma corrente de vida e graças

A Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt é um apostolado animado e coordenado pelo Movimento Apostólico de Schoenstatt a serviço da Igreja.

Consiste na visita regular da imagem da Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt às famílias, escolas, hospitais e a todos os lugares onde famílias ou pessoas individualmente a recebem.

A Campanha é levada adiante por voluntários leigos – missionários e coordenadores – organizados por paróquias e dioceses.

Foi iniciada em 10 de setembro de 1950 pelo Servo de Deus, o Diácono João Luiz Pozzobon, membro do Movimento de Schoenstatt, mas  as suas raízes já podem ser encontradas nas palavras do Fundador do Movimento, Pe. José Kentenich, escritas dois anos antes do início da Campanha:

“Levem a imagem da Mãe de Deus e dêem um lugar de honra nos lares, assim eles hão de se tornar pequenos santuários…” (15/04/1948).

 

Um apostolado mariano, eclesial e popular

É um apostolado mariano, inspirado na atitude de Maria que foi ao encontro de sua prima Isabel. (cf. Lc 1, 39 0 41). É como se Nossa Senhora quisesse sair do seu Santuário, caminhar pelas estradas do mundo e visitar os seus filhos. Na imagem da Mãe Peregrina de Schoenstatt, Ela vai ao encontro de todos, em especial dos mais necessitados e daqueles que estão mais afastados de Deus e da Igreja; um apostolado eclesial que, com a Igreja e a serviço da Igreja, quer colaborar com a pastoral ordinária das dioceses e paróquias; um apostolado popular, pois procura chegar a todas as pessoas em todas as situações da vida, realizando o mandato do Senhor: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 3). É popular também porque se adapta a diversas realidades pastorais: famílias, escolas, hospitais, prisões, etc.

A imagem de Maria da Campanha é a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, venerada nos Santuários de Schoenstatt. As imagens peregrinas são réplicas da imagem ‘peregrina original’ com a qual foi iniciada a Campanha. Têm a forma de santuário para exprimir a ligação essencial ao Santuário de Schoenstatt com todas as graças que ali se recebem. São abençoadas em um Santuário de Schoenstatt e dali são enviadas.

Existem alguns tipos de ‘imagens peregrinas’, de acordo com o apostolado no qual são utilizadas.

A Imagem Peregrina Original – É a imagem com a qual o Diácono João Luiz Pozzobon iniciou a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt em setembro de 1950. Esta imagem foi sua ‘companheira de peregrinação’ durante mais de 30 anos. Em 1980, ele devolveu esta preciosa imagem para a Ir M. Terezinha Gobbo, que lhe havia entregue em 1950. Desde a morte de João Pozzobon, ocorrida em 1985, a Imagem Peregrina Original é guardada com amor e carinho no Centro Mariano, sede do Movimento de Schoenstatt em Santa Maria/RS.

As Imagens Peregrinas Auxiliares – São as imagens destinadas a uma diocese, a um Santuário Diocesano ou a um apostolado maior específico, sob a responsabilidade de um líder. A primeira foi recebida pelo Diácono Ubaldo Pimentel, em Santa Maria, Brasil no dia 8 de dezembro de 1979. São réplicas fiéis da Imagem Peregrina Original, com o mesmo tamanho e formato. Segundo interpretação do Diácono João Pozzobon, as Imagens Auxiliares são como ‘um prolongamento’ da bênção do Fundador de Schoenstatt, Pe. José Kentenich, à Campanha a partir do Santuário Original em 4 de agosto de 1951. Como expressão da sua união com a ‘Original’, todas as ‘Auxiliares’ são bentas e partem do Santuário de Schoenstatt de Santa Maria, que é o lugar de origem da Campanha.

As Imagens Peregrinas Paroquiais são semelhantes à Imagem Original e às Auxiliares. Normalmente são menores e sem as ‘portinhas’. Cada Paróquia pode ter sua imagem para utilizá-las em novenas, procissões e outras atividades. Algumas Paróquias organizam um roteiro para a sua imagem paroquial, para que ela visite as diversas capelas, escolas, grupos de catequese, etc. Normalmente, a imagem peregrina paroquial fica aos cuidados da equipe de coordenação paroquial, que pode delegar a responsabilidade a uma liderança da Campanha.

As Imagens Peregrinas ‘Ocasionais’ são utilizadas em diversos apostolados da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt: com os doentes, em estabelecimentos comerciais, nos hospitais, etc. São confiadas a um missionário que organiza o itinerário e a forma de apostolado. Todas as imagens são cadastradas junto ao secretariado da Campanha.

As Imagens Peregrinas das Famílias percorrem mensalmente, e em caráter permanente, um grupo de trinta famílias. Cada imagem está aos cuidados de um missionário, responsável pelo apostolado junto às famílias, possui um número, registrado no secretariado responsável pela sua área geográfica.

As Imagens Peregrinas para o apostolado Infanto-juvenil são confiadas a jovens e crianças que se colocam – com a Mãe de Deus – como apóstolos para outros jovens e crianças. Podem ser também utilizadas em escolas e grupos de catequese. Todas as imagens usadas neste apostolado são cadastradas no secretariado da Campanha.

 

Santuários Marianos

Nossa Senhora da Luz

Estimulando a fé na Europa, acudindo cativos na África ou pacificando índios ferozes na América, a invocação de Nossa Senhora da Luz é rica tanto em graças quanto em história.

Postado à entrada do grandioso Templo de Jerusalém, o velho Simeão aguardou durante toda a sua vida o momento no qual poderia ver com seus próprios olhos o Messias tão esperado. Sua fé por fim foi premiada, e no feliz dia em que pôde ter em seus braços o Divino Menino Jesus, voltou a face aos céus e proclamou agradecido: “Os meus olhos viram a vossa salvação (…) luz para iluminar as nações, e para a glória de vosso povo Israel” (Lc 2, 30-32).

O venerável ancião falava com toda a propriedade. O Messias possuía em Si essa sobrenatural e magnífica Luz cujos raios haveriam de penetrar os confins de toda a terra, conquistando as nações, expulsando os demônios, e por fim abrindo aos homens as portas dos Céus.

E que se poderia dizer da Mulher escolhida por Deus para trazer ao mundo tal Luz? Séculos antes, Ela havia sido

anunciada pelo grande profeta Isaías: “Eis que uma Virgem conceberá e dará à luz um filho, que se chamará Emanuel, cujo significado é: Deus conosco” (Is 7,14; Mt 4,16).

Sendo a portadora desta Luz de valor infinito, com muita razão os homens, nos séculos vindouros, A venerariam sob a bela invocação de Nossa Senhora da Luz. E foi sobretudo no Portugal do século XV que essa devoção floresceu e dali se difundiu para além-mar.

A protetora de um pobre cativo

Pedro Martins, simples agricultor da pequena vila portuguesa de Carnide, levava uma existência tranqüila com sua esposa. Mas eram turbulentos os tempos em que viviam. As crônicas não relatam exatamente como, mas ele teve o infortúnio de cair prisioneiro dos mouros da África.

Do ambiente de afeto de sua família, caiu na desgraçada condição de escravo, sujeito a um regime sem compaixão de trabalhos pesados, sob clima atroz e, sobretudo, privado por completo do conforto da religião cristã. Passavam-se os anos, e nenhuma esperança humana restava ao infeliz cativo. Vendo-se de tal modo desamparado pelos homens, Pedro Martins se voltou então, com mais intensidade do que nunca, para Deus.

Numa noite, isolado em sua cela, resolveu rezar com mais fervor e fé. Após horas de oração, vencido pelo sono, adormeceu. Então apareceu-lhe em sonho uma Senhora cheia de luz, a qual lhe prometeu voltar mais vezes para consolá-lo e, após sua última visita, fazê-lo voltar para Carnide. Acrescentou que, lá chegando, ele deveria procurar algo que pertencia a Ela e fora escondido perto de uma fonte. Deulhe também a incumbência de ali edificar uma capela, cuja localização exata Ela lhe indicaria por meio de uma luz.

Trinta noites consecutivas passou ele consolado pela própria Mãe de Deus! As dores sofridas durante o dia se desvaneciam pela luz e a suavidade das horas passadas aos pés de Maria. No entanto, ele continuava cativo. Ao despertar da trigésima noite, oh surpresa! De modo milagroso e inesperado, estava ele de volta em sua boa aldeia. Tomado de emoção, encontrouse com os seus entes amados, os quais muito se admiravam por vê-lo salvo.

Mas ele não se esqueceu do pedido da Virgem, e logo se pôs a procurar aquilo que, segundo a indicação d’Ela, tinha sido escondido “perto de uma fonte”. Na verdade, num local chamado Fonte do Machado, há tempos uma luz misteriosa andava aparecendo, e de toda parte vinha gente curiosa para ver tal fenômeno. Decidiu então Pedro ir à noite, acompanhado de um primo, para ali fazer a busca. Realmente, ao chegar à fonte avistaram uma luz a se mover diante deles. Seguiram-na até um matagal, e ela parou sobre umas pedras. Eles não pensaram duas vezes. Retiraram as pedras e com encanto se depararam com uma lindíssima imagem de Nossa Senhora. A notícia dessa milagrosa descoberta correu por todo o país, e naquele mesmo ano – 1463 – deu-se início à construção de uma capela, conforme fora ordenado pela Santíssima Virgem. Anos mais tarde, ela seria substituída por uma magnífica igreja.

Uma devoção floresce pelo mundo

Atravessando os mares, a devoção a Nossa Senhora da Luz estendeu-se pelo mundo inteiro, frutificando em graças prodigiosas, de modo especial nos lugares colonizados pelos portugueses. São muitos os milagres a Ela atribuídos, e não seria demasiado aqui citar mais um.

Por volta de 1650, existia num povoado de colonos do sul do Brasil uma capela dedicada à Senhora da Luz, localizada perto de um rio chamado Atuba. Seus habitantes andavam muito perplexos, pois todas as manhãs a imagem da Virgem aparecia com a face voltada para uma região de muitos pinheiros – curytiba, em idioma tupi – onde viviam os ferozes índios tingui. Resolveram então desbravar aquela área, e para lá se dirigiram, dispostos a enfrentar um eventual ataque dos indígenas.

Ao aproximarem- se, qual não foi sua surpresa quando Tindiquera, o cacique da tribo, adiantou-se sorrindo e os acolheu calorosamente. Era, sem dúvida, uma milagrosa ação pacificadora da Virgem. Tornando-se amigo dos colonos, o chefe índio não só lhes cedeu o terreno que pretendiam, mas indicoulhes o melhor lugar, fincando sua lança no solo; os colonos ali a deixaram, em sinal de respeito e amizade. Ao chegar a primavera, a lança do amistoso cacique floriu. Não eram necessários mais sinais. Ali mesmo, sob o amparo da protetora imagem, fundaram uma nova vila cujo nome, como era comum nessa época, mesclava palavras portuguesas e indígenas: Nossa Senhora da Luz dos Pinhais de Curytiba.

Nesse mesmo local ergue-se hoje uma imponente catedral neo-gótica, testemunho da ação ao mesmo tempo pacificadora e luminosa da Mãe de Deus.

A admirável invocação de Nossa Senhora da Luz é um contínuo convite a todos nós para cada vez mais amarmos e seguirmos o seu Divino Filho, o qual de Si mesmo afirmou: “Eu sou a luz do mundo; aquele que Me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida” (Jo 8, 12).

(Revista Arautos do Evangelho, Set/2007, n. 69, p. 24-25)

Autor: Murilo Zampieri


Santuários Marianos

A maravilhosa história da Mãe do Bom Conselho

Envolta numa luminosa nuvem, a imagem da Mãe do Bom Conselho translada-se da Albânia para a cidade de Genazzano (Itália), dando início a um ininterrupto desfilar de milagres e graças.

 

 

Nas longínquas terras da Albânia, para além do Mar Adriático, encontra-se a pequenina cidade de Scútari. Edificada em um

Hoje, festa de Nossa Senhora do Bom Conselho, a TV Arautos traz a você esta belíssima história cheia de milagres e conversões. O afresco de Nossa Senhora do Bom Conselho  encontra-se na cidade de Genazzano, na Itália. Com ele um constante milagre acontece desde o século XV: está suspenso  no ar sem fixação nenhuma, afastado da parede cerca de três centímetros. Compartilhe esta história com sua família e amigos.

a colina escarpada e tendo a seus pés os rios Drina e Bojana, ela continha em seus domínios, já no século XIII, um precioso tesouro : a bela imagem de “Santa Maria de Scútari”. O Santuário que a abrigava se transformara no centro de peregrinação mais concorrido do país, e era para os albaneses um importante ponto de referência em matéria de graças e conforto espiritual.

Trata-se de uma pintura sobre fina camada de reboco, medindo 31 cm de largura por 42,5 cm de altura. Esse sagrado afresco está envolto numa penumbra de mistério e milagre: ignora-se quando e por quem foi pintado.

 

Intimidade e união de alma

Detenhamo-nos um pouco na contemplação desta maravilhosa pintura.

Ela representa a Santíssima Virgem com inefável afeto materno, amparando em seus braços o Menino Jesus, ambos encimados por um singelo arco-íris. As cores são suaves, e finos os traços dos admiráveis semblantes.

O Menino Jesus transmite a candura de uma criança e a sabedoria de quem analisa toda a obra da criação e é o Senhor do passado, do presente e do futuro. Com indizível carinho, o Divino Infante pressiona levemente sua face contra a de sua Mãe. Há entre eles uma atraente intimidade, e a união de almas bem se vê refletida na troca de olhares. Nossa Senhora, em altíssimo ato de adoração, parece estar procurando adivinhar o que se passa no interior do Filho. Ao mesmo tempo, Ela considera o fiel aflito ajoelhado a seus pés, e de algum modo o faz partícipe do celestial convívio que contemplamos neste quadro. Não será preciso dizer, basta o devoto necessitado acercar-se d’Ela para sentir operar-se em sua alma uma ação balsâmica.

 

Scanderbeg, varão Providencial

Em meados do século XIV, a Albânia passava por grandes aflições. Após ser disputada durante séculos pelos povos vizinhos, ela estava então sendo invadida pelo poderoso império turco.

Não dispondo de estrutura militar capaz de resistir ao poderoso adversário, o povo aflito rezava, confiando no auxílio dos céus. O efeito dessas orações não se fez esperar: nessa emergência, surgiu um varão de Deus, de nobre linhagem e devotíssimo de Nossa Senhora, decidido a lutar pela Padroeira e pela liberdade de seu país. Seu nome é Jorge Castriota, chamado em albanês de Scanderbeg.

À custa de imensos esforços bélicos, conseguiu ele manter a unidade e a Fé de seu povo. As crônicas da época exaltam as façanhas realizadas por ele e pelos valorosos albaneses que, estimulados por seu ardor, lutavam a seu lado.

Nos intervalos dos combates, eles ajoelhavam-se suplicantes aos pés de “Santa Maria de Scútari”, de onde saíam fortalecidos e obtinham portentosas e decisivas vitórias contra o inimigo da Fé. Aí já reluzia uma característica d’Aquela que futuramente seria conhecida em todo o mundo como a Mãe do Bom Conselho: fortalecer todos quantos, combatendo o bom combate, d’Ela se aproximam buscando alento e coragem.

Entretanto… após 23 anos de lutas, Scanderbeg é levado desta vida. A falta daquele piedoso líder era irreparável.

Todos pressentiam estar próxima a derrota. O povo encontrava-se na trágica alternativa de abandonar a pátria ou sujeitar-se à escravidão aos turcos.

 

Envolta em luminosa nuvem

Nessa perplexitante situação, a Virgem do afresco aparece em sonhos a dois dos valentes soldados de Scanderbeg, chamados Georgis e De Sclavis, ordenando-lhes que A seguissem em uma longa viagem. Ela lhes inspirava uma grande confiança, e estar ajoelhados a seus pés era para eles motivo de grande consolação.

Certa manhã, lá estando ambos em fervorosa oração, vêem o maior milagre de suas vidas.

O maravilhoso afresco se desprende da parede e, conduzido por anjos, envolto em alva e luminosa nuvem, suavemente vai se retirando do recinto. Bem podemos imaginar a reação dos bons homens! Atônitos, acompanham Nossa Senhora que avança pelos céus de Scútari. Quando se dão conta, estão às margens do Mar Adriático. Haviam percorrido trinta quilômetros sem sentir cansaço! Sempre envolta na alva nuvem, a milagrosa imagem avança mar adentro.

Perplexos, Georgis e De Sclavis não querem deixá-la por nada. Verificam, então, estupefatos e eufóricos, que sob seus pés as águas se transformam em sólidos diamantes, voltando ao estado líquido após sua passagem. Que milagre! Tal como São Pedro sobre o lago de Genezaré, estes dois homens caminham sobre o Mar Adriático, guiados pela própria “Estrela do Mar”.

Sem saber dizer durante quanto tempo andaram, nem quantos quilômetros deixaram para trás, os bons devotos vêem novas praias. Estavam na Península Itálica! E por sinal… onde está a Santa Maria de Scútari? Olham para um lado… olham para outro. Escutam falar outro idioma, sentem um ambiente tão diferente da sua Albânia…

Mas já não vêem a Senhora da luminosa nuvem. Desaparecera… Que provação! Começam então, uma busca infatigável. Onde estará Ela?

 

Petruccia, uma mulher de Fé

Nessa mesma época, na pequena cidade de Genazzano, não longe de Roma, vivia uma piedosa viúva chamada Petruccia de Nocera, já octogenária.

Senhora de muita retidão e sólida vida interior, digna terciária da ordem agostiniana, sua herança lhe bastava apenas para viver modicamente.

Era Petruccia muito devota da Mãe do Bom Conselho, venerada numa velha igreja de Genazzano. Esta piedosa senhora recebeu do Espírito Santo a seguinte revelação: “Maria Santíssima, em sua imagem de Scútari, deseja sair da Albânia”. Muito surpresa com essa comunicação sobrenatural, Petruccia assombrou-se mais ainda ao receber da própria  Santíssima Virgem expressa ordem de edificar o templo que deveria acolher o seu afresco, bem como a promessa de ser socorrida em tempo oportuno.

Começou, então, Petruccia, a reconstrução da pequena igreja. Empregou todos os seus recursos… os quais acabaram quando as paredes tinham apenas um metro de altura. E ela tornou-se alvo das zombarias e sarcasmos dos céticos habitantes da pequena cidade, que chamavam-na de louca, visionária, imprudente e antiquada. Passou confiante por esta provação, tal como Noé, de quem todos mofavam enquanto ele construía a arca.

 

“Um milagre! Um milagre!”

Era o dia 25 de abril de 1467, festa de São Marcos, padroeiro de Genazzano.

Às duas horas da tarde, Petruccia se dirige à igreja, passando pela movimentada feira na qual os vendedores ofereciam desde tecidos trazidos de Gênova e Veneza até um elixir da eterna juventude ou um “poderosíssimo” licor contra qualquer tipo de febre.

Em meio a este burburinho, o povo ouve uma melodia de rara beleza, vinda do céu. Faz-se silêncio e todos notam que aquela música provinha de uma nuvenzinha branca, tão luminosa que ofuscava os raios do próprio sol. Ela desce gradativamente e se dirige para a parede inacabada de uma capela lateral. A multidão acorre estupefata, enche o pequeno recinto e vê a nuvem desfazer-se.

Ali estava – suspenso no ar, sem nenhum suporte visível o sagrado afresco, a Senhora do Bom Conselho! “Um milagre! Um milagre!” – gritam todos. Que alegria para Petruccia, quanto consolo para Georgis e De Sclavis quando lá puderam chegar!… Estava confirmado o superior desígnio da construção iniciada. Teve início, assim, em Genazzano um longo e ininterrupto desfilar de milagres e graças que Nossa Senhora ali dispensa.

O Papa Paulo II, tão logo soube do que havia sucedido, enviou dois prelados de confiança para averiguar o que se passara.

Estes constataram a veracidade do que se dizia e testemunharam, diariamente, inúmeras curas, conversões, e prodígios realizados pela Mãe do Bom Conselho. Nos primeiros 110 dias após a chegada de Nossa Senhora, registraram-se 161 milagres.

 

Conselho, correção, orientação: grandes favores

Entre seus grandes devotos destacam- se os papas São Pio V, Leão XIII – que incluiu a invocação Mãe do Bom Conselho na Ladainha Lauretana – São Pio X, Paulo VI e João Paulo II; e numerosos santos como São Paulo da Cruz, São João  Bosco, Santo Afonso de Ligório, Beato Orione. No próprio Santuário de Genazzano, pode-se venerar o corpo incorrupto do Beato Steffano Bellesini, um de seus párocos, grande propagador da devoção à Mãe do Bom Conselho.

Os maiores milagres, Ela os opera na alma de cada um, aconselhando, corrigindo, orientando.

Quem puder venerar o milagroso quadro da Mãe do Bom Conselho em Genazzano, comprovará pessoalmente o rio de graças que emana daquela celestial fisionomia e compreenderá por que quem lá esteve uma vez, sonha em retornar um dia àquele sublime convívio.

O afresco de Nossa Senhora do Bom Conselho de Genazzano

Na igreja da Madonna del Buon Consiglio, na pequena e bela cidade de Genazzano, encontra-se um afresco de mais de sete séculos de existência. Até hoje se desconhece e onde e por quem foi pintado. Terá sido seu autor um anjo? Será originário do Paraíso? São perguntas ousadas. Compreende-se que elas surjam, quando se conhece a história dos efeitos produzidos por essa piedosíssima imagem, ao longo dos tempos.

O afresco causa a impressão de ter sido pintado há poucos dias, mesmo se observado de perto. Porém, está há 535 anos junto à parede de uma capela lateral da igreja. Mais ainda: segundo atestam os documentos, tem-se mantido suspenso no ar durante todo esse tempo! Foi ele transladado de Scútari, Albânia, a Genazzano por ação angélica.

Assim descreve esses sobrenaturais acontecimentos um dos maiores entendidos na matéria:

“Trazida por mãos angélicas, encontrou-se (a imagem) suspensa ali na rústica parede da nova igreja, e com três novos singularíssimos prodígios então acontecidos. (…) A celeste pintura estava sustentada por virtude divina a um dedo da parece, suspensa sem nala fixar-se; e este é um milagre tanto mais estupendo se considerarmos que a referida imagem está pintada com cores vivas em fina camada de reboco, com a qual se destacou por si mesma da igreja de Scútari, na Albânia; como ainda pelo fato, comprovado mediante experiência e observações feitas, de que, ao tocar-se na Santa Imagem, esta cede” (Frei Angelo Maria De Orgio, Istoriche de Maria Santissima del Buon Consiglio, nela Chiesa de’Padri Agostoniani di Genazzano, 1748, Roma, p. 20)

No séc. XIX, renomado estudioso desse celestial fenômeno observou:

“Todas essas maravilhas (da Santa Imagem) se resumem, enfim, no prodígio contínuo que consiste em encontrarmos hoje esta imagem no mesmo lugar e do mesmo modo como ela aí foi deixada pela nuvem no dia de sua aparição, na presença de todo um povo que teve então a felicidade de vê-la pela primeira vez. Ela pousou a uma pequena altura do chão, a uma distância de aproximadamente um dedo da parede nova e rústica da capela de São Brás, e ali ficou, suspensa sem nenhum suporte” (Raffaele Buonanno, Memorie Storiche della Immagine de Maria, SS. Del Buon Consiglio Che si venera in Genezzano, Tipografia dell’Immacolata, Napoles, 20 ed., 1880, p. 44).

Na festa do batismo de Santo Agostinho e de São Marcos, padroeiro de Genazzano, em 25 de abril de 1467, por volta das quatro horas da tarde, uma celestial melodia começa a se fazer ouvir pelos mais variados recantos da cidade. Um grande número de pessoas, reunidas na praça do mercado, se põem a indagar maravilhadas de onde vem os sublimes e arrebatadores acordes. Eis que uma divina surpresa se passa ante os olhos de todos: em meio a raios de luz, uma pequena nuvem branca desce até uma parede da já mencionada igreja, cujos sinos começam a bimbalhar fortemente e por si só. Prodígio ainda maior: em uníssono, a totalidade dos sinos da cidade tocam com energia.

Ao desfazerem-se lentamente os raios de luz e a nuvem, o belíssimo afresco que até hoje ali se encontra pôde ser contemplado pelo povo, e desde esse dia não cessou de derramar copiosas graças sensíveis, fazendo jus à preciosa invocação de Mãe do Bom Conselho.

A notícia de tão extraordinário acontecimento se espalhou por toda a Itália, como um corisco. Dois dias mais tarde, inicia-se uma verdadeira avalanche de milagres: um possesso se livra dos demônios, uma paralítico caminha com naturalidade, uma cega recupera as vistas, um jovem empregado recém-falecido ressuscita…. Nos cento e dez primeiros dias, Maria do Bom Conselho distribui cento e sessenta e um milagres aos seus fiéis devotos. Peregrinos de todo o país se movem para receber os benefícios da Mãe de Deus.

Diante do santo afresco, uma constante se verifica: a nenhum dos pedidos que lhe são dirigidos deixa Ela de atender de alguma forma. Nas dúvidas, nas perplexidades ou mesmo nas provações, depois de um certo tempo de oração – maior ou menor, dependendo de cada caso – Maria Santíssima faz sentir no fundo da alma em dificuldade seu sapiencial e maternal conselho, acompanhado de mudanças de fisionomia e de coloração da pintura. É indescritível esse especialíssimo fenômeno.



 

 

Fonte: Revista Arautos do Evangelho, Abril/2002, n. 4, p. 24-25 e Abril/2004, n. 28, p. 16 a 18)

Autora: Carmela Werner Ferreira

 


Santuários Marianos

Nossa Senhora de Loreto

Loreto é o Santuário mariano mais famoso da Itália. Segunda a tradição, lá se encontra a casa onde a Sagrada Familia teria vivido em Nazaré.

Antes que Nazaré fosse tomada pelos muçulmanos, os anjos teriam levado a casa para Dalmácia, na noite de 9 para 19 de maio de 1291, e, em 07 de setembro de 1295, teria sido transportada para Loreto, onde se encontra atualmente. Mas segundo pesquisas mais recentes, a casa de Nossa Senhora de Loreto teria sido trazida pelos cruzados sob o comando de um senhor chamado De Angelis. Daí a crença de que teria sido trazida para a Itália pelos anjos. A casa da Virgem Maria de Loreto se encontra dentro de um Santuário maior e é visitada, anualmente, por milhões de pessoas. Muitos santos passaram por lá, até Santa Terezinha do Menino Jesus. Segundo ela, o passar por lá foi um ocasião de graças especiais, porque pôde pisar e tocar os lugares onde, segundo a tradição, viveram Jesus, Maria e José.

É de notar-se que à casa de Nossa Senhora de Loreto lhe faltam os fundamentos. Parece, sim, que realmente teria sido transportada para lá de outro lugar. O certo é que o povo acredita que aquela casa é a mesma onde em Nazaré viveu a Sagrada Família e vai lá para rezar, com muito fevor. A Igreja oficialmente se porta como se realmente esta tenha sido a casa da Sagrada Familia. Pelo menos, nunca falou que não fosse.

Santuários Marianos

Nossa Senhora de Lujan

Argentina. 1630

Certo português, homem de fé robusta e de muita piedade, cujo nome a tradição não nos legou, morador em Córdova del Tucuman, na Argentina, proprietário de grande fazenda em Sumampa, distante de Córdova umas 40 léguas, tratou de erigir em sua fazenda uma ermida dedicada à Imaculada Conceição de Maria, para satisfazer sua devoção e cumprir o preceito de ouvir missa aos domingos e dias santos.

Corria o ano de 1630. Escreveu, então, a um amigo também português, residente no Brasil, encomendando-lhe uma imagem da Imaculada Conceição para sua capela de Sumampa.

O amigo mandou-lhe então não uma, mas duas ricas imagens, bem acondicionadas em caixotes separados, sendo uma da Imaculada Conceição, que se venera no Santuário Nacional de Lujan, e a outra da Mãe de Deus com o Menino Jesus nos braços, a qual está no Santuário de Sumampa, também célebre e milagrosa, sob a doce invocação de Nossa Senhora da Consolação.

Essas pequenas e ricas imagens foram cuidadosamente transportadas por mar até o ponto de Buenos Aires, onde os dois caixotes com as imagens foram colocados em um carro de bois, seguindo, com outros carros, para o interior.

Já levavam três dias de viagem, quando, depois de atravessar o rio Lujan, acamparam à tarde a umas cinco léguas da atual cidade de Lujan, perto de um rancho onde passava algum tempo outro português, o Sr. Rosendo de Oramas, proprietário de uma fazenda situada naquelas paragens. Ali pernoitaram.

No dia seguinte, ao amanhecer, trataram de juntar os bois e prosseguir a viagem. Sucedeu, então, um fato extraordinário que encheu de assombro a todos os circunstantes: por mais esforços que fizessem os bois para arrancar do lugar em que estava o carro que conduzia as imagens, continuava ele imóvel, como se estivesse detido por um obstáculo insuperável, ou chumbado à terra por uma força invisível.

Em tal conjuntura, recorreram a todos os expedientes possíveis para movimentar o carro. O carreiro, atribuindo isto ao cansaço dos bois, ajuntou mais alguns pares, porém… sem nenhum resultado! O fato repercutiu logo nas vizinhanças. Aglomeraram-se todos ao redor do carro gritando para estimular os bois e batendo até nos pobres animais, mas o carro não se movia um palmo do lugar!

Os assistentes, admirados, aconselharam que tirassem toda a carga do carro, e imediatamente, sem nenhuma dificuldade, os bois puxaram o carro. Surpreendidos, perguntaram ao condutor que objetos levava, e ele, admirado, disse-lhes que os mesmos dos dias antecedentes, que não haviam impedido a marcha regular do carro, acrescentando que iam também dois caixotes com duas imagens à fazenda de Sumampa. Disseram-lhe então que embarcasse de novo os dois caixotes, para ver se o obstáculo provinha deles.

Feito isso, trataram de tocar os bois, porém inutilmente! Patenteava-se o milagre.

Um dos circunstantes, certamente por inspiração divina, aconselhou ao condutor que tirasse um dos caixotes e experimentasse. Fez-se a experiência, e, por mais que tentassem, os bois não conseguiram mover o carro! “Troquem os caixotes, e veremos se há aí algum mistério”, sugeriu o mesmo assistente. Feita a troca, começou o carro a movimentar-se sem nenhuma dificuldade! Reconheceram todos, nesse momento, o dedo de Deus, que tão claramente se manifestava, e trataram logo de abrir o caixote para ver quanto antes a milagrosa imagem – uma artística e muito formosa imagem de Nossa Senhora da Conceição, a quem deram o título de Nossa Senhora de Lujan, porque foi à margem do rio Lujan que se deu o milagre.

Felizes por terem sido testemunhas do ocorrido, transportaram processionalmente, com muito respeito e devoção, a preciosa imagem para a fazenda de dom Rosendo de Oramas, onde começou a receber o culto dos fiéis.

Pouco depois foi construída uma capela, espalhando-se logo a fama de muitos milagres e graças extraordinárias, pelo que aumentava de ano a ano o concurso de romeiros.

Não comportava mais, portanto, a primitiva capela, o número sempre crescente dos que vinham de perto e de longe implorar o socorro de Nossa Senhora de Lujan, de modo que foi substituída por um explêndido santuário, cuja beleza arquitetônica é uma das glórias da República Argentina.

A outra imagem – Nossa Senhora Mãe de Deus, com o Menino nos braços – foi levada para a fazenda de Sumampa, onde hoje, num santuário que também é muito célebre, recebe as provas de amor e veneração de seus filhos.

Santuários Marianos

Angelina/SC – Presença viva de Maria!

Considerada a Capital Catarinense das Graças, está a 53 km de São João Batista (Comunidade de Bethânia), 30 kilometros é percorrido em uma estreita estrada de terra, subindo e descendo montanhas, com visual impressionante! Percurso que alimenta a fé e a oração pessoal devido a grandiosidade das maravilhas de Deus da região. (veja as fotos)

 

A linda Gruta de Angelina teve sua origem a partir de uma Promessa. Frei Zeno Wallboehl OFM (1866-1925), um Missionário Franciscano, achava-se gravemente, enfermo e até desenganado por três médicos em Petrópolis-RJ. Não havia mais esperança, era só aguardar a morte. Frei Zeno queria viver mais. Ele, em peregrinações à Lourdes, na França, trouxera de lá uma garrafa de água. Rezou a Nossa Senhora de Lourdes. E decidiu: “vou tomar a água de Lourdes e se eu ficar curado, vou construir uma Gruta a Nossa Senhora de Lourdes, em Angelina,” localidade que conhecera em suas andanças missionárias. Ao tomar desta água, acordou-se, na manhã seguinte, e sentiu-se curado. Dando, início ao pagamento da promessa que havia feito.
Muitas pessoas trabalhavam gratuitamente no caminho, que, em catorze voltas, sobe até a maravilhosa e singular Gruta. E assim, na tarde de 15/08/1907, cerca de 1500 devotos percorreram as 14 Estações da Via Sacra, levando em seus ombros a imponente imagem de 1.95m de altura. A qual foi introduzida no nicho da Gruta. Que atualmente conta com numerosas placas de agradecimento por graças alcançadas pelos peregrinos devotos da Mãe de Deus, que comprovam a benevolência, o carinho e o amor da Mãe pelos seus diletos filhos.