O ícone de Nossa Senhora de Kazan, em estilo grego-bizantino, teria sido pintado, segundo os especialistas, em Constantinopla, no século XIII.
A obra apresenta a imagem de meio corpo da Virgem carregando o Menino Jesus, que se encontra quase de pé numa atitude de benção para com sua mãe, para quem ele ergue sua mão direita.
O ícone encontra-se recoberto com uma lâmina de prata que cobre a figura e as vestimentas, deixando visíveis apenas os rostos da Mãe e do Filho. Sob a cobertura está o desenho e as cores se conservam perfeitamente, o que se leva a considerá-lo não apenas como uma peça de altíssimo valor religioso, mas também uma verdadeira obra de arte.
A lâmina que recobre a imagem data do século XVII e contém incrustações de diamantes, esmeraldas, rubis, safiras e pérolas, a maior parte dos quais foram acumuladas por diversos doadores que deste modo quiseram expressar sua devoção à Sagrada Imagem.
No dia 1 de outubro de 1552, festa da ‘Proteção da Virgem’. o exército do Czar Ivan, o Terrível, assaltou as muralhas da cidade de Kazan, até então capital do Reino Tártaro. O Czar, em ação de graças pela vitória obtida, ordena a construção de uma grande basílica em honra da Mãe de Deus, dedicando-a ao mistério da Anunciação.
No ano de 1579 Kazan foi assolada por um violento incêndio que destruiu a metade da cidade. Enquanto a população se recuperava da tragédia, a Virgem aparece a uma menina de nove anos. Manda-lhe escavar as ruínas porque ali encontraria o Sagrado Ícone.
No dia 8 de julho de 1579, é encontrada entre as cinzas a imagem de Nossa Senhora de Kazan. Trasladada até a Catedral da Anunciação de Kazan, começa a ser objeto de grande devoção religiosa, sendo-lhe atribuídos inúmeros milagres. Ali permaneceu até por volta do ano de 1612 quando é transportada para a cidade de Moscou.
Em 1790 o Czar Pedro, o Grande, a invoca como ‘protetora e estandarte’ na batalha de Poltava, contra Carlos XII da Suécia. Após a vitória russa o ícone é entronizado na Catedral de Moscou, sendo em seguida transferida para São Petersburgo e colocada num santuário a ela especialmente dedicado.
Na noite de 29 de junho de 1904, durante uma revolta popular, desapareceu junto com outros tesouros do Santuário. Em 1970, cerca de sessenta anos depois, reaparece numa exposição de arte nos Estados Unidos. Neste contexto, foi comprado pelo ‘Centro Russo Católico de Nossa Senhora de Fátima’ organização católica de devoção à Virgem de Fátima. Prosseguindo sua caminhada foi entronizado na Capela Bizantina, em Fátima, Portugal e, em 1993, foi entregue ao papa por esta organização.
O Papa conservou o ícone na capela de seu apartamento, esperando a oportunidade de encontrar-se com o patriarca Alexis II para devolvê-lo.
Em 28 de agosto de 2004, o Papa João Paulo II, manifestando o desejo de promover as relações fraternas com a Igreja ortodoxa russa, devolveu ao Patriarcado de Moscou
A visita do Papa a Cuba, em sua primeira viagem à América Latina de língua espanhola, coincide com o 400º aniversário da imagem de Nossa Senhora da Caridade do Cobre, padroeira de Cuba, cuja devoção atrai ao Santuário Mariano cerca de onze mil peregrinos por semana.
Bento XVI visitará a imagem como “Peregrino da Caridade”, rezará diante dela na manhã de 27 de março e lhe entregará a Rosa de Ouro, um gesto filial que os pontífices mantiveram para com algumas imagens de Maria em diversos países.
Dentro das celebrações do Ano Jubilar Mariano que mobilizou todo o país, a vigésima primeira edição da Feira Internacional do Livro, de 9 a 19 de fevereiro em Havana, serviu de marco para a apresentação do livro “Nossa Senhora da Caridade do Cobre. Símbolo de cubanía”, da historiadora Olga Portuondo Zúñiga.
De acordo com a agência Zenit, nos oito capítulos desta segunda edição ampliada, a autora reflete os resultados de uma profunda pesquisa sobre as origens e a evolução da veneração a Maria ao largo da história cubana.
O volume, publicado pela Editora Oriente, foi prologado por Dom Carlos Manuel de Céspedes, que, além de elogiar a beleza estética e a qualidade de impressão do livro, avalia positivamente o conteúdo e a seriedade do trabalho da autora. “Não é uma obra pronta, pois tenho certeza de que no ano que vem estaremos apresentando um novo livro com mais descobertas sobre esse tema e outros relacionados”.
O prelado fez referência também à recém-finalizada peregrinação da imagem de Maria por toda Cuba e à próxima visita do Santo Padre à ilha.
HISTÓRIA
Em Cuba, certa manhã de 1607 ou 1608, dois irmãos indígenas, João e Rodrigo de Joyos, e o crioulo João Moreno, de mais ou menos uns 10 anos, foram enviados pelo administrador das estâncias de Varajagua às costas de Nipe, para de lá trazerem certa quantidade de sal. Chegando lá encontraram um mar agitadíssimo por causa de um forte vento que soprava e da chuva que caía. Perceberam então que era impossível executar a tarefa a qual foram encarregados. Refugiaram-se em uma choça e lá permaneceram durante três dias, até que a tempestade cessou e puderam embarcar em uma canoa para dirigir-se às salinas da costa.
Pelas 5 horas da manhã, perceberam um vulto, que flutuava na direção deles. Pensaram, em princípio, se tratar de uma ave aquática, mas, ao se aproximarem do vulto, notaram que era uma imagem de Nossa Senhora, que vinha sobre uma tábua, na qual se lia a seguinte inscrição: “Eu sou a Virgem da Caridade”. A imagem tinha o rosto redondo, de cor clara, e sustentava no braço esquerdo o menino, que levava em uma das mãos a esfera, símbolo do mundo, tendo a outra levantada em atitude de dar a bênção. Ela inspirava respeito e veneração.
Os meninos então recolheram a imagem, e perceberam que nem a orla do vestido de Nossa Senhora havia se molhado. Recolheram também, com muita pressa, a quantidade de sal que deveriam levar, e conduziram com muito cuidado a imagem para a estância de Varajagua.
Os trabalhadores da estância, sabendo da imagem, preparam um modesto altar e receberam Nossa Senhora com alegria e devoção. Quando o acontecimento chegou ao conhecimento do administrador da estância, ele ordenou que se construísse uma ermida, com uma luz que ardesse constantemente diante da imagem. Enviou também uma comissão de homens competentes para que se informasse sobre o aparecimento da imagem, e para depois levá-la em procissão para o povoado de Cobre. Na procissão, com muitos cantos em louvor a Nossa Senhora, a imagem foi reconhecida como a Rainha da Ilha. A imagem de Nossa Senhora da Caridade, então, foi conduzida e colocada no altar-mor da igreja paroquial.
Em 1703, pelo número grande de romeiros que vinham de todas as regiões implorar a bondade de Nossa Senhora da Caridade, foi construído o atual santuário no lugar indicado pela própria Mãe de Deus, num outeiro que dista 430 passos da vila de Cobre. A festa principal do santuário celebra-se em 8 de setembro, anualmente, com grande número de fiéis.
Os pobres e os enfermos vão em busca de alívio, e são inúmeros os prodígios alcançados graças a Nossa Senhora da Caridade
O dia da Padroeira de Natal, Nossa Senhora da Apresentação, comemorado no dia 21 de Novembro tem um significado especial para os católicos, que vão à Pedra do Rosário para externar o agradecimento pela santa proteção.
Conta a tradição, que pescadores estavam pescando no Rio Potengi na manhã de 21 de novembro de 1753, quando lançaram a rede e ao puxá-la, encontraram um caixote que estava encalhado numa pedra.
Os pescadores pararam a embarcação em uma pedra, hoje chamada de Pedra do Rosário, para vê o que continha dentro do caixote.
Ao abrir, encontraram uma imagem da mãe de Jesus com um menino no colo e a outra mão estendida, aparentando sustentar alguma coisa. Logo, deduziram que fosse um rosário. Junto à imagem veio uma mensagem: “Onde está imagem parar, nenhuma desgraça acontecerá”.
O vigário da Paróquia naquela época, o padre Manoel Correia Gomes, informado sobre a descoberta, foi ao local e levou a imagem para a Matriz, sabendo que se tratava de uma imagem de Nossa Senhora do Rosário.
Porém, a padroeira da cidade ficou conhecida por Nossa Senhora da Apresentação, porque no calendário litúrgico da Igreja Católica, o dia 21 de novembro, é o dia em que se festeja a apresentação da Mãe de Jesus no Templo, quando tinha cerca de 12 anos de idade, por esse motivo deram o nome a padroeira de Nossa Senhora da Apresentação.
A festa da Apresentação de Nossa Senhora no Templo foi instituída no ano de 1571. A importância da fé em Nossa Senhora, “a missão da Virgem Maria é uma missão eclesial muito forte. Ela como mãe de Jesus Cristo, é a mãe da Igreja, a mãe do povo de Deus, por isso devemos ter esse amor, veneração pela Virgem Maria, que á a mãe de todas as mães, a rainha da Família como proclamou o Papa João Paulo II”
“Essa devoção é fundamental, porque Maria manda que a gente observe o que Cristo nos manda. A última palavra dela registrada na Bíblia foi: “Fazei tudo o que Ele nos disser”, foi nas Bodas de Caná, em uma festa de casamento. E Cristo nos diz para amar uns aos outros, anunciar o evangelho, Ela nos pede que cumpramos o Evangelho. Daí a importância da presença dela no povo cristão, na nossa cultura”
Nossa Senhora da Apresentação – Instituição
Tudo que sabemos da apresentação de Nossa Senhora no templo, sabemo-lo por lendas e informações extra-bíblicas (principalmente pelo proto-Evangelho de Tiago), o que não quer dizer que o assunto da festa careça de probabilidade histórica. Segundo uma piedosa lenda, Maria Santíssima, tendo apenas três anos de idade, foi pelos pais, em cumprimento de uma promessa, levada ao templo, para ali, com outras meninas, receber educação adequada à sua idade e posição. A Igreja oriental distinguiu este fato com as honras de uma festa litúrgica. A Igreja ocidental conhece a comemoração da Apresentação de Nossa Senhora desde o século VIII. Estabelecida primeiramente pelo Papa Gregório XI, em 1372, só para a corte papal, em Avignon, em 1585, Sixto V ordenou que fosse celebrada em toda a Igreja.
A Apresentação de Nossa Senhora encerra dois sacrifícios: A dos pais e da menina Maria. Diz a lenda que Joaquim e Ana ofereceram a Deus a filhinha no templo, quando esta tinha três anos. Sem dúvida, foi para estas santas pessoas um sacrifício muito grande separar-se da filhinha que se achava numa idade em que há pais que queiram confiar os filhos a mãos estranhas. Três anos é a idade em que a criança já recompensa de algum modo os trabalhos e sacrifícios dos pais, formulando palavras e fazendo já exercícios mentais que encantam e divertem, dando ao mesmo tempo provas de gratidão e amor filiais. São Joaquim e Santa Ana não teriam experimentado o sacrifício em toda a sua amargura? O coração dos amorosos pais não teria sentido a dor da separação? Que foi que os levou a fazer tal sacrifício? A lenda fala de um voto que tinham feito. Votos desta natureza não eram raros no Antigo testamento. As crianças eram educadas em colégios anexos ao templo, e ajudavam nos múltiplos serviços e funções da casa de Deus. Não erramos em supor que Joaquim e Ana, quando levaram a filhinha ao templo, fizeram-no por inspiração sobrenatural, querendo Deus que sua futura esposa e mãe recebesse uma educação e instrução esmeradíssima.
Grande era o sacrifício de Maria. Não resta dúvida que para Maria, a criança entre todas as mais privilegiada, a cerimônia da apresentação significava mais que a entrada no colégio do templo. Maria reconhecia em tudo uma solene consagração da vida a Deus, a oferta de si mesma ao Supremo Senhor. O sacrifício que oferecia, era a oferta das primícias, e as primícias, por mais insignificantes que sejam, são preciosas por serem uma demonstração da generosidade do ofertante, e uma homenagem a quem as recebe. Maria ofereceu-se sem reserva, para sempre, com contentamento e júbilo. O que o salmista cantou, cheio de entusiasmo, traduziu-se na alma da bem-aventurada menina: “Quão amáveis são os teus tabernáculos, Senhor dos Exércitos! A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor” . E entrarei junto ao altar de Deus; do Deus que alegra a minha mocidade.
Que espírito, tanto nos santos pais como na santa menina! Que espetáculo para o céu e para os homens! O que encanta a Deus e lhe atrai a graça, em toda a plenitude edifica e enleva a todos que se ocupam deste mistério na vida de Nossa Senhora. Poderá haver coisa mais bela que a piedade, o desprendimento completo no serviço do Senhor?
A vida de Maria Santíssima no templo foi a mais santa, a mais perfeita que se pode imaginar. O templo era a casa de Deus e na proximidade de Deus se sentia bem a bela alma em flor. “O passarinho acha casa para si e a rôla ninho nos altares do Senhor dos Exércitos, onde um dia é melhor que mil nas tendas dos pecadores” . Santo era o lugar onde Maria vivia. Era o templo onde os antepassados tinham feito orações, celebrado as festas; era o templo onde se achava o santuário do Antigo testamento, a arca, o trono de Deus no meio do povo; era o templo afinal, de que as profecias diziam que o Messias nele devia fazer entrada.
Naquele templo a menina Maria rezava e se preparava para a grande missão que Deus lhe tinha reservado. “Como os olhos da serva nas mãos da Senhora, assim os olhos de Maria estavam fitos no Senhor seu Deus”. Segundo uma revelação com que Maria agraciou a Santa Isabel de Turíngia todas as orações feitas naquele tempo se lhe resumiram no seguinte: 1) alcançar as virtudes da humildade, paciência e caridade; 2) conseguir amar e odiar tudo que a Deus tem amor ou ódio; 3) amar o próximo e tudo que lhe é caro; 4) a conservação da nação e do templo, a paz e a plenitude das graças de Deus e 5) finalmente ver o Messias e poder servir a sua santa Mãe.
Maria era o modelo de obediência, amor e respeito para com os superiores de caridade e amabilidade para com as companheiras. Tinha o coração alheio à antipatia, à rixa, ao azedume e ao amor próprio. Maria era uma menina humilde, despretensiosa e amante do trabalho. Com afã lia e estudava os Santos Livros.
Como as meninas do Colégio do templo se ocupavam de outros trabalhos concernentes ao serviço santo, é provável que Maria tenha recebido instruções sobre diversos trabalhos, como fossem: Pintura, trabalhos de agulha, canto e música. É opinião de muitos que o grande véu do templo, que na hora da morte de Jesus se partiu de alto a baixo, tenha sido confeccionado por Maria Santíssima e as companheiras.
Assim foi santíssima a vida de Maria no templo. O Divino Espírito Santo lapidou o coração e o espírito da esposa, mais do que qualquer outra criatura. Maria poderia aplicar a si as palavras contidas no Eclesiástico: “Quando ainda era pequena, procurei a sabedoria na oração. Na entrada do templo instava por ela… Ela floresceu como uma nova temporã. Meu coração nela se alegrou e desde a mocidade procurei seguir-lhe o rastro”.
É de admirar que Maria, assim amparada pelos cuidados humanos e divinos, progredisse de virtude em virtude? De Nosso Senhor o Evangelho constata diversas vezes esta circunstância. Como Jesus, também Maria cresceu em graça e sabedoria diante de Deus e dos homens. Este crescimento a Igreja contempla-o em imagens grandiosas traçadas no Livro do Eclesiástico: “Sou exaltada qual cedro no Líbano, e qual cipreste no monte Sião. Sou exaltada qual palma em Cedes e como rosais em Jericó. Qual oliveira especiosa nos campos e qual plátano, sou exaltada junto da água nas praças. Assim como o cinamomo e o bálsamo que difundem cheiro, exalei fragrância; como a mirra escolhida derramei odor de suavidade na minha habitação; como uma vide, lancei flores| de um agradável perfume e as minhas flores são frutos de honra e de honestidade”. Nunca houve mocidade tão santa e esplendorosa como a de Maria Santíssima. Outra não poderia ser, devendo Maria preparar-se para a realização do mistério dos mistérios; da Encarnação do Verbo Eterno.
REFLEXÕES
A festa da Apresentação de Nossa Senhora encerra belos ensinamentos para a família cristã, para pais e filhos. Que modelo mais perfeito pais cristãos poderiam procurar, que Joaquim e Ana? Que exemplo de verdadeiro amor de Deus eles nos dão! Os pais não devem sacrificar os filhos ao egoísmo e às paixões, mas a Deus, que lhos deu. Como Joaquim e Ana devem estar prontos a oferecer os filhos, quando Deus os chamar para o seu serviço. Todos nós, vemos em Maria o exemplo que devemos imitar, se queremos que nossa vida seja agradável a Deus. Oração, pureza de coração e trabalho – eis os capítulos principais da vida cristã.
Almonte é um povoado do munícipo de Huelva, na região de Andaluzia, Espanha. O pitoresco e famoso Santuário de Maria Santíssima do Rocio fica a três léguas desse povoado.
O local se tornou meta de peregrinação de devotos marianos de toda Andaluzia, Espanha e outros países, por conservar uma imagem milagrosa da Virgem e pela singular romaria que ocorre durante a festa anual, em 15 de novembro.
Durante a invasão da Europa pelos árabes muçulmanos, os cristãos escondiam as imagens sagradas das igrejas, em locais isolados e distantes das cidades, para não serem destruídas ou profanadas. Isso também aconteceu com a venerável imagem de Nossa Senhora do Rocio, cuja devoção data do início do século XV.
Diz a tradição que foi encontrada por um caçador, na mata selvagem de Las Rocias, em seguida chamada de bosque do Rocio. Ele saira do povoado de Almonte, nessa direção para se distrair, quando percebeu os cachorros latirem assustados. O caçador foi até o local de onde vinham os latidos e com surpresa viu a linda imagem da Virgem Maria, colocada dentro do tronco oco de uma velha árvore. Ainda aturdido com a bela visão, verificou que era de madeira e que tinha sobreposta uma túnica de linho branco e verde, com a seguinte inscrição em latim: Nossa Senhora dos Remédios. Pensou em levar a imagem milagrosa para a igreja de Almonte. Com cuidado colocou-a na mochila e se dirigiu para o povoado. Mas a certa altura, encontrou uma gruta, como estava muito cansado, decidiu entrar para dormir um pouco Ao despertar notou que estava sem a imagem da Virgem.
Muito aflito, soltou aos cachorros que foram direto para o antigo lugar e novamente encontrou a imagem, no tronco da velha árvore. Reconheceu no sinal e no maravilhoso prodígio da Mãe, sua vontade de ser venerada alí mesmo. Os habitantes de Almonte acompanharam o caçador, o pároco e as autoridades até a mata selvagem para ver a milagrosa imagem da Mãe de Deus. Naquele mesmo instante começou uma das devoções mais fervorosas do povo espanhol.
Foi construída uma pequena ermida, de tal modo, que o tronco oco serviu de pedestal para colocar a Sagrada Imagem. Começou então o culto à ‘Virgem de Las Rocinas’, nome do lugar da aparição, apesar de antes ter sido invocada como ‘dos Remédios’. Em pouco tempo, a invocação mudou para o poético ‘Nossa Senhora do Rocio’. Nome inspirado na fecundidade espalhada pelo ‘orvalho’, sinônimo de ‘rocio’.
No final do século XVI, sua fama havia chegado às Américas. A tradição diz que, em 1587, um rico espanhol devoto da Virgem do Rocio, radicado na cidade de Lima, Peru, doou o dinheiro ao povo de Almonte para restaurar a ermida de Nossa Senhora. Com isso houve um grande impulso ao fervor e a devoção à Virgem do Rocio. A população experimentou de um modo visível a sua proteção, em 1649, quando a invocavam durante a horrível epidemia que atingiu toda Andaluzia. Consternado, o povo de Almonte transportou a imagem de Nossa Senhora, vestida de pastora, da ermida até o povoado, e este se livrou da epidemia. Por esse motivo foi eleita Padroeira de Almonte.
É muito interessante essa devoção à Virgem das Três Mãos, cujo culto nasceu de um ícone milagroso da Mãe de Deus, que teria intercedido em um milagre alcançado por São João Damasceno, no século VIII.
Considerado o último dos Santos Padres Orientais, mais tarde declarado Doutor da Igreja, passou sua vida inteira sob o governo de um Califa muçulmano. João nasceu numa família cristã, em 675, em Damasco, Síria. Nessa época as duas religiões ainda conviviam em relativa paz. Tanto, que seu pai, um cristão fervoroso, era um alto funcionário do Califa, o qual aprendeu a respeitar a sabedoria do pequeno João e acabou lhe dedicando uma sincera amizade. Devido a sua cidade natal, na juventude João era chamado de ‘o Damasceno’ e se tornou um influente sacerdote da Igreja cristã da Síria. Foi um dos maiores e fortes defensores do culto das imagens sagradas no difícil período dos hereges iconoclastas. Mesmo atacando abertamente o governo muçulmano, sempre foi protegido das vinganças, pelo próprio Califa.
Diz a tradição, que insuflado por uma mentira que tornava João Damasceno um conspirador do governo, o Califa se sentiu traído pelo velho amigo. Por isso, ordenou que lhe cortasse a mão direita, conforme a lei muçulmana. João Damasceno, porém, profundo devoto de Maria, rezou com toda fé diante do seu ícone. No dia seguinte, a mão estava recolocada no lugar. Como prova de sua gratidão, ele pendurou uma mão de prata no ícone e mandou pintar um novo com esta mão votiva, diante do qual passou a fazer suas orações. Assim surgiu o ícone da ‘Virgem das Três Mãos’ e sua devoção. Ao logo dos tempos o seu culto se difundiu e muitas cópias surgiram nos mosteiros e igrejas cristãs do Oriente.
No século XIII, São Sabas, filho de Estêvão I, fundador da dinastia e do Estado independente da Sérvia, antes de se retirar para o mosteiro do Monte Athos, esteve em Jerusalém e levou para seu país um ícone de Nossa Senhora das Três Mãos, para ser venerado na Catedral da capital Sófia. Mais tarde, seu pai abdicou o trono e se recolheu à vida religiosa. Então, juntos decidiram fundaram um mosteiro para os sérvios em Kilandar, chamado ‘Mosteiro da Santíssima Mãe de Deus’ ou ‘Casa da Santíssima Mãe de Deus de Kilandar’, um reconhecido centro religioso e cultural.
Em 1459, a Sérvia ficou completamente sob o domínio dos turcos muçulmanos. O ícone venerado em Sófia foi transferido para o Mosteiro de Kilandar, local que deu origem à outra tradição cristã. No início do século XVII, certo dia, os monges desse Mosteiro não conseguiam entrar em acordo para eleger o novo guia espiritual. Por isso, a Senhora das Três Mãos teria descido do altar para assumir essa função e comunicado os monges através de uma visão à um dos mais velhos. Daquela época em diante os religiosos de Kilandar rendem à Virgem das Três Mãos todas as honras devidas, especialmente no dia 28 de junho sua festa anual.
Com base nessas e outras tradições, a terceira mão que aparece no ícone foi interpretada como: mão auxiliadora da Mãe de Deus que sempre intercede pelos fiéis junto ao Senhor.
No início do século VIII, adepto da heresia iconoclasta, o imperador bizantino Leão III vetou todos os cultos das imagens de Nossa Senhora e dos Santos, em seus domínios.
A autorização para a destruição, total e sistemática, das imagens sagradas das igrejas, segundo a tradição cristã, possibilitou a difusão do culto à Nossa Senhora de Tindari. A procedência dessa imagem foi uma embarcação que voltava da Síria ou do Egito.
Enquanto navegava pelo mar Adriático, inesperadamente se formou uma tempestade, por isto, teve de interromper a viagem e se refugiar na bacia de Tindari, no norte da Sicília, na Itália. Quando tudo passou e o mar se acalmou, os marinheiros se prepararam para retomar a viagem. Mas, ao começarem a remar não conseguiram mover a embarcação, parecia que ela estava mesmo encalhada no porto. Eles então decidiram aliviar a carga, jogando algumas caixas ao mar. Só quando lançaram a caixa que continha a Sagrada Imagem de Maria, a embarcação pôde se mover e retomar sua rota.
Os marinheiros da baía de Tindari resolveram resgatar as caixas para ver o que continham. A primeira que abriram continha a preciosa imagem da Virgem Maria e o Menino Jesus, causando grande surpresa e satisfação à todos. Decidiram que ela devia ficar no lugar mais bonito da cidade, assim a transportaram para o alto do monte de Tindari.
A escultura representa a Virgem Maria sentada com o Menino Jesus entre os braços, historiadores e teólogos acreditam que ela pertence ao período pós Concílio de Éfeso, no qual foi definida a divina maternidade de Maria, em 431. O estilo bizantino, leva a crer que a origem seja mesmo o Oriente.
A imagem considerada milagrosa pelos devotos passou a ser venerada com o título de Nossa Senhora de Tindari. Como foi esculpida em madeira de cedro negro é também chamada de ‘Madonna Negra’. È festejada nos dias 06 de junho e 08 de setembro, especialmente.
Essa devoção se propagou e a pequena capela se tornou um grande Santuário mariano, repleto de peregrinos vindos de todas as partes do mundo. O Santuário de Nossa Senhora de Tindari foi meta de peregrinação do Papa João Paulo II, em 1988. Na oportunidade, para homenagear a Mãe de Deus, ele leu uma linda oração que escreveu especialmente para a ‘Madona de Tindari’, confirmando a milenar devoção.
Quem não precisou, em determinado momento da vida, passar por algum obstáculo que, por suas próprias forças, não conseguiria transpor? E quem melhor do que Nossa Senhora para nos auxiliar a transpor os abismos que defrontamos em nossa vida?
Assim como as pontes nos possibilitam atravessar obstáculos geográficos, Maria Santíssima é a ponte que nos conduz ao Céu.Nascimento de uma devoção Muitas vezes, surgem situações nas quais as pessoas pedem a proteção materna de Nossa Senhora sem pensar em realidades etéreas e metafísicas.
E, por vezes, isso pode ocorrer ao se transpor uma ponte, uma vulgar e despretensiosa ponte. Por exemplo, na França medieval, no século XII, o seguinte episódio deu origem à devoção conhecida como Notre Dame du Pont (Nossa Senhora da Ponte). Em 1198 o Rei Felipe Augusto, da França (avô de São Luiz IX), foi socorrer a cidade de Gisors, cercada por seu rival, o Rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão.
Conseguiu Felipe Augusto passar entre as tropas inimigas para entrar na cidade. Mas, no momento em que atravessava a ponte sobre o rio Epte, esta cedeu sob o peso do exército e o Rei caiu na água. Cair num rio portando pesada armadura não é situação invejável… O Rei invocou Nossa Senhora e conseguiu chegar salvo à margem.
Para agradecer à Virgem Santíssima, mandou dourar uma imagem de Nossa Senhora, que colocou na nova ponte à entrada da cidade. Nasceu assim uma devoção. Desconhecemos como terá surgido a invocação de Nossa Senhora da Ponte em Saint-Junien-sur-Vienne, na diocese de Limoges (França). Esta é antiga, pois o Rei francês Luiz XI foi duas vezes lá em peregrinação, já em 1465.
Em Portugal existe uma cidade chamada Ponte de Lima, a qual pode bem ter nascido próximo à ermida que havia junto à ponte que cruza o rio. Também na cidade de Villarica, no Paraguai, existia uma devoção de Nossa Senhora da Ponte.
Devoção de Nossa Senhora da Ponte em Sorocaba
Em 1590, foi construída uma ponte na região de Sorocaba, Estado de São Paulo, para dar passagem à expedição de Afonso Sardinha, a qual visava explorar as minas de ferro do morro de Ipanema.
A expedição acabou fundando uma cidade que não vingou. Mas a ponte ficou, e lá estava quando veio Baltazar Fernandes, de Sant’Ana do Parnaíba, com sua família, colonos e escravos. Ele fixou-se na região, surgindo então a atual cidade de Sorocaba.
Baltazar Fernandes levou uma imagem de Nossa Senhora. Para a cultuar devidamente, construiu uma capela dedicada a Nossa Senhora da Ponte.
Talvez seja a mesma capela que ainda existia em 1820, junto a uma velha ponte de madeira que atravessava o rio Tietê, perto do salto de Itu.
Por que essa imagem intitulava-se da Ponte?
Por estar junto à ponte de madeira?
Ou possuía Baltazar Fernandes uma cópia da imagem portuguesa de Ponte de Lima?
Nada ficou registrado. Pode também ser ela cópia da imagem paraguaia, pois o vigário da cidade de Villarica era muito amigo do fundador de Sorocaba, cuja esposa era oriunda de família espanhola.
Seja como for, a invocação a Nossa Senhora da Ponte ficou conhecida e permanece até nossos dias. Quem ainda hoje visita a atual Catedral da cidade, encontra uma imagem barroca do século XVIII, muito provavelmente de origem portuguesa, que representa Nossa Senhora de pé, tendo o Menino Jesus em seu braço esquerdo.
Quantas pessoas já invocaram a Virgem Santíssima diante dessa imagem! E a quantas ela terá ajudado a transpor a ponte da eternidade! Uma caraterística das obras católicas é de serem belas e práticas.
E se uma ponte nos lembra Nossa Senhora, o que pode haver de mais belo e mais prático?
A capela e o título de Nossa Senhora das Treze Pedras devem sua origem a um humilde carroceiro que, achando-se em grande apuro, por ter sua carroça atolada, implorou o auxílio de Nossa Senhora, que lhe apareceu, acompanhada dos doze apóstolos, pousando seus pés, com precaução, nas treze pedras que tinham sido colocadas nesse lugar por ocasião das inundações, para ajudar os pedestres a atravessar a difícil passagem.
O bispo informado do milagre, benzeu as treze pedras e fê-las engastar no pavimento do santuário.
A peregrinação ao santuário acontece em 16 de agosto.
É uma escultura considerada milagrosa, de 31 em de altura, 11 cm de largura e 07 cm de profundidade. Apresenta uma figura feminina, de pé, posição frontal, cabeça direcionada para a frente, olhar na mesma direção. Véu na cor azul, envolvendo a cabeça com a ponta à frente sobre a gola. Braços flexionados à frente, com mão direita semifechada, a esquerda espalmada apoiando o menino. Veste túnica na cor azul com ornatos de ramagens estilizadas e no barrado a mesma decoração. O manto é de cor azul, decorado com ramagens estilizadas, forro na cor rosa com a mesma decoração, com esgrafitos. A perna esquerda está levemente flexionada à frente. A base alteada de forma retangular, parte superior saliente, – centro côncavo. Menino de pé, frontal, cabelos curtos em sulcos. Braço direito elevado sobre o ombro da imagem, o esquerdo à frente para o lado direito, com mão segurando a ponta do véu. A imagem apresenta o mau estado de conservação, as condições de segurança são ruins e a proteção legal federal de tombamento é em conjunto.
Entre os santuários de Nossa Senhora fundados pela Companhia de Jesus merece especial atenção o de Nossa Senhora da Ajuda, na Bahia. Este santuário deve sua existência ao Pe. Francisco Pires, um dos principais apóstolos do Brasil.
À custa de excessivas fadigas e privações sem número, o padre Pires e seus companheiros escavaram os alicerces para a construção de um templo que iam dedicar a Maria Santíssima, no alto de monte denominado Porto Seguro, na Bahia.
Não tendo quem os ajudasse na construção do templo, começaram os Jesuítas, com suas próprias mãos, a construí-lo, mas não havia água ali perto, para a construção. pelo que fizeram uma valeta a mais de uma milha de distância, de onde a transportavam para cima da montanha, não os desanimando o trabalho fatigante e exaustivo.
Um dia, porém, veio perturbá-los um colono que morava perto do lugar de onde eles retiravam a água: pensando o colono que viesse a faltar água para seu sítio, por causa da contínua retirada de água, opôs-se a que os padres continuassem a retirar a água para a construção do templo. Recorreram então eles, cheios de confiança à Mãe de Deus, pedindo sua ajuda, para poderem continuar a construção que estavam erguendo em sua honra.
Maria ouve a prece dos padres: durante a celebração da santa missa começa a brotar do tronco de uma árvore que haviam deixado no terreno que limparam para a construção do templo, uma fonte de água límpida e abundante!
Maravilhados com o milagre que Maria Santíssima havia operado, continuaram a construção, e, pronto o templo, escolheram-na para padroeira sob a invocação de Nossa Senhora da Ajuda, devido à grande “ajuda” que Maria lhes prestara.
O Pe. Anchieta narra que essa água milagrosa curava qualquer espécie de moléstia, sendo operados muitos milagres.
Hoje o santuário de Nossa Senhora da Ajuda é um dos mais ricos do Brasil, e Nossa Senhora é muito venerada sob este título ou invocação.
ORAÇÃO À NOSSA SENHORA D´AJUDA
Ó Mãe Santíssima d’ Ajuda, Virgem pura e Imaculada, ouvi como especial Advogada os nossos clamores. Mostrai-nos o vosso poder profundo; O céu e a terra. O mundo inteiro vos venera, até o inferno a vós se rende, ó Senhora!
Procuramos o vosso abrigo como filhos miseráveis, pois são mais admiráveis os vossos prodígios. Queremos, Senhora, seguir vossos vestígios.
Sede sempre nossa Protetora e Advogada,
socorrei a nós às nossas famílias, alcançai a todos as graças que vos pedimos, e enfim a eterna felicidade do Céu.
Abençoai-nos e protegei-nos, ó Virgem Mãe Santíssima.
Amém.
Como se sabe, a bela capital espanhola é antiquíssima. Roma ainda nem fora fundada e Madri já se orgulhava de sua antiguidade. Foi ela uma das primeiras vilas da Península Ibérica a se cristianizar. Reza a tradição, São Tiago aí pregou o evangelho, construindo um pequeno templo, com a ajuda de seus discípulos, dedicado à Maria Santíssima, onde teria deixado uma imagem de Nossa Senhora esculpida em madeira. A perseguição romana levou a igreja local a possuir muitos mártires. Os invasores godos, contudo, após vencerem os romanos, abraçaram a fé cristã e uma outra igreja foi construída no lugar da primitiva capela de São Tiago.
O conde D. Julíán, cujo nome permanece execrado nos anais da história espanhola como traidor, facilitou a entrada dos árabes do norte da África na península.
Transcorria o ano 714 e os invasores se aproximavam da capital. O povo cristão, desesperado, reuniu-se em torno da Virgem para suplicarem auxílio. Entretanto, a vila não dispunha de recursos suficientes para resistir. Surge, então, um problema: o que se faria com a tão venerada imagem para preservá-la da destruição? Decidiram esconde-la num vão da muralha da cidade. Confiantes de que poderiam resgatá-la mais tarde, assim fizeram.
Os vitoriosos, certos de que permaneceriam para sempre na vila, transformaram a capela em mesquita. Trezentos e sessenta e nove anos depois, D. Afonso VI, rei de Castela, auxiliado pelo célebre D. Rodrigo Díaz de Bivar, EI Cid Campeador, derrotou os mouros em Toledo, tornando viável a reconquista de Madri, o que aconteceu pouco depois.
Dessa forma, em 1083, a antiga igreja foi reconsagrada e novamente dedicada à Virgem. Os habitantes ainda se recordavam, meio vagamente, de que uma imagem da Virgem ficara escondida na muralha por ocasião da conquista da vila. O próprio Rei se dispôs a achá-la. Por um pregão, ordenou que toda a população, por meio de jejuns, orações e penitências, suplicassem à Nossa Senhora que se dignasse mostrar o lugar onde tora guardada a sua escultura. No dia 9 de novembro de 1083, nono dia, os citadinos em massa dirigiram-se em procissão até a igreja. Em meio à nobreza, eclesiásticos e cavaleiros, destacava-se El Cid, herói nacional, vencedor de sete reis mouros.
Após a celebração da missa, o cortejo começou a percorrer a vila, com piedosa investigação. Mas ninguém encontrou nada. O desânimo tomou conta de todos.
Mas a tristeza não duraria muito tempo. Durante essa mesma noite, a muralha partiu-se, deixando aparecer em um nicho a milagrosa imagem, tão bem conservada como se tivesse sido ali depositada na noite anterior. E ainda puderam ser acesas as velas que ali tinham sido colocadas há quase quatro séculos. Foi feita uma nova procissão, ainda mais solene, que conduziu a Virgem ao seu antigo altar.
D. Alfonso VI quis que ela passasse a se chamar Santa Maria la Real de la Almudena, por haver permanecido tantos séculos escondida em um local da muralha perto do almudin (mercado ou armazém) que os mouros ali haviam instalado. A Santíssima Virgem foi ainda proclamada Padroeira de Madri.
Pouco depois da morte de Alfonso VI, Madri foi mais uma vez atacada pelos mouros, comandados por Alí-Aben-Jucet. Mais uma vez a cidade eslava despreparada para a defesa. Ali Jucet determinou manter o cerco à cidade, até que a fome obrigasse o povo a se render. Os sitiados recorreram á Virgem, que os atendeu. Uma peste terrível assolou o campo inimigo. Os que não foram atingidos pela peste foram obrigados a fugir desesperados.
Novo assalto ocorreu vinte anos depois. Os sarracenos usaram a mesma tática: sitiaram a cidade esperando a sua rendição por causa da fome. Quando já não havia o que comer, uns meninos que brincavam junto à igreja, abriram um pequeno buraco num de seus pilares. Por ele começou a escorrer um pó branco que se verificou ser farinha de trigo de excelente qualidade. Derrubaram então uma parte da parede lateral da igreja, onde o pilar se encostava e descobriu-se aí um silo desconhecido. O trigo era tão abundante que os espanhóis jogaram parte dele sobre os mouros, exibindo fartura, para que perdessem a esperança de vencê-los pela fome.
Os mouros, uma vez mais, bateram em retirada.
A esta imagem recorreu Santo Isidro, o Lavrador, quando seu filho caiu em um poço. Assim que suplicou à Virgem, as águas do poço começaram a subir suavemente até que o pai pôde resgatar seu filho são e salvo.
A milagrosa imagem é esculpida em madeira odorífica, que lembra os cedros do Líbano. A pintura é tão consistente que mesmo os desgastes naturais do tempo não conseguiram deteriorá-la. Uma particularidade surpreende, comprovada historicamente: é impossível conseguir-se fazer uma cópia idêntica ao original. Muitos artistas tentaram reproduzi-la, mas confessaram seu fracasso.
No dia 29 de agosto de 1640, instituiu-se na igreja de Santa Maria a “Esclavitud de la Virgen de la Almudena”, constituindo-se seu primeiro escravo o próprio Rei, D Felipe IV, no que foi seguido por seus sucessores. Nossa Senhora da Almudena é uma das nove imagens objeto de devoção das Rainhas da Espanha. Estas, quando estão para dar a luz, costumam visitar tais imagens quando suplicam a Maria Santíssima a graça de um bom parto.