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Santuários Marianos

Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças

Padroeira Do Rio Grande Do Sul  (festa 31 de Maio)

“Medianeira de todas as graças que na terra derramam os céus, esperamos em ti que nos faça ó Maria subir até Deus” (D. Aquino Corrêa).

 Sempre que professamos a nossa fé rezando a oração do Creio, proclamamos que Jesus Cristo, filho de Deus, nasceu da virgem Maria. Queremos por ventura, nos referir a duas pessoas diversas: a pessoa do filho de Deus e daquele que nasceu da virgem Maria? Absolutamente não! Trata-se de uma só e mesma pessoa a qual, sendo Deus e Homem, é filho de Deus segundo a natureza divina e é filho de Maria, segundo a natureza humana. Foi baseado nesta verdade que os santos Padres ensinam que a virgem é mãe de Deus.

 É bom sempre lembrar que, Deus querendo resgatar o gênero humano, depôs o preço do resgate nas mãos de Maria. Santo Alberto Magno nos diz que: “Maria companheira na paixão tornou-se cooperadora na redenção”.

 Na idade média encontramos uma série de teólogos que falam explicitamente na mediação e na corredenção de Nossa Senhora.

 Um experiente teólogo conhecido apenas por Arnaldo nos diz que no calvário “Havia dois altares: um no coração de Maria e outro no corpo de Jesus. Enquanto o Cristo imolava sua carne, Maria imolava sua alma”.

 No dia 22 de março de 1918, o então Papa Bento XV classicamente expressa a doutrina da corredenção de Maria na encíclica “ Intersodalícia”, que diz: “de tal modo Maria padeceu e quase morreu com seu filho paciente e moribundo; de tal modo renunciou ao seus direitos maternos, e, para aplacar a justiça divina, concorreu quanto estava ao seu alcance para a imolação de seu filho, que justamente se pode dizer que com Cristo resgatou o gênero humano”.

 Alguns anos antes, ou seja, em 08 de setembro de 1894 o Papa Leão XIII, usando a frase de São Bernardino de Siena, assim concluiu a sua encíclica, “Incunda Semper”: -“Toda a graça que se concede a este mundo tem uma tríplice procedência: pois numa belíssima ordem, do Pai é passado ao Filho, do Filho à Santíssima Virgem e dela, por fim, para nós”. É uma mediação por meio de intercessão.

 Diz-se que Jesus Cristo para honrar sua mãe determinou que todas as graças que ele nos mereceu, não fossem dispensadas a humanidade senão por meio dela.

 Concluímos que o Espírito Santo desceu sobre a Virgem Maria e os apóstolos, quando estavam em oração no cenáculo, momento solene do nascimento da Igreja. Assim por sua maternidade divina, Maria se tornou co-redentora, obteve a função de medianeira e se tornou Mãe da Igreja, da qual ela é o modelo perfeito.

 A festa de Nossa Senhora Medianeira de todas as graças, foi instituída pelo Papa Bento XV em 1921, e sua data 30 de maio.

O QUADRO DA MEDIANEIRA

O cardeal Primaz da Bélgica idealizou o ícone que hoje conhecemos, e para tanto buscou na Sagrada Escritura os símbolos nele apresentados.

 Dom Mercier encontrou no livro do profeta Ezequiel uma visão que fala: “A glória de Deus enchia todo o templo”. No quadro vemos a trindade santa, onde Deus Pai é um ancião (eternidade de Deus), coroado (todo poderoso) que recebe o sacrifício de Jesus na cruz. Único sacrifício agradável a Deus q eu seria oferecido do nascer ao por do sol, como profetizou Malaquias. O Espírito Santo, que procede do Pai e do Filho, está entre os dois, em forma de pomba. Aos pés de Deus, seis querubins de seis asas, conforme o profeta Isaías: “ Querubins com seis asas esvoaçavam no templo, dizendo: Santo, Santo é o Senhor Deus dos exércitos.”

 As letras Alfa e Ômega, a primeira e a última do alfabeto grego, nos lembram que Deus é o princípio e o fim de todas as coisas. Todos os privilégios de Nossa Senhora vêm dos merecimentos de Jesus na cruz. Por isso, as graças como raios, descem do crucificado sobre Maria e dela sobre o mundo.

 Lembra-nos a frase de São Bernardo: “A vontade de Deus é que recebamos tudo por Maria”.

 Percebemos Nossa Senhora de braços abertos, posição de oração intercedendo por nós, dia e noite, levando a Jesus nossos anseios e nos trazendo as bênçãos e graças divinas. O ícone foi pintado pela irmã franciscana Angelita Stefani.

NO RIO GRANDE DO SUL

A devoção foi trazida no ano de 1928, pelo Jesuíta Frei Inácio Valle da Bélgica e introduzida no seminário São José, na cidade de Santa Maria. Dois anos depois, ou seja, em 1930, a cidade estava sendo ameaçada por uma luta armada, quando um grupo de romeiros foi ao seminário rezar a Medianeira. Os ânimos serenaram e a paz voltou a reinar.

 Num gesto de gratidão, um grupo bem maior voltou ao seminário para agradecer a intercessão da Virgem Medianeira.

 Desde aquela época um número cada vez maior, até os dias de hoje participa da romaria estadual de Nossa Senhora Medianeira, no segundo domingo de novembro. O povo do Rio Grande manifesta sempre mais o seu amor e sua gratidão a padroeira do estado.

Maria Imaculada, Medianeira de todas as graças, rogai por nós que recorremos, a vós.

Por Márcio Antônio Reiser O.F.S.

Orações

Oração à Nossa Senhora Desatadora dos Nós

Santa Mãe, cheia da graça de Deus, ao longo de vossa vida nunca fostes cativa das tentações do maligno, pois aceitastes sem jamais duvidar, a vontade do Senhor. Intercedestes sempre por nós com nossos problemas, como nas Bodas de Caná, ensinando-nos como desatar o nó de nossas dificuldades. Jesus, na triste tarde de Sua Morte, deixou-vos como nossa Mãe e como Mãe ordenais e facilitais nossa união com o Senhor.

 

Santíssima Virgem, Nossa Mãe, que desatais os nós que dificultam nossa vida, Pedimo-vos que recebais em vossas mãos maternas (dizer o nome). Livraio das ataduras e desvios com os quais o tenta o maligno. Por vossa intercessão livrai-nos ó Senhor de todo o mal.

 

Querida Mãe, desatai os nós que nos separam de Deus para que, livres do pecado, nós O busquemos e O encontremos em nosso semelhante, bendizendo-O sempre como nosso Pai e Único Senhor. Amém!

 

Nossa Senhora Desatadora dos Nós rogai por nós que recorremos a vós.

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Santa Mãe, cheia da graça de Deus, ao longo de vossa vida nunca fostes cativa das tentações do maligno, pois aceitastes sem jamais duvidar, a vontade do Senhor. Intercedestes sempre por nós com nossos problemas, como nas Bodas de Caná, ensinando-nos como desatar o nó de nossas dificuldades. Jesus, na triste tarde de Sua Morte, deixou-vos como nossa Mãe e como Mãe ordenais e facilitais nossa união com o Senhor.

 

Santíssima Virgem, Nossa Mãe, que desatais os nós que dificultam nossa vida, Pedimo-vos que recebais em vossas mãos maternas (dizer o nome). Livraio das ataduras e desvios com os quais o tenta o maligno. Por vossa intercessão livrai-nos ó Senhor de todo o mal.

 

Querida Mãe, desatai os nós que nos separam de Deus para que, livres do pecado, nós O busquemos e O encontremos em nosso semelhante, bendizendo-O sempre como nosso Pai e Único Senhor. Amém!

 

Nossa Senhora Desatadora dos Nós rogai por nós que recorremos a vós.

Orações

Oração à Nossa Senhora do Desterro

Ó Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo Salvador do mundo, Rainha do céu e da terra, advogada dos pecadores, auxiliadora dos cristãos, protetora dos pobres, consoladora dos tristes, amparo dos órfãos e viúvas, alívio das almas penantes, socorro dos aflitos, desterradora das indigências, das calamidades, dos inimigos corporais e espirituais, da morte cruel, dos tormentos eternos, de todo bicho e animal peçonhento, dos maus pensamentos, dos sonhos pavorosos, das cenas terríveis e visões espantosas, do rigor do dia do juízo, das pragas, dos incêndios, desastres, bruxarias e maldições, dos malfeitores, ladrões, assaltantes e assassinos.

Minha amada Mãe, eu prostrado agora aos vossos pés, com piedosíssimas lágrimas, cheio de arrependimento  das minhas pesadas culpas, por vosso intermédio imploro perdão a Deus infinitamente bom. Rogai ao vosso Divino Filho Jesus, por nossas famílias para que Ele desterre de nossas vidas todos esses males,  nos dê perdão de nossos pecados e nos enriqueça com Sua divina graça e misericórdia.

Cobri-nos com o vosso manto maternal, ó divina estrela dos montes. Desterrai de nós todos os males e maldições.  Afugentai de nós a peste e os desassossegos. Possamos, por vosso intermédio, obter de Deus a cura de todas as doenças, encontrar as portas do céu abertas e convosco ser felizes por toda a eternidade.
Amém!

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Verbos Marianos

01 – Amar

Maria com amor de complacência pela sua beleza, com amor de reconhecimento pela sua bondade. – Ama-a com o coração, ama-a com as obras. – Ama-a como Jesus a amou, com ternura, ama-a com Jesus, com perseverança, ama-a por Jesus, para agradá-Io. Ama-a em lugar de Jesus. – Ama-a sacrificando-te por Ela, e esforçando-te por conquistar corações através do apostolado.

02 – Calar

CALAR como Maria e por amor de Maria. O silêncio é uma grande virtude, ou melhor, é um conjunto de virtudes.

Calar de si é humildade.

Calar os defeitos alheios é caridade.

Calar palavras inúteis é penitência.

Calar nas cruzes é heroismo.

03 – Consagrar-se

CONSAGRAR-SE a Maria sinceramente e não só com palavras – inteiramente, sem reservas nem de tempo, nem de lugar, nem de coisa alguma – irrevogavelmente, sem retomar ou lastimar a doação feita. Consagra-te a Ela para sempre: ama-a como ilha, serve-a como escrava de amor, honra-a como uma súdita.

04 – Consolar

CONSOLAR Maria. Todo louvor de um filho resume-se nestas palavras; é a consolação de sua mãe) Consolar Maria é para ti um dever, porque Maria sofreu por tua causa, por tua culpa, por teu amor. Não olvides as dores de tua Mãe, se quiseres que Ela console as tuas) Enxuga as lágrimas de Maria chorando os teus pecados, compadecendo-te das dores de Jesus, rezando pelos pecadores, sendo fiel à prática dos primeiros sábados e à reza cotidiana do terço.

05 – Dar-se

DAR-SE a Maria como Jesus. Dar-lhe o corpo com a pureza e com a resignação nas doenças e na morte; os sentidos com a temperança e a mortificação; a alma conservando-a livre do pecado mortal; a mente pensando freqüentemente nela; a vontade com a obediência; o coração com o amor; os bens temporais, renunciando generosamente às coisas supérfluas; os bens espirituais para que Ela os aplique na conversão dos pecadores e livre as almas do purgatório. Entreguemo-nos a Maria para que Maria se dê a nós.

06 – Deixar-se guiar

DEIXAR-SE GUIAR por Maria. Em toda parte por onde fores tem sempre na mente, no coração e nos lábios o nome de Maria. Seja como guia no teu caminho a oração: ó Jesus, ó Maria, permanecei sempre comigo para guiar-me em todo lugar, para defender-me em todo tempo.

07 – Deliciar-se

DELlCIAR-SE em Maria, ou seja: 1) saborear a doçura do seu Santíssimo Nome pronunciando-o com amor, escrevendo-o com freqüência, honrando-o com uma leve inclinação da cabeça; 2) soleniza, o quanto possível, as suas festas; 3) esparga no decorrer de tua vida as suas práticas, especialmente a Ave Maria; 4) lê os livros que falam de Maria e ouve os sermões em sua honra. Procura ter os gostos de Maria que são os mesmo de Jesus: não só aceita, mas também ama a pobreza, a humildade e a mortificação. Poucos são os que possuem este grandioso sinal de predestinação! És um dentre esses poucos?

08 – Dirigir-se

DIRIGIR-SE a Maria. Como Jesus ela te diz: Vem a mim! Ouve o seu doce convite. Quem é que te chama? É Maria, tua Mãe, que te espera de braços abertos. Quem quer que sejas, ainda que miserável, vai a Maria; qualquer seja o mal que tenhas feito: ainda que a tenhas esquecido, ainda que a tenhas contristado com o pecado, ainda assim o convite dirige-se especialmente a ti. Não deixes que Maria espere por ti, mas atira-te a seus pés. Ela te levantará, te aconselhará, te estreitará em seus braços: precisas dela. DIRIGIR-SE a Maria. Ouve a sua atraente promessa: Eu te confortarei. Se estás perturbado pela dúvida, Eu te iluminarei; se sentes o coração contaminado por alguma paixão, eu te purificarei; se a tua vontade é vacilante, eu te fortificarei; se estiveres enfermo, eu te curarei. Vem, confia em mim; toma o terço entre as tuas mãos e encontrarás em mim a paz que em vão procuraste nos caminhos do pecado.

09 – Estudar

ESTUDAR com Maria, pedindo-lhe a verdadeira ciência; estuda como Maria para agradar a Deus e tornar-te útil ao próximo; estuda Maria: depois do estudo de Deus e de Jesus Cristo, é o estudo de Maria o mais sublime, o mais agradável e o mais santificante.

10 – Falar

FALAR com Maria na oração. Fala de Maria nas conversas. Fala como Maria, isto é, raramente, humildemente, docemente. Fala com Maria para testemunhar-lhe o teu amor; confia-lhe as tuas penas – participa-lhe as tuas alegrias – confia-lhe os teus temores – comunica-lhe as tuas esperanças.

11 – Fazer

FAZER que todos amem a Maria. Amar a Maria é alegria para o coração, paz para a alma, esperança para a vida.

– Fazer com que Ela seja amada é alegria dulcíssima, paz segura e esperança firme.

– Amar é dar-se. Fazer amar é esquecer-se. É este o sinal mais evidente do amor.

– Jesus nos diz: fazei que todos amem Maria! Maria nos diz: Fazei que todos amem Jesus!

12 – Gozar

GOZAR com Maria e como Maria. Aceita as alegrias puras e sadias da vida, quais dons de Deus; suplica a Maria que te conforte no bem e excite em ti o amor e o reconhecimento. Alegra-te com Maria comprazendo-te pela sua grandeza, pela sua beleza e bondade. Alegra-te em sua companhia; alegra-te de ser por Ela amado com predileção. Que paraíso antecipado! São essas as alegrias que procuras?

13 – Honrar

HONRAR Maria –

1)      com a mente formando-te um conceito exato dela.

2)     com o coração cujas palpitações de amor constituem o louvor mais belo e agradável.

3)     com a língua falando a todos de Maria e cantando em toda a parte os seus louvores.

4)     com a pena escrevendo sobre Nossa Senhora e difundindo os escritos marianos.

Honra-a todos os dias e todas as horas ao menos com uma Ave Maria; honra-a todos os sábados, e em todas as suas festas. – Honra-­a em casa, na igreja e no trabalho.

14 – Imitar

IMITAR Maria. Imitar alguém quer dizer reproduzir em si o modelo, copiar o tom da voz, as maneiras, o modo de agir; ter os mesmos desejos da pessoa que queremos imitar, amar aquilo que ela ama, ter os seus mesmos gostos, os mesmos desejos, os mesmos pontos de vista, os mesmos amigos. E este o sinal mais certo do verdadeiro amor a Maria. São os traços da Mãe reproduzidos no filho. E tu os possuis?

15 – Invocar

INVOCAR Maria

a)      Porque Ela é bondosa e potente;

b)    Para mostrar-lhe teu afeto;

c)     Para pedir-lhe socorro. – Invoca-a quando vacilante, para que te sustente; quando cardo,’ para que te levante; quando duvidoso, para que te aconselhe; quando doente, para que te cure; quando culpado, para que te perdoe; quando abatido, para que te anime; quando assaltado, para que te conceda vitória.

-Invoca-a sempre e em todo lugar. Invoca-a durante a vida para que obtenhas a graça de invocá-la na hora da morte

16 – Obrar

OBRAR
1) por meio de Maria – opera movido e guiado por Ela, desconfiando das tuas próprias forças e confiando no seu auxílio;

2) com Maria – opera na sua presença – com seu auxílio – à sua imitação;

3) por Maria – opera pelo amor, pela honra, pelos interesses e pela glória de Maria.

17 – Olhar

OLHAR para Maria não só com os olhos corporais, mas sobretudo com os da mente. ­Contempla-a nas suas imagens, porém, contempla-a ainda mais naquela imagem que o teu amor por ela formou na tua alma. ­Olha-a frequentemente, atentamente, com fé, com ternura, para estudá-la, admirá-la, invocá-la, imitá-la e para sentires repouso e consolação. Olha-a nos perigos, nas tentações; olha-a na vida e na morte a fim de que possas contemplá-la eternamente no céu. Contemplar Maria é repouso na fadiga, alegria na tristeza; sentir-se amado por Maria é um paraíso antecipado

18 – Ouvir

OUVIR Maria: Vinde filhos, ouvi-me!

a) É a palavra de Mãe que consola e conforta: “Não temas, eu estarei contigo”(N. Senhora a S. Labouré).

b) E a palavra de Mestra que instrui, adverte, corrige, e também amorosamente castiga.

c) ‘É a palavra de Rainha que te chama à prática da lei de Deus: “Fazei tudo o que Ele vos disser”.

d) Maria te fala por meio da Igreja, dos Superiores, das inspirações, das aparições. Ouve Maria e Maria te ouvirá. Satisfaz seus desejos e Ela satisfará os teus.

19 – Pensar

PENSAR em Maria. O pensamento de Maria purifica, conforta, consola, encoraja, santifica. Pensa em Maria sempre e em toda parte para admirá-la, agradecê-la, manifestar-lhe o teu amor e invocar a sua proteção. Pensa em Maria e Maria pensará em ti.

20 – Recitar

RECITAR o Rosário. Este é um livro divino escrito com o sangue de Cristo e com as lágrimas de Maria. – É um programa de vida cristã feito de alegrias e de dores, que devemos partilhar com Maria, para merecermos a glória do céu. É uma arma de defesa, é um instrumento de conquista. ­Leva contigo o terço como penhor da proteção de Maria, recita-o todos os dias, como sinal de fidelidade e o terço transformar-se-á para ti numa chuva de graças, numa fonte de luz e de virtudes.

21- Recrar-se

RECREAR-SE com Maria. Aceita reconhecido, os divertimentos que te são proporcionados. Desfruta-os com discrição para que te tornes mais apto ao trabalho. Santifica-os com a oração e fá-los frutificar no teu Apostolado.

22- Refugiar-se

REFUGIAR-SE em Maria. O alpinista assaltado pela tormenta, o navegante na tempestade, o soldado nas incursões inimigas sabem o que seja um refúgio. Contra as tempestades das paixões e os assaltos do demônio, não há refúgio mais seguro que o seio de Maria. Quem nos perigos invoca Maria e, confiante, procura refúgio sob o seu manto, está seguro, e. ninguém o poderá abalar. Seja Maria o teu refúgio sempre e em toda parte, e serás salvo.

23 – Repousar

REPOUSAR espiritualmente sobre o coração de Maria, como o Menino Jesus o fez. Repousa à noite, sob seu olhar materno, após teres recitado as três Ave Marias e implorado sua benção. Repousa acariciado pelo seu sorriso, ligado pelo seu rosário.

24 – Rezar

REZAR com Maria. Une as tuas pobres orações às suas onipotentes e fervorosas súplicas. Reza com Maria, esforçando-te por imitá-la na fé, na humildade e na confiança. Implora Maria Santíssima que faça suas as tuas súplicas e as apresente a Jesus, que não sabe negar nada a sua Mãe.

25 – Saudar

SAUDAR Maria logo que acordares, ao toque das Ave Marias, entrando e saindo de casa ou da igreja.

– Saúda o seu nome, suas imagens, seus altares.

– Saúda-a com o Arcanjo S. Gabriel, com Santa Isabel e especialmente com Jesus.

“Quando rezas a Ave Maria, o céu se alegra, a terra sorri, Satanás foge, o mundo se aniquila, a tristeza desvanece, a alma se alegra e o coração fica enternecido.”

26 – Servir

SERVIR a Maria. O titulo de servo completa o de filho, o servir assegura a sinceridade do amor.

– Servir significa dar e não receber, sacrificar-se e não pretender ser o objeto dos sacrifícios de outrem. Sê como a Virgem Maria desejava ser: a escrava da Mãe de Deus.

– É preciso portanto amar e servir: servir amando e amar servindo.

Servir a Maria significa por ao seu serviço todo o teu ser: a tua alma e o teu corpo: a tua inteligência e a tua vontade, tuas mãos, teus pés, tua língua

– tudo o que tens; saúde, capacidades, engenho, tempo, bens materiais e bens espirituais

– tudo o que sabes: palavras, escritos

– tudo o que podes: conhecimentos, poder, influências, amizades.

27 – Sofrer

SOFRER com Maria, procurando nela alívio e conforto – sofre como Maria, em amoroso silêncio, por amor de Deus, para assemelhar-te a Jesus, para converter os pecadores – sofre por amor de Maria que sofreu antes de ti, mais que tu, por teu amor e por tua culpa.

28 – Temer

TEMER desgostar a Maria, desmerecer suas predileções; não ser fiel à graça, eis o temor filial dos santos. Maria estará contente comigo? Perdoar-me-á por tê-la feito chorar? A sua bondade te tranqüilize pelo passado, mas não deixes de amá-la sempre mais para o futuro. Quando se trata de Nossa Senhora, jamais digas: basta!

 29 – Trabalhar

TRABALHAR com Maria e por amor de Maria. Trabalha em sua presença, toma-a como teu Modelo, considera o teu trabalho como um preceito de Maria, e para obter melhor êxito, confia não na tua habilidade, mas no seu auxilio. Fazendo assim trabalharás melhor cansar-te-ás menos, terás merecimentos maiores.

30 – Viver

VIVER com Maria: desperta com Maria, reza com Maria, alimenta-te com Maria, caminha com Maria, alegra-te com Maria, chora com Maria, descansa com Maria. Com Maria recebe Jesus na comunhão, com Maria assiste à Missa, com Maria suporta o próximo, com Maria socorre os pobres, por amor a Maria perdoa a quem te ofendeu.

Eis um segredo de santidade e de felicidade.

Fonte: Movimento Rosário Perpétuo

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Ninguém como Maria

A treze de maio, na cova da Iria… Mês de maio, mês de Maria, a “Mulher bendita”.

“Bendita sois vós entre as mulheres”: não é assim que dizemos ao rezar a Ave-Maria? Gabriel saudou Maria com estas palavras: “Alegra-te, cheia de graça! O Senhor está contigo.” (Lucas 1,28). Quem pode ser mais bendita do que essa mulher, se o próprio Deus a saúda assim?

Também Isabel, prima de Maria, chamou-a de “bendita”. Logo após a anunciação do anjo, Maria foi às pressas às montanhas de Judá para ajudar sua prima Isabel que estava para dar à luz um menino – João Batista – que seria o precursor de Jesus. Ao ver Maria, Isabel, iluminada pelo Espírito Santo, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!… Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido.” (Lucas 1,42.45).

Certo dia, Jesus estava cercado de pessoas e falava ao povo que pendia de seus lábios. E eis que uma mulher, encantada com a sabedoria de Jesus, disse: “Feliz o ventre que te trouxe e os seios que te amamentaram.” (Lucas 11,27). Ela queria dizer: “Jesus, tua Mãe é bendita, é abençoada por Deus”. Como respondeu Jesus? “Felizes, sobretudo, são os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática” (Lucas 11,28).

Terá Jesus depreciado sua Mãe? Não, pelo contrário. Jesus fez de Maria o maior elogio que podia fazer, porque não existiu ninguém no mundo tão atento à Palavra de Deus e que tão bem cumpriu a vontade do Pai como a Mãe de Jesus. Assim, Maria é duplamente bendita: por ser a Mãe de Jesus e por ser a mulher atenta à Palavra e sua servidora.

Maria é, na verdade, uma mulher bendita, a mais bendita. Qual mulher, como ela, foi preservada do pecado original em previsão dos merecimentos da paixão e morte de seu Filho na cruz? Qual mulher, como ela, foi cheia de Graça, acolheu em si o Espírito Santo, esteve mais próxima de Deus e de Jesus, foi mais atenta à Palavra de Deus, mais disponível ao serviço de seus irmãos e irmãs? Qual mulher, como ela, foi mais cheia de fé, esperança e caridade, sofreu ao pé da cruz de seu Filho por amor a todos nós, foi assunta em corpo e alma aos céus, está, no céu, mais próxima de Deus e pode interceder melhor por nós, seus filhos e filhas?

Não há mulher como Maria. Ela é realmente a Mulher bendita! Não esqueça, porém, que a bem-aventurança de Maria está na sua grande fé. Fé que a levou até o topo do Calvário, padecendo, em seu coração, a mesma paixão do seu Filho na cruz. De fato, a Senhora da Piedade é representada ao pé da cruz, com o Filho Jesus morto nos braços. A cruz fez parte da vida de Jesus e de Maria.

A sombra da cruz projetou-se sobre Maria e Jesus desde o momento em que ele foi concebido. Apenas se tornou Mãe, Maria sofreu por não saber como fazer compreender a José que estava grávida por obra do Espírito Santo e não de um homem. Prestes a dar à luz, enfrentou dura viagem até Belém para fazer o recenseamento determinado pelo imperador romano. Em Belém não encontrou acolhida na casa de ninguém, viu-se obrigada a refugiar-se numa gruta e ali, entre animais, dar à luz seu Filho e dever recliná-lo numa manjedoura.

Quando, com José, Maria se apresentou no Templo de Jerusalém para a purificação, Simeão anunciou um futuro sombrio para ela e seu Filho e acrescentou: “Uma espada traspassará tua alma!” (Lc 2,35). Em seguida, foi forçada a fugir para o Egito a fim de escapar de Herodes que queria matar-lhe o Filho. Viveu no exílio, em terra estranha, entre gente estranha, falando língua estranha. Mais tarde sofreu a dor de perder seu Filho no templo.

Um dia, Maria chorou ao ver Jesus deixar a casa paterna – e a ela, sua mãe – para dedicar-se ao anúncio do Evangelho. Durante o ministério de Jesus, Maria viu seu Filho incompreendido, perseguido, rejeitado, caluniado, por fim traído, preso, condenado iniquamente, coroado de espinhos, esbofeteado, cuspido, ridicularizado, carregado de uma cruz, nela pregado e morto. Até que, à sombra da cruz, pessoas amigas o puseram de novo em seus braços de Maria, como quando ele era criança.

A cruz de Maria, quantas cruzes! Para nós também, que ainda estamos a caminho do Pai, é impossível viver sem cruz. Não é preciso buscá-la, ela aparece por si, faz parte da vida. Lembre-se das palavras de São Paulo: “Completo, na minha carne, o que falta às tribulações de Cristo.” (Colossenses 1,24). Enquanto existir uma só pessoa no mundo, a cruz estarAá sempre a seu lado, e Cristo continuará crucificado nos que sofrem, que vão completando o que falta a seu sofrimento.

Na cruz esteve a salvação de Maria e está também a nossa salvação.

Por
Dom Hilário Moser, SDB
Bispo emérito da Diocese de Tubarão (SC). Doutor em Teologia Dogmática pela Pontificia

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O papel de Maria na descida do Espirito Santo

– A igreja universal celebra a solenidade de Pentecostes, um momento em que a figura de Maria é de singular importância, revela nesta entrevista concedida a Zenit o padre Jesús Castellano Cervera, carmelita descalço, especialista em estudos marianos e consultor da Congregação vaticana para a Doutrina da Fé.

O tempo que estamos vivendo é também conclusão do tempo pascal e do mês de maio. Este tempo tem uma especial relevância mariana?

P. Castellano Cervera: O tempo compreendido entre a Ascensão e Pentecostes me parece que é um tempo particularmente mariano. O dado sublinhado nos Atos dos Apóstolos (1,14), que recorda a presença de Maria no Cenáculo, há que ser enfatizado. A iconografia antiga, a liturgia bizantina e as antigas notícias de Maria são unânimes ao recordar a Virgem Maria já no episódio da Ascensão do Senhor ao Céu.

Maria aparece com os discípulos em oração enquanto Jesus sobe ao Céu, e a Mãe se converte assim em testemunha de toda a vida humana de Cristo, desde a vinda do seio do Pai à sua maternidade e desde a ascensão ao seio do Pai com a carne tomada da Mãe.

Qual é o significado da presença de Maria entre os discípulos no Cenáculo?

P. Castellano Cervera: Penso que Jesus confiou seus discípulos a Maria antes da vinda do Espírito Santo. A Virgem Maria, na realidade, em um tempo de «vazio», quando Jesus já não está e o espírito não descendeu, todavia, parece a pessoa mais apropriada para preencher de alguma forma estas duas presenças em um momento de recordação e de espera.

De recordação porque Maria é memória vivente de Cristo, de sua vida desde o princípio, de suas palavras. Sua presença materna fala dEle em tudo. E de espera porque a Virgem Maria, qua recebeu o Espírito Santo em plenitude, converte-se em garantia e esperança de cumprimento da promessa de Jesus. Virá o Espírito prometido –parece assegurar Maria– assim como veio sobre mim. Deus é fiel a suas promessas.

É talvez esta presença a raiz do título a Ela reconhecido: Rainha dos Apóstolos?

P. Castellano Cervera: Creio que é precisamente assim. Padres da Igreja e autores medievais dizem com clareza que Maria no Cenáculo converte-se em Mãe dos Apóstolos com seu testemunho de Cristo.

João Paulo II fala na Encíclica Redemptoris Mater, no número 26, de tal presença em meio aos discípulos de Jesus como singular testemunho do mistério de Cristo. Seu papel materno neste tempo é evidente.

Podemos pensar que as palavras de At 1, 14 refletem a obra materna de Maria, que ajuda os discípulos a «perseverar» cada dia na esperança do acontecimento prometido da vinda do Espírito, a estar «de acordo e unidos», a abrir seus corações «na oração» com uma atitude de invocação e de confiada espera. Maria molda maternalmente os apóstolos, faz deles irmãos, prepara a comunidade para acolher o Espírito Santo. Posto que Maria já havia recebido o Espírito Santo, não era talvez para Ela supérfluo esperar Pentecostes?

P. Castellano Cervera: Maria, de acordo com as imagens mais antigas de Pentecostes, aparece aos discípulos e recebe o Espírito Santo com toda a Igreja. Sua circunstância, ligada ao mistério do Filho e sua missão, está agora indissoluvelmente unida ao mistério da Igreja

Foram parte dela como membro excelentíssimo e como Mãe, como afirma o Concílio Vaticano II. A nova vinda do Espírito sobre Ela a une ainda mais à Igreja, sua comunhão e missão. Não é possível pensar na Igreja sem Maria e em Maria sem a Igreja.

A centralidade da Mãe de Jesus em meio aos discípulos com a mesma chama do Espírito Santo em uma atitude de acolhida do dom e de ação de graças nos fala do «perfil mariano» da Igreja, onde Ela representa a própria essência da Igreja: pura acolhida e transmissão do dom de Deus. Maria é o dever de ser da Igreja e do cristianismo, baixo a ação do Espírito Santo e em profunda comunhão com todos.

Fonte: Comunidade Shalom

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A caminho do Triunfo – Parte 1

O século, as colunas, o Dogma e o Triunfo do Imaculado Coração da Santíssima Virgem

1. Introdução

O saudoso Papa João Paulo II, tão presente na vida de todos nós, é o “Papa de Maria”. Ele se consagrou inteiramente a ela, Ela sob o lema “Totus Tuus” (“Todo Teu”).

E no Grande Jubileu do ano 2000, o saudoso Papa João Paulo II consagrou o Terceiro Milênio a Santíssima Virgem. Nessa ocasião, ele fez publicamente esta oração:

“Hoje como nunca no passado, a humanidade está em uma encruzilhada. E, uma vez mais, a salvação está só e inteiramente ó Virgem Santa, em teu Filho Jesus.”

Vivemos, de fato, em um período de caos social, nas ruínas de uma sociedade destruída pela revoluções liberais e totalitárias dos últimos séculos.

Mas, voltando nossos olhos para o mundo espiritual, temos a consoladora expectativa  do cumprimento da promessa da Santíssima Virgem em suas aparições de Fátima (1917), quando disse: “Por fim o Meu Coração Imaculado Triunfará!”

E alguns fatos, à partir das experiências dos santos canonizados, Papas e místicos católicos, nos concedem mais luz para compreender este momento.

2. O século

Há uma conhecida visão que o Papa Leão XIII teve no dia 13 de Outubro de 1884. O padre Domingo Pechenino, em “Ephemerides Liturgicae”, n° 69 (1955), pp. 58-59, relata.

Viu ele Satanás travando um diálogo com Deus. Satanás dizia: “Eu posso destruir a Igreja e arrastar a humanidade toda para o inferno. Mas para isto preciso de mais tempo e mais poder.” Uma voz doce responde: “Quanto tempo e quanto poder?” Retruca o Demônio: “De 75 a 100 anos, e mais poder sobre os que se põem ao meu serviço.”

Deus responde: “Pois tens esse tempo.”

Algo que naturalmente nos recorda da provação de Jó, no Antigo Testamento, onde Deus permite que ele seja provado por Satanás, em prol de um bem maior (Jó 1, 6-12).

Foi imediatamente após esta visãa que o Papa Leão XIII escreveu aquela conhecida oração a São Miguel Arcanjo, para ser rezada no final de todas as Missas.  A oração é a seguinte:

“São Miguel Arcanjo, protegei-nos no combate, defendei-nos com vosso escudo contra os embustes e ciladas do demônio. Subjugue-o Deus, insistentemente pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pelo divino poder, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que vagueiam pelo mundo, para perder as almas. Amém”.

Talvez o Papa tenha feito isso lembrando do que escreveu, já no Antigo Testamento, o Profeta Daniel: “Naquele tempo, surgirá Miguel, o protetor dos filhos  do seu povo.” (Daniel 12,1)

3. As colunas

Na mesma época, um santo canonizado pela Igreja, São João Bosco, teve um sonho onde a Santa Igreja era atacada. Dom Bosco via a Barca da Igreja, em meio ao mar, sendo conduzida pelo Papa, em uma grande batalha com as barcas inimigas.

Em meio ao mar, havia duas colunas, que assim ele descreve:

“No meio da imensa extensão do mar elevavam-se acima das ondas duas robustas colunas, altíssimas, pouco distantes uma da outra. Sobre uma delas havia a estátua da Virgem Imaculada, em cujos pés pendia um longo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxílio dos Cristãos). Sobre a outra, que era muito mais alta e mais grossa, havia uma Hóstia de grandeza proporcional à coluna, e debaixo um outro cartaz com as palavras: Salus Credentium (Salvação dos que crêem).”

Dom Bosco continua descrevendo a visão:

“O Papa cai gravemente ferido. Imediatamente, os que estão com ele o ajudam e o levantam. Uma segunda vez, o Papa é atingido; ele cai de novo e morre. Um grito de júbilo e vitória irrompe dentre os inimigos; de seus navios eleva-se uma indizível zombaria. Mas assim que o Pontífice cai, um outro assume o seu lugar. Os pilotos, tendo-se reunido, elegeram outro tão prontamente que, com a notícia da morte do anterior já se apresentam as boas novas da eleição do sucessor. Os adversários começam a perder a coragem.

O novo Papa, pondo o inimigo em fuga e superando todos os obstáculos, guia o navio diretamente às duas colunas e consegue descansar entre elas. Ele ancora o seu navio à coluna encimada pela Hóstia, prendendo uma corrente leve que sai da proa a uma âncora presa à coluna; uma outra corrente leve presa à popa é atracada a uma âncora que pende da coluna sobre a qual está a Virgem Maria.

Neste ponto, inicia-se uma grande convulsão. Todos os navios que estiveram até então em luta contra o navio do Papa são dispersados; eles se afastam em confusão, colidem e quebram-se em pedaços, uns contra os outros. Alguns afundam e tentam afundar os outros. Muitas das pequenas embarcações que lutaram galantemente pelo Papa correm a prender-se às colunas. Outras, que se haviam mantido à distância, por medo da batalha, observam cautelosamente de longe; assim que os escombros dos navios afundados são dispersados pelos redemoinhos do mar, elas se aventuram a rumar para as duas colunas, e alcançando-as, fazem-se prender aos ganchos que delas pendem, para se porem a salvo, à sombra do navio principal, onde está o Papa. Reina sobre o mar uma grande calma.”

Impossível não lembrar aqui das palavras do Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento XVI, quando na homilia da Santa Missa do próprio conclave que o elegeu Papa, ele denunciava as grandes ideologias que são as adversárias da Santa Igreja na nossa sociedade, usando exatamente o exemplo da barca:

“Quantos ventos de doutrina conhecemos nestes últimos decênios, quantas correntes ideológicas, quantos modos de pensamento… A pequena barca do pensamento de muitos cristãos foi não raro agitada por estas ondas – lançada dum extremo ao outro: do marxismo ao liberalismo, até ao ponto de chegar à libertinagem; do coletivismo ao individualismo radical; do ateísmo a um vago misticismo religioso; do agnosticismo ao sincretismo e por aí adiante. Todos os dias nascem novas seitas e cumpre-se assim o que São Paulo disse sobre o engano dos homens, sobre a astúcia que tende a induzir ao erro (cf. Ef 4, 14). Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, é freqüentemente catalogado como fundamentalismo, ao passo que o relativismo, isto é, o deixar-se levar ao sabor de qualquer vento de doutrina, aparece como a única atitude à altura dos tempos atuais. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que usa como critério último apenas o próprio “eu” e os seus apetites.”

Nesta batalha da visão de Dom Bosco, o Papa é quem conduz a barca, e ele é quem mais é perseguido pelos adversários da Santa Igreja. Algo que lembra a visão da Beata Jacinta, uma das três crianças que viu a Santíssima Virgem em Fátima:

“Eu vi o Santo Padre numa casa muito grande, de joelhos diante de uma mesa, com as mãos no rosto a chorar; fora da casa estava muita gente e uns atiravam-lhe pedras, outros rogavam-lhe pragas e diziam-lhe muitas palavras feias. Coitadinho do Santo Padre, temos que pedir muito por ele!”

Na visão de Dom Bosco, é quando a Barca da Santa Igreja é conduzida pelo Papa até as colunas da Eucaristia e da Santíssima Virgem que ela alcança a vitória, e a paz reina!

4. O Dogma

Têm se tornado cada vez mais conhecidas as aparições da Santíssima Virgem em Amsterdan, na Holanda, de  1945 a 1972, a Ida Peerdeman (1905-1996). A Virgem se apresentou como “Senhora de Todos os Povos”, e o Bispo da diocese de Haarleu Amsterdam, Henrik Bonners, e o seu auxiliar, Josef Punt, autorizaram oficialmente publicamente a devoção, no dia dia 3 de maio de 1996.

A Virgem pediu que pintasse um quadro dela, em frente a cruz, sobre um globo.

Nesta aparição de Amsterdan, a Santíssima Virgem disse, entre outras coisas:

“Façam penitência. O mundo não será salvo pela força, mas sim através do Espírito.”

“Querem expulsar a prática da religião. Isto será feito com tanta sutileza, que quase ninguém notará”

“Virá um tempo de inquietação e turbulência: Humanismo, paganismo, descrença; serpentes que tentarão dominar o mundo”.

“O tempo chegou. O Espírito Santo deve vir sobre a terra, sobre os povos”.

“Antes de mais nada voltai para Ele (Deus), somente depois virá a verdadeira paz”.

“Que seja definido o dogma mariano de Co-Redentora, Medianeira e Advogada.”

No falecimento de Ida em 1996, o Bispo Dom Henrik Bomers esteve presente, e falou sobre ela:

“Era e permaneceu até a morte uma senhora completamente sóbria e teve sempre uma grande relutância na glorificação à sua pessoa. Ela era absolutamente sincera e disse a verdade sobre tudo aquilo que ouviu.”

Também o Cardeal Stickler, reconhecido pela sua fidelidade a  doutrina católica, em uma carta aos participantes do encontro em Amterdã de 13 de Maio de 1997, dizia:

“Considero um grande dom as aparições que houve em Amsterdã desde 1945. À vidente Ida foi relevado sobretudo a Vontade de Deus venerar Maria, Sua Mãe, como Co-Redentora, Medianeira e Advogada. Nossa Senhora anuncia que o Santo Padre deve proclamar estes títulos como Dogma  para a renovação da Igreja e de toda a humanidade no Espírito Santo. A Igreja deveria submeter estas mensagens a sério exame à luz dos acontecimentos que se verificaram na Igreja e no mundo nestes 50 anos: uma impensável crise de fé e da moral, da política e da economia. Quando a Senhora de Todos os Povos veio a Amsterdã em 1945, ninguém podia imaginar em que medida seriam realizadas estas profecias.”

Com efeito, há um significativo número de teólogos que defende hoje a proclamação deste 5º Dogma Mariano (Co-Redentora,  Medianeira e Advogada),  que são títulos já mencionados com veneração no Magistério Ordenado de Papas e santos canonizados, como Santo Afonso Maria de Ligório, doutor da Santa Igreja, e São Luis Maria Montfort e que que completariam os outros 4 (Mãe de Deus, Imaculada Conceição,  Virgindade Perpétua e Gloriosa Assunção).

As citações acima, de  Dom Henrik Borners e do Cardeal Sitincker, podem ser encontradas no livro “Aparições de Nossa Senhora”, de Ernersto N. Roman, Paulus, 6ª Ed, p. 82)

Em tempo: a imagem da Virgem que em Akita, no Japão, em 1973, verteu lágrimas de sangue 101 vezes, era esculpidade em madeira e era exatamente esta, da “Senhora de todos os povos”, segunda a devoção que surgiu em Amsterdan em torno da aparição que falamos; em 1988, o Cardeal Ratzinger, hoje Papa Bento e na época Prefeiro da Sagrada Congregação para Doutrina da Fé, declarou os fenômenos de Akita como dignos de credibilidade.

5. O Triunfo

Todos esses fatos nos levam a expectativa do grande Triunfo do Imaculado Coração da Santíssima Virgem. Ela prometeu em Fátima (1917):

“Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-me-á a Rússia, que se converterá, e será concedido ao mundo algum tempo de paz”.

Também a Santíssima Virgem falou sobre o mesmo assunto em La Salette (França, 1846), em aparição oficialmente reconhecida pela Santa Igreja, e a respeito da qual o saudoso Papa João Paulo II declarou:

“Neste lugar, Maria, a mãe sempre amorosa, mostrou sua dor pelo mal moral causado pela humanidade. Suas lágrimas nos ajudam a entender a gravidade do pecado e a rejeição a Deus, enquanto manifestam ao mesmo tempo a apaixonada fidelidade que Seu Filho mantém com relação a cada pessoa, embora Seu amor redentor esteja marcado com as feridas da traição e do abandono dos homens.”

Nesta aparição de La Salete, disse a Virgem:

“Será feita a paz, a reconciliação de Deus com os homens. Jesus Cristo será servido, adorado e glorificado. A caridade florescerá por toda a parte. Os novos reis serão o braço direito da Santa Igreja, que será forte, humilde e piedosa, pobre, zelosa e imitadora das virtudes de Jesus Cristo. O Evangelho será pregado por toda a parte e os homens farão grandes progressos na fé, porque haverá unidade entre os obreiros de Jesus Cristo e porque os homens viverão no temor de Deus.”

É o que anunciam expressamente também dois santos marianos, canonizados pela Santa Igreja: São Luis Maria Montfort e São Maximiliano Kolbe.

São Maximiliano Kolbe, mártir pelas mãos do totalitarismo nazista, fundou a Milícia da Imaculada visando “a instauração do misericordiosíssimo Reino da Imaculada sobre a terra.” E vivendo no século XX, anunciou:

“Vivemos numa época que poderia ser chamada o início da era da Imaculada. Sob o seu estandarte haverá de combater-se uma grande batalha e haveremos de hastear as suas bandeiras sobre as fortalezas do rei das trevas.”

No maravilhoso “Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem”, de São Luis  Maria Montfort (o livro que levou o saudoso Papa João Paulo II a se consagrar a Santíssima Virgem), o santo afirma:

“Quanto, portanto, e é certo, o conhecimento e o Reino de Jesus Cristo tomarem o mundo, será como uma consequência necessária do conhecimento e do reino da Santíssima Virgem Maria. Ela o deu ao mundo a primeira vez, e também da segundo, o fará resplandecer.” (n.13)

E ainda:

“Nesses últimos tempos, Maria deve brilhar, como jamais brilhou, em misericórdia, em força e graça. Em misericórdia para reconduzir e receber amorosamente os pobres pecadores e desviados que se converterão e voltarão ao seio da Igreja católica; em força contra os inimigos de Deus, os idólatras, cismáticos, maometanos, judeus e ímpios empedernidos, que se revoltarão terrivelmente para seduzir e fazer cair, com promessas e ameaças, todos os que lhes forem contrários. Deve, enfim, resplandecer em graça, para animar e sustentar os valentes soldados e fiéis de Jesus Cristo que pugnarão por seus interesses.” (n. 50)

Assim São Luis Montfort exclama:

“Ah! Quando virá este tempo feliz em que Maria será estabelecida Senhora e Soberana nos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu grande e único Jesus? Quando chegará o dia em que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar? Então, coisas maravilhosas acontecerão neste mundo, onde o Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa como que reproduzida nas almas, a elas descerá abundantemente, enchendo-as de seus dons, particularmente do dom da sabedoria, a fim de operar maravilhas de graça. Meu caro irmão, quando chegará esse tempo feliz, esse século de Maria, em que inúmeras almas escolhidas, perdendo-se no abismo de seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo? Esse tempo só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que ensino. Ut adveniat regunum tuum, adveniat regnum Mariae. Sim, querido irmão, quando chegará esse tempo feliz, essa era de Maria, em que muitas eleitas que terá obtido do Altíssimo, mergulharão voluntariamente no abismo das suas próprias entranhas, tornando-se cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo?”

Esta devoção que São Luis Montfort mencionada não é outa senão a prática da consagração perfeita a Santíssima Virgem que ela ensina no Tratado da Verdadeira Devoção a Santíssima Virgem, e foi por meio desta consagração que o Papa João Paulo II se entregou inteiramente a Virgem, sob o lema Totus Tuus.

O mesmo tema do Triunfo da Santíssima Virgem, que será também o triunfo de Nosso Senhor, parece ser retomado por outros santos canonizados e místicos católicos, como Santa Catarina de Sena, doutora da Santa Igreja (1380):

“Deus purificará a Santa Igreja por um meio que foge a toda previsão humana, e haverá uma reforma perfeita na Santa Igreja de Deus e uma renovação muito feliz dos santos pastores que, quando penso, meu coração estremece no Senhor. As nações estranhas à Igreja se converterão ao verdadeiro Pastor.”

Na mesma linha, fala São Cesário de Arles (470-542):

“Haverá um Grande Papa, que será mais eminente em santidade e mais perfeito em todas as qualidades. O Papa estará ao lado do Grande Monarca, um homem cheio de virtudes, que será o rebento da santidade dos reis franceses. O Grande Monarca ajudará o Papa na reformulação de toda a terra. Muitos príncipes e nações que estão vivendo no erro e impiedade serão convertidos e uma paz admirável reinará entre a humanidade durante muitos anos, porque a ira de Deus será apaziguada através do arrependimento, penitência e boas obras. Haverá uma lei comum, uma fé comum, um batismo, uma religião. Todas as nações reconhecerão a Santa Sé de Roma, e prestarão homenagens ao Papa.”

Também a Beata Ana Maria Taiji (1769-1837):

“A Cristandade se espalhará por todo o mundo. (…) Estas conversões serão incríveis. Aqueles que sobreviverem se conduzirão bem. Haverá inúmeras conversões de hereges, que voltarão para a Igreja; todos notarão a conduta edificante de suas vidas, assim como todos os outros Católicos. A Rússia, a Inglaterra e a China irão para a Igreja e o povo estará em júbilo contemplando o triunfo espetacular da Igreja.”

Em uma oração dirigida ao Espírito Santo, diz São Luis Maria Montfort:

“Quando virá esse dilúvio de fogo do puro amor, que deveis atear em toda a terra de um modo tão suave e tão veemente que todas as nações, os turcos, os idólatras, e os próprios judeus hão de arder nele e converter-se?” (Prece de São Luis Montfort pedindo a Deus missionários para a Companhia de Maria)

Que estas palavras sejam a nossa expectativa e a nossa oração, junto com as palavras de João Paulo II:

“Hoje como nunca no passado, a humanidade está em uma encruzilhada. E, uma vez mais, a salvação está só e inteiramente ó Virgem Santa, em teu Filho Jesus.”

Fonte: Apostolado Reino da Virgem Mãe de Deus – 13 de Abril de 2010, memória litúrgica de Santo Hermenegildo, mártir da Eucaristia

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Capelinha de Fátima no Rio de Janeiro será inaugurada em 28 de Maio

A 28 de Maio é inaugurado no Brasil, mais um espaço ligado à devoção a Nossa Senhora de Fátima. Isto porque, uma réplica da Capelinha das Aparições do santuário português foi construída no Rio de Janeiro.

Em declarações aos jornalistas na tarde de 12 de Maio, o reitor do Santuário de Fátima em Portugal, D. Virgílio Antunes, disse, a propósito este projecto: “Será um grande foco de difusão de Nossa Senhora de Fátima”.

Uma Imagem de Nossa Senhora de Fátima para essa Capelinha foi benzida no final da Missa internacional de 13 de Maio, no momento da bênção dos objectos religiosos. No dia seguinte foi levada para a cidade do Rio de Janeiro, onde será entronizada na referida Capelinha.

A inauguração deste novo espaço de devoção está marcada para o dia 28 de Maio. Será presidida pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani João Tempesta. De Portugal deslocar-se-á ao Brasil o Bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, e o Reitor do Santuário de Fátima, D. Virgílio Antunes.

A iniciativa desta construção é dos fundadores da associação “Tarde com Maria”. Presentes em Fátima na Peregrinação Aniversária de Maio, no dia em que esta associação arquidiocesana cumpria 25 anos de existência, os seus representantes recordaram, em breve entrevista à Sala de Imprensa do Santuário de Fátima, o contexto deste projecto.

A ideia surgiu, recorda Berthaldo Soares, fundador e presidente da associação, por ocasião da peregrinação a Fátima de uma delegação de cinquenta pessoas ligadas à “Tarde com Maria”, a 20 de Maio de 2006, nos vinte anos da associação.

Nessa viagem, que passaria também pela Santa Sé, Berthaldo Soares comprometeu-se pessoalmente, na Capelinha das Aparições, empenhar-se na construção de um novo santuário de Fátima no Brasil.

Os primeiros contactos com Portugal foram feitos com Mons. Luciano Guerra, antigo reitor do Santuário de Fátima. Foi necessário o acesso às plantas da Capelinha em Fátima, da autoria do arquitecto Carlos Loureiro, encontrar-se um espaço adequado para a construção e obterem-se os necessários apoios financeiros.

O auxílio da prefeitura local foi o primeiro grande impulso, com a oferta de um terreno de 14.000 metros quadrados, na zona sul do Rio de Janeiro. Um grupo crescente de beneméritos manifestou também o seu apoio à iniciativa. A obra levaria apenas dois anos a erguer-se.

O decreto de criação do Santuário Nossa Senhora de Fátima no Rio de Janeiro e da nomeação do primeiro reitor, o Cónego José Gomes Moraes, é datado de 13 de Maio de 2010. Foi assinado pelo arcebispo do Rio de Janeiro, D. Orani João Tempesta.

 

Arcebispo do Rio de Janeiro destaca importância da Mensagem de Fátima

“A Mensagem de Fátima é urgente”

A 14 de Maio, em mensagem divulgada na página oficial da Arquidiocese de S. Sebastião do Rio de Janeiro (www.arquidiocese.org.br), D Orani João Tempesta recordou as aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria, em Portugal, e destacou a actualidade da Mensagem de Fátima.

“Neste momento histórico em que constatamos que a intolerância contra os cristãos acontece pelo mundo afora e, ao mesmo tempo, nesta mudança de época, quando decisões que deveriam ser debatidas pelo Congresso Nacional são impostas ao povo sem essa salutar discussão, num tempo em que tantos e tantas se lançam contra as pessoas de fé como se eles fossem cidadãos de segunda classe, sem alguns direitos que normalmente são concedidos a outros, será muito importante revisitarmos a mensagem de Fátima”, escreveu.

Após um breve relato das aparições, em 1917, o Arcebispo Metropolitano do Rio de Janeiro lembrou a Mensagem de Fátima.

“Fátima é uma visita de Maria, nossa Mãe, na nossa época e para a nossa época. É uma Mensagem de afecto, um plano prático para a paz no mundo, uma promessa do Céu. São sinais que salientam aspectos da Revelação Cristã chamando as pessoas à conversão para nos salvar de perseguições, guerras, escravidão ou aniquilação. É, sobretudo, uma maneira de salvar as nossas almas do Inferno. A Mensagem de Fátima é para todos, em todas as épocas!”, sublinhou.

“A Mensagem de Fátima é pertinente e urgente, tanto naquela época como hoje: é uma súplica angustiada de quem nos vê em grande perigo e que vem oferecer a Sua ajuda e dar o Seu conselho. Por isso mesmo, o nosso convite para revisitarmos a mensagem de Fátima nestes tempos novos e difíceis!”, concluiu D. Orani Tempesta, na mensagem que intitulou “Maria em Fátima e Aparecida” e que disse ter escrito no Santuário brasileiro de Nossa Senhora de Aparecida, onde participava na 49ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

A terminar, lançou o convite para participação na inauguração da Capelinha de Fátima no Rio de Janeiro que, disse: “será um sinal plantado em nosso país a nos recordar da necessidade de conversão e contínua oração”.

LeopolDina Simões

Fonte: Santuário de Nossa Senhora de Fátima (Fátima – Portugal)

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Fátima: A promessa do Triunfo

Há algo mais, de importância primordial, que motivou a Mãe de Deus a transmitir sua mensagem aos três pastorinhos. É o anúncio da vitória d’Ela sobre o império de Satanás, ou seja, o Reino de Maria, previsto por São Luís Maria Grignion de Montfort e por vários outros santos.

Neste fim de milênio, que afunda nos pecados mais abomináveis, a celestial promessa de Nossa Senhora nos deve alentar e dar esperança.

Para que nossos olhos possam contemplar maravilhados o meio-dia desse sol – o triunfo do Imaculado Coração de Maria – cuja aurora despontou em Fátima a 13 de maio de 1917, a Virgem Maria nos indicou o caminho: “Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz”.Uma dificuldade surge, no entanto. Os pedidos de Nossa Senhora não foram atendidos; os homens continuam a pecar em progressão cada vez mais assustadora. Que razões temos para crer que Nossa Senhora dará cumprimento à sua promessa?

Suas próprias palavras. Pois a Santíssima Virgem só põe condições para evitar os castigos, não, porém, para fazer triunfar seu Coração Imaculado. Quanto a isto, o texto da mensagem não deixa dúvidas. Após o anúncio de uma sucessão de calamidades que adviriam para a humanidade caso esta não se convertesse, Nossa Senhora conclui categoricamente, sem antepor condição alguma: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.

Como se chegará a essa vitória final sobre o pecado, não o sabemos, nem parece tê-lo revelado a Mãe de Deus. Apenas é certo que todos quantos atenderem seus pedidos se salvarão, e muito possi-velmente serão chamados a participar do magnífico triunfo da Rainha do Universo.

São Luis Maria Grignion de Montfort, no seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, previu o reino da Mãe de Deus na Terra. Animado de ardoroso carisma profético, esse grande apóstolo marial previu que, ao ser conhecida e posta em prática a devoção a Maria por ele ensinada, o reino da Mãe de Deus estaria implantado na Terra. Em outros termos, antevia ele o triunfo do Imaculado Coração de Maria, por Ela prometido em 1917.

Assim exclama São Luis Grignion:

“Ah! Quando virá este tempo feliz em que Maria será estabelecida Senhora e Soberana nos corações, para submetê-los plenamente ao império de seu grande e único Jesus?

Quando chegará o dia em que as almas respirarão Maria, como o corpo respira o ar? Então, coisas maravilhosas acontecerão neste mundo, onde o Espírito Santo, encontrando sua querida Esposa como que reproduzida nas almas, a elas descerá abundantemente, enchendo-as de seus dons, particularmente do dom da sabedoria, a fim de operar maravilhas de graça. Meu caro irmão, quando chegará esse tempo feliz, esse século de Maria, em que inúmeras almas escolhidas, perdendo-se no abismo de seu interior, se tornarão cópias vivas de Maria, para amar e glorificar Jesus Cristo? Esse tempo só chegará quando se conhecer e praticar a devoção que ensino. Ut adveniat regunum tuum, adveniat regnum Mariae (Que venha o Reino de Maria, para que assim venha o Reino de Jesus Cristo)!”.

Fonte: Arautos do Evangelho

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O Segredo de Fátima

Comentário Teológico:

Quem lê com atenção o texto do chamado terceiro « segredo » de Fátima, que depois de longo tempo, por disposição do Santo Padre, é aqui publicado integralmente, ficará presumivelmente desiludido ou maravilhado depois de todas as especulações que foram feitas. Não é revelado nenhum grande mistério; o véu do futuro não é rasgado. Vemos a Igreja dos mártires deste século que está para findar, representada através duma cena descrita numa linguagem simbólica de difícil decifração. É isto o que a Mãe do Senhor queria comunicar à cristandade, à humanidade num tempo de grandes problemas e angústias? Serve-nos de ajuda no início do novo milénio? Ou não serão talvez apenas projecções do mundo interior de crianças, crescidas num ambiente de profunda piedade, mas simultaneamente assustadas pelas tempestades que ameaçavam o seu tempo? Como devemos entender a visão, o que pensar dela?

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Revelação pública e revelações privadas – o seu lugar teológico

Antes de encetar uma tentativa de interpretação, cujas linhas essenciais podem encontrar-se na comunicação que o Cardeal Sodano pronunciou, no dia 13 de Maio deste ano, no fim da Celebração Eucarística presidida pelo Santo Padre em Fátima, é necessário dar alguns esclarecimentos básicos sobre o modo como, segundo a doutrina da Igreja, devem ser compreendidos no âmbito da vida de fé fenómenos como o de Fátima. A doutrina da Igreja distingue « revelação pública » e « revelações privadas »; entre as duas realidades existe uma diferença essencial, e não apenas de grau. A noção « revelação pública » designa a acção reveladora de Deus que se destina à humanidade inteira e está expressa literariamente nas duas partes da Bíblia: o Antigo e o Novo Testamento. Chama-se « revelação », porque nela Deus Se foi dando a conhecer progressivamente aos homens, até ao ponto de Ele mesmo Se tornar homem, para atrair e reunir em Si próprio o mundo inteiro por meio do Filho encarnado, Jesus Cristo. Não se trata, portanto, de comunicações intelectuais, mas de um processo vital em que Deus Se aproxima do homem; naturalmente nesse processo, depois aparecem também conteúdos que têm a ver com a inteligência e a compreensão do mistério de Deus. Tal processo envolve o homem inteiro e, por conseguinte, também a razão, mas não só ela. Uma vez que Deus é um só, também a história que Ele vive com a humanidade é única, vale para todos os tempos e encontrou a sua plenitude com a vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Por outras palavras, em Cristo Deus disse tudo de Si mesmo, e portanto a revelação ficou concluída com a realização do mistério de Cristo, expresso no Novo Testamento. O Catecismo da Igreja Católica, para explicar este carácter definitivo e pleno da revelação, cita o seguinte texto de S. João da Cruz: « Ao dar-nos, como nos deu, o seu Filho, que é a sua Palavra – e não tem outra -, Deus disse-nos tudo ao mesmo tempo e de uma só vez nesta Palavra única (…) porque o que antes disse parcialmente pelos profetas, revelou-o totalmente, dando-nos o Todo que é o seu Filho. E por isso, quem agora quisesse consultar a Deus ou pedir-Lhe alguma visão ou revelação, não só cometeria um disparate, mas faria agravo a Deus, por não pôr os olhos totalmente em Cristo e buscar fora d’Ele outra realidade ou novidade » (CIC, n. 65; S. João da Cruz, A Subida do Monte Carmelo, II, 22).

O facto de a única revelação de Deus destinada a todos os povos ter ficado concluída com Cristo e o testemunho que d’Ele nos dão os livros do Novo Testamento vincula a Igreja com o acontecimento único que é a história sagrada e a palavra da Bíblia, que garante e interpreta tal acontecimento, mas não significa que agora a Igreja pode apenas olhar para o passado, ficando assim condenada a uma estéril repetição. Eis o que diz o Catecismo da Igreja Católica: « No entanto, apesar de a Revelação ter acabado, não quer dizer que esteja completamente explicitada. E está reservado à fé cristã apreender gradualmente todo o seu alcance no decorrer dos séculos » (n. 66). Estes dois aspectos – o vínculo com a unicidade do acontecimento e o progresso na sua compreensão – estão optimamente ilustrados nos discursos de despedida do Senhor, quando Ele declara aos discípulos: « Ainda tenho muitas coisas para vos dizer, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Espírito da Verdade, Ele guiar-vos-á para a verdade total, porque não falará de Si mesmo (…) Ele glorificar-Me-á, porque há-de receber do que é meu, para vo-lo anunciar » (Jo 16, 12-14). Por um lado, o Espírito serve de guia, desvendando assim um conhecimento cuja densidade não se podia alcançar antes porque faltava o pressuposto, ou seja, o da amplidão e profundidade da fé cristã, e que é tal que não estará concluída jamais. Por outro lado, esse acto de guiar é « receber » do tesouro do próprio Jesus Cristo, cuja profundidade inexaurível se manifesta nesta condução por obra do Espírito. A propósito disto, o Catecismo cita uma densa frase do Papa Gregório Magno: « As palavras divinas crescem com quem as lê » (CIC, n. 94; S. Gregório Magno, Homilia sobre Ezequiel 1, 7, 8). O Concílio Vaticano II indica três caminhos essenciais, através dos quais o Espírito Santo efectua a sua guia da Igreja e, consequentemente, o « crescimento da Palavra »: realiza-se por meio da meditação e estudo dos fiéis, por meio da íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais, e por meio da pregação daqueles « que, com a sucessão do episcopado, receberam o carisma da verdade » (Dei Verbum, n. 8).

Neste contexto, torna-se agora possível compreender correctamente o conceito de « revelação privada », que se aplica a todas as visões e revelações verificadas depois da conclusão do Novo Testamento; nesta categoria, portanto, se deve colocar a mensagem de Fátima. Ouçamos o que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre isto também: « No decurso dos séculos tem havido revelações ditas “privadas”, algumas das quais foram reconhecidas pela autoridade da Igreja. (…) O seu papel não é (…) “completar” a Revelação definitiva de Cristo, mas ajudar a vivê-la mais plenamente numa determinada época da história » (n. 67). Isto deixa claro duas coisas:

1. A autoridade das revelações privadas é essencialmente diversa da única revelação pública: esta exige a nossa fé; de facto, nela, é o próprio Deus que nos fala por meio de palavras humanas e da mediação da comunidade viva da Igreja. A fé em Deus e na sua Palavra é distinta de qualquer outra fé, crença, opinião humana. A certeza de que é Deus que fala, cria em mim a segurança de encontrar a própria verdade; uma certeza assim não se pode verificar em mais nenhuma forma humana de conhecimento. É sobre tal certeza que edifico a minha vida e me entrego ao morrer.

2. A revelação privada é um auxílio para esta fé, e manifesta-se credível precisamente porque faz apelo à única revelação pública. O Cardeal Próspero Lambertini, mais tarde Papa Bento XIV, afirma a tal propósito num tratado clássico, que se tornou normativo a propósito das beatificações e canonizações: « A tais revelações aprovadas não é devida uma adesão de fé católica; nem isso é possível. Estas revelações requerem, antes, uma adesão de fé humana ditada pelas regras da prudência, que no-las apresentam como prováveis e religiosamente credíveis ». O teólogo flamengo E. Dhanis, eminente conhecedor desta matéria, afirma sinteticamente que a aprovação eclesial duma revelação privada contém três elementos: que a respectiva mensagem não contém nada em contraste com a fé e os bons costumes, que é lícito torná-la pública, e que os fiéis ficam autorizados a prestar-lhe de forma prudente a sua adesão [E. Dhanis, Sguardo su Fatima e bilancio di una discussione, em: La Civiltà Cattolica, CIV (1953-II), 392-406, especialmente 397]. Tal mensagem pode ser um válido auxílio para compreender e viver melhor o Evangelho na hora actual; por isso, não se deve transcurar. É uma ajuda que é oferecida, mas não é obrigatório fazer uso dela.

Assim, o critério para medir a verdade e o valor duma revelação privada é a sua orientação para o próprio Cristo. Quando se afasta d’Ele, quando se torna autónoma ou até se faz passar por outro desígnio de salvação, melhor e mais importante que o Evangelho, então ela certamente não provém do Espírito Santo, que nos guia no âmbito do Evangelho e não fora dele. Isto não exclui que uma revelação privada realce novos aspectos, faça surgir formas de piedade novas ou aprofunde e divulgue antigas. Mas, em tudo isso, deve tratar-se sempre de um alimento para a fé, a esperança e a caridade, que são, para todos, o caminho permanente da salvação. Podemos acrescentar que frequentemente as revelações privadas provêm da piedade popular e nela se reflectem, dando-lhe novo impulso e suscitando formas novas. Isto não exclui que aquelas tenham influência também na própria liturgia, como o demonstram por exemplo a festa do Corpo de Deus e a do Sagrado Coração de Jesus. Numa determinada perspectiva, pode-se afirmar que, na relação entre liturgia e piedade popular, está delineada a relação entre revelação pública e revelações privadas: a liturgia é o critério, a forma vital da Igreja no seu conjunto alimentada directamente pelo Evangelho. A religiosidade popular significa que a fé cria raízes no coração dos diversos povos, entrando a fazer parte do mundo da vida quotidiana. A religiosidade popular é a primeira e fundamental forma de « inculturação » da fé, que deve continuamente deixar-se orientar e guiar pelas indicações da liturgia, mas que, por sua vez, a fecunda a partir do coração.

Desta forma, passámos já das especificações mais negativas, e que eram primariamente necessárias, à definição positiva das revelações privadas: Como podem classificar-se de modo correcto a partir da Escritura? Qual é a sua categoria teológica? A carta mais antiga de S. Paulo que nos foi conservada e que é também o mais antigo escrito do Novo Testamento, a primeira Carta aos Tessalonicenses, parece-me oferecer uma indicação. Lá, diz o Apóstolo: « Não extingais o Espírito, não desprezeis as profecias. Examinai tudo e retende o que for bom » (5, 19-21). Em todo o tempo é dado à Igreja o carisma da profecia, que, embora tenha de ser examinado, não pode ser desprezado. A este propósito, é preciso ter presente que a profecia, no sentido da Bíblia, não significa predizer o futuro, mas aplicar a vontade de Deus ao tempo presente e consequentemente mostrar o recto caminho do futuro. Aquele que prediz o futuro pretende satisfazer a curiosidade da razão, que deseja rasgar o véu que esconde o futuro; o profeta vem em ajuda da cegueira da vontade e do pensamento, ilustrando a vontade de Deus enquanto exigência e indicação para o presente. Neste caso, a predição do futuro tem uma importância secundária; o essencial é a actualização da única revelação, que me diz respeito profundamente: a palavra profética ora é advertência ora consolação, ou então as duas coisas ao mesmo tempo. Neste sentido, pode-se relacionar o carisma da profecia com a noção « sinais do tempo », redescoberta pelo Vaticano II: « Sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu; como é que não sabeis interpretar o tempo presente? » (Lc 12, 56). Por « sinais do tempo », nesta palavra de Jesus, deve-se entender o seu próprio caminho, Ele mesmo. Interpretar os sinais do tempo à luz da fé significa reconhecer a presença de Cristo em cada período de tempo. Nas revelações privadas reconhecidas pela Igreja – e portanto na de Fátima -, trata-se disto mesmo: ajudar-nos a compreender os sinais do tempo e a encontrar na fé a justa resposta para os mesmos.

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A estrutura antropológica das revelações privadas

Tendo nós procurado, com estas reflexões, determinar o lugar teológico das revelações privadas, devemos agora, ainda antes de nos lançarmos numa interpretação da mensagem de Fátima, esclarecer, embora brevemente, o seu carácter antropológico (psicológico). A antropologia teológica distingue, neste âmbito, três formas de percepção ou « visão »: a visão pelos sentidos, ou seja, a percepção externa corpórea; a percepção interior; e a visão espiritual (visio sensibilis, imaginativa, intellectualis). É claro que, nas visões de Lourdes, Fátima, etc, não se trata da percepção externa normal dos sentidos: as imagens e as figuras vistas não se encontram fora no espaço circundante, como está lá, por exemplo, uma árvore ou uma casa. Isto é bem evidente, por exemplo, no caso da visão do inferno (descrita na primeira parte do « segredo » de Fátima) ou então na visão descrita na terceira parte do « segredo », mas pode-se facilmente comprovar também noutras visões, sobretudo porque não eram captadas por todos os presentes, mas apenas pelos « videntes ». De igual modo, é claro que não se trata duma « visão » intelectual sem imagens, como acontece nos altos graus da mística. Trata-se, portanto, da categoria intermédia, a percepção interior que, para o vidente, tem uma força de presença tal que equivale à manifestação externa sensível.

Este ver interiormente não significa que se trata de fantasia, que seria apenas uma expressão da imaginação subjectiva. Significa, antes, que a alma recebe o toque suave de algo real mas que está para além do sensível, tornando-a capaz de ver o não-sensível, o não-visível aos sentidos: uma visão através dos « sentidos internos ». Trata-se de verdadeiros « objectos » que tocam a alma, embora não pertençam ao mundo sensível que nos é habitual. Por isso, exige-se uma vigilância interior do coração que, na maior parte do tempo, não possuímos por causa da forte pressão das realidades externas e das imagens e preocupações que enchem a alma. A pessoa é levada para além da pura exterioridade, onde é tocada por dimensões mais profundas da realidade que se lhe tornam visíveis. Talvez assim se possa compreender por que motivo os destinatários preferidos de tais aparições sejam precisamente as crianças: a sua alma ainda está pouco alterada, e quase intacta a sua capacidade interior de percepção. « Da boca dos pequeninos e das crianças de peito recebeste louvor »: esta foi a resposta de Jesus – servindo-se duma frase do Salmo 8 (v. 3) – à crítica dos sumos sacerdotes e anciãos, que achavam inoportuno o grito hossana das crianças (Mt 21, 16).

Como dissemos, a « visão interior » não é fantasia, mas uma verdadeira e própria maneira de verificação. Fá-lo, porém, com as limitações que lhe são próprias. Se, na visão exterior, já interfere o elemento subjectivo, isto é, não vemos o objecto puro mas este chega-nos através do filtro dos nossos sentidos que têm de operar um processo de tradução; na visão interior, isso é ainda mais claro, sobretudo quando se trata de realidades que por si mesmas ultrapassam o nosso horizonte. O sujeito, o vidente, tem uma influência ainda mais forte; vê segundo as próprias capacidades concretas, com as modalidades de representação e conhecimento que lhe são acessíveis. Na visão interior, há, de maneira ainda mais acentuada que na exterior, um processo de tradução, desempenhando o sujeito uma parte essencial na formação da imagem daquilo que aparece. A imagem pode ser captada apenas segundo as suas medidas e possibilidades. Assim, tais visões não são em caso algum a « fotografia » pura e simples do Além, mas trazem consigo também as possibilidades e limitações do sujeito que as apreende.

Isto é patente em todas as grandes visões dos Santos; naturalmente vale também para as visões dos pastorinhos de Fátima. As imagens por eles delineadas não são de modo algum mera expressão da sua fantasia, mas fruto duma percepção real de origem superior e íntima; nem se hão-de imaginar como se por um instante se tivesse erguido a ponta do véu do Além, aparecendo o Céu na sua essencialidade pura, como esperamos vê-lo na união definitiva com Deus. Poder-se-ia dizer que as imagens são uma síntese entre o impulso vindo do Alto e as possibilidades disponíveis para o efeito por parte do sujeito que as recebe, isto é, das crianças. Por tal motivo, a linguagem feita de imagens destas visões é uma linguagem simbólica. Sobre isto, diz o Cardeal Sodano: « Não descrevem de forma fotográfica os detalhes dos acontecimentos futuros, mas sintetizam e condensam sobre a mesma linha de fundo factos que se prolongam no tempo numa sucessão e duração não especificadas ». Esta sobreposição de tempos e espaços numa única imagem é típica de tais visões, que, na sua maioria, só podem ser decifradas a posteriori. E não é necessário que cada elemento da visão tenha de possuir uma correspondência histórica concreta. O que conta é a visão como um todo, e a partir do conjunto das imagens é que se devem compreender os detalhes. O que efectivamente constitui o centro duma imagem só pode ser desvendado, em última análise, a partir do que é o centro absoluto da « profecia » cristã: o centro é o ponto onde a visão se torna apelo e indicação da vontade de Deus.

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Uma tentativa de interpretação do « segredo » de Fátima

A primeira e a segunda parte do « segredo » de Fátima foram já discutidas tão amplamente por específicas publicações, que não necessitam de ser ilustradas novamente aqui. Queria apenas chamar brevemente a atenção para o ponto mais significativo. Os pastorinhos experimentaram, durante um instante terrível, uma visão do inferno. Viram a queda das « almas dos pobres pecadores ». Em seguida, foi-lhes dito o motivo pelo qual tiveram de passar por esse instante: para « salvá-las » – para mostrar um caminho de salvação. Isto faz-nos recordar uma frase da primeira Carta de Pedro que diz: « Estais certos de obter, como prémio da vossa fé, a salvação das almas » (1, 9). Como caminho para se chegar a tal objectivo, é indicado de modo surpreendente para pessoas originárias do ambiente Católica anglo-saxónico e germânico – a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Para compreender isto, deveria bastar uma breve explicação. O termo « coração », na linguagem da Bíblia, significa o centro da existência humana, uma confluência da razão, vontade, temperamento e sensibilidade, onde a pessoa encontra a sua unidade e orientação interior. O « coração imaculado » é, segundo o evangelho de Mateus (5, 8), um coração que a partir de Deus chegou a uma perfeita unidade interior e, consequentemente, « vê a Deus ». Portanto, « devoção » ao Imaculado Coração de Maria é aproximar-se desta atitude do coração, na qual o fiat – « seja feita a vossa vontade » – se torna o centro conformador de toda a existência. Se porventura alguém objectasse que não se deve interpor um ser humano entre nós e Cristo, lembre-se de que Paulo não tem medo de dizer às suas comunidades: « Imitai-me » (cf. 1 Cor 4, 16; Fil 3, 17; 1 Tes 1, 6; 2 Tes 3, 7.9). No Apóstolo, elas podem verificar concretamente o que significa seguir Cristo. Mas, com quem poderemos nós aprender sempre melhor do que com a Mãe do Senhor?

Chegamos assim finalmente à terceira parte do « segredo » de Fátima, publicado aqui pela primeira vez integralmente. Como resulta da documentação anterior, a interpretação dada pelo Cardeal Sodano, no seu texto do dia 13 de Maio, tinha antes sido apresentada pessoalmente à Irmã Lúcia. A tal propósito, ela começou por observar que lhe foi dada a visão, mas não a sua interpretação. A interpretação, dizia, não compete ao vidente, mas à Igreja. No entanto, depois da leitura do texto, a Irmã Lúcia disse que tal interpretação corresponde àquilo que ela mesma tinha sentido e que, pela sua parte, reconhecia essa interpretação como correcta. Sendo assim, limitar-nos-emos, naquilo que vem a seguir, a dar de forma profunda um fundamento à referida interpretação, partindo dos critérios anteriormente desenvolvidos.

Do mesmo modo que tínhamos indentificado, como palavra-chave da primeira e segunda parte do « segredo », a frase « salvar as almas », assim agora a palavra-chave desta parte do « segredo » é o tríplice grito: « Penitência, Penitência, Penitência! » Volta-nos ao pensamento o início do Evangelho: « Pænitemini et credite evangelio » (Mc 1, 15). Perceber os sinais do tempo significa compreender a urgência da penitência, da conversão, da fé. Tal é a resposta justa a uma época histórica caracterizada por grandes perigos, que serão delineados nas sucessivas imagens. Deixo aqui uma recordação pessoal: num colóquio que a Irmã Lúcia teve comigo, ela disse-me que lhe parecia cada vez mais claramente que o objectivo de todas as aparições era fazer crescer sempre mais na fé, na esperança e na caridade; tudo o mais pretendia apenas levar a isso.

Examinemos agora mais de perto as diversas imagens. O anjo com a espada de fogo à esquerda da Mãe de Deus lembra imagens análogas do Apocalipse: ele representa a ameaça do juízo que pende sobre o mundo. A possibilidade que este acabe reduzido a cinzas num mar de chamas, hoje já não aparece de forma alguma como pura fantasia: o próprio homem preparou, com suas invenções, a espada de fogo. Em seguida, a visão mostra a força que se contrapõe ao poder da destruição: o brilho da Mãe de Deus e, de algum modo proveniente do mesmo, o apelo à penitência. Deste modo, é sublinhada a importância da liberdade do homem: o futuro não está de forma alguma determinado imutavelmente, e a imagem vista pelos pastorinhos não é, absolutamente, um filme antecipado do futuro, do qual já nada se poderia mudar. Na realidade, toda a visão acontece só para chamar em campo a liberdade e orientá-la numa direcção positiva. O sentido da visão não é, portanto, o de mostrar um filme sobre o futuro, já fixo irremediavelmente; mas exactamente o contrário: o seu sentido é mobilizar as forças da mudança em bem. Por isso, há que considerar completamente extraviadas aquelas explicações fatalistas do « segredo » que dizem, por exemplo, que o autor do atentado de 13 de Maio de 1981 teria sido, em última análise, um instrumento do plano divino predisposto pela Providência e, por conseguinte, não poderia ter agido livremente, ou outras ideias semelhantes que por aí andam. A visão fala sobretudo de perigos e do caminho para salvar-se deles.

As frases seguintes do texto mostram uma vez mais e de forma muito clara o carácter simbólico da visão: Deus permanece o incomensurável e a luz que está para além de qualquer visão nossa. As pessoas humanas são vistas como que num espelho. Devemos ter continuamente presente esta limitação inerente à visão, cujos confins estão aqui visivelmente indicados. O futuro é visto apenas « como que num espelho, de maneira confusa » (cf. 1 Cor 13, 12). Consideremos agora as diversas imagens que se sucedem no texto do « segredo ». O lugar da acção é descrito com três símbolos: uma montanha íngreme, uma grande cidade meia em ruínas e finalmente uma grande cruz de troncos toscos. A montanha e a cidade simbolizam o lugar da história humana: a história como árdua subida para o alto, a história como lugar da criatividade e convivência humana e simultaneamente de destruições pelas quais o homem aniquila a obra do seu próprio trabalho. A cidade pode ser lugar de comunhão e progresso, mas também lugar do perigo e da ameaça mais extrema. No cimo da montanha, está a cruz: meta e ponto de orientação da história. Na cruz, a destruição é transformada em salvação; ergue-se como sinal da miséria da história e como promessa para a mesma.

Aparecem lá, depois, pessoas humanas: o Bispo vestido de branco (« tivemos o pressentimento que era o Santo Padre »), outros bispos, sacerdotes, religiosos e religiosas e, finalmente, homens e mulheres de todas as classes e posições sociais. O Papa parece caminhar à frente dos outros, tremendo e sofrendo por todos os horrores que o circundam. E não são apenas as casas da cidade que jazem meio em ruínas; o seu caminho é ladeado pelos cadáveres dos mortos. Deste modo, o caminho da Igreja é descrito como uma Via Sacra, como um caminho num tempo de violência, destruições e perseguições. Nesta imagem, pode-se ver representada a história dum século inteiro. Tal como os lugares da terra aparecem sinteticamente representados nas duas imagens da montanha e da cidade e estão orientados para a cruz, assim também os tempos são apresentados de forma contraída: na visão, podemos reconhecer o século vinte como século dos mártires, como século dos sofrimentos e perseguições à Igreja, como o século das guerras mundiais e de muitas guerras locais que ocuparam toda a segunda metade do mesmo, tendo feito experimentar novas formas de crueldade. No « espelho » desta visão, vemos passar as testemunhas da fé de decénios. A este respeito, é oportuno mencionar uma frase da carta que a Irmã Lúcia escreveu ao Santo Padre no dia 12 de Maio de 1982: « A terceira parte do “segredo” refere-se às palavras de Nossa Senhora: “Se não, [a Rússia] espalhará os seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja. Os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas” ».

Na Via Sacra deste século, tem um papel especial a figura do Papa. Na árdua subida da montanha, podemos sem dúvida ver figurados conjuntamente diversos Papas, começando de Pio X até ao Papa actual, que partilharam os sofrimentos deste século e se esforçaram por avançar, no meio deles, pelo caminho que leva à cruz. Na visão, também o Papa é morto na estrada dos mártires. Não era razoável que o Santo Padre, quando, depois do atentado de 13 de Maio de 1981, mandou trazer o texto da terceira parte do « segredo », tivesse lá identificado o seu próprio destino? Esteve muito perto da fronteira da morte, tendo ele mesmo explicado a sua salvação com as palavras seguintes: « Foi uma mão materna que guiou a trajectória da bala e o Papa agonizante deteve-se no limiar da morte » (13 de Maio de 1994). O facto de ter havido lá uma « mão materna » que desviou a bala mortífera demonstra uma vez mais que não existe um destino imutável, que a fé e a oração são forças que podem influir na história e que, em última análise, a oração é mais forte que as balas, a fé mais poderosa que os exércitos.

A conclusão do « segredo » lembra imagens, que Lúcia pode ter visto em livros de piedade e cujo conteúdo deriva de antigas intuições de fé. É uma visão consoladora, que quer tornar permeável à força sanificante de Deus uma história de sangue e de lágrimas. Anjos recolhem, sob os braços da cruz, o sangue dos mártires e com ele regam as almas que se aproximam de Deus. O sangue de Cristo e o sangue dos mártires são vistos aqui juntos: o sangue dos mártires escorre dos braços da cruz. O seu martírio realiza-se solidariamente com a paixão de Cristo, identificando-se com ela. Eles completam em favor do corpo de Cristo o que ainda falta aos seus sofrimentos (cf. Col 1, 24). A sua própria vida tornou-se eucaristia, inserindo-se no mistério do grão de trigo que morre e se torna fecundo. O sangue dos mártires é semente de cristãos, disse Tertuliano. Tal como nasceu a Igreja da morte de Cristo, do seu lado aberto, assim também a morte das testemunhas é fecunda para a vida futura da Igreja. Deste modo, a visão da terceira parte do « segredo », tão angustiante ao início, termina numa imagem de esperança: nenhum sofrimento é vão, e precisamente uma Igreja sofredora, uma Igreja dos mártires torna-se sinal indicador para o homem na sua busca de Deus. Não se trata apenas de ver os que sofrem acolhidos na mão amorosa de Deus como Lázaro, que encontrou a grande consolação e misteriosamente representa Cristo, que por nós Se quis fazer o pobre Lázaro; mas há algo mais: do sofrimento das testemunhas deriva uma força de purificação e renovamento, porque é a actualização do próprio sofrimento de Cristo e transmite ao tempo presente a sua eficácia salvífica.

Chegamos assim a uma última pergunta: O que é que significa no seu conjunto (nas suas três partes) o « segredo » de Fátima? O que é nos diz a nós? Em primeiro lugar, devemos supor, como afirma o Cardeal Sodano, que « os acontecimentos a que faz referência a terceira parte do “segredo” de Fátima parecem pertencer já ao passado ». Os diversos acontecimentos, na medida em que lá são representados, pertencem já ao passado. Quem estava à espera de impressionantes revelações apocalípticas sobre o fim do mundo ou sobre o futuro desenrolar da história, deve ficar desiludido. Fátima não oferece tais satisfações à nossa curiosidade, como, aliás, a fé cristã em geral que não pretende nem pode ser alimento para a nossa curiosidade. O que permanece – dissemo-lo logo ao início das nossas reflexões sobre o texto do « segredo » – é a exortação à oração como caminho para a « salvação das almas », e no mesmo sentido o apelo à penitência e à conversão.

Queria, no fim, tomar uma vez mais outra palavra-chave do « segredo » que justamente se tornou famosa: « O meu Imaculado Coração triunfará ». Que significa isto? Significa que este Coração aberto a Deus, purificado pela contemplação de Deus, é mais forte que as pistolas ou outras armas de qualquer espécie. O fiat de Maria, a palavra do seu Coração, mudou a história do mundo, porque introduziu neste mundo o Salvador: graças àquele « Sim », Deus pôde fazer-Se homem no nosso meio e tal permanece para sempre. Que o maligno tem poder neste mundo, vemo-lo e experimentamo-lo continuamente; tem poder, porque a nossa liberdade se deixa continuamente desviar de Deus. Mas, desde que Deus passou a ter um coração humano e deste modo orientou a liberdade do homem para o bem, para Deus, a liberdade para o mal deixou de ter a última palavra. O que vale desde então, está expresso nesta frase: « No mundo tereis aflições, mas tende confiança! Eu venci o mundo » (Jo 16, 33). A mensagem de Fátima convida a confiar nesta promessa.

Joseph Card. Ratzinger
Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé