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Nossa Senhora Aparecida1“Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!” Quantas vezes, cada dia, esse canto se eleva aos céus, em grandes igrejas, em pequenas grutas ou em humildes casas de nosso povo? Na simplicidade de suas palavras, é uma saudação, uma invocação de filial devoção e de confiança na Mãe de Deus. Em nenhum outro lugar, contudo, ele tem tanta força e sentido como em Aparecida – SP. Quando o romeiro entra naquele santuário mariano e escuta esse hino dirigido à mãe de Jesus, passa a cantá-lo e diz para si mesmo: “Que bom que eu vim! Valeu!”

“Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!” Poucos santuários marianos têm uma história tão simples como o de Aparecida. Em 1717, três pescadores lançavam as redes nas águas do Rio Paraíba. De repente, encontraram um corpo e, depois, a cabeça de uma pequena imagem de cerâmica, enegrecida pelo lodo. Seguiu-se uma pesca abundante e, a partir daí, começou naquela região um culto popular a Nossa Senhora da Conceição. No início, os encontros de oração aconteciam nas próprias casas dos pescadores; depois, em pequenas capelinhas e, com o tempo, em igrejas cada vez maiores. Multiplicaram-se as graças, aumentou sempre mais o número de romarias e a imagem passou a ser chamada carinhosamente de “Aparecida”.

Em vista do terceiro centenário desses acontecimentos, encontra-se em curso a peregrinação de uma imagem de Nossa Senhor Aparecida pelas dioceses brasileiras. Chegou, agora, a vez da Arquidiocese de São Salvador da Bahia recebê-la. Assim, no próximo sábado, dia 10 de setembro, com um grande grupo de peregrinos estarei no Santuário de Aparecida recebendo a imagem que, à noite, estará chegando a Salvador. Aqui, ela será levada para a Matriz de Nossa Senhora Aparecida, no bairro de Imbuí, de onde, no domingo à tarde, sairá em carreata em direção à Arena Fonte Nova. (Antecipo que, por medida de segurança, para entrar na Fonte Nova será necessária uma pulseira, distribuída gratuitamente. Estamos com um “bom” problema: não há mais pulseiras disponíveis!).

Quando esteve em Aparecida – SP, em 1980, o Papa São João Paulo II fez duas perguntas: “O que buscavam os antigos romeiros?   O que buscam os peregrinos de hoje?” Ele mesmo respondeu: “Aquilo mesmo que buscavam no dia do Batismo: a fé e os meios de alimentá-la. Buscam os sacramentos da Igreja, sobretudo a reconciliação com Deus e o alimento eucarístico. E voltam revigorados e agradecidos à Senhora, Mãe de Deus e nossa”.

Em Aparecida, Maria é invocada como padroeira e mãe. A função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca ou diminui a única mediação de Cristo; antes, manifesta sua eficácia. Se o sacerdócio de Cristo pode ser participado pelos batizados e, de modo especial, pelos que recebem o sacramento da Ordem, por que alguém não poderia participar de sua mediação?

Em Aparecida, o povo se une a Maria através de muitas expressões de fé: celebrações, orações, novenas, rosário… Depois, leva para suas comunidades o que ali aprende. Leva o apelo para, em família, ler diariamente a Palavra de Deus e rezar o Terço; para participar intensamente da vida de sua paróquia e se dedicar aos mais necessitados. Descobre que, dessa maneira, Maria Santíssima pode, com mais facilidade, conduzir cada família pelos caminhos de Jesus.

A imagem de Aparecida lembra-nos aquela que, desde toda a eternidade, ocupa um lugar especial no Coração do Pai e, tendo sido envolvida pela sombra do Espírito Santo (cf. Lc 1,35), tornou-se Mãe de Jesus. Essa mãe tem uma multidão de filhos que, alegres, ao longo desse imenso Brasil, cantam: “Viva a Mãe de Deus e nossa, sem pecado concebida! Viva a Virgem Imaculada, a Senhora Aparecida!”.

AUTOR:
Dom Murilo S.R. Krieger
Arcebispo de Salvador

FONTE:
Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB


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