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nossasenhoraarautosmontecarmelo-199x300Chamada desde os primeiros tempos do Cristianismo de “nova Eva”, Maria Santíssima foi sempre considerada, pela piedade católica, Medianeira entre nós e seu Divino Filho; mediação inteiramente subordinada e dependente dos méritos de Cristo.

É evidente que Maria Santíssima não pode ser comparada a Deus por sua natureza e condição de criatura. Mas, apesar de ser pura criatura, Ela supera todas as demais, por todos os privilégios com os quais foi cumulada. Singular entre todas, bem mereceu o título de Medianeira, distribuindo aos homens os dons de Deus, tomando as orações dos homens e apresentando-as a Deus.

Essa intercessão, de si, não seria imprescindível, visto que a de Cristo é perfeita e não necessita ser completada. Porém, ela foi desejada pela Providência, comenta o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira:

“Escolhida para ser a Mãe do Verbo Encarnado, sempre imaculada e cheia de graça, a união que Nossa Senhora tem com Jesus é a mais alta que uma simples criatura humana pode ter com Deus. Em virtude desse vínculo extraordinário, Nosso Senhor nada recusa à sua Mãe, o que faz d’Ela uma intercessora onipotente, junto a Ele”.1

O privilégio universal de todas as graças é outro título de Maria Santíssima que está inteiramente vinculado ao de sua Mediação universal, visto que ambos se completam.

Os Evangelhos contam que, depois de receber a Anunciação do Anjo, Maria dirigiu-se apressadamente à região montanhosa da Judéia, a fim de ajudar sua prima Santa Isabel, que estava para dar à luz. Logo que Maria saudou Isabel, “a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo” (Lc 1, 40). Eis o primeiro fato público em que transparece Maria como Medianeira e Distribuidora de todas as graças: “O eco de sua voz transformou um homem, conferindo- lhe um eminente grau de santidade”. 2

Em outra passagem, São João relata que, Jesus estava juntamente com Maria Santíssima numa festa de casamento e, “como viesse a faltar vinho, a mãe de Jesus disse-lhe: “Eles já não têm vinho”. Respondeu-lhe Jesus: “Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou”. Disse, então, sua mãe aos serventes: “Fazei o que Ele vos disser”. (Jo 2, 3-5)

Nosso Senhor, que nunca recusa um pedido de sua Mãe, ordenou que lhe trouxessem as talhas com água, e a transformou no mais saboroso vinho que a História já conheceu.

Com efeito, Maria consegue de Seu Filho tudo aquilo que Lhe roga, “pois, Ele a fez soberana do céu e da terra, general de seus exércitos, tesoureira de suas riquezas, dispensadora de suas graças, artífice de suas grandes maravilhas, reparadora do gênero humano, mediadora para os homens, exterminadora dos inimigos de Deus e a fiel companheira de suas grandezas e de seus triunfos”. 3

Estes títulos de Maria – Medianeira e distribuidora de todas as Graças – há séculos vêm sendo afirmados pela Tradição da Igreja. Podemos encontrar já nos primeiros tempos do Cristianismo o testemunho de Santo Efrém: “A ti, portanto, Imaculada e Medianeira do mundo, te dirijo minhas súplicas em minha contrição perfeita”. 4

Durante o período luminar da escolástica, Santo Alberto Magno afirmou ser Maria “a fonte de água inesgotável, pela plenitude de sua mesma graça, pela qual recebe o pecador a absolvição que perdoa; o justo, a pureza da graça; o tentado, o refrigério; e o devoto, a fonte da sabedoria”. 5

Muitos dos pontífices foram unânimes em afirmar a mediação de Maria: Leão XIII, na Encíclica Iucunda Semper, escreve “que, rezando, pedimos a proteção de Maria é o que indubitavelmente tem seu fundamento no ofício de obter-nos a graça divina, ofício que Maria exerce continuamente junto de Deus”. 6

Bento XV instituiu a festa litúrgica de Maria Medianeira de todas as graças para as dioceses e ordens religiosas belgas que lhe pediram; 7 São Pio X diz que, tendo Maria Se associado aos sofrimentos de Cristo, mereceu ser considerada como “a onipotente Medianeira e Reconciliadora de toda a Terra junto de seu Filho único”. 8

E o Concílio Vaticano II afirmou claramente que Maria cuida, com amor materno, dos irmãos de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a Virgem é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora, socorro, medianeira. Mas isto entende-se de maneira que nada tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único mediador, que é Cristo, para com os homens; não obscurece nem diminui a mediação única de Cristo, antes serve para demonstrar seu poder.9

Assim, através de sua maternal intercessão, Nossa Senhora tem favorecido de vários modos aos seus filhos, concedendo-lhes meios eficazes para obterem as graças que necessitam.

Fonte do Artigo:
Instituto Filosófico-Teológico Santa Escolástica
Arautos do Evangelho

 

Autora:
Ir. Elen Coelho, EP

Fonte da Autora:

1 CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Escravidão de amor a Nossa Senhora. In: Dr. Plinio. São Paulo: Ano VI, n.59, fev.2003, p. 9.

2 Id. O poder da voz de Nossa Senhora. Conferência. São Paulo, 2 jul. 1970. (Arquivo IFTE). As matérias extraídas de exposições verbais – designadas neste trabalho, segundo sua índole, como “conferências”, “palestras”, “conversas” ou “homilias” – foram adaptadas para a linguagem escrita.

3 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n.28.p.34-35.

4 SANTO EFRÉM, apud ALASTRUEY. Gregorio. Tratado de la Virgem Santissima. Madrid: BAC, 1956, p.634.

5 SANTO ALBERTO MAGNO, apud ALASTRUEY. Op.cit. p.639

6 LEÃO XIII. Iucunda Semper, 8 de dez.1894. apud ROSCHINI, Gabriel. Instruções Marianas. São Paulo: Paulinas, 1960, p.101.

7 ROSCHINI. Instruções Marianas. São Paulo: Paulinas, 1960 p.102.

8 SÃO PIO X. Encíclica Ad Diem Illum, 2 de dez.1854. apud ROSCHINI. Op.cit. p.102.

9 CONCÍLIO VATICANO II. Lumen Gentium, n 62.


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