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A presença de Maria na história de Cuba remonta ao surgimento da primeira comunidade cristã de raiz indígena, nascida pela pregação de um soldado anônimo de Sebastião de Ocampo, que em 1509, enfermo, chegou àquelas paragens, recomendado aos cuidados dos índios da região de Macaca.

Os cuidados foram tão eficazes que o soldado em breve se recuperou .

Este, por sua vez, ofereceu aos seus samaritanos o Dom da mensagem do Evangelho, pois, uma vez restabelecido, aprendeu a língua deles e lhes serviu de catequista. Por inspiração do anônimo soldado cubano, os indígenas construíram o primeiro templo cubano. Nele começaram a elevar suas preces a Deus e colocaram uma imagem da Virgem. Aqueles índios, primícias da evangelização em Cuba, aprenderam, junto com as primeiras noções da fé, a devoção à Virgem, expressa na oração da Ave Maria.

Contudo, em 1612 que a Santíssima Virgem quis manifestar seu especial pelos cubanos. Graças à aparição no arquivo das Índias do manuscrito que em 1738, a pedido do Rei, se enviara à Corte para prover de um capelão o Santuário da Virgem do Cobre, sabemos através de testemunhos antigos e diretos, a história da descoberta da imagem Os relatos se remontam ao ano de 1687 e impressionam por sua simplicidade e beleza.

Este é um dos mais importantes documentos da história cubana. Talvez seja a primeira vez que, na história da ilha de Cuba, em um documento oficial se apresenta a declaração solene de um negro escravo, dando força legal ao testemunho de um daqueles homens que, por causa da escravidão, haviam perdido todos os seus direitos e que eram apenas tratados como pessoas. O declarante é o escravo negro Juan Moreno, garoto de dez anos, que acompanhou aos irmãos Juan e Rodrigo de Hoyos, “índios naturais do pais”, em sua viagem a Nipe para buscar sal, quando deu-se a descoberta da imagem da Virgem. Juan Moreno, ancião de 85 anos e único sobrevivente daquele acontecimento, relata as recordações de sua infância com a voz simples e poética dos humildes.

“…Estando muna manhã o mar muito calmo, saíram do dito recife francês para a dita saída antes de raiar o sol, os ditos Juan e Rodrigo Hoyos e este declarante. Embarcados em uma canoa e apartados do dito recife francês viram uma coisa branca sobre a espuma da água, que não puderam distinguir o que poderia ser, e aproximando-se mais pareceu-lhes ser um pássaro e galhos secos. Disseram os referidos índios, parece uma menina, e mal acabaram de falar, reconheceram e viram a imagem de Nossa Senhora, a Santíssima Virgem com um Menino Jesus nos braços sobre uma tabuleta, e na dita tabuleta umas letras grandes, as quais leu o dito Rodrigo de Hoyos e diziam: “Eu sou a Virgem da Caridade”. Vendo suas vestimentas admiraram-se de que não estivessem molhadas, e nisto, cheios de gozo e alegria, colheram apenas três terços de sal e vieram para a Fazenda de Barajagua”.

Maria da Caridade apareceu a três representantes das classes mais pobres e exploradas: dois índios e um negro escravo, aos quais enche de alegria com sua presença. Os humildes puderam senti-la próxima e solidária porque Maria trazia com ela aquele que “realiza prodígios com seu braço, dispersa aos soberbos de coração, aquele que derruba do trono os poderosos e eleva os humildes, aquele que aos famintos enche de bens e aos ricos despede de mãos vazias”.

Pouco tempo depois, a imagem da Virgem foi trasladada para o povoado de El Cobre.

Era como se a Virgem, desde sua aparição e descoberta, trouxesse para o povo oprimido e sofredor, uma mensagem de libertação e de justiça, porque foi El Cobre o primeiro povoado de Cuba a promover a liberdade dos escravos. Não é de se admirar que Céspedes, 68 anos depois, quando visitou a cidade, apresentou suas armas à Senhora e pôs debaixo de seus pés a luta justa que ele liderara para o bem do povo. O mesmo Céspedes hasteou a bandeira libertária confeccionada com a tela do dossel que continha a imagem familiar da Virgem em seu lugar de Bayamo.

Em 1915, quando os veteranos mambises, encabeçados por Jesús Rabí, enviam uma carta ao Papa Benedito XV pedindo que proclame como Patrona de Cuba à Virgem da Caridade do Cobre, não fez mais que manifestar a devoção de todo o povo cubano, proclamar sua fé em Jesus Cristo e seu amor de Mãe, reconhecendo publicamente o que havia manifestado nos anos de luta e sofrimento: a proteção de Maria, seu constante auxílio em favor do povo cubano.

Ela, a Virgem Morena, a Virgem Fiel, que acompanhou o povo cubano em todos os momentos de sua história e tem-se comprometido a segui-la com seu Amor, convida todos os povos uma vez mais a crescer nesse Amor.

No dia 8 de setembro de 1927 foi inaugurado o atual Santuário, na cidade de El Cobre. Dali a Virgem continua protegendo, com olhar e coração maternal, a todos os seus filhos que, nela, descobrem um dos melhores meios para se achegar a Jesus, fonte de toda esperança.

Nossa Senhora da Caridade do Cobre, rogai por nós!


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