A palavra Evangelho, embora derive diretamente do vocábulo latino “Evangelium”, tem sua origem remota num nome grego que significa “Boa Nova”. Antigamente referia-se ao sacrifício oferecido por ocasião do recebimento de uma boa notícia ou do presente dado a quem a transmitia. Mais tarde passou a designar a própria boa nova, sendo esta a acepção dos autores do Novo Testamento, para quem o Evangelho é em essência a Boa Nova dado ao mundo com a notícia da salvação dos homens, trazida por Jesus e pregada pelos Apóstolos.
O título de Boa Nova dado a Mãe de Deus é bem apropriado, porque Ela á a “Aurora de Cristo”, segundo a expressão de Teihard de Chardin, antes mesmo de Jesus se manifestar como Palavra, Maria já vivia a palavra oculta. Assim, a primeira pregação de Cristo foi a vida de Maria tal qual aparece nos relatos evangélicos.
Apesar da conotação moderna de Boa Nova relacionada à Virgem Santíssima como o centro do Evangelho, em alguns países, como a França e Portugal, esta invocação mariana derivou de outras boas novas dadas à população em lendárias aparições da Rainha do Céu.
O Santuário de Frouville, por exemplo, está ligado a interessante lenda. Contam que em 1560 um jovem pastor chamado Gulvin ou Gudin, que aos 18 anos acabara de fazer a sua primeira comunhão, estava muito preocupado por não poder juntar-se aos companheiros para assistir à missa, pois deveria conduzir seu rebanho ao bosque próximo. Ele se ajoelhou e rezou à Virgem Maria, que lhe apareceu e disse: “Dentro de três dias estarás comigo no céu”. O jovem contou sua extraordinária aventura à família, que três dias depois constatou a incontestável veracidade. O acontecimento repercutiu enormemente na região e grande número de enfermos se dirigiu ao local da aparição onde várias curas foram realizadas e diversas graças alcançadas. O povo viu então a necessidade de ali construir um santuário, que se tornou uma realidade, graças à generosidade do castelão local, o Sr. de Frouville. Até hoje inúmeros peregrinos para lá se dirigem durante o ano, principalmente na 2ª feira de Pentecostes, quando se celebra solenemente missa ao ar livre.
São veneradas ainda outras Senhoras das Boas Novas no país dos francos, como a de Chateau l´Eveque, que anunciou a ação heróica de Joana D’ Arc pela libertação da França; e a de Montaigut, que representa a Virgem adolescente de pé, sorrindo e com as mãos juntas com se estivesse anunciando ao mundo a chegada do Reino de Deus e a Salvação dos homens. Ela é muito venerada pelos soldados devido à sua eficaz proteção durante a guerra de 1870 e sua festa é celebrada no dia da Natividade.
Em Braga, Portugal, no ano de 1512, o arcebispo D. Diogo de Souza abriu a rua Nova do Souza e mandou edificar uma ermida dedicada à Virgem Maria. Ao saber da boa notícia, os moradores do bairro resolveram mostrar o seu reconhecimento, erigindo uma confraria para prover o culto da Senhora da Boa Nova.
Talvez algum membro daquela irmandade tenha vindo para o Brasil e trazido uma imagem desta Senhora para Salvador, pois existe na igreja da Ajuda uma antiga escultura barroca deste orago que dizem ter pertencido à velha “Sé de Palha” demolida no início do século XX para melhoramentos no bairro. Nossa Senhora da Boa Nova é também venerada em Boa Nova, diocese de Jequié (BA), e na paróquia de Vitória da Conquista, sede de Bispado e uma das cidades mais importantes do sul da Bahia.
Nossa Senhora da Boa Nova, rogai por nós!
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