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Autor: Frei Lourenço Maria Papin, OP


A Igreja toda viveu um forte momento de emoção religiosa com a beatificação de João Paulo II por Bento XVI, no passado dia primeiro de maio.

E a Igreja no Brasil, particularmente reviverá essa emoção com beatificação da brasileira Irmã Dulce, no próximo 22 de maio. Irmã Dulce, carinhosamente chamada de “o anjo bom da Bahia” em razão de seu trabalho com os doentes, pobres e marginalizados.

Os ritos da Beatificação, assim como na canonização, são gestos eclesiais para lembrar que todos somos chamados por Deus a ser santos.

“Vocação Universal à Santidade na Igreja” é o significativo título do capítulo V da Constituição Dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II.

A propósito, escreveu João Paulo II: “A santidade é a prioridade permanente da Igreja” (Cf. Carta Apostólica “No início do novo milênio” – NMI – n. 30). E Igreja somos todos nós, sem distinção, igualitáriamente.

Mas afinal, o que é ser santo? Antes de tudo, a santidade não é privilégio de alguns nem é elitista.  Ela não está além das nuvens, mas ao alcance de todos, pois “esta é a vontade de Deus: a vossa santificação”, escreveu Paulo à sua comunidade de Tessalônica (1 Tess 4,3).

Aliás, os cristãos, no tempo dos apóstolos, sem falsa modéstia, se chamavam de santos. É tão bonita a conclusão da carta de Paulo aos filipenses, escrita na prisão em Roma: “Saudai a todos os santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam. Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa do Imperador” (Fl 4,21). Santos estes corajosos, pois certamente viviam na clandestinidade!

Ser santo é viver a Caridade, isto é, levar até as últimas consequências os dois supremos mandamentos: amar a Deus  sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo (Cf Mt 22, 34-40). A santidade consiste essencialmente na Caridade e no fato de sermos filhos de Deus, “participantes de sua natureza divina” (2 Pd 1, 4b).

Ser santo é viver na amizade filial com Deus. É estar em comunhão com a Trindade Santa, mistério de infinito amor. A Trindade é fonte e inspiração de toda a santidade.

Ser santo é ter vida de oração pessoal e comunitária permanente . É ouvirr e praticar a Palavra de Deus com todas suas exigências, numa atitude de Fé vivificada pela Caridade.

Ser santo é estar em comunhão participativa com a Igreja, com a comunidade. Ninguém se torna santo isoladamente. Na Igreja vamos encontrar os Sacramentos como canais de graças especiais para o crescimento na santidade. Ser santo é ter vida sacramental, sobretudo eucarística.

Ser santo é estar em continuo e humilde processo de conversão, procurando afastar o maior obstáculo à santidade que pe o pecado. Ser santo é viver em estado de Graça.

Ser santo é fazer de toda nossa vida uma oblação a Deus, como expressão de entrega e serviço a Ele e aos irmãos, sobretudo pobres e necessitados.

Ser santos é respeitar a defender a dignidade da pessoa humana, obra-prima de Deus, remida e restaurada pelo sangue de Cristo. Ser santo é ter fome e sede justiça e promover a paz como exigência de vida digna para todos. Essa é a dimensão social da santidade.

A santidade pode florescer em toda parte, nos mais variados estilos de vida: na vida conjugal e familiar, na vida sacerdotal e religiosa nas diversas modalidades da vida profissional e até mesmo na vida politica.

Entre as centenas de processos de beatificação de leigos e leigas que tramitam no Vaticano, pelo menos dois se referem a politicos: Alcides De Gasperi, admirável estadista, por vários anos primeiro ministro da Itália no após guerra, e Giorgio La Pira, respeitado jurista que foi deputado federal no parlamento italiano e duas vezes prefeito de Florença.

Independente de beatificação ou canonização, estejamos certos que há multidões de santos e santas anônimos pelos caminhos da vida, tantos deles, quem sabe, bem perto de nós, no meio de nós! Se não os houvesse, a Redenção teria sido um fracasso, como profetizou um meu confrade, Frei João Alves Basílio.

E para nos questionar, cito aqui as desconcertantes palavras de um grande convertido, escritor e jornalista católico francês, Léon Bloy (1846  – 1917): “A única tristeza é não ser santo”!

Sim, “a única tristeza é não ser santo”: na vida pessoal, na vida de família e de comunidade, na vida profissional, política e social. Essa tristeza desaparecerá e dará lugar  à verdadeira alegria, na medida e m que houver empenho na busca da santidade.

Será a santidade um ideal impossível? Mas Deus nunca exige de seus filhos o impossível!

Não obstante as fraquezas e limitações humanas, pois somos santos e pecadores, acreditamos no ideal da santidade, sabendo que o seu protagonista é o próprio Espírito de Deus, forte e suavemente agindo na criatura humana.


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  1. O Santo é o pecador que não desiste de seguir os caminhos de Deus.

    O Santo é o pecador que põe em primeiro plano o Reino de Deus e é fiel ao compromisso do seu Batismo.

    Santo é aquele que atingiu a sabedoria da cruz e por meio dela chegou ao Mistério de Cristo.

    Santo é o pecador que carrega a Cruz de cada dia,quando cai se levanta, segue os caminhos de Cristo e tal como Ele, chega à Feliz Glória da Ressurreição.
    Dário Costa

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