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Our_Lady_of_Good_Counsel_by_Pasquale_SarulloAinda mergulhados no clima espiritual do Natal, contemplando o mistério inefável da Encarnação do Verbo, no primeiro dia do ano civil, a Igreja celebra a Virgem Maria, Mãe de Deus, ela que deu corpo ao Filho único de Deus Pai. Esta solenidade da Mãe de Deus é a primeira festa mariana que apareceu na Igreja do Ocidente.

Falando da maternidade divina de Maria, assim se expressa São Pedro Damião (1007-1072), bispo e doutor da Igreja:

“Esta matéria extraordinária nos tira até a capacidade de falar. Que língua poderá explicar, que inteligência não ficaria parada de espanto se começasse a pensar que o Criador nasce da criatura, o artesão vem de seu artefato, que o seio de uma jovem virgem tenha gerado Aquele que pode conter todo o universo?” (Maria Medianeira, p. 36).

“Porque o mundo era indigno de receber o Filho de Deus diretamente das mãos do Pai, diz Santo Agostinho, Ele o deu a Maria a fim de que O mundo recebesse por meio dela”.

A obra de nossa salvação está na adoção filial realizada por Cristo, repleta da figura de Maria. Graças a Ela, o Filho de Deus, “nascido de mulher” (Gl 4,4), pôde vir ao mundo como verdadeiro homem, quando os tempos estavam maduros. No Verbo feito carne, na mulher, Deus disse sua Palavra última e definitiva. Então, ao começar um novo Ano, somos convidados a buscar a luz do “sol que nasce do alto” (Lc 1,78).

Disse o Papa São João Paulo II, na Encíclica “A Dignidade da Mulher”: “Isto nos mostra que no ponto chave da história da salvação se dá um acontecimento capital em que entra a figura de uma mulher… Precisamente essa mulher está presente no evento salvífico central que decide da plenitude dos tempos; esse evento se realiza nela e por meio dela” (n. 3).

 O nosso Catecismo diz: “É verdadeiramente “Mãe de Deus”, visto ser a Mãe do Filho Eterno de Deus feito homem, que é ele mesmo Deus” (n. 509).

Assim, a Igreja coloca sob a Sua proteção todo o Ano Novo que se inicia. Ela é Mãe de Deus e nossa Mãe; como disse São Bernardo (1090-1153), doutor da Igreja; Ela é a “onipotência suplicante”. Ela tudo pode diante de Deus, não por natureza, mas pela graça. O que o bom Filho pode negar à Sua Mãe? O que o bom Pai pode negar a Sua Filha predileta? O que o divino Espírito pode negar à Sua amadíssima Esposa?

É debaixo desse poder que a Igreja quer colocar os seus filhos diante do Ano que se inicia, para que Ela nos proteja de todo perigo da alma e do corpo. Quem mais do que a mãe ama o seu filho? Quem mais do que Maria, nos dada como mãe aos pés da Cruz, pode nos proteger? Não há na terra amor maior do que o de mãe.

 As leituras bíblicas nesta Solenidadedão ênfase ao Filho de Deus feito homem e o “Nome” do Senhor. A primeira leitura nos apresenta a bênção solene que os sacerdotes pronunciavam sobre os israelitas nas grandes festas religiosas. “O Senhor te abençoe e te guarde! O Senhor faça brilhar sobre ti a Sua face e se compadeça de ti! O Senhor volte para ti o Seu rosto e te dê a paz”. (Num 6,22-27)

É no nome de Maria, Mãe de Deus e dos homens, que desde 1º de janeiro de 1968 se celebra em todo o mundo o Dia Mundial da Paz.  Neste dia, em todo o mundo a Igreja eleva uma oração a Deus, com a intercessão da Virgem,para invocar a paz. Ela é a Rainha da Paz!  Ela é a Mãe do Príncipe da Paz! Não há nada mais importante do que a paz. Não adiante ter saúde, dinheiro, trabalho… se não houver paz na alma, no lar, no emprego, na nação. A Rainha da Paz é então invocada no primeiro dia do Ano para nos dar a paz que o Senhor trouxe com Sua morte e ressurreição. A paz que supera todo o entendimento humano. E o salmista clama: “Que Deus nos dê a sua graça e sua bênção!” (Sl 66)

É um dia de rezar pela paz que os anjos anunciaram aos pastores na noite de Natal: “paz na terra aos homens de boa vontade” (Lc 2,14). O Papa Francisco, como todos os seus antecessores, já anunciou sua mensagem de Paz, conclamando os povos a deixarem a violência, especialmente em nome de Deus. A paz é um dom messiânico por excelência, é a nossa reconciliação e pacificação com Deus.

O Evangelho desta Solenidade termina com a imposição do nome de Jesus, enquanto Maria, em silêncio, medita em seu coração sobre o mistério do seu Filho, dom de Deus. E nos lembra também a alegria dos pastores, que voltaram “glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham visto e ouvido” (Lc 2,20). O anjo anunciou-lhes que, na cidade de Davi, Belém, havia nascido o Salvador e que encontrariam o sinal: um bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura (cf. Lc 2,11-12).

Ali encontraram Maria, José e o Menino; o “Menino envolto em panos”, pois é ele – o Verbo de Deus (Jo 1,14) – o centro do acontecimento e que faz que a maternidade de Maria seja qualificada como “divina”. Dai vem toda a grandeza, honra, glória e majestade de Maria. Diz o nosso Catecismo que: “Desde toda a eternidade, Deus escolheu, para ser a Mãe do seu Filho, a filha de Israel… “e o nome da Virgem era Maria” (Lc 1,27; n. 488).

Nos Evangelhos ela é denominada “a Mãe de Jesus” (Jo 2,1; 19,25), e Santa Isabel, cheia do Espírito Santo a declara “Mãe do meu Senhor” (Lc 1,43). A Igreja confessou solenemente no Concílio de Éfeso (431) que Maria é verdadeiramente “Mãe de Deus“ (Theotókos); e assim condenava a heresia nestoriana.

Maria é verdadeira Mãe de Deus, em virtude da sua total relação a Cristo. Portanto, “glorificando o Filho, honra-se a Mãe e, honrando a Mãe, glorifica-se o Filho” (Bento XVI). Esse título de Mãe de Deus, que hoje a Igreja destaca, indica a missão única da Virgem Santa na história da salvação. É a base do culto e da devoção que todo povo de Deus lhe presta. Tudo o que a Virgem Maria recebeu de Deus, não é só para si, mas para seus filhos. Reza a oração da coleta que “na sua virgindade fecunda, Deus deu aos homens os bens da salvação eterna”.

Maria continuamente intercede pelo povo de Deus. Assim como Ela deu a vida terrena ao Filho de Deus, agora continua dando aos homens a vida divina; sua missão é formar Jesus Cristo nos cristãos com o Espírito Santo. Ela é Mãe de todo homem que nasce para a graça. Ela é invocada como Mãe da Igreja.

O Papa S. Pio X, na encíclica “Ad diem Illum”, disse:

“Querendo a divina Providência que o Homem-Deus nos viesse por Maria, em cujo seio, por obra do Divino Espírito Santo, Ele quis repousar, resta-nos só a ventura de receber Jesus Cristo das mãos de Maria… Ela é, pois, nossa melhor Guia, nossa melhor Mestra para o conhecimento de Jesus Cristo… Por isso, Ela é quem mais eficazmente pode unir os homens a Jesus Cristo… Só se encontra o Menino com Maria, Sua Mãe” (Vamos todos a Maria Medianeira, p. 85).

E, com este mesmo pensamento, a Igreja tornou célebre esta máxima: “Ad Jesum per Mariam” – A Jesus por Maria. Ou ainda: “Tudo por Jesus, nada sem Maria”.

Santo Agostinho dizia que “a glória do homem está na carne de Cristo, e a honra da mulher na Mãe de Cristo” (Temas marianos, p. 20).

Por Prof. Felipe Aquino
Fonte: ACI Digital


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