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Primeira Alegria

Primeira Alegria de Maria Santíssima - ANUNCIAÇÃO DO SENHOR

“Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” (Lc 1,28)”

Alegria Cristã

A “alegria” cristã é um sentimento que se vive em Deus e que está sempre associada à fé e a esperança. O Papa Francisco na Exortação apostólica Evangelii Gaudium define a “alegria cristã” como sendo: “a participação espiritual na alegria insondável, conjuntamente divina e humana, que está no coração de Cristo glorificado” (GD p. 15). A autêntica alegria cristã não se trata de um mero sentimento humano satisfeito por algo ou uma realidade; é, antes uma experiência salutar de pertença a uma Pessoa: a de Jesus Cristo.

Cristo gera nos que Dele se aproxima uma felicidade, que “não é um simples estado de espírito passageiro, nem algo que se alcança com os próprios esforços, mas é um dom, nasce do encontro com a pessoa viva de Jesus, do fazer-lhe espaço em nós, do acolher o Espírito Santo que guia a nossa vida” (Bento XVI, Ângelus, 11.12.2011). O sentimento de tristeza, quando fruto do pecado, ocupa um espaço significativo nas páginas das Sagradas Escrituras.

A desobediência do homem insere na história a triste realidade do pecado que desfigura a essência do ser criado à imagem e semelhança de Deus. Contudo, a alegria é um sentimento que está bem mais frequente fazendo sempre referências à alegria que se vive como fruto da intervenção divina na história dos homens.

Do Antigo ao Novo Testamento Deus intervém em favor do seu povo: “Não tenha medo, pois eu o salvarei; eu o chamei pelo seu nome, e você é meu” (Is 43,1). Em sua Exortação ”Gaudete in Domino”, o Papa Paulo VI, nos afirma que o Antigo Testamento é um caminho pelo qual chega a todos nós uma alegria que se amplia e comunica, é fruto de uma experiência que liberta a partir do amor misericordioso de Deus para com o Seu Povo. No Novo Testamento Cristo é a figura da libertação definitiva; Nele está uma alegria sempre atual, onde se vive com Deus e para Deus; uma alegria “gloriosa e sobrenatural profetizada em favor da nova Jerusalém resgatada do exílio e amada pelo próprio Deus com um amor místico” (GD p. 16). A alegria salvadora que é Cristo chega na plenitude dos tempos “nascido de uma mulher” (Gl 4,4).

Alegria da Anunciação

A alegria da Anunciação não está reservada somente a Maria, José e Jesus, mas a nós e a toda a humanidade pois somos amados por Deus de forma única. A alegria que invade a casa de Nazaré no momento da Encarnação do Verbo não é um sentimento exterior a nós mas ”será também para todo o povo” (Lc 2,10). Deus entra na história dos homens através do “sim” da jovem de Nazaré, jovem de nome comum, desconhecida e sem muita importância para a sociedade de seu tempo. Diferente das muitas “Marias” de destaque da sociedade de nosso tempo, Maria a mãe de Jesus, é o exemplo da predileção de Deus pelos pobres e excluídos.

O celeste mensageiro de Deus vai ao encontro da Jovem Judia de Nazaré, na Galiléia, uma filha de Israel, “prometida em casamento a um homem chamado José, que era descendente de Davi” (Lc 1,26) para anunciar-lhes a vontade Deus. A entrada do Verbo no mundo não priva Maria de sua alegre liberdade de escolha e para “formam um corpo” Deus desejou a livre cooperação daquela que será a sua mais fiel escrava. Maria sente a alegria de ser atraída por Deus, convidada e respeitada em sua liberdade.

Assim como em Maria, Deus não força a nossa liberdade humana, nem mesmo quando o destino da humanidade está em jogo pois o “Deus que nos criou sem pedir o nosso consentimento, nunca nos impõe missão alguma sem o nosso assentimento”¹. No diálogo com a jovem nazarena, o Arcanjo Gabriel faz uso da linguagem dos Profetas do Antigo Testamento ”por isso, será chamada Mãe do Senhor”. Os Profetas através de sua fé, acreditaram e exultaram de alegria diante da revelação de que Deus visitaria seu povo por meio da Encarnação do Verbo e mesmo sem ver, acreditaram.

Ao anunciar a chegada do Messias, com suas Palavras, o Arcanjo Gabriel, faz um convite à Virgem a alegrar-se: “Alegre-se, cheia de graça! O Senhor está com você!” (Lc 1, 28), pois terá de Deus o auxílio necessário para a realização de tão grande Missão: “pois o Todo-Poderoso realizou grandes grandes obras em seu favor” (Lc 1,49).

Profecias

Na Anunciação, Maria, não é exortada a uma manifestação de alegria exterior, mas a uma alegria ainda mais radical que aquela de que falam os profetas nos anúncios messiânicos pois a alegria da Anunciação há de reinar no mais profundo da alma; uma alegria que transborda todo o ser.

O profeta Zacarias apresenta-nos uma profecia da qual os Evangelistas aplicam a entrada de Jesus em Jerusalém, a alegria desta profecia está intimamente ligada a vinda do Rei-Messias: “Alegra-te vivamente, ó filha de Sião! Escuta, ó filha de Jerusalém! Eis que o teu Rei vem visitar-te. Ele é justo e vitorioso, e apresenta-se humilde e montado num jumento, num jumentinho, cria de uma jumenta” (Zc 9,9). O profeta Sofonias, apresenta-nos uma profecia da qual a alegria fundamenta-se na salvação que está garantida pela presença de Deus no meio de Israel: “Alegra-te, ó filha de Sião! Lança gritos de alegria, ó Israel! Alegra-te e exulta de todo o coração, ó filha de Jerusalém! Javé levantou a condenação que pesava sobre ti, não verás mais a desgraça!… Javé, teu Deus, está no meio de ti, como guerreiro salvador” (Sof 3, 14-17).

O profeta Joel também prediz esta salvação que se realiza a partir da presença de Deus no meio do seu povo: “Ó terra, não temas, exulta e alegra-te, pois Javé operou maravilhas… Filhos de Sião, exultai e alegrai-vos em Javé vosso Deus… Sabereis que Eu estou no meio de Israel” (Joel 2, 21-23-27). As promessas Messiânicas presente no Antigo Testamento (vinda do Rei-Messias e Salvação), consuma-se no momento da Anunciação. Deste modo não se pode compreender o verdadeiro valor desta alegria da qual Maria é convidada a alegrar-se se a mesma for analisada de forma isolada e por isso é necessário tomá-la na perspectiva de uma tradição.

Bendita entre todas

O convite à alegria no Antigo Testamento é coletivo, dirigido a todo o povo. Os oráculos proféticos convidam a uma alegria na qual Deus se faz presente no meio do povo. No momento da Anunciação o convite a alegrar-se é individual, dirige-se somente a Maria, pois nela se fundamenta esta presença de Deus através do seu Filho Jesus. Porém o seu alcance coletivo não desapareceu. Se o convite coletivo torna-se individual na casa de Nazaré, indica-nos que a Virgem é a personificação desse mesmo povo.

Ela deve alegrar-se primeiro como a bendita entre as mulheres, e alegra-se em nome de todos que serão redimidos pelo bendito fruto de seu ventre e que formará a Igreja futura. É certo que no momento inicial da saudação, Maria, não tenha compreendido toda a significação que se pode atribuir ao aproximarmos a saudação do Arcanjo a todas as profecias do Antigo Testamento. Por este motivo a alegria não transbordou de imediato a Virgem de Nazaré mas provocou-lhes uma perturbação (Lc 1,29) a ponto do Arcanjo dizer-lhes para “não temer” (Lc 1,30). A alegria da Anunciação começa a invadir a alma de Maria na conclusão da mensagem do Arcanjo: “E o anjo a deixou” (Lc 1,38) e foi sempre crescendo à medida que Ela ia penetrando nesta Mensagem que recebera.

Fonte:
Academia Marial de Aparecida

Autor:
Vinícius Aparecido de Lima Oliveira (Associado da Academia Marial de Aparecida)

Bibliografia do autor:

  1. CEBI. Reflexão do Evangelho: Anunciação, uma experiência universal. CEBI, 2017. Disponível em: . Acesso em: 30, Julho de 2023.

Consulta de Pesquisa do autor:

– Bíblia Online Paulus

– Livro Maria e o Evangelho de Jean Galot – Coleção Éfeso

– Canção Nova Formação


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