A Festa de Nossa Senhora dos Navegantes é também a festa da cidade de Porto Alegre. Ela teve início há quase um século e meio. Foi celebrada pela primeira vez junto à Capela do Menino Deus, porque não existia até então um lugar de devoção da Senhora dos Navegantes. Havia o desejo de que a população pudesse venerar a imagem que viera de Portugal na área central da cidade; para tanto a imagem era transladada nos dias anteriores ao da festa para a Igreja do Rosário – costume que permanece até os dias atuais.
Com dedicação e empenho da comunidade foi construída uma capela para a Senhora dos Navegantes, em 1877, no Bairro Navegantes. Em 1912 esta capela foi destruída por um incêndio; também a imagem foi destruída. Devido a este evento trágico foi solicitado de Portugal uma outra imagem, entronizada no ano de 1913.
Desde então, a cidade de Porto Alegre, no dia 02 de fevereiro para! Não só os católicos, também outras expressões religiosas se congregam em torno da Imagem de Maria de Nazaré para venerá-la como a Senhora dos Navegantes. A procissão acontecia através do Guaíba. Hoje, milhares de pessoas a pé – algumas descalças – percorrem os pouco mais de cinco quilômetros cantando, rezando, refletindo, em silêncio… São pessoas de distintos extratos sociais que se reúnem ao redor da Imagem! Homens e mulheres, jovens e idosos, crianças e adolescentes que se sabem peregrinos, navegantes, viandantes… Esta festa é considerada uma das maiores expressões de fé do Rio Grande do Sul e do Brasil.
Há certamente pessoas que olham de longe, sem talvez compreender o que esteja acontecendo! Há também aqueles que criticam ou fazem pouco caso! Há ainda os indiferentes! Mas uma pergunta se impõe a muitos: o que tem esta mulher? Qual o seu ‘segredo’, seu ‘mistério’? Porque tantos se sentem e se fazem participantes ativos num evento deste tipo e magnitude? O que Maria de Nazaré, aqui venerada como Senhora dos Navegantes, evoca para o nosso povo? As respostas podem ser as mais variadas! Certamente não faltam opiniões!
Podemos certamente elencar alguns aspectos da vida desta mulher que impactam em nossa vida e que, talvez, nos ajudem a compreender o ‘mistério’, o ‘segredo’ dessa mulher. O primeiro deles pode ser aquele que apresenta Maria como mulher que conhece a história, a cultura, as expectativas do seu povo; ela conhece os livros que conservam as esperanças de sua gente. Ela era certamente uma mulher religiosa; era mulher que rezava, que refletia e meditava as Escrituras Sagradas de seu povo. Ela também era uma mulher solidária; estava atenta às diversas situações de seu povo, de sua gente.
Este modo de ser e de viver continua repercutindo na vida de nosso povo. Nosso povo cultiva suas tradições; nosso povo reza; nosso povo sabe viver a dimensão da solidariedade. Cultivar estes aspectos oferece identidade a um povo, caracteriza uma sociedade. Por isso, nestes dias em que juntos veneramos a Senhora dos Navegantes, seria útil procurar resgatar aspectos da vida desta mulher, Maria de Nazaré, que podem incidir de forma vigorosa sobre a convivência social. E assim possamos acordar para elementos da vida de fé e da vida social que são sempre atuais – são perenes.
Que a Senhora dos Navegantes interceda pelos seus filhos e filhas!
Dom Jaime Spengler
Arcebispo de Porto Alegre (RS)
Fonte: Conferencia Nacional dos Bispos do Brasil
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