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Sempre acreditei na medalha milagrosa com toda a força da minha fé. A sua mensagem, uma das maiores e mais extraordinárias destes últimos séculos, confirmou que esta é a hora de Maria, a qual reanuncia os tempos nos quais, segundo uma expressão cara a Catarina de Labuouré, “as almas respirarão Maria como os corpos respiram o ar” (S. Luis Grignion de Monfort, Tratado da verdadeira devoção a Maria, n.217). Eis porque me detenho com ardor na segunda aparição, a mais densa em singificado, na qual a Virgem revela a missão que confia a Catarina.

“No dia 27 de novembro de 1830, que era o sábado anterior ao primeiro domingo do adevento, às cinco e meia da tarde, estava eu fazendo a meditação em profundo silêncio quando me pareceu ouvir do lado direito da capela um rumor, como o roçar de uma roupa de seda. Ao dirigir o olhar para aquele lado, vi a Santíssima Virgem na altura do quadro de São José.

A sua estatura era mediana, e tal era a sua beleza que me é impossível descrevê-la. Estava em pé, a sua roupa era de seda e de cor branca-aurora, feita, como se diz à la vierge, isto é, bem fechada e com as mangas simples. Da cabeça descia um véu branco até os pés. O rosto estava suficientemente descoberto, os pés se apoiavam sobre um globo, ou melhor, sobre metade de um globo, ou pelo menos eu vi somente a vontade. Suas mãos, erguidas à altura da cintura, seguravam de modo natural um globo menor, que representava o universo. Ela tinha os olhos voltados para o céu, e o seu rosto se tornou resplandecente enquanto apresentava o globo ao Nosso Senhor. De repente, seus dedos se cobriram de anéis, ornados de pedras preciosas, uma mais bela do que a outra, algumas maiores, outras menores, e que emitiam raios luminosos.

Enquanto eu estava contemplando-a, a Santíssima Virgem abaixou os olhos na minha dereção, e uma voz me disse: Este globo representa o mundo inteiro, especialmente a França e cada uma das pessoas…

Não sei aqui repetir aquilo que ouvi e que vi, a beleza e esplendor dos raios tão fulgurantes!… e a Virgem acrescentou: São os símbolos das graças que eu espalho sobre as pessoas que as pedem, fazendo-me compreender o quanto é doce invocar a Santíssima Virgem e o quanto Ela é generosa com as pessoas que a invocam; e quantas graças Ela concede às pessoas que a procuram e que alegria Ela sente em concedê-las.

Naquele momento eu era e não era…Estava exultante. E então começou a se formar ao redor da Santíssima Virgem um quadro um tanto oval, sobre o qual, no alto, numa espécie de semicírculo, da mão direita para a esquerda de Maria se liam estas palavras, escritas com letras de ouro: Ó Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós. Então ouvi uma voz que me disse: Mande cunhar uma medalha conforme este modelo; todas as pessoas que a carregarem, receberão grandes graças; leve-a principalmente no pescoço. As graças serão abundantes para as pessoas que a carregarem com confiança. No mesmo instante pareceu-me que o quadro virou e eu vi o reverso da medalha. Havia o monograma de Maria, isto é, a letra M com uma cruz em cima e, como base dessa cruz grossa, ou seja, a letra I, monograma de Jesus. Sob os dois monogramas havia os Sagrados Corações de Jesus e de Maria, o primeiro rodeado por uma coroa de espinhos e o segundo traspassado por uma espada.”

Interrogada mais tarde se além do globo, ou melhor, além da metade do globo, ela tinha visto outra coisa sob os pés da Virgem, Catarina Labouré respondeu que havia visto uma serpente de cor esverdeada com manchas amarelas. Quando às doze estrelas que circundam o reverso da medalha, “é moralmente certo que essa particularidade foi indicada à viva voz pela Santa, desde a época da aparição.”

Nos manuscritos da vidente encontra-se esta particularidade, que é muito importante. Entre as pedras preciosas havia algumas que não emitiam raios. Enquanto se espantava, ouviu a voz de Maria que dizia: “As pedras preciosas das quais não saem raios são símbolo das graças que não me foram pedidas por esquecimento.”

Em 1832, dois anos após as aparições, o pedido de Maria foi atendido e a medalha foi culnhada. Uma das primeiras pessoas a recebê-la foi a Irmã Catarina, a qual, logo que a teve entre as mãos, a beijou várias vezes com afeto e disse: “Agora é preciso divulgá-la.”

A medalha, num certo sentido, se propagou por si. As graças e os milagres, obtidos seja em benefício das almas, seja em benefício dos corpos, foram tantos e tão evidentes que, em pouco tempo, a medalha foi chamada de “milagrosa”.

Padre Luigi Faccenda


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