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Pode-nos parecer estranha esta associação entre Maria e a morte, quando a veneramos assunta ao céu, em corpo e alma. A tradição católica evita afirmar que Nossa Senhora tenha morrido. Os Padres da Igreja, antigos escritores eclesiásticos, falam em “dormitio” (dormição) de Maria, não em morte. No entanto, a definição dogmática do Papa Pio XII, em 1950, é bastante cautelosa na análise dessa questão: “… a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste”. (DS 3903).

Antigas tradições esclarecem que Nossa Senhora teria partido deste mundo no ano 42 da nossa Era, quando Maria deveria ter cerca de 60 anos. Seu corpo imaculado teria sido levado ao Getsêmani e colocado num sepulcro novo, sobre o qual mais tarde foi construída uma pequena igreja. Três dias depois, os apóstolos foram visitar o sepulcro e, tal como aconteceu com Jesus, encontraram o túmulo vazio. Podia-se sentir um perfume de flores exalando do local onde se colocara o corpo da Virgem Maria.

Como tantas outras devoções marianas, o culto de Nossa Senhora da Boa Morte chegou ao Brasil por meio dos portugueses. Encontramo-lo presente, em primeiro lugar, na cidade de São Salvador da Bahia. A imagem de Nossa Senhora da Boa Morte pode ser venerada na igreja da Glória e Saúde. Ainda hoje, na véspera da festa da Assunção, a imagem é depositada num esquife e exposta à visita dos fiéis.

Tudo indica que, de Salvador, a devoção tenha se deslocado para a cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano. Nesta cidade, anualmente, a Irmandade da Boa Morte presta homenagens a sua patrona. A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é a única no Brasil e talvez no mundo com as suas características. Apenas mulheres com mais de 40 anos são admitidas na confraria que existe há mais de dois séculos. O culto a Nossa Senhora da Boa Morte é uma tradição da Igreja Católica e que na Bahia incorporou elementos da cultura afro-brasileira. A cada ano, os rituais promovidos pela irmandade atraem mais turistas e pesquisadores de vários países, principalmente dos Estados Unidos.

A Festa de Nossa Senhora da Boa Morte tem inicio com a da procissão das integrantes da irmandade que tem o nome da santa. Nesta procissão, as irmãs, vestidas de bata redonda e saia branca comprida, iniciam os rituais que duram três dias, conduzindo a imagem de Nossa Senhora no esquife pelas principais ruas do centro histórico. Após o percurso, elas levam a imagem até a sede da irmandade, onde rezam pela memória das irmãs falecidas. Encerrando o culto religioso, participam da ceia branca, quando são servidos pratos à base de frutos do mar, acompanhados de pão e vinho.

No segundo dia da programação, as integrantes da irmandade retomam às ruas de Cachoeira, para o ritual da procissão do sepultamento. Vestidas com suas becas pretas, elas carregam a imagem de Nossa Senhora, em silêncio, seguidas pelos músicos da filarmônica, que tocam marchas fúnebres. De volta à capela, com a imagem, participam da celebração que simboliza uma celebração de exéquias.

No domingo, quando os festejos atingem o auge da programação, as irmãs comemoram a Assunção de Nossa Senhora da Glória. Neste dia, saem em procissão, em clima de muita alegria.

Nas mãos, carregam flores e enfeitam suas becas com colares de contas coloridas e dourados. Ao final da procissão, retornam para a sede da irmandade e trocam as becas por saias batas coloridas. Vestidas assim, recebem todos os convidados para o tradicional banquete da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, dando início a três dias de samba-de-roda.

Sob o mesmo título, Nossa Senhora é cultuada em Olinda. Graças à sua proteção, o Convento do Carmo, onde ela se encontra há mais de três séculos, escapou à destruição efetuada pelos holandeses em 1630.

Uma Irmandade da Boa Morte foi criada em São Paulo no século XVII. A princípio estabelecidos na igreja do Carmo, os irmãos inauguraram um templo próprio em 1810. Esta igreja possui peças de grande valor histórico, como uma Santa Úrsula do século XVIII e a imagem do Senhor Bom Jesus, vinda da igreja do Pátio do Colégio. Voltada para o antigo caminho da corte (Várzea do Carmo, atual bairro do Brás), era utilizada como mirante durante o II Reinado, para avistar figuras ilustres que chegassem a São Paulo.

O Rio de Janeiro também conta com sua Irmandade da Boa Morte, que funcionava inicialmente na igreja do Carmo.

Em Portugal, temos notícia da localidade chamada Lombo do Atouquia, pertencente à freguesia de Calheta, onde existiu uma capela da invocação de Nossa Senhora da Boa Morte, fundada por Francisco Homem de Couto, no ano de 1661, e ainda ali se encontra a capela de São Pedro de A1cantara, conhecida também em outro tempo por São João Baptista, mandada edificar em 1783 por João Baptista.

Nossa Senhora da Boa Morte. Rogai por nós!

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