Era de fato um pequeno anjo nesta terra, para o qual se voltavam os necessitados, na esperança de que sua intercessão lhes alcançasse do Céu uma graça, um socorro, uma misericórdia.
Certo dia, passeava ela pelo caminho de Aljustrel quando veio ao seu encontro uma pobre mulher a qual, chorando, ajoelhou-se diante dela, pedindo-lhe que lhe obtivesse de Nossa Senhora a cura de uma terrível doença. A pastorinha, ao ver à sua frente uma mulher de joelhos, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trêmulas para a levantar. Mas, vendo que não era capaz, ajoelhou-se também e rezou com ela três Ave-Marias. Depois, pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la. E não deixou de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum tempo, a mulher tornou a aparecer para agradecer à Santíssima Virgem a sua cura.
Outra vez, veio procurá-la um soldado que chorava como uma criança. Tinha recebido ordem de partir para a guerra e, se fosse, deixaria a sua mulher doente, de cama, e três filhinhos. Ele pedia, ou a cura da mulher, ou a revogação da ordem. Jacinta convidou-o a rezar com ela o Terço. Depois disse-lhe:
– Não chore. Nossa Senhora é tão boa! Com certeza vai lhe dar a graça que pede!
Depois disso, não se esqueceu mais do seu soldado, rezando todos os dias uma Ave-Maria por ele. Passados alguns meses, o soldado aparece com sua esposa e seus três filhinhos, para agradecer as duas graças recebidas. Devido a uma febre que tivera na véspera de partir, se vira livre do serviço militar, e sua esposa “tinha sido curada por milagre de Nossa Senhora”…
Fato mais belo é a conversão de uma pecadora, tocada pelo exemplo de Fé e virtude dado pela pequena Jacinta. Essa pobre mulher se acostumara a insultar os três pastorinhos, sempre que os encontrava. Um dia, quis também agredi-los. Ao se afastarem dela, Jacinta disse a Lúcia:
– Temos que pedir a Nossa Senhora e oferecer-Lhe sacrifícios pela conversão desta mulher. Diz tantos pecados que, se não se confessar, vai para o Inferno.
Dali a alguns dias, brincavam e corriam em frente à porta da casa dessa mulher quando, de repente, Jacinta pára e pergunta à prima:
– Olha! É amanhã que vamos ver Nossa Senhora?
– É sim.
– Então não brinquemos mais. Façamos este sacrifício pela conversão dos pecadores.
E, sem pensar que pudesse estar sendo vista, levantou as mãozinhas e os olhos ao Céu, e fez o oferecimento.
Mal sabia ela que uma pessoa a observava, escondida atrás da porta: era a tal mulher. Esta, pouco depois, procurava a mãe de Lúcia, dizendo-lhe que a tinha impressionado tanto aquela ação de Jacinta, que não precisava de outra prova para crer na realidade das aparições. Dali em diante, não só deixou de insultar os pastorinhos, como lhes pedia continuamente que rogassem por ela a Nossa Senhora, para que lhe perdoasse os seus pecados.
Assim, ainda em vida, Jacinta ia alcançando o que tanto desejava, aquilo por que tanto ardia seu coração inocente, isto é, a conversão dos pecadores.
(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria – Monsenhor João Clá)
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