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Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Sede

Aix, antiga capital da Provença, cidade elegante e bem construída, foi fundada no ano de 120 a. C.

A igreja de Nossa Senhora da Sede, situada fora da cidade, na estrada de Berre, é de grande interesse para os historiadores, porque encerra uma das mais antigas Madonas da França.
A maior parte dos historiadores afirma que este santuário ocupa o lugar da primeira igreja cristã edificada em Aix.
A sede episcopal era naquele tempo fora do âmbito de Aix, daí o título Nossa Senhora da Sede dado à imagem venerada em Aix.
O edifício atual é de construção relativamente recente. É um monumento de estilo romano-bizantino; o exterior é precedido de uma praça. Cercado de uma grade, esse terreno tornou-se um poético jardim, porque agrupa a maior parte das plantas que simbolizam a Santíssima Virgem Maria, como plátanos, ciprestes, oliveiras, palmeiras, cedros e roseiras.
Os religiosos do Santíssimo Sacramento cuidam atualmente do santuário.
A imagem milagrosa é de um tipo considerado antigo; é de madeira policromada e mede 1,10m.
Numerosos ex-votos em todas as línguas testemunham a confiança inspirada por Nossa Senhora da Sede ao longo dos séculos.
Invocações Marianas

Nossa Senhora da Serra

A Espanha é um país de arraigada tradição mariana. Centenas de templos erigidos em honra da Virgem se espalham por pequenas e grandes cidades. Muitas devoções marianas espanholas ultrapassaram os limites da Península Ibérica, levadas pelos colonizadores, como é o caso de Nossa Senhora do Pilar, considerado o mais antigo título de Nossa Senhora. Outras devoções, mais regionais, não aportaram com tanta força no Novo Mundo. Mesmo restritas a certas regiões e províncias, seria lastimável desconhecê-las.

Assim, enriquece nosso amor à Nossa Senhora saber que, na cidade com o pitoresco nome de Cabra, Maria Santíssima é venerada como Nossa Senhora da Serra.
A cidade de Cabra, na Espanha, localiza-se a 78 Km de Córdoba, a capital da província e a 430 km de Madri. Cabra possui atualmente possui mais de 20.000 habitantes. É o centro geográfico da Andaluzia.
Segundo a tradição, existia em Cabra um antigo templo grego dedicado à deusa Fortuna, sobre o qual se construiu a igreja de São João Batista. Aí venerava-se uma imagem de Nossa Senhora que, conforme a lenda, foi esculpida por São Lucas. No I século da Era Cristã, a cidade se convertera ao cristianismo, sendo seu primeiro bispo Hissio, discípulo de São Tiago, que doara a imagem à cidade.
Arsesindo, décimo bispo, escondeu a imagem em uma gruta da serra para impedir que fosse profanada. Depois do domínio muçulmano, a cidade foi reconquistada pelas tropas cristãs em 1244. Pouco depois, como costumava acontecer em todas as aparições àquela época, um pastor encontra a imagem numa gruta situada no monte, hoje conhecido como “El Picacho”. Aí será cultuada Nossa Senhora da Serra.
O pastor leva a imagem para o povoado e sucessivamente ela reaparece no monte. Os fiéis resolvem construir uma ermida num ponto da esplanada da montanha chamado “Viñuela”, perto a uma fonte. O material para a construção, várias vezes, é encontrado sobre o monte, próximo à citada gruta, local onde, finalmente, se decide construir a capela. Os habitantes daquela região costumam dizer: “É mais fácil mover o monte que a Virgem”.
É provável que a construção da primitiva ermida tenha ocorrido na segunda metade do século XIV.
Durante os séculos XVI, XVII e XVIII, o santuário e a devoção à Virgem da Serra passam por diversas vicissitudes. No século XVII, mais precisamente em 1621, a cura do paralítico Pedro Martín Pacho aumenta a devoção popular à Nossa Senhora da Serra. No século XVIII, a imagem só será conduzida à cidade por ocasião de alguma calamidade.
Em 1908, por decreto do papa Pio X, a Virgem da Serra foi nomeada e proclamada “Patrona de Cabra”. O santuário encontra-se a 1.223 m de altitude.
Nossa Senhora da Serra, rogai por nós!
Invocações Marianas

Nossa Senhora da Vida

Notável «retábulo fingido» de cerâmica policromada, constituído por nada menos de 1384 azulejos, este conjunto azulejar de características monumentais procede da Capela de Nossa Senhora da Vidana extinta igreja de Santo André de Lisboa, fundada pelo nobre Bartolomeu Vaz de Lemos, que aí jazeu em campa armoriada datada de 1580.

Disposto em andares sobrepostos, como se de retábulo marcenaria lavrada se tratasse, o retábulo de Nossa Senhora da Vida inclui, acima do entablamento simulado, as cenas figuradas do Anjo São Gabriel e da Virgem da Anunciação, em edículas incluem, ao centro, a cena da Adoração dos Pastores, e nos laterais, em nichos fingidos e intercolúnios, as figuras de São João Evangelista e de São Lucas. Trata-se de uma das obras da azulejaria portuguesa da segunda metade do século XVI onde melhor se sente o processo de adequação da linguagem plástica aos valores estéticos do Maneirismo internacional. O conjunto sugere a estrutura da uma máquina de marcenaria retabular com colunas de capitéis coríntios, frisos de grotesco, bases com pontas-de-diamante e remates de ramagem na cornija, como que integrando pinturas de cavalete nas suas edículas – numa solução cenográfica bem portuguesa, igualmente experimentada nos «frescos» maneiristas alentejanos, onde abundam os testemunhos de «retábulos fingidos» (as obras do pintor eborense José de Escobar, por exemplo).
O ceramista desenha com soltura e compõe as suas cenas dentro do espírito antoclássico da maneira «reformas», com colorido aberto a tonalidades luminosas (efeitos de verdes-malaquite, azuis e amarelos-dourados), um desenho «caprichoso» das figuras de linhas serpenteadas e das poses teatrakizantes, e ritmos de composição atentos a um elaborado impacto cenográfico, com evidentes cedências às orientações catequizadoras tridentinas dominantes, e revelando bom conhecimento dos processos figurativos da pintura de óleo de cavalete. Trata-se de produção Lisboeta, bastante diversa, no estilo e na técnica, do grosso da cerâmica sevilhana da Bacalhôa. A hipótese de se tratar de obra do ceramista lisboeta Marçal de Matos, carecendo de contraprova documental irrefutável, é todavia de reter como possibilidade: este mestre – acaso parente do azulejador Francisco de Matos que assina o revestimento cerâmico de uma das capelas de S. Roque (1584), e de um novo artista de nome Miguel de Matos (activo em 1613-14 na Irmandade de S. Lucas, talvez seu filho?? – é citado num processo de denúncia do Santo Ofício envolvendo o mestre flamengo de louça vidrada Filipe de Góis, e tinha loja e forno abertos na chamada Prais da Boa Vista, aí tendo executado, em 1575, um «retábulo fingindo» de azulejo para o arco da Capela de Nossa Senhora da Conceição, no convento do Carmo em Lisboa, obra infelizmente desaparecida. A circunstância de dever tratar de obra marcada por idêntico recurso à decoração cenográfica permite ilacções sobre a sua especialidade. De resto, um lambril de azulejo com grotesco flamengo, de cerca de 1565, que existe na Casa do Lago do Palácio da Bacalhôa, está assinado (MA)TOS, o que deixa analisar alguns paralelos estilísticos com o retábulo de Nossa Senhora da Vida. O fato de Marçal de Matos aparecer ainda citado, em 1576, numa obra lisboeta (o retábulo da capela do nobre Matias de Noronha), aí associado ao entalhador flamengo Estácio Matias e ao pintor João Francisco, permite extrair novas ilações sobre o seu meio de trabalho e sobre os contatos com os praticantes de talha lavrada e com os círculos de difusão de gravados ornamentais ítalo-flamengos.
Independentemente de ser Marçal de Matos o seu autor, o retábulo de Nossa Senhora da Vida atesta um elaborado conhecimento das influências de estampas maneiristas nórdicas, designadamente de Martin de Vos e de Cornelis Cort, cujos modelos inspiram algumas das cenas representadas nas edículas, e bem assim dos tratados de grotescos muito difundidos desde Antuérpia, onde se inspirou para o lavor dos frisos com ornato vegetal, e das bases com figuras de Leão alternando com pontas-de-diamante.
A fortuna histórica do retábulo conta-se em poucas palavras, á míngua de documentação mais precisa: destruído o templo de Santo André em 1845, dado que o terremoto de 1755 o tornara irreparável, o conjunto cerâmico passou por diversas vicissitudes, designadamente um gorado processo de venda para coleção inglesa; alguns anos após a demolição do templo-mãe, o Ministério de Obras Públicas, através dos esforços de José Valentim. teve o bom senso de fazer remontar (em 1861) o conjunto cerâmico num corredor da Biblioteca Nacional de Lisboa, instalada então no extinto convento de São Francisco da Cidade; mais de um século volvido, em 1969, o Museu Nacional de Arte Antiga decidiu que fosse transferido para o Museu Nacional do Azulejo, na Madre de Deus, onde desde então esteve exposto como obra-prima da azulejaria quinhentista portuguesa, ainda que sem a montagem dos dois andares, devido às suas excepcionais dimensões; após a Europália/91, em Bruxelas, onde a obra se expôs com grandioso destaque e evidenciando sucesso, o Diretor do Museu Nacional do Azulejo, João Castel-Branco Pereira, e o arquiteto João Bento de Almeida repensaram a sua montagem museológica em termos de uma mais eficaz reconstituição da obra, tal como se encontrava primitivamente na capela dos Vaz de Lemos em Santo André, criando-se para um efeito um espaço no Museu do Azulejo que permite a sua instalação integral.
Em termos de fortuna crítica, enfim, é Frei Agostinho de Santa Maria, no seu Santuário Mariano, quem pela primeira vez descreve com louvor a capela dos Vaz de Lemos em Santo André, elogiando o seu «azulejo antigo, mas de excelente qualidade», e no mesmo sentido se expressam depois o Padre Carvalho da Costa na Corographia Portuguesa e, já após a sua transferência para São Francisco da Cidade, Ribeiro Guimarães.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Visitação

Após a anunciação do anjo, Maria sai apressadamente, diz São Lucas, para visitar sua prima Isabel. Vai prestar-lhe serviços, ajuntando-se provavelmente a alguma caravana de peregrinos que vão à Jerusalém, passa a Samaria e atinge Ain-Karem, na Judéia, onde mora a família de Zacarias. É fácil imaginar os sentimentos que povoam sua alma na meditação do mistério anunciado pelo anjo. São sentimentos de humilde gratidão para com a grandeza e a bondade de Deus tão bem expressos na presença da prima com o cântico do “Magnificat”.

A presença do Verbo encarnado em Maria é causa de graça para Isabel que, inspirada, percebe os grandes mistérios que se operam na jovem prima, a sua dignidade de Mãe de Deus, a sua fé na palavra divina e a santificação do precursor, que exulta de alegria no ventre da mãe. Maria ficou com Isabel até o nascimento de João Batista, aguardando provavelmente outros oito dias para o rito da imposição do nome.
Aceitando esta contagem do período passado junto com a prima Isabel, a festa da Visitação, de origem franciscana (os Frades Menores já a celebravam em 1863), era celebrada a 2 de julho, isto é, ao término da visita de Maria. Teria sido mais lógico colocar a memória depois do dia 25 de março, festa da Anunciação, mas procurou-se evitar que caísse no período quaresmal.
A festa foi depois estendida a toda a Igreja Latina pelo papa Urbano VI para propiciar com a intercessão de Maria a paz e a unidade dos cristãos divididos pelo grande cisma do Ocidente. O sínodo de Basiléia, na sessão do dia 1o. de julho de 1441, confirmou a festividade da Visitação, não aceita, no início pelos Estados que defendiam o antipapa.
O atual calendário litúrgico, não levando em conta a cronologia sugerida pelo episódio evangélico, abandonou a data tradicional de 2 de julho para fixar-lhe a memória no último dia de maio, como coroação do mês que a devoção popular consagra ao culto particular da Virgem.
Comenta São Francisco de Sales: “Na Encarnação Maria se humilha confessando-se a serva do Senhor… Porém, Maria não fica só na humilhação diante de Deus, pois sabe que a caridade e a humildade não são perfeitas se não passam de Deus ao próximo. Não é possível amar Deus que não vemos, se não amamos os homens que vemos. Esta parte realiza-se na Visitação”.
Em Portugal, por ordem do rei D. Manuel, o Venturoso, as festividades do dia da Visitação eram celebradas com grande pompa, por ter sido esta invocação escolhida como protetora da Casa de Misericórdia de Lisboa, assim como de todas as Misericórdias do reino, instituição beneficente fundada pela rainha D. Leonor, sob a inspiração de Frei Miguel de Contreiras. Deste modo os irmãos da Misericórdia solenizavam o dia que a Virgem Nossa Senhora, depois de conceber o Cristo Redentor, foi visitar Santa Isabel, usando para com ela e São João Batista, que estava em suas entranhas, de “particular misericórdia”.
A Santa Casa do Rio de Janeiro, seguindo as ordenações da metrópole, fazia todos os anos a procissão de Santa Isabel, que era constituída de dois cortejos, um que saía da catedral e outro do hospital. No primeiro, conduzida pelo ilustríssimo Cabido, ia a imagem da Virgem, enquanto no segundo a Irmandade da Misericórdia, precedida de sua bandeira, ia ao encontro da outra procissão levando a efígie de Santa Isabel. A cerimônia finalizava com a colocação das duas imagens no altar-mor da catedral, seguida de missa solene cantada pelo capelão da Santa Casa de Misericórdia.
Esta festa, celebrada na cidade de São Sebastião durante mais de três séculos, além de seu cunho religioso, possuía uma característica eminentemente patriótica, pois comemorava também o início das grandes descobertas marítimas. Feita às expensas da Câmara, ela era assistida pelos governadores, pelos vice-reis e, após a vinda da família real para o Brasil, D. João VI e toda a corte. Depois da independência esta tradição religiosa foi conservada e os dois imperadores sempre tomaram parte na famosa procissão de Santa Isabel.
Após o término das cerimônias litúrgicas, a população ia ao Hospital da Misericórdia visitar os enfermos, a fim de confortá-los e levar uma esmola. Repetindo o gesto de Maria Santíssima, o povo carioca cumpria o preceito da caridade cristã e ao mesmo tempo perpetuava a comovente tradição iniciada por Nossa Senhora ao visitar e ajudar sua santa prima Isabel, no momento em que mais precisava do auxílio e da amizade daquela que seria a Mãe de Deus.
Nossa Senhora da Visitação, Rogai por nós que recorremos a vós!
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Vitória

 No século XV a Espanha fazia esforços para expulsar os mouros de Granada, seu último bastião ibérico. Na época dos reis católicos Fernando e D. Isabel, São Francisco de Paula enviou os frades penitentes: Padre Bernardino da Cropalati e Padre Giacomo L’ Espervier para acalmarem os temores dos reis quanto a invasão muçulmana. Três dias após a chegada dos dois missionários, os mouros foram derrotados. Isto ocorreu em 18 de agosto de 1487, e em gratidão ao obtido, os reis mandaram erguer uma Igreja com o nome de Nossa Senhora da Vitória, no lugar onde estivera a tenda real na época das batalhas. Assim, os religiosos desta ordem na Espanha, foram chamados de Frades da Vitória.

Foi declarada padroeira da Málaga pelo Papa Pio IX em 12 de dezembro de 1867

E foi coroada cononicamente em 8 de fevereiro de 1943.

A Bahia de Todos os Santos já era conhecida desde a primeira Expedição Exploradora de 1501, enviada pelo Rei de Portugal para fazer um reconhecimento do território recém – descoberto.

Muito antes da vinda dos primeiros donatários, existia ali uma verdadeira colônia de portugueses que viviam em perfeita harmonia com os índios, sob a direção de Diogo Alvares, o Caramurú. Até uma igrejinha, a de Nossa Senhora da Graça, havia sido erguida sob o patrocínio de Catarina Alvares, a esposa do pioneiro.

Pouco depois, chegou àquelas paragens do Novo Mundo o donatário Francisco Pereira Coutinho, a quem El-Rei havia doado as terras para que as povoasse e desenvolvesse. Entretanto, apesar de no início ter ele conseguido uma paz relativa com os indígenas, os abusos e provocações dos colonos irritaram os selvagens e as lutas recomeçaram, sem que o próprio Diogo Alvares fosse capaz de evitá-las.

Em um destes combates, os portugueses foram assediados por numeroso exército de silvícolas, que tentavam expulsá-los de suas terras. Os lusitanos, desesperados, recorreram á Virgem Maria e, após uma renhida batalha, conseguiram derrotar os inimigos. Em agradecimento à proteção da Mãe de Deus, deram-lhe o título de Senhora da Vitória e construíram um templo em sua homenagem, que foi a primeira paróquia e Igreja matriz da Bahia.

Quando Tomé de Sousa, o primeiro governador-geral, veio para o Brasil em 1549 e fundou a cidade de Salvador, já encontrou a capela da Vitória e a conservou em memória dos primitivos tempos da colonização. Esta Igreja, reconstruída várias vezes, conserva atualmente a fachada da reforma levada a efeito com o auxilio dado pelo Príncipe Regente Dom João, quando ali esteve em 1808, e obedece a desenho neoclássico.

A invocação de Nossa Senhora da Vitória já existia em Portugal desde o tempo de Dom João I, quando este rei, grato à Virgem Maria pela vitória alcançada em Aljubarrota contra os castelhanos, mandara construir um Mosteiro e um Santuário, talvez o mais velho em estilo gótico português, que recebeu o nome de Santa Maria da Vitória, que é sem dúvida uma das obras primas da arquitetura religiosa lusitana.

Em 1571, a esquadra cristã conseguiu o estrondoso triunfo contra os turcos na batalha naval de Lepanto, afastando definitivamente do continente europeu o perigo muçulmano, que o ameaçara durante vários séculos. O Papa Pio V então, em sinal de gratidão, deu à Virgem Maria o título de Nossa Senhora da Vitória. Naquela ocasião, o desconhecido Brasil, talvez devido à herança da fé portuguesa, já possuía dois Santuários dedicados a esta devoção: o de Salvador e o da capital do Espírito Santo. A vila de Nossa Senhora da Vitória foi fundada em 1551 pelo donatário Vasco Fernandes Coutinho, em reconhecimento à proteção de Maria Santíssima num combate contra os Índios Goitacases.

A efígie da primitiva Igreja de Salvador, contrastando com a do Espírito Santo, é muito antiga e consta que fora enviada pelo rei Dom Manuel. Estudiosos do assunto, contudo, acham mais provável que ela tenha sido presente de Dom João III, que a entregou a Tomé de Sousa para que ele a trouxesse em sua companhia e lhe dedicasse a primeira paróquia do Brasil. Ela está atualmente na sacristia da Matriz, porém a tradicional palma de prata sobredourada e ornamentada de pedras verdes e vermelhas que lhe foi oferecida após a vitória contra os índios está guardada para evitar ser a presa de ladrões, que atualmente andam à procura de tesouros das Igrejas. A santa que figura sobre o altar-mor é de estilo barroco, datado do século XVII ou XVIII.

Em São Luiz do Maranhão, na luta contra os holandeses em 1662, Ela apareceu no outeiro da Cruz, transformando em pólvora a areia branca da estrada, o que permitiu a vitória dos brasileiros contra os flamengos, que fugiram espavoridos. Outra lenda interessante é a da Igreja de Ilhéus, edificada por volta de 1530, quando a luta entre colonos e indígenas estava mais acirrada. Conta-se que numa das batalhas contra os Aimorés uma linda senhora branca, montada em garboso cavalo, ia à frente dos colonizadores assustando os selvagens, que foram vencidos. A fim de celebrar este acontecimento, a capela, que estava sendo construída com auxílio das mulheres, foi dedicada a Nossa Senhora da Vitória.

Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora das Angústias

Nos primeiros tempos após a reconquista de Granada pelos reis católicos, vários devotos cristãos, membros de uma irmandade, mandaram construir nas imediações da cidade uma ermida que, não se sabe por que motivo, puseram sob a proteção das angústias de Nossa Senhora; mas é de crer que a idéia partisse de algum confrade devoto das dores da Santíssima Virgem.

O caso é que com este nome foi conhecida desde logo a ermida, e que os que haviam mandado edificá-la resolveram colocar nela uma imagem de Nossa Senhora que justificasse, com sua figura e aspecto, o seu nome.
Com esse intento começaram a tomar as necessárias providências para encontrar um artífice que fizesse a imagem conforme a idealizavam os confrades, e eis que certa tarde entram na ermida dois belos rapazes conduzindo uma senhora coberta com um manto preto. Chegados os três ao pé do altar, aí permaneceram em oração durante muito tempo. Ao escurecer retiraram-se os dois moços, ficando a senhora a orar; segundo Ihes parecia. Os confrades, apesar de estar quase na hora de fechar a ermida, não quiseram perturbar a devoção da enlutada senhora e decidiram esperar que acabasse suas orações.
Mas o tempo passava, já era noite cerrada e a necessidade de fechar a ermida impôs-se aos confrades, acima de toda a consideração… Um deles, portanto, aproximou-se discretamente da senhora, anunciando-lhe que iam fechar a ermida, mas não obteve resposta, continuando a senhora na mesma imobilidade.
O confrade foi então dar conta aos companheiros da singularidade do caso e, passado mais algum tempo, decidiram ir todos manifestar à misteriosa senhora a necessidade de sair da capela.
Assim o fizeram. Porém, não tendo sido atendidas as suas corteses observações, um dos confrades se adiantou para chamar-lhe a atenção e, ao olhar para seu rosto, ficou estupefato, e sem poder proferir uma palavra: a misteriosa senhora tinha no rosto a mesma imobilidade que se notava em seu corpo! Em uma palavra: o que os confrades tinham tomado por um ser humano era uma perfeitíssima escultura!
Seu assombro não teve limites diante de tão extraordinária descoberta! Tinham em sua presença a mais exata representação das angústias da Santíssima Virgem ao ver e sentir os martírios da paixão e morte de seu Divino Filho.
Era a imagem que tinham em sua mente concebido para ser colocada no altar de sua ermida. O prodígio os deixou extáticos! Prodígio, sim, porque se via claramente, em tudo aquilo, a intervenção milagrosa da providência de Deus.
Uns vulgares escultores estavam em trato com a irmandade, que esperava sua resposta estipulando as condições de seu trabalho e, uma vez realizado o contrato, apressar-se-iam a executar a encomenda. Em vez disso, porém, dois moços desconhecidos trazem a imagem, colocam-na de modo que possa confundir-se com uma piedosa senhora em oração, enquanto desaparecem despercebidamente, evitando chamar a atenção dos devotos que estão na ermida.
Não é isso mais que suficiente para os confrades entenderem que a santa imagem que tinham diante dos olhos era um presente do céu? Prostrados ante a sagrada imagem, permaneceram longo tempo a orar. Uma vez satisfeito esse primeiro impulso de sua devoção, partiram para a cidade, para dar notícia da prodigiosa aparição. Desde aquela hora não cessaram os fiéis de acorrer então para ver e admirar a formosa imagem da Virgem angustiada, com o corpo perfeitíssimo de seu Filho no regaço. Foi tal a concorrência que não foi possível entrarem todos de uma vez naquele reduzido espaço, tendo sido preciso dividir os fiéis em turnos para que pudessem todos contemplar as sagradas imagens.
Estabeleceu-se rapidamente em Granada e em novos povos dos arredores o culto de Nossa Senhora das Angústias na ermida construída para esse fim, e logo os milagres que nela se operaram deram testemunho da procedência divina da sagrada imagem. Por esse motivo tornou-se logo insuficiente a modesta capela; a primitiva irmandade, composta então de um número reduzido de humildes devotos, aumentou logo em número e qualidade de confrades, a ponto de tornar-se urna das mais importantes de Granada.
Com os novos elementos era fácil dotar a santa imagem com um templo suntuoso, e era este o objetivo da irmandade. No entanto, uma piedosa concorrência se estabeleceu entre os confrades e várias ordens religiosas, que desejavam tomar a seu cargo o culto da milagrosa imagem. Interveio então o arcebispo de Granada, o qual, inspirado por luzes do céu, determinou erigir a capela em igreja paroquial, comprando para isso o terreno necessário. Seu desejo foi realizado em 16O9, ano em que começou a funcionar a nova paróquia.
O número dos paroquianos foi em princípio reduzido; mas o desejo de se porem tanto quanto possível sob a proteção da santa imagem fez com que em pouco tempo se povoassem os arredores. Em breve a paróquia de Nossa Senhora das Angústias ficou sendo uma das mais numerosas de Granada, e sua demarcação uma das mais formosas pela largura de suas ruas e beleza de seus edifícios.
Construída a igreja paroquial, foi a santa imagem conduzida, em solene procissão, de sua capela para a nova igreja e colocada no altar-mor. Desde então o Santuário de Nossa Senhora das Angústias é o predileto dos piedosos granadinos, a tal ponto que teve de ser estabelecido o costume de fechá-lo, à noite, muito mais tarde que os demais, para dar-se maior desafogo a devoção dos fiéis.
A Igreja, associando-se às manifestações do fiéis em honra de Nossa Senhora das Angústias, enriqueceu com muitas indulgências a visita à sua igreja, e ultimamente outorgou à santa imagem as honras da coroação, a qual foi realizada em 20 de setembro de 1913.
Nossa Senhora das Angústias continua a ser objeto de veneração dos fiéis, atendendo a suas súplicas e velando pelo bem espiritual e material dos granadinos, que sentem por sua excelsa patrona a mesma ardente devoção que os demais habitantes da Espanha têm à Santíssima Virgem sob outros títulos.
Nossa Senhora das Angústias, Rogai por nós!
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora das Candeias

Nossa Senhora das Candeias

A invocação de Nossa Senhora das Candeias ou Nossa Senhora da Purificação remonta aos primórdios do cristianismo. Segundo o preceito da lei mosaica, todo filho varão deveria ser apresentado no Templo quarenta dias após seu nascimento. A mãe, considerada impura após o parto, deveria ser purificada em uma cerimônia especial. Nossa Senhora, submetendo-se a esta determinação, apresentou-se com o Menino Jesus no recinto sagrado dos judeus.

Esta festividade dos luzeiros foi denominada “das candeias”, porque comemorava-se o trajeto de Maria ao templo, com uma procissão, na qual acompanhantes levavam na mão velas acesas.
A procissão dos luzeiros provém de um antigo costume romano, pelo qual o povo recordava a angústia da deusa Ceres, quando sua filha Prosérpina foi raptada por Plutão, deus dos infernos, para tomá-la como companheira do Império dos Mortos. Esta tradição estava tão arragaida, que continuou mesmo entre os convertidos ao cristianismo. Os primeiros padres da Igreja tentaram eliminá-la, mas não conseguiram. Como aquela festa sempre caia no dia 2 de fevereiro, data em que os cristãos celebravam a Purificação de Maria, o papa Gelásio (492-496) resolveu instituir um solene cortejo noturno, em homenagem à Maria Santíssima, convidando o povo a comparecer com círios e velas acesas e cantar hinos em louvor de Nossa Senhora.
Esta celebração propagou-se por toda a Igreja Romana e, em 542, Justiniano I instituiu-a no Império do Oriente, após ter cessado uma peste. Na liturgia atual a solenidade denomina-se “Apresentação do Senhor”, mantendo-se antes da missa a tradicional bênção de velas com procissão.
Em Portugal, a devoção à Virgem das Candeias ou da Purificação já existe desde o século XIII, quando uma imagem era venerada em Lisboa, na paróquia de São Julião. De lá veio para o Brasil, onde são inúmeras as igrejas dedicadas a esta invocação, merecendo destaque as da Bahia.
Na ilha Madre de Deus, situada na Bahia de Todos os Santos, existe um templo lendário, cuja imagem foi encontrada por pescadores num rochedo junto ao mar. No dia 2 de fevereiro, grande multidão proveniente da capital baiana e das ilhas circunvizinhas acorre para assistir à festa das Candeias. Desde o amanhecer o mar se cobre de canoas, que cortam as águas da Baía e trazem milhares de devotos para as cerimônias da Purificação de Maria.
O culto de Nossa Senhora das Candeias é muito desenvolvido na Bahia devido a sua sincretização com os cultos afro-brasileiros. Uma das festividades mais concorridas acontece na cidade de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano, que já era celebrada em 1720.
Nossa Senhora das Candeias é a padroeira dos alfaiates e costureiras. Na Sé de Lisboa, no altar da Senhora das Candeias, esteve também a do alfaiate São Bom Homem, modelo da classe.
Em Ouro Preto, na Capela dos Terceiros de São Francisco, existe também uma imagem desse santo, com o nome de Santo Homobono. Além da localidade “Senhora das Candeias”, no oeste de Minas, tem essa invocação uma imagem e um altar no arraial de São Bartolomeu, próximo de Ouro Preto.
Nossa Senhora das Candeias, Rogai por nós que recorremos a vós!
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora das Escolas

 Em 1894, na França, em pleno regime anticatólico, que ameaçava a educação cristã, surgiu em La Roche a obra de Nossa Senhora das Escolas. A perseguição deu cabo da obra e de seu zeloso fundador; mas alguém a levou para além dos mares, e poucos anos depois (1899), em Ville-Marie (Montreal, Canadá), a Superiora da Escola Normal proclamava Nossa Senhora padroeira das escolas.

E hoje Maria Santíssima é invocada como a Rainha de todas as escolas, bem como dos corpos docente e discente do Canadá.
Atendendo ao pedido do episcopado canadense, o Santo Padre proclamou a “Madonna delle Scuole” padroeira de todas as escolas e dos estudantes do Canadá.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora Achiropita

O culto a Nossa Senhora Achiropita teve início na cidade de Rossano, na região da Calábóa. Itália. Nesta vila, numa pequena gruta, no final do século VI, morava eremita santo Efrém, devotíssimo da Virgem Maria. No ano de 590, ele conseguiu do imperador Mauricio, imperador de Constantinopla, autorização para transformar a gruta num Santuário dedicado a Nossa Senhora.

O governador Fílípico, cunhado do imperador, visando agradar o monarca, trouxe competentes artistas de Bizâncio a fim de pintarem uma imagem da Virgem Maria no fundo do templo.

Infelizmente, o trabalho dos pintores resultava sempre em fracasso. Durante o dia trabalhavam incansavelmente em sua obra. À noite, a imagem desaparecia misteriosamente. O governador, insatisfeito com o ocorrido, ordenou que a gruta fosse vigiada.

Certa noite, o guarda cumpria seu dever em frente à gruta, quando vê surgir do nada uma jovem senhora, de rara beleza, trajando uma túnica de seda pura, muito alva, resplandecente de luz. A senhora pediu ao guarda para que se afastasse do local. Informado do ocorrido, na manhã seguinte, o governador dirigiu-se à igreja e, para sua surpresa e de todos que o acompanhavam, deparou-se com uma bela imagem da Mãe de Deus pintada exatamente no lugar onde os artistas, em vão, tentavam elaborar a imagem; Nossa Senhora havia pintado a sua própria imagem! A notícia difundiu-se por toda a vila. Os fiéis começaram a chegar ao lugar do milagre e aclamavam entre lágrimas e cânticos de louvor: “Achiropita! Achiropita”, que quer dizer: “imagem não pintada por mãos humanas'”

Os vários milagres ocorridos através de Nossa Senhora aumentaram a popularidade daquele lugar. O imperador Maurício de Constantinopla ordenou a construção de uma basílica dedicada à Virgem Achiropita. No entanto, tudo leva a crer que a atual imagem venerada não seja a primitiva. Os pesquisadores crêem que a pintura de hoje possa ser uma restauração, caso a primeira tenha realmente existido. A opinião dos estudiosos não interessa ao povo simples que prossegue procurando a proteção de Nossa Senhora.

Imigrantes calabreses trouxeram para São Paulo uma cópia fiel daquela que se encontra na basílica de Rossano. Os religiosos da Congregação de Dom Orione, com a ajuda de muitos membros da colônia italiana em São Paulo, construíram uma igreja no conhecido bairro Bixiga, na capital paulista. Este templo é a igreja-matriz da Paróquia da Bela Vista, desde 1926. Ali pode-se contemplar uma escultura da Virgem Achiropita que foi criada a partir da cópia fiel do quadro original.

Oração a Nossa Senhora Achiropita

Virgem Santíssima, Mãe de Deus e nossa Mãe Achiropita, volvei o vosso olhar piedoso para nós e para as nossas famílias. Através dos séculos, pelos milagres e pelas aparições, mostrastes ser Medianeira perene de graças. Tende compaixão das dificuldades em que nos encontramos e das tristezas que amarguram a nossa vida. Vós, coroada Rainha, à direita do Vosso Filho, cheia de glória imortal, podeis auxiliar-nos. Tudo o que está em nós e em volta de nós, receba as vossas bênçãos maternais. Ó Rainha Achiropita, prometemos dedicar-vos toda a nossa vida para a honra do vosso culto c a serviço de nossos irmãos. Solicitamos de vossa maternal bondade os auxílios em nossas necessidades e a graça de viver sob a vossa constante proteção, consolados em nossas aflições e livres das presentes angústias. Com confiança podemos repetir que, não recorre a vós inutilmente aquele que Vos invoca sob o titulo de “Achiropita”. Amém.

Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora Anunciada

Em Setúbal, Portugal surgiu a devoção a Maria com o titulo de Anunciada. Este nome, segundo a tradição, nasceu a partir do “anúncio” que uma senhora fez ao deparar com pequena imagem representando a Mãe de Deus.

Uma pobre mulher costumava ir à praia procurar lenha para cozinhar ou para se esquentar. Numa das vezes, ao acender o fogo, quando colocava os gravetos para alimentar as chamas, um deles saltou dali para o meio da casa. Sem nada suspeitar, a anciã recolocou-o no fogão. Novamente o graveto saltou longe, jogado por uma força invisível. Isto aconteceu por umas três vezes, o que despertou a curiosidade daquela senhora. Ela pegou o graveto, para examinar de perto o que o forçava saltar. Observou tratar-se não de um cavaco qualquer, mas, de uma pequena imagem da Mãe de Deus. Estava incrustada naquele pau miúdo, medindo, aproximadamente, “um terço de palmo” conforme relato de José Custódio Vieira da Silva, em Setúbal, 1990. Espantada, a senhora gritou: “Virgem Anunciada”! Saiu às pressas, “anunciar” às vizinhas o falo prodigioso. Daí a origem do nome. As piedosas companheiras foram ver a Senhora Anunciada. Todo o povo de Setúbal e alguns padres foram conferir o acontecido. Os eclesiásticos deliberaram que se colocasse a santa imagem em lugar conveniente.

Esta tradição que vem de pais para filhos, encontra-se registrada no “Cartório” da Confraria de Nossa Senhora da Anunciada. Ocorreu no tempo dos reis Dom Sancho II ou Dom Afonso III por volta dos anos 1235 a 1250.

Entre os acontecimentos mais notórios ocorridos por intercessão de Nossa Senhora da Anunciada, foi a chuva abundante que caiu, imediatamente quando terminou uma procissão de penitência. A seca vinha a dois anos sacrificando toda a região, reduzindo as terras em seixos, secando os poços, fontes e rios, causando muito incômodo a todos os seres vivos. Tanta repercussão causou esse “milagre” que muitas celebridades solicitaram o ingresso na Irmandade. Entre elas D. João III e Dom Sebastião. A imagem recebeu outros nomes: “Senhora da Água; Senhora Pequenina; Senhora Angelical”. O mais conhecido é Anunciada. Em dias determinados, a imagem era exposta à veneração dos fiéis, em agradecimento pelo generoso amparo com a chuva abundante. Celebra-se em 25 de março.

Oração a Nossa Senhora da Anunciada

Maria, Mãe de Deus!
Humildemente imploramos a vossa intercessão para alcançarmos a graça de compreender que, vosso Filho Jesus é a fonte de todo eterno bem, infinitamente maior que a mais abundante chuva, símbolo da vossa bondade.
Amém.

Nossa Senhora Anunciada, Rogai por nós!