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Necessidade de meditar o Rosário

1 – Meditar é a mesma coisa que pensar com o afeto da vontade na verdade e no bem que encerram os Mistérios do Rosário. Aqui meditar é a mesma coisa que contemplar, embora o significado destas duas palavras, em si, seja um pouco diferente. Meditar exige que nós nos esforcemos por pensar e conhecer qualquer coisa discorrendo ou refletindo sobre ela. Porém, contemplar é pensar e conhecer por intuição ou simples olhar da – nossa inteligência mas sem discorrer ou refletir.

2 – Com efeito, a verdade e o bem são-nos necessários, pois são o objeto da nossa inteligência e da nossa vontade, cuja tendência é possuí-los e gozá-los. De nada aproveitam, se não os conhecemos, se não pensamos ou meditamos neles. Todos os cristãos recebem no dia do seu Batismo a luz e o dom da fé. Mas quantos infelizmente, sem deixarem de crer, vivem como se não tivessem a fé que para eles é morta. Acreditam nas verdades religiosas, mas não as vivem, não as põem em prática, não fazem delas caminho para a vida eterna. De pouco vale acreditar nessas verdades que a fé nos apresenta envolvidas em véus sem a meditação dessas verdades.

O Rosário, é, em primeiro lugar, oração vocal e deve ser, acima de tudo, oração de meditação que nos leva a penetrar os Mistérios que a fé nos propõe para crer.

3 – A meditação não pode rasgar, por si, os véus em que a fé nos apresenta as verdades da nossa religião. O homem, pela fé, está em presença dos grandes Mistérios divinos que jorram da fonte infinita da verdade, do bem e da vida, que é Deus. Essa fonte é, portanto, a Divindade-Deus uno na Trindade de Pessoas que se aproximam de nós por Jesus Cristo, Filho de Deus feito Homem. Como Jesus dizia, a vida eterna consiste em conhecê-Lo a Ele e, por meio dEle, conhecer a Deus Pai. Enquanto estamos no mundo, de passagem para a eternidade, não podemos ter a visão da glória do Céu, onde a nossa alma verá satisfeita todas as suas aspirações de Luz, de Bem, de Vida e Felicidade.

As insondáveis riquezas de Deus estão encerradas em Jesus, Deus Humanado, cuja vida neste mundo, sem deixar de ser divina, foi humana como a nossa, mas toda cheia de Deus. O Rosário, que é oração de meditação, leva-nos a copiar e a viver essa vida de Jesus, tornando a nossa divina como a dEle. O Rosário contém, através dos seus 20 Mistérios, o Livro da Vida que é Jesus Cristo. Com razão S. Luis Grignon de Montfort, grande apóstolo do Rosário, escreveu que o Rosário «divide a vida de Jesus e a de Maria em 20 Mistérios, que nos representam as suas virtudes e ações como em 20 quadros, cujos traços devem servir-nos de regra e exemplo para a orientação da nossa vida. São 20 archotes a guiar-nos neste mundo, 20 focos brilhantes para nos conhecermos a nós mesmos e para atear o fogo do seu amor em nossos corações, 20 fogueiras para nos consumirem completa­mente em suas chamas. (Cf. O Segredo admirável, 3ª dezena)

4 – Os frutos desta vivência são todos os que são próprios do Rosário, como veremos noutra ocasião. Porque a meditação, como já se disse, é a parte mais importante na sua recitação. Porque as vidas de Jesus e de Maria estão ‘intimamente associadas, ao meditar os seus Mistérios, aparece-nos neles a graça de Jesus, que nos é dada por Maria. A fé e o amor que abrasam a alma nessa meditação são eficazes para determinarem a influência divinizadora de Jesus e de Maria e levam-nos a um maior conhecimento e amor divinos: acrescentam em nós essa vida divina.

Quem medita bem o Rosário, recebe como diz S. Tomás, o efeito principal da meditação, isto é, a graça da devoção que é a vontade e o afeto com que servimos a Deus, como resultado natural da consideração da verdade e do bem divinos que se encerram nos Mistérios do Rosário.

 

(Livro – Manual do Rosário – Ed. do Secretariado Nacional do Rosário – Fátima – Portugal. P. 520 e 521)

 

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Fátima: Santuário evoca a primeira aparição do Anjo

Local da aparição do anjo

Porque neste ano pastoral de 2010-2011 se pretende de forma especial fazer memória das aparições do Anjo em Fátima, em 1916, o Santuário de Fátima está a organizar, para o dia 31 de Março, a evocação da primeira aparição deste mensageiro de Deus, que veio preparar os corações dos três pequenos videntes para as aparições de Nossa Senhora, no ano seguinte.

Tendo como base as memórias da Irmã Lúcia, verifica-se que não é conhecida a data exacta desta aparição do Anjo da Paz, assim como a data das seguintes aparições.

Apenas é conhecido que a primeira aparição aconteceu na Primavera, a segunda no Verão e a terceira no Outono.

Assim, este ano, nos primeiros dias de Primavera, a data escolhida para a evocação da primeira aparição foi o último dia de Março.

O programa, um convite à participação de todos, inicia com a concentração na Capelinha das Aparições, às 21:30, seguindo-se uma caminhada até à Loca do Cabeço, lugar da aparição, com a recitação do rosário pelo caminho. O programa termina com a evocação da aparição, no respectivo local.

 

HISTORIA DAS APARIÇÕES DO ANJO DA PAZ AOS TRÊS PASTORINHOS:

Em 1916, um anjo apareceu três vezes aos pastorzinhos. A finalidade destas visitas traduziu-se na preparação dos videntes de Fátima para acontecimentos de maior importância, como viriam a ser as Aparições de Nossa Senhora, um ano depois. Os fenômenos que viriam a acontecer, não eram de todo fáceis de compreender, daí a importância daquele mensageiro em conduzir as três crianças no sentido de melhor compreenderem e difundirem uma mensagem que todos a pudessem entender e interpretar com o significado que se pretendia transmitir.

 

Primeira Aparição

A primeira aparição do Anjo teve lugar na Loca do Cabeço, um local dos arredores de Aljustrel. Era um dia chuvoso naquela primavera de 1916. Na Loca do Cabeço havia umas pequenas grutas, que ainda hoje se podem visitar, onde os pastorzinhos se abrigavam. Ao acalmar-se a tempestade os pastorzinhos saíram da gruta e foi quando se levantou um vento forte. A pouca distância dos pastorzinhos, no meio do olival, depararam-se com uma figura que tinha “A forma de um jovem de 14-15 anos, mais branco que a neve e transparente como o cristal atravessado pelos raios do sol, e muito belo”, segundo palavras de Lúcia. Aproximou-se deles e disse “Não tenhais medo. Eu sou o Anjo da Paz. Rezai comigo”. Ajoelhou-se e inclinando o rosto até ao chão pediu para rezarem três vezes “Meu Deus, eu acredito, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão pelos que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam”. Depois levantou-se e disse “Orai assim. Os corações de Jesus e de Maria estão atentos à voz das vossas suplicas”. Dito isto o Anjo mais branco que a neve deixou as três crianças.

Durante o resto do dia as crianças sentiram-se tão bem, que nem eram capazes de comentar o sucedido entre eles. O Francisco rezou de acordo com aquilo que ouviu dizer às suas companheiras, na medida em que via o Anjo, mas não o ouvia.

 

Segunda Aparição

A Segunda aparição teve lugar cerca de dois meses mais tarde. O local escolhido desta vez não foi a Loca do Cabeço, mas o poço situado atrás da casa dos pais da Lúcia. Era hora de sesta e tudo estava calmo, apenas as crianças brincavam nas traseiras da casa quando de súbito se deparam novamente com a imagem do Anjo que disse: “O que fazem? Rezai, Rezai muito. Os corações de Jesus e de Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios”. A Lúcia perguntou ao Anjo como se deveriam comportar. “De tudo o que puderdes, oferecei um sacrifício ao Senhor em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de suplica pela conversão dos pecadores”.

Os pastorzinhos ficaram com estas palavras retidas. Começaram então a fazer sacrifícios e a rezar a oração que o Anjo lhes ensinou.

 

Terceira Aparição

No Outono do mesmo ano encontravam-se os pastorzinhos a rezar a oração que o Anjo lhes ensinara, no local onde acontecera à primeira aparição, na Loca do Cabeço quando de súbito o Anjo lhes aparece novamente. Esta aparição teve a particularidade de o Anjo se apresentar com um Cálice na mão esquerda e uma Hóstia na mão direita sobre o Cálice e da qual caiam pingas de sangue. O Anjo ajoelhou-se ao lado dos pastorzinhos, deixando o cálice e a Hóstia suspensos no ar, enquanto lhes pedia para rezarem três vezes a seguinte oração: ” Santíssima Trindade Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do seu Sacratíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores”.

O Anjo levantou-se, tomou com ele o Cálice e a Hóstia que tinham ficado suspensos, deu a Hóstia à Lúcia e o conteúdo do Cálice ao Francisco e à Jacinta dizendo: “Tomai e Bebei o Corpo e o Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o Vosso Deus”.

O Anjo ajoelhou-se de novo, rezando três vezes a mesma oração com os pastorzinhos, para depois os deixar com a sua missão já cumprida.

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João Paulo II e Nossa Senhora

Sou todo Vosso, Mãe e Senhora!

Há certos acontecimentos da vida de João Paulo II que são dignos de memória, mais ainda que outros. São aquelas atitudes do Servo de Deus que ainda rendem bons frutos essa Terra e terão desdobramentos eternamente, no Céu.  Falar sobre isso nunca será demais: a justiça e a gratidão exigem que esses gestos sejam sempre lembrados.

Beatificação: fatos dignos de memória

João Paulo II, será beatificado no dia primeiro de maio de 2011, em Roma. Até lá, sua vida será esquadrinhada palmo a palmo, será narrada em todo mundo, para todos.

Sobre o “Papa que veio de longe” – timoneiro da “Barca de Pedro” por quase 27 anos – veremos desfilar comentários sobre sua atuação como sacerdote, bispo, arcebispo e cardeal na Polônia ainda comunista. Saberemos como foram seus estudos, sua prisão pelos nazistas, sua política diplomática e suas visitas apostólicas a 129 países.

Conheceremos sua atuação durante o concílio. Poderemos avaliar detalhes e consequências do atentado que sofreu em 1981, bem como de sua doença. Serão lembrados seus sofrimentos e também as alegrias, tristezas e esperanças de seus 84 anos de vida. E é bom que seja assim mesmo: João Paulo II viveu de modo assinalado a História da Igreja e da humanidade. Até que se esgote tudo que se tem a dizer sobre ele, passará um bom tempo.

No entanto, haverá ainda outras atitudes de Karol Wojtyla, outros acontecimentos também dignos de memória. Eles também são história e devem ser lembrados. São fatos praticados pelo Servo de Deus que ainda continuam a render bons frutos nessa Terra e terão desdobramentos no Céu, eternamente.

Falar sobre isso nunca será demais e a justiça e gratidão exigem que eles sejam sempre lembrados.

Devoto de Maria

Dentro dessa perspectiva estariam, por exemplo, as expressões de devoção a Nossa Senhora, a catequese e todo o apostolado Marial exercido pelo Papa João Paulo II.

Porém, seria um desafio quase invencível enumerar —mesmo sinteticamente— todos seus pensamentos, todas suas atitudes e desejos a propósito da Virgem Maria. Nessa contingência, sem a pretensão de esgotá-los, relembremos fatos e manifestações que evocam a devoção de João Paulo II a Maria Santíssima, seus desdobramentos e consequências.

“Totus tuus”

Poucas horas depois de ter sido eleito Papa (17 de outubro de 1978), dirigindo-se ao mundo todo, afim de enunciar as grandes linhas de seu pontificado, ele afirmou: “Nesta hora, […] não podemos deixar de voltar, com filial devoção, o nosso olhar para a Virgem Maria […], repetindo as palavras “totus tuus” (todo teu), que […] gravamos em nosso coração e em nossas armas, no dia da ordenação episcopal”.

O que dizer de um homem que, ao atingir a situação mais elevada e augusta dessa Terra, proclama ser “todo de Nossa Senhora”? A resposta é simples e sem exageros: João Paulo II mostrava, assim, ser um homem predestinado. Pois, quem tem devoção a Nossa Senhora traz em sua alma a marca da predestinação.

Consagração a Jesus Cristo pelas Mãos de Maria

Durante seu longo pontificado, nas mais diversas situações, ele tinha seus olhos voltados constantemente para Nossa Senhora.

Aproveitou-se de ocasiões solenes ou intimas, visitas a grandes santuários ou a pequenas igrejas e capelas, fóruns internacionais ou encontros privados para, sempre, renovar sua “consagração a Cristo pelas mãos de Maria” (RMa 48).

Ele escolheu este meio para mostrar ao mundo seu amor à Virgem Maria e seu desejo de viver fielmente esse compromisso de fidelidade a sua devoção mariana. E assim ele agiu até o fim de sua vida.

De onde ele auriu e encontrou fundamentos para essa entranhada devoção a Nossa Senhora?

Sem dúvida alguma, na Tradição Católica e nos exemplos de vida de inúmeros santos. Contudo, a mariologia de João Paulo II foi beneficamente influenciada, sobretudo, por S. Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716) que afirmava: “Toda a nossa perfeição consiste em sermos configurados, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Portanto, a mais perfeita de todas as devoções é, incontestavelmente, aquela que nos configura, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo.

Ora, sendo Maria, entre todas as criaturas, a mais configurada a Jesus Cristo, daí se conclui que, de todas as devoções, a que melhor consagra e configura uma alma a Nosso Senhor é a devoção a Maria, sua santa Mãe; e quanto mais uma alma for consagrada a Maria, tanto mais será a Jesus Cristo” (Tratado, 120 – in RVM 15).

História de uma devoção

Na verdade, a relação de Karol Wojtyla com Nossa Senhora começou quando ele era menino. Sua mãe terrena morreu quando ele tinha sete anos e o pequeno órfão logo habituou-se a rezar diariamente junto a uma imagem de Nossa Senhora de sua paróquia. Karol desabafava suas alegrias, tristezas e esperanças diante da Mãe Celestial, tal como faria com a sua mãe e, talvez, até com mais confiança. De Nossa Senhora sua alma de criança recebia compreensões e afagos que só a melhor das mães sabe dar.

Tendo nascido e vivido na Polônia onde a maioria de seus compatriotas veneram a Virgem de Czestochowa, padroeira de sua abençoada e mariana terra, esta relação cresceu ao longo da sua existência acompanhando-o em sua formação e durante a vida de sacerdote.

Quando foi eleito bispo, tomou como lema a descrição de um estado de vida que já havia assumido antes e vivia: Totus Tuus. Todo Teu! Uma de suas frases poderia resumir a razão de ele dizer “Totus Tuus” a Maria: “Importa reconhecer que, antes de que qualquer outro, o próprio Deus, o Pai eterno, confiou-se à Virgem de Nazaré, dando-lhe o próprio Filho no mistério da Encarnação” (RMa 39).

“Rosario: minha oração predileta!”

“O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e profundidade”.

Estas palavras de João Paulo II, ditas em 20 de outubro de 1978, uma semana depois de ter sido eleito Papa, ajudam a mostrar atitudes de uma espiritualidade que ele vivia e que tomou mais corpo durante seu pontificado. Nesse período, ele aprofundou e amadureceu sua devoção a Nossa Senhora e disso dava sempre mostras: rezava constantemente o rosário.

Era frequente vê-lo rezar o terço devotamente nos momentos de pausa, em seus traslados no papamóvel, nos encontros mais longos com jovens, enquanto eles executavam músicas para ele, e nas horas de recolhimento diante do Santíssimo Sacramento ou de uma imagem de Nossa Senhora.

Suas inúmeras e importantes atividades nunca foram empecilho que justificassem deixar de rezar o terço. Tornou-se conhecido o fato de que nas audiências que concedia ou nas visitas que fazia, o presente que mais oferecia era sempre um rosário, mesmo que a pessoa não fosse católica ou nem tivesse Fé alguma. Ele chegou mesmo a afirmar que “nunca como no Rosário o caminho de Cristo e o de Maria aparecem unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo.”

Contemplar com Maria o rosto de Cristo

Não causa espanto que João Paulo II tenha desejado dedicar ao Santo Rosário o ano que antecedeu o Jubileu de Prata de seu pontificado. Essa foi uma atitude querida por ele para incentivar “a contemplação do rosto de Cristo na companhia e na escola de sua Mãe Santíssima. Com efeito, recitar o Rosário nada mais é [que] contemplar com Maria o rosto de Cristo” (RVM – 3). Assim, depois de 25 anos na direção da Igreja, o já então ancião Karol Wojtyla confirmava, uma vez mais, o “Totus Tuus” da sua vida.

“Meditar com o Rosário significa entregar os nossos cuidados aos corações misericordiosos de Cristo e da sua Mãe. À distância de vinte e cinco anos, ao reconsiderar as provações que não faltaram nem mesmo no exercício do ministério petrino, desejo insistir, como para convidar calorosamente a todos, a fim de que experimentem pessoalmente isto mesmo: verdadeiramente o Rosário «marca o ritmo da vida humana» para harmonizá-la com o ritmo da vida divina, na gozosa comunhão da Santíssima Trindade, destino e aspiração da nossa existência”.

Ano do Rosário, ano para o rosário

João Paulo II escreveu na Carta Apostólica “Rosarium Virignis Mariae”: “na esteira da reflexão oferecida na Carta apostólica “Novo millennio ineunte” na qual convidei o Povo de Deus, após a experiência jubilar, a “partir de Cristo” senti a necessidade de desenvolver uma reflexão sobre o Rosário, uma espécie de coroação mariana da referida Carta apostólica, para exortar à contemplação do rosto de Cristo na companhia e na escola de sua Mãe Santíssima. Com efeito, recitar o Rosário nada mais é senão [que] contemplar com Maria o rosto de Cristo. Para dar maior relevo a este convite, […] desejo que esta oração seja especialmente proposta e valorizada nas várias comunidades cristãs durante o ano. Proclamo, portanto,o período que vai de Outubro deste ano até Outubro de 2003 Ano do Rosário.

Constante Apostolado através de Maria…

O Papa João Paulo II sempre quis deixar patente diante de todos sua devoção a Nossa Senhora. Essa devoção era uma forma de ele caminhar na santificação, sem dúvida, mas os efeitos dela tinham como corolário fazer apostolado, atrair mais almas para Cristo. Ele sabia que os exemplos influenciam, entusiasmam e arrastam.

João Paulo II encontrou no exercício dessa devoção um modo de, ao mesmo tempo, mostrar seu apreço pela Virgem Maria e praticar uma catequese mariana, alcançando assim um número maior de almas que pudessem abrir seus corações para Jesus Cristo.

Todos sabiam que, depois de Papa, —como já fazia na Polônia— nunca deixou de praticar a popular devoção dos primeiros sábados, conforme o pedido de Nossa Senhora aos pastorezinhos de Fátima.

Ele quis também demonstrar sua devoção a Nossa Senhora quando atribuiu à intercessão de Maria o fato de ter sobrevivido ao atentado que sofreu na Praça de São Pedro, em 13 de maio de 1981, uma data especialmente associada às aparições da Virgem em Fátima.

…nas audiências públicas

Ele utilizou-se das sempre muito concorridas audiências públicas das quartas-feiras para difundir as glórias de Maria e propagar a devoção a Ela. Entre os anos de 1995 e 1997, em 58 delas, o Sumo Pontífice teve Nossa Senhora como assunto constante dessas audiências.

Com uma didática simples e direta, capaz de atingir qualquer nível de cultura, ele proporcionou aos que tomaram conhecimento dessas homilias uma incursão através de diversos e variados temas que constituem a mariologia.

Numa delas, João Paulo II tratou da “Devoção mariana e o culto das imagens”. Foi, então, uma ocasião para Ele afirmar:

“Ao chegar a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, nascido de mulher…(Gl 4,4). O culto mariano funda-se sobre a admirável decisão divina de ligar para sempre, como recorda o apóstolo Paulo, a identidade humana do filho de Deus a uma mulher, Maria de Nazaré.

O mistério da maternidade divina e da cooperação de Maria na obra redentora suscita nos crentes de todos os tempos uma atitude de louvor, quer para com o Salvador quer [para com] Aquela que O gerou no tempo, cooperando assim na redenção.

Um ulterior motivo de reconhecido amor pela Bem-aventurada Virgem é oferecido pela sua maternidade universal. Ao escolhê-la como Mãe da humanidade inteira, o Pai celeste quis revelar a dimensão, por assim dizer materna, da Sua ternura divina e da Sua solicitude pelos homens de todas as épocas” (A Virgem Maria – 58 Catequeses do Papa sobre Nossa Senhora. – Aquino, Felipe Rinaldo Queiroz de (org.). – 6ª. ed. – Lorena: Cléofas, 2006, p. 171).

Em outra dessas audiências das quartas feiras, João Paulo II tratou sobre “A oração de Maria”. O Papa assim concluía sua reflexão:

“Tendo recebido de Cristo a salvação e a graça, a Virgem é chamada a desempenhar um papel relevante na redenção da humanidade. Com a devoção mariana os cristãos reconhecem o valor da presença de Maria no caminho rumo à salvação, recorrendo a Ela para obter todo o gênero de graças. Eles sabem sobretudo que podem contar com a sua intercessão materna, para receber do Senhor [tudo] quanto é necessário ao desenvolvimento da vida divina e à obtenção da salvação eterna.

Como atestam os numerosos títulos atribuídos à Virgem e as peregrinações ininterruptas aos santuários marianos, a confiança dos fiéis na Mãe de Jesus impele-os a invocá-la nas necessidades quotidianas. Eles estão certos de que o seu coração materno não pode permanecer insensível às misérias materiais e espirituais de seus filhos” (idem – p. 181).

…em qualquer ocasião oportuna

As homilias de João Paulo II sobre a Bem-aventurada Virgem Maria e seu papel e lugar no mistério de Cristo e da Igreja chegam às centenas, não se limitando apenas às alocuções das quartas feiras. Ele dedicou também, em diversas outras ocasiões, um número enorme de orações e consagrações à Santíssima Virgem.

Às vezes, de passagem, em um discurso, uma audiência, ou outra oportunidade qualquer, relevante ou não, nascidas de seu coração, vinham à tona orações, lembranças ou algumas palavras sobre Nossa Senhora e a necessidade de se ter devoção a Ela. Eram sempre palavras acessíveis, porém, elevadas e com fundamento teológico profundo.

 

Os mistérios de Luz

Se quisermos completar um pouco mais o perfil mariano da alma de João Paulo II, seria bom lembrarmos que ele escreveu a encíclica “Redemptoris Mater” e também a carta apostólica “Rosarium Virginis Mariae”.

Estes escritos trazem um conjunto de pensamentos, meditações e afirmações de um Papa que já havia caminhado bastante na estrada de Maria. Eles trazem reflexões de um coração que se apaixonou pela Santa Mãe de Deus, a Virgem Maria.

Como corolário dessas meditações sobre o Rosário, o Papa acrescentou a ele um conjunto novo de cinco mistérios. Eles formam a quarta parte do Rosário e receberam a denominação de “Mistérios Luminosos” ou “Mistérios da Luz”.

“Quando recita o Rosário, a comunidade cristã está em sintonia com a memória e com o olhar de Maria.” (RVM) Os cinco mistérios acrescentados ao Santo Rosário colocarão o fiel em um tempo maior de contato com Nossa Senhora. E isso é fundamental para o católico, pois, “percorrer com Maria as cenas do Rosário é como ir à ‘escola’ de Maria para ler a Cristo, para penetrar em seus segredos, para entender sua mensagem.”

João Paulo II e Fátima

Provavelmente, a devoção do Papa João Paulo II a Nossa Senhora de Fátima veio de sua época de infância e juventude, pois, na Polônia, desde cedo, a história e a mensagem da Senhora da Cova da Iria foram bastante difundidas.

Os Bispos poloneses participantes do Concílio Vaticano II estavam entre os que mais se entusiasmaram quando s tratou da realização da consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, segundo o pedido de Nossa Senhora, em Fátima. Entre estes bispos estava o ainda jovem Dom Wojtyla que participou ativamente da defesa e divulgação dessa Consagração.

Assim ele resumiu seu pensamento sobre esta temática: “Consagrar o mundo ao Coração Imaculado de Maria significa aproximar-nos, mediante a intercessão da Mãe, da própria Fonte da Vida, nascida no Gólgota. Este Manancial escorre ininterruptamente, dele brotando a redenção e a graça.” (Homilia do Papa João Paulo II,Fátima, 13 de maio de 1982- in Revista Arautos do Evangelho, Fev/2011, n. 110)

O então Dom Karol Wojtyla participou das quatro sessões do II Concílio do Vaticano. Estava presente quando o Papa Paulo VI anunciou o envio da rosa de ouro ao Santuário de Fátima (21 de Novembro de 1964) e o convite do Cardeal Cerejeira, na última sessão do Concílio, a todos os bispos do mundo, para irem ao Santuário no cinquentenário das aparições (1967).

Ao sobrevoar o território de Portugal —25 de janeiro de 1979— João Paulo II lembrava-se de Fátima em sua mensagem ao presidente: “com cordiais saudações, vai o nosso pensamento para o dileto povo português, auspiciando-lhe e implorando a Maria Santíssima, tão cultuada especialmente em Fátima, a contínua assistência e favores de Deus” (OR, 11 Mar. 1979, p. 2).

Proteção de Fátima: o Papa não morreu

Em 13 de Maio de 1981 completavam 64 anos da primeira aparição de Nossa Senhora na Cova da Iria. Era também comemorado o cinquentenário da consagração de Portugal ao Imaculado Coração de Maria e o Episcopado Português tinha resolvido que nesse dia seria renovada essa consagração. Para a ocasião, João Paulo II havia enviado um telegrama afirmando considerar-se presente à cerimônia.

O Cardeal D. Antônio Ribeiro leu o texto da consagração e a prece pelas intenções do Papa. Leu também uma mensagem onde agradecia o telegrama do Papa e, em nome de todos, pedia a Nossa Senhora “as melhores graças e bênçãos de Deus” para o Papa (cfr. “Voz da Fátima”, 13 Jun. 1981; OR, 9 Mai. 1982, p. 7, cols. 3-4).

Justamente na tarde deste mesmo dia chegou a notícia do atentado contra o Papa. Desde então, no Santuário de Fátima as autoridades eclesiásticas e os peregrinos se uniram em oração pelo Papa.

“Não podíamos deixar morrer o Santo Padre. Pela proteção de Nossa Senhora, Consoladora dos Aflitos, Saúde dos Enfermos, Mãe da Santa Esperança, o Papa não morreu”, dizia o Bispo de Leiria, um ano depois. (OR, 9 Mai. 1982, p. 9, col. 1-2).

No ritmo da “Senhora da Mensagem”

Podemos afirmar que, desde esse dia, o pontificado do Papa João Paulo II decorreu ao ritmo da “Senhora da Mensagem”, como ele costumava dizer. Alguns momentos são significativos e mostram essa sintonia com a mensagem de Fátima:

– 13 de Maio de 1982 – primeira peregrinação do Papa ao Santuário de Fátima;

– a consagração do Mundo ao Imaculado Coração de Maria, na Praça de S. Pedro, na presença da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, da Capelinha das Aparições, a 25 de Março de 1984;

– a segunda peregrinação, no décimo aniversário do atentado, a 13 de Maio de 1991;

– a terceira peregrinação com a beatificação dos pastorezinhos Francisco e Jacinta, em Fátima, e o anúncio da terceira parte do segredo de 1917, a 13 de Maio do ano jubilar de 2000, e a sua revelação completa, a 20 de Junho do mesmo ano.

– Finalmente, a nova ida da Imagem de Nossa Senhora de Fátima, à Praça de S. Pedro, no dia 8 de Outubro de 2000, quando o Papa João Paulo II consagrou a Nossa Senhora o novo milênio, na presença dos bispos do mundo inteiro.

Em alocuções e outros documentos oficiais de seu pontificado, João Paulo II refere-se a Nossa Senhora de Fátima em 110 ocasiões diferentes.

O Papa João Paulo II teve uma última atenção para com Fátima: enviou uma mensagem para a Irmã Lúcia que, a 13 de fevereiro de 2005 ainda a pode ler poucas horas antes de falecer. Menos de dois meses depois, 2 de abril, quando morreu João Paulo II, na Praça de S. Pedro ouvia-se constantemente o “Ave de Fátima”. Cantando, o povo associava definitivamente João Paulo II a Nossa Senhora de Fátima.

 

Fonte: Arautos do Evangelho

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Diante de dois sinais dos tempos

Autor: Frei Lourenço M. Papin, OP

 

João XXIII, eleito papa em 1958, começou a usar amiúde a expressão “sinal dos tempos”, uma maneira de entendermos os planos e desígnios de Deus, à luz da fé, através dos acontecimentos da vida, da história e da própria natureza.

Trata-se de uma linguagem de inspiração bíblica. Um exemplo marcante: Moisés entendeu que Deus o chamava a libertar Israel da escravidão faraônica, através do clamor de seu povo sofrido e oprimido.

Vejo como um sinal dos tempos, no aqui e agora, o movimento ecológico que se globalizou na defesa da natureza, independente de culturas e confissões religiosas. O Espírito do Senhor sopra onde quer!

A Igreja no Brasil, procurando interpretar esse sinal dos tempos, lançou a Campanha da Fraternidade 2011, tendo como tema: “A Fraternidade e a vida no planeta” e como lema as palavras de Paulo aos Romanos: “A criação geme em dores de parto” (Rm 8, 22).

Essa Campanha é um brado da Igreja, lembrando que Deus tudo criou para o bem do homem e da mulher, sua obra-prima. É o grande ensinamento do livro do Gênesis narrando a obra da criação.

A natureza toda está, sim, a serviço do homem, mas é seu dever respeitá-la e dela cuidar. A natureza ou o meio ambiente é a casa comum de toda humanidade.

Um dos subsídios para difusão popular da CF é o seu cartaz que você já deve ter visto. Ele é muito chamativo, quase apocalíptico. Ao fundo aparece uma fábrica com sua densa fumaça que polui e degrada o ambiente. Em seguida vê-se um rio com sua água suja e escurecida, lembrando a natureza devastada, influenciando o aparecimento de enchentes e o aumento do nível do mar.

Em contraste a esse quadro desolador, vê-se na parte inferior do cartaz, uma mureta, onde apesar das devastações, ainda existe vida: um pequeno broto e um cipreste (hera), com suas raízes incrustadas, criando um micro ecossistema, insistindo em viver. O que se relaciona com o lema: “A criação geme em dores de parto”.

Não obstante os “sofrimentos e gritos de dor da natureza”, a vida rompe barreiras, mostrando que existe a esperança representada por uma borboleta que, mesmo com sua breve e humilde vida, cumpre seu importante papel no ciclo natural do planeta.

Outro subsídio também popular é o hino próprio dessa Campanha, cantado em todas as comunidades do Brasil. Bonita sua música, rica de conteúdo sua letra.

“A terra é mãe, é criatura viva; / também, respira, se alimenta e sofre, / É de respeito que ela mais precisa! / Sem teu cuidado, ela agoniza e morre.

Olha as florestas, pulmão verde e forte! / Sente esse ar que te entreguei tão puro? Agora, gases disseminam morte; / O aquecimento queima o teu futuro.

Contempla os rios que agonizam tristes. / Não te incomoda poluir assim?! / Vê, tanta espécie não existe. / Por mais cuidado implora esse jardim.

A humanidade anseia nova terra (2Pd 3, 13). / De dores geme toda a criação (Rm 8, 22). Transforma em Páscoa as dores dessa espera, / Quero essa Terra em plena gestação!”

São algumas das estrofes intercaladas com este refrão de forte apelo: “Nossa mãe Terra, Senhor, / Geme de dor noite e dia. / Será de parto essa dor? / Ou simplesmente agonia?! / Vai depender só de nós”!

Há partos de dor que trazem a vida, há partos de agonia que trazem a morte!

Vejo também, como doloroso sinal dos tempos, a catástrofe dos devastadores terremotos e tsunami no Japão.

Antes de tudo seria anticristão afirmar que se trata de castigo de Deus que é Pai de infinita bondade. Todavia, numa perspectiva de fé bíblica, vejo nessa catástrofe da natureza, como uma lição de advertência divina para todos nós a qualquer nacionalidade que pertençamos que humildemente devemos exclamar: Como somos todos pequenos e frágeis, mesmo com as maravilhosas conquistas da tecnologia.

Com imensa dor lamentamos e choramos os milhares de nossos irmãos japoneses mortos ou desaparecidos. Consternados continuamos vendo, sobretudo pela televisão, multidões desoladas, sem teto, padecendo fome, sede e frio, ameaçadas por irradiações nucleares, enfim, um primeiro mundo com imagens de terceiro mundo.

Mitigando tanto sofrimento, constatamos, todavia, o despertar de fraternidade e solidariedade concreta de tanta gente e de numerosas nações cujos governantes estão preocupados em colaborar na solução dos problemas humanos e materiais advindos dessa catástrofe.

Constatamos também a serenidade, tranqüilidade e solidariedade dos japoneses entre si.

Essa fraternidade e solidariedade de dimensão globalizada que crescem cada dia apresentam-se como mais um componente desse sinal dos tempos, forte e alto falante para toda humanidade.

Nossa prece ao Deus Criador pela vida no planeta. Nossa prece ao Cristo, “sol nascente que nos veio visitar” (Lc 1, 78) por esse povo sofrido da terra do sol nascente.

Artigos

Anunciação do Senhor

Numa pequena casa da cidade de Nazaré, ocorreu o acontecimento mais importante da História da humanidade: a Encarnação da Segunda Pessoa da Santíssima Trindade no seio puríssimo de Maria. A Santa Igreja comemora esse transcendental acontecimento a 25 de março, precisamente nove meses antes do Natal.

O evangelista São Lucas narra o fato com simples palavras.

O valor da graça

Inclinando-se respeitosamente diante da Santíssima Virgem, o Arcanjo São Gabriel disse-lhe: “Ave, cheia de graça, o Senhor é contigo” (Lc 1, 28).

Consideremos as palavras: Cheia de graça. A menor das graças vale mais que todo o universo material. Pois a graça é a participação da vida divina. Se tivéssemos que escolher entre a menor das graças e todos os tesouros do mundo, deveríamos, sem a menor hesitação, preferir a graça.

Ora, desde o primeiro instante da concepção, que foi imaculada, a graça divina inundara a alma de Maria e essa graça não cessaria de crescer em proporções que desafiam os cálculos de nossas débeis inteligências. Por isso, São Gabriel A chamou: Cheia de graça.

Humildade da Virgem

Maria Santíssima compreendia perfeitamente a imensidade de Deus e o nada da criatura. Devido à sua prodigiosa humildade, Ela se espantou ao ouvir aqueles louvores.

Vendo a mais perfeita das criaturas ter sentimentos tão despretensiosos, o embaixador celeste acrescentou: “Não temas, Maria, pois encontraste graça diante de Deus; eis que conceberás e darás à luz um Filho, a Quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será o Filho do Altíssimo. Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e reinará eternamente e o seu reino não terá fim” (Lc 1, 30,33).

Espírito profundamente lógico de Nossa Senhora

Logo após o primeiro elogio feito por São Gabriel, a Santíssima Virgem “meditava que saudação seria esta” (Lc 1, 29).

E quando o anjo anunciou-lhe que Ela seria Mãe de Deus, a Virgem indagou: “Como se fará isso, pois Eu não conheço varão?“. E ele respondeu-lhe: “O Espírito Santo descerá sobre ti, e a virtude do Altíssimo te cobrirá. E, por isso mesmo, o Santo que há de nascer de ti será chamado Filho de Deus” (Lc 1, 35-37).

União Hipostática

Compreendendo ser essa a santíssima vontade de Deus, a Virgem disse ao Anjo: “Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a vossa palavra” (Lc 1, 38).

“Ó poderosa, ó eficaz, ó augustíssima palavra! — exclama São Tomás de Vilanova (1488-1555). Com um Fiat (faça-se) criou Deus a luz, o céu, a terra, mas com este Fiat de Maria um Deus se tornou homem como nós”.

Então operou-se a maior de todas as maravilhas. Pela ação do Espírito Divino começou a formar-se no seio da Virgem puríssima o corpo do Menino Jesus. O mesmo Espírito Santo uniu a esse corpo uma alma humana e juntou corpo e alma à Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. Essas três partes de uma mesma operação foram simultâneas, e esse sublime mistério é denominado pela Teologia de União Hipostática. Na Pessoa de Nosso Senhor Jesus Cristo — verdadeiro Deus e verdadeiro Homem — se unem as naturezas divina e humana.

Maria, Mãe de Deus

A Virgem é Mãe de Deus porque gerou alguém que é Deus. Não é, porém, Mãe da Divindade ou da natureza divina; é Mãe duma Pessoa Divina enquanto produziu, no tempo, a natureza humana dessa Pessoa.

Ora, Maria é mãe no sentido próprio. Pois o sujeito gerado é Deus ou uma Pessoa Divina, e não uma pessoa humana que depois foi feita Deus. O filho da Virgem é Deus no momento da concepção. No mesmo instante em que foi homem, foi Deus e homem, porque a natureza humana de Jesus estava destinada a subsistir, unida à natureza divina, na Segunda Pessoa divina.

Esses pontos são doutrina de fé, explicitamente definida e de primeira importância no dogma da Encarnação, pois compreende:

1. A declaração da natureza humana de Cristo, sem a qual não haveria a maternidade de Maria.

2. A declaração da natureza divina de Cristo; do contrário, o filho de Maria não poderia chamar-se Deus.

3. A declaração da união hipostática das duas naturezas na mesma pessoa, a divina; só assim pode ser um mesmo, o filho de Deus-Pai e o filho de Maria.

4. A declaração desta união desde o instante da concepção de Cristo; do contrário, a mãe de Cristo-Homem não se poderia chamar e ser Mãe de Deus.

Maria é chamada verdadeiramente Mater Dei, em latim, ou Theotokos, em grego, conforme definiu solenemente o Concílio de Éfeso, no ano de 431.

Veja outro artigo sobre a Anunciação, clique aqui.

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Fontes de referência:

Santo Afonso Maria de Ligório, Glórias de Maria Santíssima, Vozes, 1964.

– Cônego Raymond Thomas de Saint-Laurent, La Vierge Marie, Aubanel Frères – Avignon, 1927.

Frei J. Armindo Carvalho, O.P., Maria no plano de Deus, Cadernos Culturais, 1, Braga, 1958.

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A inexplicável escada Milagrosa de São José

A inexplicável distração de um arquiteto do século XIX criou um problema “insolúvel”, do qual resultou uma admirável obra de arte que encanta as almas abertas para o maravilhoso e até hoje deixa perplexos os mais competentes especialistas.

Na prodigiosa escada cujas fotos o leitor pode apreciar nesta página, tudo é harmônico e deslumbrante. Ocupando um mínimo de espaço, ela eleva-se elegantemente em caracol, fazendo duas voltas de 360 graus.

Sua história, tão surpreendente quanto encantadora, justifica por inteiro o nome que lhe foi dado pela devoção popular: Escada Milagrosa.

Em 1853, as “Irmãs de Loreto” fundaram na cidade de Santa Fé, Estados Unidos, a Escola de Nossa Senhora da Luz (Loreto), para educação de meninas. O estabelecimento prosperou e, anos depois, as freiras decidiram construir uma capela dedicada à sua Padroeira. E optaram pelo estilo gótico, à imitação da famosa Sainte Chapelle, de Paris.

Somente quando estava concluída a obra, em 1878, as boas religiosas deram-se conta de um monumental descuido do arquiteto: não havia escada de acesso ao coro, situado a cerca de dez metros de altura!… E a construção de uma escada comum, não apenas deformaria o estilo, mas reduziria de modo inaceitável o espaço útil do pequeno templo.

Como resolver o problema? Foram consultados arquitetos, carpinteiros e outros profissionais. Todos afirmaram categoricamente que a única “solução” era usar uma escada portátil.

Mas as freiras queriam uma igreja bela, digna da Rainha de todas as belezas. E se a técnica humana era incapaz de resolver o problema, “para Deus nada é impossível”, como nos ensina o Divino Mestre.

Cheias de fé, iniciaram uma novena a São José. Afinal de contas – argumentavam elas – ele é um carpinteiro inigualável e deve empenhar-se para que uma igreja dedicada à sua Esposa santíssima seja em tudo perfeita como Ela!

Justamente no último dia da novena, apresentou-se um carpinteiro à procura de trabalho. Chegou montado num jumento, trazendo na mão sua caixa de ferramentas. Foi logo contratado para executar a obra considerada impossível. Trabalhou com diligência e discrição durante cerca de seis meses.

Certo dia as freiras verificaram, deslumbradas, que estava construída uma esplêndida escada em forma de caracol. Para resolver um mero problema funcional, o discreto e eficiente artífice havia adornado a pequena capela com uma autêntica jóia de madeira.

Onde estava ele? Ninguém sabia. Havia desaparecido sem se despedir de pessoa alguma. Não recebeu pagamento nem sequer um simples agradecimento pelo serviço prestado. Procuraram-no inutilmente, inclusive por meio de um anúncio publicado no jornal da cidade.

Por outro lado, um exame meticuloso da escada causava em todos enorme admiração. Sua magnífica estrutura, a elegância com que ela se eleva, além de vários detalhes da construção, deixam perplexos os especialistas até o dia de hoje. Por exemplo, ela faz duas voltas completas de 360 graus sem nenhum apoio colateral e é toda feita de encaixes, sem utilização de um único prego. Algumas de suas peças são de um tipo de madeira inexistente na região.

Em vista das circunstâncias em que foi feita a novena a São José, a inexplicável perfeição da obra, sob o ponto de vista humano, e o misterioso desaparecimento do artista, as freiras não tiveram dúvida em tirar a conclusão: o próprio esposo castíssimo da Virgem Maria viera realizar, em homenagem a Ela, aquilo que a técnica humana considerava impossível.

E lá está até hoje, maravilhando todas as almas capazes de ver e amar a beleza, a Escada Milagrosa da capela de Nossa Senhora de Loreto, na cidade norte-americana de Santa Fé.

Fonte: Arautos do Evangelho

 

 

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Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados

Em Fátima, na terceira aparição de Nossa Senhora a 13 de Julho de 1917, foi mostrado aos três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta, o inferno. Depois desta visão, Nossa Senhora disse-lhes:

“Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no Mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz… Virei pedir a consagração da Rússia a Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados… Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao Mundo algum tempo de paz…”

Nossa Senhora no dia 10 de Dezembro de 1925, em Pontevedra, apareceu à Irmã Lúcia com o Menino Jesus. Maria poisou a sua mão sobre os ombros de Lúcia e mostrou-lhe o Seu Imaculado Coração cercado de espinhos, e disse-lhe:

“Tem pena do Coração de sua SS. Mãe que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam sem haver quem faça um acto de reparação para os tirar” Em seguida, a SS. Virgem disse:

” Minha Filha, olha para o Meu coração cercado de espinhos que os homens ingratos me cravam a todo o momento com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que todos aqueles que durante cinco meses, no Primeiro Sábado
– se confessarem
– receberem a Sagrada Comunhão
– rezarem o Terço
– e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravarem,
Eu prometo assistir-lhes na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”.

A IMPORTÂNCIA DESTA DEVOÇÃO
Esta devoção significa a união íntima do Coração Imaculado de Maria com o Sagrado Coração do Seu Filho. O coração de Maria, “aberto pelas palavras, “Mulher, toma o teu filho” (Jo 19:26) está unido espiritualmente com o coração do seu Filho, aberto pela espada do soldado”, ensinou o Papa João Paulo II na sua homilia em Fátima, no dia 13 de Maio de 1982.

Através desta devoção, o próprio Jesus deseja a reparação das ofensas que cravam o doloroso coração de Sua Mãe, símbolo maternal do amor misericordioso e desejo que Ela tem por salvar toda a humanidade n’Ele. Se praticar esta devoção, Maria promete-lhe assistir com as graças necessárias para a salvação, no momento supremo da morte.

Artigos

Milagres Eucarísticos

(No final desse artigo apresentamos as histórias de cada milagre Eucarísticos, confira!)


Apresentação

OS MILAGRES EUCARÍSTICOS: LIMITES E ASPECTOS POSITIVOS

Apresento, primeiramente, os limites dos Milagres Eucarísticos e depois o valor dos seus aspectos positivos.

1. Limites

  • A nossa fé não é fundamentada sobre os Milagres Eucarísticos, mas sobre o anúncio de Cristo Senhor, acolhido pela Fé graças à ação do Espírito Santo.Cremos porque acreditamos na pregação (cfr. Gl 3,5): “Fides ex auditu autem per verbum Christi” (Rm 10,17): “Pois a fé vem da pregação e a pregação é pela palavra de Cristo”. “Crer é um ato da inteligência que, sob o estímulo da vontade movida por Deus através da Graça, dá o próprio consentimento à verdade divina” (S. TOMÁS, Summa Theologiae, II-II, q.2,a.9,c).E o centro da nossa fé na Eucaristia é Cristo, quem durante a sua pregação anunciou a instituição da Eucaristia e depois a instituiu celebrando, na Quinta-feira Santa, a Santa Ceia com os seus apóstolos.

    Desde então a Igreja, fiél ao mandamento do Senhor: “fazei isto em memória de mim” (1 Cor 11,24) celebrou sempre a Eucaristia com fé e devoção, principalmente no Domingo, dia da Ressurreição de Jesus e continuará a fazê-lo “até que Ele venha” (1 Cor 11,26).

  • Não existe a obrigação, para o cristão, de acreditar nos Milagres Eucarísticos. Eles não são obrigatórios para a fé dos fiés, por mais que sejam reconhecidos oficialmente pela Igreja. Cada fiél conserva a sua liberdade de escolha: nenhum cristão é obrigado a acreditar nas revelações privadas, nem mesmo quando são aprovadas pela Igreja.
  • Mas, como um princípio geral, o fiél não deve excluir que Deus possa intervir extraordinariamente em qualquer momento, lugar, acontecimento ou pessoa. Difícil é discernir se num determinado caso se verificou ou não uma autêntica e extraordinária intervenção Divina.
  • É perfeitamente justo que a Igreja seja prudente, diante dos fenômenos extraordinários (como os Milagres Eucarísticos), pois, entre outras coisas, existem os seguintes riscos:
    • Supor que Deus esqueceu de dizer-nos alguma coisa quando instituiu a Eucaristia;
    • colocar a Eucaristia dominical em segundo plano;
    • atribuir uma importância exagerada ao aspecto milagroso e extraordinário, desvalorizando assim a vida quotidiana do fiél e da Igreja;
    • deixar-se levar facilmente por sugestões e enganos…
    • o evento não tem nada que se opõe à Fé e aos bons costumes;
    • é lícito dar publicidade ao fato
    • os fiéis são autorizados a, prudentemente, aderir-se a ele.
  • Quando um Milagre recebe aprovação eclesiástica é porque contém os seguintes elementos:

Ainda que ninguém seja obrigado a acreditar nele, o fiél deve demonstrar respeito pelo Milagre Eucarístico, cuja autenticidade foi reconhecida pela Igreja.

2. Aspectos Positivos

Os Milagres Eucarísticos podem ser frutíferos para a nossa Fé. Podem, por exemplo:

  • Ajudar a ir além do visível e do sensível e a admitir a existência de um “Além”, de um “outro mundo”. por isso que o Milagre Eucarístico é considerado como um evento extraordinário, pois não se explica com fatos e razões científicas; ultrapassa a razão humana e interpela o homem solicitando que ele caminhe “além” do sensível, do visível, do meramente humano, isto é, pede que ele admita a existência de algo que é incompreensível, que não se explica somente pela inteligência humana e que não é cientificamente comprovável.
  • Ser uma ocasião para falar, particularmente na catequese, sobre a Revelação Pública e a sua importância para a Igreja e para o cristão. Os Milagres Eucarísticos são eventos extraordinários ocorridos depois da instituição da Eucaristia, ao final do Novo Testamento, quer dizer ao final da Revelação Pública.

O que é a Revelação Pública?

A Revelação Pública é:

    • realizada progressivamente por Deus a partir de Abraão, passando pelos Profetas, até chegar a Jesus Cristo;
    • testemunhada nas duas partes da Bíblia: no Antigo e no Novo Testamento;
    • destinada a todos os homens e ao homem por inteiro, de todos os tempos e lugares;
    • radicalmente diferente, por essência e não somente por grau, das chamadas revelações privadas;
    • concluída com Cristo no Novo Testamento, com o qual a Igreja é vinculada.

Por que a Revelação Pública se concluiu com Cristo?

Porque Cristo é o Mediador e a Plenitude da Revelação.

“Ele, sendo o Único Filho de Deus feito homem, é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está agora plenamente realizada, ainda que a fé da Igreja tenha de captar gradualmente todo seu alcance ao longo dos séculos”. (COMPÊNDIO 9)

“Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos poor meio do Filho” (Hb 1, 1-2).

Cristo, o Filho de Deus feito homem é portanto a única Palavra, perfeita e definitiva do Pai, quem nEle diz e doa tudo e não existirá outra Palavra que essa.

“Desde o momento em que nos deu o Seu Filho, que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus nos disse tudo de uma só vez nessa Palavra e não tem mais nada a dizer” (São João da Cruz). “Portanto, a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e não se há-de esperar nenhuma outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (cfr. 1 Tim. 6,14; Tit. 2,13). (VATICANO II, Const. Dogm. Dei Verbum, 4)

Quais são as conseqüências dessas conclusões sobre a Revelação Pública?

Eis algumas:

    • O Deus dos cristãos é crível e confiável e nos fundamentamos na Escritura e não em mensagens reveladas posteriormente a pessoas particulares.
    • Não temos que esperar de Deus nenhuma outra nova manifestação ou revelação, somente o regresso glorioso de Cristo, que inaugurará “novos céus e nova terra” (1 Pe 3,13), possibilitando que Deus Pai seja “tudo em todos” (1 Cor 15,28).
    • A Igreja está vinculada ao evento único da História Sagrada e à palavra da Bíblia e a sua missão é garantir, interpretar, aprofundar e testemuhar a Revelação Pública. E isso acontece graças à particular assistência do Espírito Santo que guia e conduz a Igreja para que ela conheça cada vez melhor o seu tesouro: Cristo, o Senhor.
    • A Revelação Pública exige a nossa Fé: “de facto, nela, é o próprio Deus que nos fala por meio de palavras humanas e da mediação da comunidade viva da Igreja. A fé em Deus e na sua Palavra é distinta de qualquer outra fé, crença, opinião humana. A certeza de que é Deus que fala, cria em mim a segurança de encontrar a própria verdade; uma certeza assim não se pode verificar em mais nenhuma forma humana de conhecimento. É sobre tal certeza que edifico a minha vida e me entrego ao morrer.” (CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, A Mensagem de Fátima)
    • Porém, ainda que a Revelação seja completa, não é totalmente explícita, a Fé cristã deve conhecê-la melhor, aprofundar cada vez mais no seu conteúdo, encarná-la sempre na vida e testemunhá-la a todos com fidelidade e coragem. Só é possível acolher todo o seu alcance, gradualmente, no decorrer dos séculos.
  • Os Milagres Eucarísticos podem ajudar a conhecer e a viver a Fé, cujo centro é Cristo, Cristo-Eucaristia: são realmente úteis porque estão intimamente orientados a Cristo e não são autônomos, podem revigorar a fé subjetiva dos fiéis e até dos que não crêem. São uma ajuda para a fé porque nos orietam à Eucaristia instituída por Cristo e celebrada na Igreja todos os domingos. Eles estão à serviço da Fé; não devem e nem podem acrescentar nada ao único e definitivo dom de Cristo-Eucaristia, mas podem chegar a ser uma humilde chamada de atenção. Podem ser, algumas vezes, proveitosos para aprofundar na fé, mas é uma ajuda que não existe a obrigação de aceitar.
  • Os Milagres Eucarísticos convidam a conhecer, a apreciar e a amar a Eucaristia.Podem ajudar as pessoas a descobrirem o mistério, a beleza e a riqueza da Eucaristia, como diz o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, aprovado e publicado no mês de junho passado pelo Papa Bento XVI:

    “É fonte e ápice de toda a vida cristã. Na Eucaristia, atingem o seu clímax a ação santificante de Deus para conosco e o nosso culto para com ele. Ela encerra todo o bem espiritual da Igreja: o mesmo Cristo, nossa Páscoa. A comunhão da vida divina e a unidade do Povo de Deus são expressas e realizadas pela Eucaristia. Mediante a celebração eucarística, já nos unimos à liturgia do Céu e antecipamos a vida eterna.” (274).

  • Não podemos esquecer nunca, nem deixar de falar que a Eucaristia é o verdadeiro e grande inesgotável Milagre quotidiano. Ela:
    • É um Sacramento: Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é concedida a vida divina (…) são eficazes ex opere operato (“pelo fato mesmo de a ação sacramental se realizar”), porque é Cristo que age neles e que comunica a graça que significam, independentemente da santidade pessoal do ministro; todavia os frutos dos sacramentos dependem também das disposições de quem os recebe”. (COMPÊNDIO do CCC, 224.229)
    • É o Sacramento Domenical por exelência: é evidente que o Milagre mais difundido e ao alcance de todos é o que ocorre nas nossas igrejas todas as vezes que se celebra a Santa Missa.“É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que ele instituiu para perpetuar pelos séculos, até seu retorno, o sacrifício da cruz, confiando assim à sua Igreja o memorial de sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal, no qual se recebe Cristo, a alma é coberta de graça e é dado o penhor da vida eterna”. (COMPÊNDIO 271)Sem sombra de dúvidas, o Milagre mais importante e estrondoso é o que ocorre todas as vezes que se celebra a Eucaristia na qual “Jesus Cristo está presente na Eucaristia de modo único e incomparável. Está presente, com efeito, de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Nela está, portanto, presente de modo sacramental, ou seja, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo todo inteiro: Deus e homem. (COMPÊNDIO 282). Fazendo presente e atualizando o seu Sacrifício da Cruz, com o Seu Corpo e o Seu Sangue, Ele se faz nossa comida e bebida, unido-se a nós e vivendo entre nós se transforma em viático do nosso peregrinar neste mundo caminho à patria eterna.

      Este é o milagre misterioso por excelência, que somos convidados a celebrar principalmente aos domingos, na comunidade eclesial, partindo o único pão, que – como afirma Santo Inácio de Antioquia – “nós partimos o único pão que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para sempre”.

  • É oportuno também valorizar os Santuários dos Milagres Eucarísticos, reconhecidos pela Igreja como lugar de celebração litúrgica (particularmente do Sacramento da Reconciliação), lugar de oração e de espiritualidade eucarística, de catequese e de obra de caridade.
  • Os Milagres Eucarísticos se manifestam relacionados com a piedade popular.Eles, com freqüência, provêem da piedade popular e incidem sobre ela dando-lhe novos impulsos e abrindo-lhe novas formas de manifestação. Isso não exclui que eles tenham um efeito sobre a liturgia, como ocorreu, por exemplo, com a instituição da Festa de Corpus Christi. A liturgia é o critério, ela é a forma vital de toda a Igreja e é nutrida diretamente pelo Evangelho.

Monsenhor Raffaello Martinelli

S.E. Rev. ma Mons Raffaello Martinelli
Reitor do Colégio Eclesiástico Internacional São Carlos
Oficial da Congregação para a Doutrina da Fé

Clique nos arquivos abaixo e confira os milagres Eucarísticos (arquivo em *.pdf ):

1Carta Austria
2 Fiecht
3 Seefeld
4 Weiten

5 Carta Belgica
6 Boisseigneurissac
7 Bruges
8 Bruxelas
9 Herentals
10 Herkenrode
11 Corpuschristi
12 Middleburg

13 Carta Colombia
14 Tumaco

15 Carta Croacia
16 Ludbreg P1
17 Ludbreg P2

18 Carta Egito
19 Santa Maria
20 Scete

21 Carta Franca
22 Avignon P1
23 Avignon P2
24 Blanot
25 Bordeaux
26 Dijon
27 Douai
28 Faverney
29 Larochelle
30 Lesulmes
31 Marseille Beauvais
32 Paris P1
33 Paris P2
34 Pressac

35 Carta Alemanha
36 Augsburg
37 Benningen
38 Bettbrunn
39 Erding
40 Kranenburg
41 Regensburg
42 Walldurn
43 Weingarten
44 Weingarten2
45 Wilsnack

46 Carta India
47 Chiratta Konam

48 Carta Martinica
49 Martinica

50 Carta Reuniao
51 Reuniao

52 Carta Italia
53 Alatri
54 Assis
55 Asti P1
56 Asti P2
57 Bagnoramagna
58 Bolsena P1
59 Bolsena P2
60 Canosio
61 Cassia
62 Cavatirreni
63 Dronero
64 Ferrara
65 Florenca
66 Gruaro
67 Lanciano P1
68 Lanciano P2
69 Macerata
70 Mogoro
71 Morrovalle
72 Offida
73 Patierno
74 Rimini
75 Roma P1
76 Roma P2
77 Roma P3
78 Rosano
79 Damiao
80 Sena
81 Trani
82 Turim P1
83 Turim P2
84 Turim P3
85 Veroli
86 Volterra

87 Carta Holanda
88 Alkmaar
89 Amsterdam P1
90 Amsterdam P2
91 Bergen
92 Boxmeer
93 Boxtel
94 Breda
95 Meerssen
96 Stiphout

97 Carta Peru
98 Eten

99 Carta Polonia
100 Cracovia
101 Glotowo
102 Poznan

103 Carta Portugal
104 Santarem P1
105 Santarem P2

106 Carta Espanha
107 Alboraya P1
108 Alboraya P2
109 Alcala
110 Alcoy
111 Caravaca
112 Cimballa
113 Daroca P1
114 Daroca P2
115 Gerona
116 Gorkum
117 Guadalupe
118 Ivorra P1
119 Ivorra P2
120 Moncada
121 Monserrat
122 Ocebreiro
123 Onil P1
124 Onil P2
125 Ponferrada
126 Sanjuan
127 Silla
128 Valenca P1
129 Valenca P2
130 Zaragoza

131 Carta Suica
132 Ettiswil

Artigos

Quaresma: “E não nos deixeis cair em tentação”

Autor: Frei Lourenço Maria Papin, OP

 

Com a austera celebração da Quarta-feira de Cinzas, a Igreja iniciou a Quaresma 2011. Como indica o nome, são 40 dias de preparação para a Solenidade da Páscoa, intercalados por cinco Domingos.

E sempre no primeiro Domingo da Quaresma a liturgia da Palavra na Missa nos apresenta o episódio das tentações ou provações de Cristo no deserto, Mateus e Lucas, nos falam de três tentações que mostram o aspecto profundamente humano de Cristo que se fez igual a nós em tudo, também nas tentações, exceto no pecado. Tão profunda e perfeitamente humano que por isso mesmo é Deus!

Jesus foi conduzido pelo Espírito no deserto da Judéia. Após jejuar durante 40 dias e 40 noites, aparece o tentador diabólico com a intenção de minar e destruir a base do messianismo que salvaria a humanidade.

Primeira tentação. Quando Jesus jejuando sentiu fome, o tentador lhe diz: “Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se mudem em pães”. Vejo embutida nessa tentação o fenômeno atual do consumismo e da ganancia pelo material, deixando Deus em segundo plano. Essa primeira tentação se contrapunha ao ensinamento da partilha que será proposta pelo Cristo.

Segunda tentação. Vencida a primeira tentação, num tom de ousadia e dominação o tentador mostra a Jesus, num instante, todos os reinos do mundo dizendo-lhe: “Se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu”. Constato aqui a terrível tentação do poder que anularia o inovador e revolucionário ensinamento de Cristo “que veio para servir e não para ser servido”.

Terceira tentação. Vencida a segunda tentação, Jesus é colocado no ponto mais alto do templo. O tentador então lhe dirá: “Se é o filho de Deus, joga-te daqui para baixo que os Anjos te levarão em suas mãos, para que não tropece em pedra alguma”. Trata-se da atraente tentação do orgulho que anularia o grande ensinamento de Jesus sobre a humildade que nele estará como que personificada.

Interessante notar que, após narrar à vitória de Jesus sobre essas tentações, Lucas escreve que o tentador voltaria oportunamente a tentar Jesus.

De fato, Jesus foi tentado durante toda sua vida publica, como também durante sua paixão dolorosa, iniciada no Jardim das Oliveiras. No alto da cruz rezando o Salmo 30, não terá acontecido sua ultima tentação ao exclamar: “Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?” Quase uma tentação de ateísmo, vencida quando por toda a humanidade Jesus entregou ao Pai seu espírito, a sua vida.

As três tentações de Jesus se repetem na história da humanidade, no aqui e agora. Por exemplo, não nos falta abundância de bens materiais e de pães, mas sim a partilha na justiça e na solidariedade, como meio para eliminar o doloroso escândalo da miséria e da fome que atinge quase um bilhão de pessoas. Opondo-se a partilha estão o consumismo, a ganância e o egoísmo.

Poder e orgulho são as tentações que ameaçam os homens nas dimensões de sua vida pessoal, comunitária e social. Quando o poder é apenas procura de interesses pessoais de grupos ou de partidos políticos e não se torna serviço, ele só traz danos para o bem comum. Tantas vezes o poder é divinizado no dinheiro e nos bens materiais e tido como senhor absoluto. Então ele se torna uma forma de idolatria. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”, são severas palavras de Cristo.

O orgulho, pecado capital, transtorna todo o bom relacionamento humano. O orgulho leva a pessoa a um conceito demasiadamente elevado de si mesma, prejudicando o diálogo, o entendimento e a convivência na vida familiar e social. O orgulho e a desobediência a Deus, certamente definem o que chamamos de “pecado original” como transtorno moral e espiritual do inicio da humanidade.

Essa tríplice tentação e numerosas outras estarão nos rondando até o fim da vida. Quem poderá vangloriar-se de não ser tentado? Diria que quanto mais nos comprometemos com o bem, mais seremos tentados! “O discípulo não é maior do que o mestre” disse Jesus.

O Evangelho nos ensina que assim como o homem Jesus venceu todas as suas tentações, assim também nós poderemos vencer as nossas. Sem dúvida, Deus nunca permitirá uma tentação acima de nossas forças. Aliás, tentação em si não é pecado. Ademais, a graça divina que nos socorre é mais poderosa que toda e qualquer tentação.

Particularmente nesta Quaresma somos convidados a invocar o Pai com confiança e humildade: “…e não nos deixeis cair em tentação mas livrai-nos do mal”.

Artigos

Os últimos Sacramentos

São comovedoras as páginas em que a Irmã Lúcia recorda os últimos dias de seu primo nesta terra. Nas vésperas de morrer, Francisco lhe disse:

– Olha! Estou muito mal. Agora me falta pouco para ir para o Céu.

– Então não se esqueça lá de pedir muito pelos pecadores, pelo Santo Padre, por mim e pela Jacinta.

– Sim, vou pedir. Mas olha: é melhor pedir essas coisas à Jacinta, pois eu tenho medo de me esquecer delas quando vir Nosso Senhor! E, depois, quero antes consolá-Lo.

Dali a poucos dias, mandou chamar a prima às pressas, pois estava se sentindo pior, e queria lhe dizer algo de muito importante. Quando Lúcia chegou, pediu que a mãe e os irmãos saíssem do quarto, pois era segredo o que iam conversar. Ao ficarem sozinhos, disse-lhe:

– É que vou me confessar para comungar, e morrer depois. Queria que me dissesse se me viu fazer algum pecado, e que fosse perguntar à Jacinta se ela me viu fazer algum.

O bom pastorinho desejava lembrar-se de todas as faltas que cometera, para estar com a alma inteiramente purificada e disposta a receber a visita de Jesus Sacramentado. Lúcia lhe recordou algumas desobediências à mãe, e Jacinta, certas travessuras e um “tostão roubado ao pai, para comprar o realejo do José Marto da Casa Velha”…
Ao ouvir este recado da irmã, respondeu:

– Já confessei esses, mas vou voltar a confessá-los. Talvez seja por causa destes pecados que eu fiz que Nosso Senhor está tão triste! Mas eu, ainda que não morresse, nunca mais os tornaria a fazer. Agora eu estou arrependido. – E, elevando as mãos postas, repetiu a oração: – Ó meu Jesus! Perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as alminhas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem.

No dia seguinte, depois de se confessar, recebeu a Sagrada Comunhão, que o inundou de alegria! Era o momento de maior felicidade na sua vida.

– Hoje sou mais feliz do que você – dizia ele a Jacinta – , porque tenho dentro do meu peito a Jesus escondido. Eu vou para o Céu, mas lá vou pedir muito a Nosso Senhor e a Nossa Senhora que as levem também para lá depressa.

Os três pastorinhos passaram juntos todo esse dia, no quarto de Francisco. Como este já não podia rezar, pediu às meninas que recitassem o Terço por ele. Depois, disse a Lúcia:

– Com certeza, no Céu vou ter muitas saudades de você! Quem dera que Nossa Senhora a levasse também para lá em breve!

– Não vai ter, não. Imagine! Ao pé de Nosso Senhor e de Nossa Senhora, que são tão bons!

– Pois é! Talvez nem me lembrarei…

Quando se fez tarde, chegou o momento de Lú­cia se despedir do pequeno companheiro de tantas e tão extraordinárias horas.

– Francisco! Adeus. Se você for para o Céu esta noite, não se esqueça lá de mim, ouviu?!

– Não a esquecerei, não. Fique descansada.

E, agarrando a mão direita da prima, apertou-a com força por um bom tempo, olhando para ela com as lágrimas nos olhos. Lúcia, também com as lágrimas a lhe correrem pelas faces, perguntou:

– Quer mais alguma coisa?

– Não! – respondeu-lhe com voz sumida.

Como a cena estava se tornando por demais comovedora, a mãe de Francisco mandou Lúcia e Jacinta saírem do quarto. Na porta, a prima se voltou uma última vez, para se despedir do pastorinho:

– Então, adeus, Francisco! Até o Céu. Adeus até o Céu!…

Quando Lúcia e Jacinta saíram do quarto, ouviram os sinos da igreja paroquial tocarem. Olha-ram uma para a outra: alguém mais morrera com a gripe espanhola, e elas se perguntavam se Francisco não seria o próximo.

Por volta das seis horas da manhã seguinte, Fran¬cisco acordou de um profundo sono. Ao seu lado já se encontrava Dona Olímpia, sua mãe, sempre a velar sobre o filho querido. Este sentou-se na cama, apontou para a porta e disse com os olhos a brilhar:

– Olhe mãe! Olhe que bela luz!

– Que luz, filho?

– Lá, perto da porta. É tão bela!

Mas Dona Olímpia nada pôde ver. Ajudou-o a recostar-se na cama e saiu do quarto, no mesmo instante em que entrava a madrinha de Francisco. Ele a cumprimentou carinhosamente, estendendo-lhe os braços e dizendo:

– De todo o coração, desejo lhe pedir perdão pelos incômodos que lhe causei, madrinha!

Ela o acariciou e lhe concedeu gentilmente o que pedia. Sentou-se ao seu lado, aconselhando-o a ficar em silêncio.

– É o único modo de se tornar forte novamente – disse-lhe.

Mas, enquanto falava, alguma coisa na face de Francisco a atraía. Havia nela tanta paz, tanta serenidade, tanta luz…

Era o dia 4 de abril de 1919. Nossa Senhora cumprira o prometido: Francisco já estava no Céu.

(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria – Monsenhor João Clá)