E-mail

contato@salvemariaimaculada.com.br

Exibindo: 871 - 880 de 981 RESULTADOS
Artigos

O Rosário

“Uma reflexão sobre a história e a importância da recitação do Rosário pelos cristãos à luz da Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, do Papa João Paulo II.”

“Papa muda o terço depois de quinhentos anos” “Papa renova o terço depois de séculos”. `João Paulo II altera modo de rezar o terço”. Estas e outras manchetes – mais ou menos exatas – encabeçaram as páginas de jornais de todo o mundo quando o Papa João Paulo II publicou, no dia 16 de outubro de 2002, a sua Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae (1) sobre o Santo Rosário, em que incluía a possibilidade de rezar novos mistérios e estimulava uma renovação dessa tradicionalíssima devoção mariana. […]

BREVE HISTÓRIA DO ROSÁRIO

É difícil dizer quando começa a história do Rosário, pois foi nascendo como algo natural e espontâneo no povo cristão. Na Idade Média, faz-se referência à Virgem Maria com o título de “Rosa”. Num manuscrito medieval francês lê-se, por exemplo: “Quando a bela rosa Maria começa a florescer, o inverno das nossas tribulações se desvanece e começa a brilhar o verão da eterna alegria”. As imagens de Nossa Senhora são adornadas com uma coroa de rosas, e nos hinos cantados em sua homenagem é designada como um “jardim de rosas” (em latim medieval, rosarium).

Nessa época, nasceu o costume de rezar cento e cinqüenta Ave-Marias em substituição dos cento e cinqüenta Salmos do Ofício divino. Para contá-las, utilizavam-se grãos enfileirados num barbante, em grupos de dez, ou nós feitos numa corda. Ao mesmo tempo, meditava-se e pregava-se a vida da Virgem Maria.

Embora haja diferentes opiniões sobre o modo como o Rosário se formou gradualmente, não há dúvida de que São Domingos (1170-1221) foi o homem que, no seu tempo, mais contribuiu para essa formação, não sem a inspiração da própria Santíssima Virgem. Esta oração foi a grande arma de que o santo se valeu para combater a heresia albigense: na sua pregação, narrava os mistérios evangélicos e depois recitava com os ouvintes as Ave-Marias.

Por volta de fins do século XV, os dominicanos de Flandres e de Colônia deram ao Rosário uma estrutura similar à que se passou a utilizar daí por diante: rezavam cinco ou quinze mistérios, cada um composto de dez Ave-Marias. A Ave-Maria, recomendada desde antes do século XII pelos Concílios numa versão mais breve do que a que conhecemos, adquire então a sua forma definitiva, com o acréscimo da petição de uma boa morte: “rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte”. Por essa época, ganha forma também a contemplação dos mistérios, divididos em gozosos, dolorosos e gloriosos, procurando-se assim repassar semanalmente os fatos centrais da vida de Jesus e de Maria, como um resumo do Evangelho. Em último lugar, acrescenta-se a ladainha, cuja origem na Igreja é independente e muito antiga.

A partir de então, o Rosário estende-se graças às aprovações pontifícias e à difusão das Confrarias do Santo Rosário. O Papa São Pio V atribuiu a vitória da batalha de Lepanto contra os turcos, a 7 de outubro de 1571, à intercessão de Nossa Senhora por meio do Rosário. Com o tempo, vir-se-ia a celebrar a festa de Nossa Senhora do Rosário nesse dia 7 de outubro.

Houve um notável impulso dessa devoção em tempos de Leão XIII, chamado, como vimos, “o Papa do Rosário”. Todos os Pontífices dos últimos séculos promoveram aquela que é provavelmente a devoção mais praticada pelos fiéis católicos. Nos últimos tempos, contribuíram de maneira especial para a propagação dessa devoção mariana as aparições de Lourdes e Fátima. Aos três pastorzinhos de Fátima, Nossa Senhora pedia expressamente: “Rezem o Rosário”. […]

O ROSÁRIO E A VIDA CRISTÃ

Na sua Carta apostólica, o Santo Padre João Paulo II mostra a imensidade de tesouros que contém em si essa oração tão tradicional na Igreja. Riquezas para o desenvolvimento da vida cristã, para o aprofundamento no conhecimento de Cristo, para a revitalização da Igreja e da sociedade em geral. Por isso, quis o Papa comemorar os seus vinte e cinco anos de pontificado estabelecendo um Ano do Rosário, de outubro de 2002 a outubro de 2003.

Considerar esta Carta nos seus pontos principais pode ser um ótimo meio de incluirmos ou revitalizarmos essa devoção na nossa vida, e de sermos, também nós, propagadores do amor a Maria.

Crise?

O Rosário atravessa uma crise? O Papa fala de “uma certa crise desta oração” (n. 4), referindo-se a uma compreensão errônea por parte de alguns, que os leva a considerar o Rosário uma devoção própria de épocas passadas. Daí a revitalização que João Paulo II procura fomentar, criando novos mistérios e propondo o ano de 10/2002 à 10/2003 o ano do Rosário.

Se o Rosário está realmente em crise, talvez seja porque está em crise o amor, que é o mais terrível tipo de crise do coração humano e da sociedade. Justamente por isso impõe-se um esforço de renovação, pois o Rosário é – digamos assim – uma “grande canção de amor”.

Uma das maiores resistências que alguns experimentam diante desta oração mariana é a repetitividade das Ave-Marias. “Considerando superficialmente uma tal repetição, pode-se ser tentado a ver o Rosário como uma prática árida e aborrecida. Chega-se, porém, a uma idéia muito diferente quando se considera o terço como expressão daquele amor que não se cansa de voltar à pessoa amada com efusões que, apesar de semelhantes na sua manifestação, são sempre novas pelo sentimento que as permeia […]. Para entender o Rosário, é preciso entrar na dinâmica psicológica do amor” (n. 26).

Não dizem as canções de amor sempre a mesma coisa? Isso é mau, por acaso? Os namorados não repetem sempre as mesmas frases: “eu te amo”, “eu te adoro”, “você é o meu amor”? Com Maria Santíssima e com Jesus Cristo não há de ser diferente.

Para quem ama, a repetição das Ave-Marias no Rosário não é vazia nem monótona. Para os que ainda não amam devidamente, essa repetição pode ser um bom caminho para aprenderem a amar. João Paulo II não se recata em mostrar a sua preferência: “O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade” (n. 2).

Para confirmar esta realidade, basta pensar que é “oração amada por numerosos santos” (n. 1), que são os campeões no amor. O Beato Bártolo Longo tomou-o como ponto princípal da sua missão e esteio da sua piedade. São Luís Maria Grignion de Monfort sustentava que é “ó método mais fácil de meditação” e “a mais difícil das orações vocais”. São Josemaría Escrivá chamava-lhe “arma poderosa para vencer na luta interior e para ajudar todas as almas”(2).

Mesmo para os santos, essa oração tão simples era um desafio. É o que relata com tanta espontaneidade Santa Teresa de Lisieux: “Sozinha (envergonho-me de confessá-lo), a recitação do terço custa-me mais do que servir-me de um instrumento de penitência… Sinto que o rezo tão mal! Esforço-me em vão por meditar os mistérios do Rosário, não consigo fixar o meu espírito… Fiquei durante muito tempo desolada com esta falta de devoção que me espantava, pois amo tanto a Santíssima Virgem que me deveria ser fácil recitar em sua honra as orações que lhe são agradáveis. Agora, desconsolo-me menos, penso que a Rainha dos Céus, sendo minha Mãe, deve ver a minha boa vontade e contentar-se com isso” (3). Que consoladoras são estas palavras para tantos que, embora desejando ser bons filhos de Nossa Senhora, notam que ainda teriam tanto a crescer nessa oração!

Oração para todos

A variedade de santos canonizados e de almas santas que testemunham a favor do Rosário mostra a riqueza dessa oração, que “tem não só a simplicidade de uma oração popular, mas também a profundidade teológica de uma oração adaptada a quem sente a exigência de uma contemplação mais madura” (n. 39). Pode ser rezado por milhares de pessoas numa catedral, no doce aconchego do lar, ou por um sacerdote sozinho no silêncio do confessionário. Reza-o a bisavó analfabeta num casebre no sertão, o bispo na sua residência episcopal, o estudante num vagão de trem do metrô, o doente no hospital, a enfermeira e o médico cristão. Os próprios jovens são “capazes de surpreender uma vez mais os adultos, assumindo esta oração e recitando-a com o entusiasmo típico da sua idade” (n. 42).

Se a alguém o terço poderia parecer uma oração para pessoas sem instrução, valha aquele conselho de São Josemaria Escrivá: “Para os que empregam como arma a inteligência e o estudo, o terço é eficacíssimo. Porque, ao implorarem assim a Nossa Senhora, essa aparente monotonia de crianças com sua Mãe vai destruindo neles todo o germe de vanglória e de orgulho” (4). E mais uma razão de peso do Santo para os que nos sabemos pecadores: “bendita monotonia de ave-marias, que purifica a monotonia dos teus pecados!”(5)

Por outro lado, como ressalta o Santo Padre, “longe de constituir uma fuga dos problemas do mundo, o Rosário leva-nos a vê-los com olhar responsável e generoso, e alcança-nos a força de enfrentá-los com a certeza da ajuda de Deus” (n. 40). Em tantas coisas em que, à primeira olhada, nos pareceria que não podemos fazer nada, o Rosário é como uma “arma” que permite entrar na batalha como bons soldados de Cristo.É, sem dúvida, uma oração “destinada a produzir frutos de santidade” (n. 1) nos cristãos individualmente e em toda a Igreja. Por isso vale a pena repassar as contas do terço uma e outra vez, e sempre. Conta-se que Santa Bernadette Soubirous, depois de ter tido o privilégio de ver Nossa Senhora nas aparições de Lourdes, procurava viver uma vida normal. Mas as pessoas que conviviam com ela gostavam de ter um objeto que ela tivesse tocado. Um dia, uma amiga sua, querendo que ela tocasse o seu terço mas não encontrando nenhum motivo plausível, disse-lhe: “Veja como o meu rosário está enferrujado”, enquanto lho estendia. Ao que Bernadette respondeu, bem-humorada: “Minha boa amiga, recite-o mais vezes e ele não enferrujará”… E não o tocou.

O conselho vale para todos nós. Recitemos o terço mais vezes e o nosso amor não enferrujará.

Contemplação

O Rosário “é uma oração marcadamente contemplativa. Privado desta dimensão, perderia o sentido, como sublinhava Paulo VI.: «Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de se tornar uma repetição mecânica de fórmulas […]. Requer um ritmo tranqüilo e uma certa demora em pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor»” (n. 12).

A contemplação pede serenidade. É assim que a mãe contempla calmamente o seu filhinho que dorme; que o artista contempla durante um longo tempo uma obra de arte numa exposição; que o músico contempla uma bela canção. O terço pode ter exatamente esta função: conferir o “ritmo”, o “tempo”, o “compasso” de contemplação que é tão necessário numa época corrida como a que vivemos. Para não poucos, tentar interromper a agitação da vida moderna repentinamente e pôr-se a refletir não é tarefa nada fácil. A imaginação agita-se amalucadamente, a memória traz mil eventos ou imagens, e não deixa o mundo interior serenar. E a pessoa sente-se tentada a abandonar o seu esforço de concentração e de recolhimento do coração junto de Deus. Mas a oração serena do terço pode ajudar justamente a prender o mundo interior à volta de uma oração repetitiva, deixando espaço para que a alma se aconchegue junto do Senhor. A memória fica levemente entretida na oração vocal, a imaginação não se sente solta e perdida ao considerar os mistérios que estão sendo rezados, e o coração encontra-se livre para entabular um diálogo sereno com Deus sobre tantas e tantas coisas de que gostaria de falar, mas para as quais parecia não haver ocasião.

Por isso, o Rosário é “um método para contemplar” (n. 28). Não o único método, já que há muitos e muito bons. Mas um método útil e comprovado por tantas e tantas almas. Aproveitar os textos do Beato Bártolo Longo sobre os mistérios do Rosário pode ser para nós uma excelente oportunidade de nos introduzirmos nessa contemplação, a fim de – conduzidos por boas mãos – chegarmos por Maria a Jesus Cristo.

Compêndio do Evangelho

Quando a televisão anuncia como chamada para o próximo bloco: “Logo após os comerciais, não perca: finalmente solucionado o mistério de…”; fica em nós uma ponta de curiosidade sobre o tal mistério: “Que será?” Talvez nos esclareçam então quem foi o autor daquele antigo crime, ou que o tão falado OVNI não era mais do que um balão meteorológico, ou que finalmente saiu a escalação da seleção nacional. O conceito de “mistério” tem hoje uma carga de sensacionalismo, de manchete jornalística, mas nem sempre foi assim. A palavra grega “mistério” está ligada originariamente às cerimônias religiosas dedicadas aos deuses. Como poucos eram os “iniciados” que sabiam dar amplas explicações sobre os complicados deuses gregos, havia sempre muito de desconhecimento, e um halo místico envolvia aquelas cerimônias.

O cristianismo assumiu a palavra aplicando-a às verdades da fé que não podem ser completamente compreendidas, por ultrapassarem a capacidade do ser humano: assim, por exemplo, o mistério da Santíssima Trindade. É no mesmo sentido que se aplica a palavra aos “mistérios da salvação”, àquelas realidades que, dizendo respeito a Cristo e ao nosso destino eterno, nunca são perfeitamente compreendidas. “Cada passagem da vida de Cristo, como é narrada pelos Evangelistas, reflete aquele Mistério que supera todo o conhecimento (cfr. Ef 3, 19). É o Mistério do Verbo feito carne, no qual «habita corporalmente toda a plenitude da divindade» (Col 2, 9). Por isso, o Catecismo da Igreja Católica insiste tanto nos mistérios de Cristo, lembrando que «tudo na vida de Jesus é sinal do seu Mistério» (n. 515)” (n. 24).

É ainda neste sentido que se utiliza a palavra “mistérios” do Rosário. Trata-se de passar “diante dos olhos da alma os principais episódios da vida de Jesus Cristo” (n. 2), a fim de compreender mais a fundo o seu significado para a nossa vida interior e a nossa relação com Deus. É uma forma de repassar constantemente os acontecimentos que se deram na passagem de Deus entre os homens e que guardam em si os elementos essenciais para a vida cristã.

Os diversos ciclos de mistérios criados pela tradição cristã – Gozosos, Dolorosos, Gloriosos e, agora, Luminosos – “não são certamente exaustivos, mas apelam para o essencial, introduzindo o espírito no gosto de um conhecimento de Cristo que brota continuamente da fonte límpida do texto evangélico” (n. 24).

Devoção cristológica

Devoção tipicamente mariana, o Rosário é, sem dúvida, uma devoção muito cristológica, porque não se pode separar Maria do seu Filho, Jesus. “É o caminho de uma devoção mariana animada pela certeza da relação indivisível que liga Cristo à sua Mãe Santíssima: os mistérios de Cristo são também, de certo modo, os mistérios da Mãe, mesmo quando não está diretamente envolvida, pelo fato de Ela viver dEle e para Ele” (n. 24).

Na bela expressão de João Paulo II, “recitar o Rosário nada mais é senão contemplar com Maria o rosto de Cristo” (n. 3). A atitude contemplativa, em que tanto insiste o Santo Padre, é contemplação do rosto de Cristo. Mas quem nos poderia ensinar melhor a contemplá-lo do que a sua Mãe? Ela nos irá desvendando os mistérios encerrados nessa contemplação. Porque “as recordações de Jesus estampadas na sua alma acompanharam-na em cada circunstância, levando-a a percorrer novamente com o pensamento os vários momentos da sua vida junto com o Filho. Foram estas recordações que constituíram, de certo modo, o «rosário» que Ela mesma recitou constantemente nos dias da sua vida terrena” (n. 11).

Por isso, “percorrer com Ela as cenas do Rosário é como freqüentar a «escola» de Maria para «ler» Cristo, penetrar nos seus segredos, compreender a sua mensagem” (n. 14). Seria impossível encontrar melhor Mestra na matéria mais fundamental da nossa vida cristã. Porque Ela, mais do que ninguém, quer que meditemos nos mistérios da vida de Cristo.

Mas este conhecimento não se limita a um aprendizado teórico ou meramente externo. “No itinerário espiritual do Rosário, fundado na incessante contemplação – em companhia de Maria – do rosto de Cristo, este ideal exigente de configuração com Ele alcança-se através do trato, podemos dizer «amistoso»” (n. 15). Assim como a amizade íntima nos vai “assemelhando” ao amigo, assim a amizade com Cristo adquirida pela recitação do Rosário nos vai “configurando” com Ele. Tornamo-nos mais e mais semelhantes a Cristo, que é uma maneira sintética de dizer que nos. vamos santificando.

Petição através de Maria

Não esqueçamos, porém, que “numerosos sinais demonstram quanto a Virgem Maria quer, também hoje, precisamente através desta oração, exercer aquele cuidado maternal ao qual o Redentor prestes a morrer confiou, na pessoa do discípulo predileto, todos os filhos da Igreja: «Mulher, eis aí o teu filho» (Jo 19, 26)” (n. 7). Ela nunca abandona essa tarefa definitiva que lhe foi confiada pelo seu Filho amado. Cuida de nós como Mãe carinhosa, atenta a todas as nossas necessidades e pedidos.

“Mediante o Rosário, o fiel alcança a graça em abundância, como se a recebesse das próprias mãos da Mãe do Redentor” (n. 1). Não percamos esta oportunidade, portanto, já que são muitas as nossas necessidades. Tanto pessoais, como familiares ou da sociedade em geral.

Dizia Nossa Senhora – falando como de uma terceira pessoa –, nas aparições de Fátima: “Quero que […] continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”(6). Para as grandes necessidades mundiais, Ela é a grande intercessora. Mas também para as pequenas dificuldades pessoais Ela se apresenta como a Mãe que se ocupa das “tolices” da criança como se fossem a coisa mais importante do mundo.

“A imploração insistente à Mãe de Deus apóia-se na confiança de que a sua materna intercessão tudo pode no coração do Filho. Ela é «onipotente por graça» como, com expressão audaz a ser bem entendida, dizia o Beato Bártolo Longo na sua Súplica à Virgem” (n. 16). Esta expressão significa que, por graça e disposição divina, Deus concede tudo o que Ela pede. Sendo onipotente o seu Filho, Ela de certa forma o é também, pois alcança fruto para todos os seus pedidos.

Não devemos entender esse poder intercessor apenas quanto à concessão de graças para curas materiais ou para a solução de questões econômicas e materiais em geral. A intercessão de Maria é particularmente poderosa no que se refere às graças espirituais, pois mais importantes e necessárias do que as curas do corpo são as da alma. Assim, o Rosário é um importante instrumento de apostolado cristão. Por isso, João Paulo II diz que “o Rosário conserva toda a sua força e permanece um recurso não descurável na bagagem pastoral de todo o bom evangelizador” (n. 17). Será, portanto, a grande arma para alcançar a conversão à fé daquela pessoa da família que hoje se encontra distante; ou para conseguir que um conhecido participe de uma atividade de formação cristã, ou pelo bem das almas em geral.

Por isso, “se adequadamente compreendido, o Rosário é certamente uma ajuda, não um obstáculo, para o ecumenismo” (n. 4). No diálogo com os não-católicos, Maria, muito mais do que um “obstáculo”, poderá ser uma “medianeira”, facilitando o entendimento mútuo. Com efeito, não são poucos os evangélicos, espíritas ou judeus que têm um carinho todo particular pelo terço, caminho para a aproximação e o diálogo.

A paz e a família

Ao incentivar a devoção do Rosário, o Santo Padre João Paulo II tem no coração dois “alvos” a serem diretamente atingidos, como ele mesmo afirma: “À eficácia desta oração, confio de bom grado hoje […] a causa da paz no mundo e a causa da família” (n. 39).

Se, historicamente, o Rosário esteve muito ligado à vitória em muitas batalhas que os cristãos tiveram de enfrentar, hoje a vitória mais necessária é a vitória da paz. Peçamos a Maria esse maravilhoso dom e sintamo-nos envolvidos pessoalmente na causa da paz, pois “não se pode recitar o Rosário sem sentir-se chamado a um preciso compromisso de serviço à paz” (n. 6). E comecemos esta tarefa pelo âmbito das pessoas mais próximas de nós, já que a grande paz” se constrói a partir das “pequenas pazes”.

“Análoga urgência de empenho e de oração surge de outra realidade crítica da nossa época, a da família, célula da sociedade, cada vez mais ameaçada por forças desagregadoras em nível ideológico e prático, que fazem temer pelo futuro desta instituição fundamental e imprescindível e, conseqüentemente, pela sorte da sociedade inteira. Propõe-se o relançamento do Rosário nas famílias cristãs, no âmbito de uma pastoral mais ampla da família, como ajuda eficaz para conter os efeitos devastadores desta crise da nossa época” (n. 7).

“O Rosário foi desde sempre também oração da família e pela família. Outrora, esta oração era particularmente amada pelas famílias cristãs e favorecia certamente a união. É preciso não abandonar esta preciosa herança. Importa voltar a rezar em família e pelas famílias, servindo-se ainda desta forma de oração” (n. 41). Velhos hábitos tornam-se novos e atualíssimos quando remoçados devidamente, e assim pode e deve acontecer com a oração do Rosário em família. O quadro tradicional da família reunida à volta da lareira ou do fogão a lenha, perto de um antigo e enorme rádio na sala de estar, rezando o terço, pode ser substituído pelo da família moderna, num apartamento, com a presença desligada da televisão e dos modernos aparelhos de som, bem como com os celulares desconectados…

“Muitos problemas das famílias contemporâneas, sobretudo nas sociedades economicamente evoluídas, derivam do fato de ser cada vez mais difícil comunicar-se. As pessoas não conseguem estar juntas, e os raros momentos para isso acabam infelizmente absorvidos pelas imagens de uma televisão” (n. 41). Este quadro realístico traçado por João Paulo II faz pensar que é o momento de tomar iniciativas que, possibilitando a oração em comum, cheguem também a favorecer um clima de diálogo sereno, de entendimento e troca de impressões na vida do lar. Em alguns casos, talvez seja o ponto de partida para a solução de uns problemas familiares de longa data ou o meio de atalhar os primeiros sintomas de desunião.

Oração final

O Papa conclui a sua Carta com uma chamada amorosa de pai: “Que este meu apelo não fique ignorado!” E não ficará se cada um de nós fizer o que estiver ao seu alcance para reavivar esta devoção na sua própria vida, em primeiro lugar, e, depois, à sua volta: na família, entre as amizades de trabalho, da vizinhança, entre parentes e conhecidos…

“Entrego esta Carta apostólica nas mãos sapientes da Virgem Maria, prostrando-me em espírito diante da sua imagem venerada no Santuário esplêndido que lhe edificou o Beato Bártolo Longo, apóstolo do Rosário. De bom grado, faço minhas as comoventes palavras com que ele conclui a célebre Súplica à Rainha do Santo Rosário: “Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos anjos, torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral, não te deixaremos nunca mais. Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último beijo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó Soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em todo o lado, hoje e sempre, na terra e no céu»” (n. 43).

(1) Daqui por diante, as referências a essa Carta apostólica serão indicadas apenas pelo número do parágrafo entre parênteses.

(2) São Josemaría Escrivá, Santo Rosário, 3a. ed., Quadrante, São Paulo, 2001, Introdução.

(3) História de uma alma, man. B., fol. 25.

(4) São Josemaría Escrivá, Sulco, Quadrante, São Paulo, 1987, n. 474.(5) Ibid., n. 475.

(6) William Thomas Walsh, Nossa Senhora de Fátima, Quadrante, São Paulo, 1996, pág. 69.

Fonte: Apostolado Spiritus Paraclitus  (Baseado na obra “Introdução do livro O Rosário de Nossa Senhora, Quadrante, 2002”.)

Santuários Marianos

Santuário de Nossa Senhora de Czestochowa

Conforme tradição muito antiga, o quadro de N. Sra. do Monte Claro é cópia fiel da pintura feita pelo evangelista São Lucas. Seguidas vezes, são Lucas visitava Virgem Maria, colhendo dela pormenores da infância de Jesus. Foi numa dessas ocasiões que ele, na própria tábua da mesa de cedro que Nossa Senhora usava para seu trabalho e oração, pintou sua imagem. Diz a lenda que, ao iniciar a pintura do rosto da Virgem Maria, deteve-se pensativo, preocupado em exprimir da melhor forma possível toda beleza da Mãe de Deus. Profundamente recolhido, cochilou e adormeceu por alguns instantes e, acordando, surpreendeu-se ao encontrar o quadro pronto, no qual o rosto de Maria, de celestial beleza, estava pintado.

Sendo Jerusalém ocupada pelo exército romano, a Santa Helena foi conhecer os lugares santos e procurar o lenho da Santa Cruz. Santa Helena viu o quadro e recebeu-o das mulheres que o guardavam. Encontrando também o lenho da Santa Cruz, enviou ambos a seu filho Constantino o Grande, Imperador de Constantinopla, naquela época, metrópole da Igreja. Esse Imperador, recém convertido ao cristianismo, recebeu o quadro enviado por sua mãe, com grande alegria, colocando-o na capela particular de seu palácio. Muitas cópias do quadro milagroso foram feitas, por ordem de Constantino, e por ele doadas aos cristãos do oriente e ocidente. O quadro original permaneceu com ele. Por mais de 400 anos o quadro permaneceu nas capelas particulares, como propriedade dos príncipes russos. Depois o quadro foi transferido para a capela do castelo Belz, na Rússia, onde permaneceu por muitos anos.

Entrando a Rússia em guerra contra Ludovico, rei da Hungria e da Polônia, foi por este vencida. A cidade de Belz e o castelo caíram nas mãos de Ludovico, que nomeou seu sobrinho Ladislau, Príncipe de Opole – Polônia, como governador de Belz. Visitando as dependências do castelo, Ladislau encontrou o quadro de N.Sra. e, cheio de respeito e amor para com Mãe de Deus, colocou-o na capela do palácio. Entretanto, pouco tempo depois, a cidade de Belz foi invadida pelos Tártaros, que atacaram o castelo. Ladislau com sua agente, defendia-se de forma heróica dos invasores muito mais numerosos. Vendo que seus esforços eram inúteis, Ladislau recorreu à proteção de Maria e, prostrando-se diante do Quadro sagrado, pediu socorro, que lhes veio sem demora. O príncipe, grato pela ajuda milagrosa, decidiu retirar o quadro da Virgem de Belz, pois era um lugar exposto aos ataques dos Tártaros, e levá-lo a Opole (Polônia) capital do seu principado.

Contudo, por desígnio de Deus e vontade de Maria, resolveu deixar o quadro numa capela situada na colina, perto de Czestochowa. O ponto mais alto, por ser um descalvado de calcário, recebeu o nome de Monte Claro (= Jasna Gora)

Chegada do Quadro Milagroso à Polônia

Em agosto de 1382, O Príncipe Ladislau confiou o quadro milagroso aos cuidados dos Frades Paulinos, seus fiéis guardiões. Construiu-lhes, com ajuda do povo daquela região, o convento, a igreja e fez generosa doação em terras e aldeias para manutenção do convento e do Santuário. Ladislau Jagiello, rei da Polônia e Lituânia, não só aprovou as doações do Príncipe, mas contribuiu com outro tanto por sua parte.

A pedido deste rei, o Papa Martinho V, pela Bula de 27 de Novembro de 1429, enriqueceu o santuário de Monte Claro com diversas indulgências e com a benção papal. Desde o primeiro dia da chegada do quadro da Virgem Maria na terra polonesa o povo recorre a Nossa Senhora, pedindo saúde, consolo e graças espirituais. Inúmeras graças atribuem-se a ele: doentes foram curados, pessoas desesperadas encontraram paz e consolação etc. Todos os que recorriam à Mãe de Deus com confiança e amor, eram atendidos em suas necessidades. Peregrinações das mais longínquas localidades do país e mesmo do estrangeiro chegavam ao Monte Claro em busca de socorro material e espiritual. Confortados pela ajuda recebida, expressavam a sua gratidão, oferecendo ao Santuário donativos em ouro, prata, pedras preciosas e dinheiro. Também a rainha da Polônia, Santa Edviges, com seu esposo, o rei Ladislau Jagiello e os dignitários da corte, faziam ricas doações a Nossa Senhora. Ornada com tantas jóias de alto valor, o quadro milagroso tornou-se objeto de cobiça por parte dos ateus, dos infiéis e dos assaltantes, numerosos naquela época. Na madrugada do dia da Páscoa, do ano de 1430, o Santuário de Nossa Senhora, onde apenas os frades e alguns peregrinos se encontravam, foi repentina mente invadido por bandidos. Arrancaram do altar o quadro, jóias, cálices e tudo de grande valor, jogaram tudo numa carroça, pondo-se em fuga. Por descuido o quadro caiu e quiseram recolocar mas não o conseguiram. Do castelo mais próximo, vieram soldados armados e puseram-se imediatamente atrás dos bandidos. Os bandidos percebendo o que acontecera e não conseguindo recolocar o quadro no veículo, o chefe dos bandidos, na iminência de ser apanhado, encolerizou-se, golpeou-o diversas vezes com a espada e fugiu apressado. Ao chegar no local, soldados, peregrinos e frades, encontraram o quadro partido em três pedaços e rosto de Nossa Senhora dolorosamente ferido. Ajoelhando-se, pediram ajuda de Deus. Depois pediram ao rei da Polônia Ladislau Jagiello que tomasse providências necessárias para restauração do quadro. Famosos pintores foram até lá para restaurar, mas nenhum deles conseguiu restaurar a pintura do quadro.

Quando todos desistiram, um jovem que havia auxiliado o primeiro pintor, veio até o rei e declarou com toda simplicidade: “A Mãe de Deus não quer que sejam apagadas essas cicatrizes”. Dito isto, pediu que lhe desse licença para concluir a restauração do quadro, e o rei embora contrariado, não tendo outro recurso cedeu ao seu pedido. Antes de pintar o jovem rezou noite inteira. Concluído o trabalho, entregou ao rei Ladislau o quadro completamente restaurado, com todos os cortes cobertos, exceto os três ferimentos no rosto de Nossa Senhora. O jovem pintor havia desaparecido e nunca mais foi visto.

O quadro voltou ao seu trono, ornado novamente de ouro, prata e pedra preciosas, doadas pelos reis e pelo povo. A Mãe de Deus continuou, desde então, operando milagres e atendendo a todos os que a Ela recorriam com confiança e fé. Em 1655, os Suecos invadiram a Polônia e atacaram também o Convento e o Santuário de Czestochowa, a fim de se apoderarem das riquezas do pais. No Convento havia apenas frades e 50 famílias e alguns soldados. Durante 40 dias, os suecos atacavam com mais de 15 mil homens, canhoes etc., lançando bombas incendiárias sobre o Santuário. Os frades e os outros sitiados defendiam-se heroicamente, confiando na proteção de Nossa Senhora e chegavam afazer procissão com o Santíssimo em volta do Santuário, cantando e rezando no meio dos ataques do inimigo. Os suecos reconhecendo que lutavam contra forças sobrenaturais resolveram se afastar na noite de Natal e pouco tempo depois, foram expulsos também do pais. No ano seguiste de 1656, Nossa Senhora de Czestochowa foi declarada, oficialmente, pelo Papa, RAINHA DA POLÔNIA.

Milagres Ocorridos no Século XX

Muitas são as graças atribuídas à Nossa Senhora do Monte Claro no século XX. No final da II Grande Guerra, Adolf Hitler reconhecia que a investida contra a Polônia havia fracassado devido, segundo suas próprias palavras, “à Negra de Czestochowa”. No dia 26 de Agosto de 1956, um milhão de poloneses, unidos num só coração, renovou o Voto da Nação, repetindo as palavra do Cardeal Stefan Wyszynski ausente (preso pelo regime comunista), e renovando as promessas de fidelidade à sua Rainha, a Deus, à Cruz, ao Evangelho, à Igreja e seus Pastores. Por essas promessas eles se comprometiam a defender a vida desde a sua concepção e a mútua fidelidade no matrimônio. Prometiam, também, lutar contra seu vicio e praticar a lei do amor, respeitando a dignidade humana. Cada ano, no dia 3 de maio, esses Votos São renovados em cada paróquia e, no dia 26 de agosto, no Santuário de Monte Claro, aos pés de Maria, Rainha da Polônia.

No dia 16 de outubro de 1978, os sinos de todas as igrejas da Polônia tocavam festivamente, anunciando que um filho da Polônia martirizada, mas sempre fiel, Karol Wojtyla, Cardeal, fora eleito Papa, como 266 Sucessor de São Pedro, com o nome de João Paulo II. João Paulo II, antigo Arcebispo de Cracóvia, no dia seguinte à sua eleição, escreveu ao Primaz da Polônia uma carta, e terminou dizendo: “não haveria na sede de São Pedro um papa polonês, se não houvesse. Monte Claro e o maravilhoso Primaz com sua fé heróica e inabalável confiança em Maria, Mãe da Igreja”. No seu brasão papal, colocou uma grande cruz, a letra M e as palavra: TOTUS TUUS, que significa: Todo Teu – Todo de Maria.

Monte Claro, depois de tantas provas e sacrifícios, viu chegar o radioso, cheio de esperança e fé no futuro, que culminou com a visita do Santo Padre à Polônia, de 2 a 10 de junho de 1979. Como fiel servo de Maria, chegou dia 3 de junho a Monte Claro e permanecendo ali por 3 dias. Em sua peregrinação ao Brasil, de 30 de junho a 12 de julho de 1980, o Santo Padre ofereceu à imigração polonesa, um quadro de Nossa Sra. de Czestochowa. Os imigrantes poloneses, ao deixarem sua Pátria, levavam sempre consigo esse grande tesouro: o quadro de Nossa Sra. do Monte Claro e a grande devoção à Maria Santíssima.

Chega, o ano de 1982. Polônia prepara-se para comemorar os 600 anos do reinado maternal de Maria em Czestochowa. Joao Paulo II alimenta o grande desejo de ir agradecer, pessoalmente a Maria, a proteção Materna à sua Pátria, mas o governo comunista não deu a permissão, transferindo a peregrinação para o ano de 1983. Foi com jubiloso “Magnificat” e “Te Deum” que a Nação Polonesa agradeceu os benefícios e as graças de ordem espiritual e material recebidas das mãos maternas de Maria Rainha da Polônia. Realmente, Maria nunca abandonara o seu reino, quer nas guerras, quer nas ocupações inimigas, nas perseguições comunistas, quer em tempo de paz e em todas as circunstâncias.

Finalmente Polônia ficou livre do regime comunista, graças a proteção de Nossa Senhora do Monte Claro. Inúmeras são as graças de curas e conversão de pecadores, ao entrarem no Santuário da Virgem de Czestochowa. Maria espera a todos e ajuda aqueles que a reconhecem como Mãe de Deus e seguem os passos do seu Filho Jesus Cristo.

Artigos

Maria e a Família: Atitudes de Maria na Família

O mês de maio é conhecido como mês mariano. Nossas famílias se preparam para homenagear as mães. Por esse motivo, é oportunidade para lembrarmos também da mãe de Jesus, que aos pés da cruz, foi entregue pelo próprio Jesus como mãe de toda humanidade: “mulher, eis o teu filho, depois olhou para o discípulo e lhe disse: eis aí a tua mãe” (Jô 19, 25). A Igreja, no decorrer da história reconheceu que Maria é a mãe de Deus por ter gerado Cristo em seu ventre. Dessa forma se enfatiza os méritos de Jesus, que sem deixar de ser verdadeiro homem, é também verdadeiro Deus.

Mas, nesse mês de maio, voltemos nossa atenção para a figura de Maria mãe e aprendamos dela as atitudes para serem seguidas por nossas famílias, pois acreditamos que nas famílias cristãs as atitudes marianas se tornam meios eficazes para vivermos coerentes com a nossa fé que valoriza a vida como dom pleno do Pai.

E entre tantas atitudes marianas vistas e que podemos contemplar e seguir, citamos a disponibilidade de estar a serviço: “Eis aqui a serva do Senhor”, a ajuda a outras famílias que precisam: “Eles não tem mais vinho” (Jo 2,3), ou mesmo a preocupação com o filho, “Eis que teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição” (Lc 2, 48) . Gostaria de chamar a atenção para a fortaleza de Maria como uma das atitudes mais desejadas e esperadas para as famílias de nosso tempo.

Diante da cena da cruz, ao ver seu filho se consumindo por amor, certamente Maria se sentia esmagada pela dor – mas permaneceu em pé, não desfalece, é forte e nos inspira a fortaleza.

Maria sempre está pronta a carregar com o filho todo o peso do sofrimento que lhe fora reservado. Ela compreende e compartilha o sofrimento do filho. Se tivéssemos olhos espirituais com certeza ao olhar para Jesus veríamos que junto dele está Maria.

A atitude de Maria diante da Cruz de Cristo indica que é decisivo e importante permanecer em pé e acreditar na vitória que virá, mesmo quando a realidade mais próxima é o sofrimento. Por isso o nosso lugar como família cristã é permanecer com Maria junto à cruz de Cristo como fiéis e amados discípulos.

Essa atitude de Maria também pode ser alcançada por nós que, sentindo os sofrimentos dos nossos dias, nos inquietamos e corremos o perigo de desanimar e desacreditar nas famílias. Com Maria, aprendemos e nos motivamos a mantermo-nos em pé.

Que as forças marianas, sejam mais vividas e testemunhadas nos lares católicos e cristãos, e que as contrariedades da vida não sejam para nós sinais de aniquilamento e fim da família querida por Deus, mas que sejam sinais de nossa semelhança com Maria que, no seu sentido mais profundo soube viver as dores, confiando sempre que os projetos de Deus são maiores que as dificuldades dos momentos difíceis.

Deus abençoe as nossas famílias com a fortaleza mariana!

Diác. Rosinei Erasmo

Colaborador Diocesano para o Setor Família e Vida

Jaboticabal/SP

Orações

Consagração da família a Nossa Senhora

Ó Virgem Imaculada, nós vos consagramos hoje o nosso lar e todos os que nele habitam. Que a nossa casa seja, como a de Nazaré, uma morada de paz e de felicidade na prática da caridade no pleno abandono à Divina Providência. Sede o nosso modelo, ó Maria, regrai nossos pensamentos, nossos atos e toda a nossa vida.

É bem medíocre o tributo do nosso amor, mas vós aceitareis, pelo menos, a homenagem de nossa boa vontade.

[Três Ave Maria]

Ó Maria, concebida sem pecado,  rogai por nós que recorremos a vós.

Amém!

Orações

Oração pelo filho que está sendo gerado

Ó meu Deus, que me designastes para dar a vida a criaturas que devem tornar-se vossos filhos, filhos da Santa Igreja, irmãos de Jesus Cristo, herdeiros do Céu, dou-Vos graças por me ter concedido tal benefício e uma glória tão bela.

Imploro-Vos tornar-me digna desta elevada vocação que me condedestes.

Ofereço-Vos desde já, Senhor, o filho que me destes. Dignai-Vos preservar-me de todo acidente que possa ser-lhe funesto, e conceder-me a força necessária para trazê-lo ao mundo.

Tomai, meu Deus, a mãe e o filho sob a proteção de vossa bondade paterna.

– Que Nosso Senhor, O qual, vivendo nesta terra, tanto amou os pequeninos, abençoe desde já também este e o marque com o selo de seus eleitos.

– Que o santo Anjo designado para a sua guarda o mantenha vivo até o momento do batismo, o tome pela mão desde seu nascimento e o conduza até a hora da morte, sem permitir que manche a alva túnica de sua inocência!

– Que Maria, Mãe Imaculada de Jesus e recurso de todas as pobres mães, se digne vir em meu auxílio!

– Ó meu Deus, possa meu filho deixar meus braços e esta terra tão somente para encontrar-se convosco, junto aos coros celestiais dos anjos, ou na comunidade de vossos santos.

Assim Seja! Amém!

Orações

Oração a Rainha da Paz

Ó Maria, doce Mãe de Jesus Cristo, Príncipe da Paz, eis a vossos pés  vossos filhos tristes, perturbados e cheios de confusão, pois, por causa de nossos pecados, afastou-se de nós a paz. Intercedei por nós para que gozemos a paz com Deus e com nosso próximo, por vosso Filho Jesus Cristo. Ninguém pode dá-la senão esse vosso Filho, que recebemos das vossas mãos. Quando nasceu de vossas entranhas em Belém, os anjos nos anunciaram a paz; e quando Ele abandonou o mundo, no-la prometeu e deixou-a como Sua herança.

Vós, ó Bendita, trazeis sobre os vossos braços o Príncipe da Paz, mostrai-nos esse Jesus e deitai-O em nosso coração! Ó Rainha da Paz, estabelecei entre nós o vosso Reino e reinai com vosso Filho no meio de vosso povo que, cheio de confiança, se recomenda à vossa proteção. Afastai para longe de nós os sentimentos de amor-próprio; expulsai de nós o espírito de inveja, de maledicência, de ambição e de discórdia!

Fazei-nos humildes no bem-estar, fortes no sofrimento, pacientes e caridosos, firmes e confiantes colaboradores da Divina Providência! Com o Menino nos braços abençoai-nos, dirigindo nossos passos no caminho da paz, da união e da mútua caridade, para que, formando aqui a vossa família, possamos bendizer-vos e a vosso Divino Filho por toda a eternidade. Amém.

Artigos

A primeira Imagem esculpida de Nossa Senhora de Fátima

Há um cheiro sacramental espalhado por S. Mamede do Coronado, na Trofa (Portugal). Vem escorraçado pelo pó que sai das oficinas onde velhos “santeiros” talham e pintam estatuetas. São os discípulos de José Ferreira Thedim, o homem que há 82 anos criou a imagem de Nossa Senhora de Fátima. “Um mestre”, diz Zacarias Tedim, sobrinho do escultor. “O número um em arte sacra”, afirma o povo da aldeia.

José Ferreira Thedim nasceu em S. Mamede do Coronado (Portugal) em 1892 e aí morreu em 1971. “O pai era escultor e os irmãos também. Mas o meu tio recorda Zacarias, era o mais artístico de todos”, que aos 65 anos faz um pouco mais do que meia dúzia de imagens.

As estátuas de José Ferreira Thedim primavam pela exuberância, conta Joaquim Oliveira, 76 anos, 20 dos quais pintava o que José F. Thedim cinzelava. “Era o único a moldar, a desenhar e a fazer. Lembro-me que na oficina havia uma educação especial. Um silêncio tremendo. Parecia uma igreja”.

Seria esse profissionalismo, que fez “escola” em S. Mamede do Coronado (Portugal), que levaria a Igreja a escolher José F. Thedim para talhar a figura de Nossa Senhora de Fátima.

 “Muito antes do meu tio ter sido incumbido, em 1917, de esculpir a imagem, já outra tinha sido feita por Teixeira Lopes, escultor de arte antiga”, explica Zacarias. “Era uma mulher de busto forte, vergada, vestida com um traje normal. Só que foi rejeitada”.

Sem figura para assinalar o 13 de Maio, diz Zacarias, o Santuário encomendou outra. “Pediram uma nova imagem à Casa Fânzeres, de Braga, que a confiou a José F. Thedim”. Mas o contato não teria sido casual, destaca o padre Lucindo Silva, abade há 17 anos da vizinha S. Romão do Coronado. “José F. Thedim era amigo do antigo pároco de S. Mamede. E o bispo de Leiria, na época das Aparições, era de S. Pedro de Fins”.

Multiplicação do dinheiro

Escolhido o “santeiro”, “José F. Thedim foi levado até à irmã Lúcia para recolher dados para o trabalho”. Mas o certo, afirma Joaquim Oliveira, pintor, é que no início José F. Thedim teria ido buscar idéias “a um catálogo espanhol” para conceber a imagem original. Sim, “porque há uma original e uma repetitiva”, frisa o padre Lucindo. “A diferença está na forma como foi feito o manto, mas também no fato de uma ser artística e a outra comercial”. Foi esta última que acabou por encher os bolsos a muitos “santeiros”, esclarece Avelino Vinhas, enquanto passeia  com seus 90 anos pela escadaria da Casa Estúdios Nossa Senhora de Fátima.

“Trabalhei com o José F. Thedim dos 12 até aos 20 anos e depois estabeleci-me. Fiz milhares de contos de réis em Fátima e espalhei a nossa arte cristã por todas as nações do Mundo”.

Hoje alegra-se em ter estátuas na China, na América, na Catedral de Luanda e até “um Coração de Maria na terra do Papa, em Cracóvia”.

A visão de Lúcia

Acabada a obra, “com um metro e três centímetros dos pés até ao cabeça”, a imagem seguiu para o Santuário, diz  Zacarias Thedim. “Foi abençoada pelo pároco de Fátima a 13 de Maio de 1920 e a 13 de Junho foi colocada na Capelinha das Aparições”. A partir daí o trabalho de José F. Thedim internacionalizou-se. A tal ponto que em 1931 Pio XI atribuiu-lhe o título de comendador da Santa Sé.

Incansável, o escultor cria, em 1947, a Virgem Peregrina. Novamente, salienta Zacarias, “teve de falar com Lúcia, porque precisava de uma visão fiel”. No trajeto das alterações à estátua juntou-se a José F. Thedim o discípulo Joaquim Oliveira. “Depois de ter dado a primeira volta ao Mundo, a imagem voltou e chamaram-me para a restaurar”, conta. “Fui à presença de Lúcia que me disse o que queria e não queria na imagem”. E o que não queria, confessa, “era que soubessem que eu lá tinha estado”.

Seguiu-se S. João de Deus, “Pietá”, várias homenagens e um pedido especial do antigo presidente norte-americano Eisenhower que lhe encomendou uma “Santane de Beauprais”.

Hoje, a obra de José F. Thedim está espalhada por galerias, igrejas, mosteiros e conventos de todo o Mundo. O problema, frisa Joaquim Oliveira, é que a escola de Thedim está acabando. “Os jovens não ligam a isto. E nós somos os “santeiros”, porque escultores, só os das Belas Artes”.

Talhada em cedro do Brasil

A primeira imagem e que se encontra até hoje entronizada na capelinha das aparições, bem com as primeiras esculpidas para peregrinação pelo mundo foram feitas em madeira de cedro vinda dos Estados de S. Paulo, Paraná e Santa Catarina no Brasil. Uma material lenhoso, colorido e com um cheiro característico muito bom para a talha.

A Coroa

A coroa que a imagem ostenta apenas nas grandes celebrações é um exemplar único cunhado em Lisboa e nela trabalharam gratuitamente 12 artistas durante três meses. Pesa 1200 gramas e é enriquecida por 313 pérolas e 2679 pedras preciosas. Esta coroa  foi oferecida pelas mulheres portuguesas a 13 de Outubro de 1942, em ação de graças por Portugal não ter entrado na 2º Guerra Mundial, e tem incrustada a bala oferecida por João Paulo II.

O falecido Sumo Pontifice ofereceu a bala que lhe trespassou o corpo no atentado de que foi vítima em Roma, a 13 de Maio de 1981, em sinal de agradecimento à Virgem, por lhe salvo a vida.

Fonte:  Zacarias Thedim

Orações

Oração a Nossa Senhora de Caravaggio

Ó Maria, Virgem Santa de Caravaggio do presépio até a cruz cuidaste do teu Filho, e para Joaneta, foste consolação e fonte de paz.
Mostra-nos o Salvador: fruto do teu ventre, e ensina-nos a acolher Jesus e seguir seu Evangelho. À tua proteção recorremos, ó cheia de graça, em nossas necessidades: livra-nos dos perigos; ajuda-nos a vencer as tentações; leva ao Senhor nossa prece e mostra que és nossa mãe, a mãe que ele nos deu.


Roga por nós, Nossa Senhora de Caravaggio, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Orações

Oração a Nossa Senhora da Visitação

Deus eterno e todo poderoso, em vosso imenso amor inspirastes Maria, quando trazia em si o Vosso Filho a visitar Isabel. Concedei-nos por sua intercessão que, respondendo fielmente aos apelos de Vosso Espírito, procuremos amar eficazmente o próximo.

Por Vosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém.

Nossa Senhora da Visitação, Rogai por nós!

Artigos

Nossa Senhora da Visitação

"A visitação" Pintor Domenico Ghirlandaio c. 1491 (Musée du Louvre, Paris)

FESTA 31/05

Maio é o mês dedicado à particular devoção de Nossa Senhora. A Igreja o encerra com a Festa da Visitação da Virgem Maria à santa prima Isabel, que simboliza o cumprimento dos tempos. Antes ocorria em 02 de julho, data do regresso de Maria, uma semana depois do nascimento e do rito da imposição do nome de São João Batista.

A referência mais antiga da invocação de Nossa Senhora da Visitação pertence a Ordem franciscana, que assim a festejavam desde 1263, na Itália. Em 1441, o Papa Urbano VI instituiu esta festa, pois a Igreja do Ocidente necessitava da intercessão de Maria, para recuperar a paz e união do clero dividido pelo grande cisma.

A Bíblia narra que Maria viajou para a casa da família de Zacarias logo após a anunciação do Anjo, que lhe dissera “vossa prima Isabel, também conceberá um filho em sua idade avançada. E este é agora o sexto mês dela, que foi dita estéril; nada é impossível para Deus”. (Lc 1, 26, 37). Já concebida pelo Espírito Santo, a puríssima Virgem foi levar sua ajuda e apoio à parenta genitora do precursor do Messias Salvador.

O encontro das duas Mães é a verdadeira explosão de salvação, de alegria e de louvor ao Criador. Dele resultou a oração da Ave Maria e o cântico do “Magnificat”, rezados e entoados por toda a cristandade aos longos destes mais de dois milênios.

Desde 1412, Nossa Senhora da Visitação é festejada especialmente pelos italianos da Sicília, como a Padroeira da cidade da Enna. Mas nem todo o mundo cristão celebrava esta veneração, por isto foi confirmada no sínodo de Basiléia em 1441.

Os portugueses sempre a celebraram com muita pompa, porque rei D. Manuel I, o Venturoso, que governou entre 1495 e 1521, escolheu Nossa Senhora da Visitação a Padroeira da Casa de Misericórdia de Lisboa, e de todas as outras do reino.

Foi assim que este culto chegou ao Brasil Colônia, primeiro na Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, depois se disseminou por todo território brasileiro. Antigamente os fieis faziam uma enorme procissão até os Hospitais da Misericórdia para levar conforto aos enfermos e suas doações às instituições. Hoje, as paróquias enviam as doações recolhidas com antecedência, para as Pastorais dos enfermos, que atuam com os voluntários junto às Casas de Saúde mais deficitárias. Tudo para perpetuar a verdadeira caridade cristã, iniciada pela Mãe de Deus ao visitar a santa prima levando sua amizade e ajuda quando mais precisava.

Em 1978, a Madre Maria Vincenza Minet foi chamada pelo Senhor para fundar uma congregação de religiosa sob o carisma de Nossa Senhora da Visitação. Com o apoio do Bispo de Assis, nesta cidade da Itália nasceu as Servas da Visitação em 1978, para abrirem missões a fim de atender as necessidades dos mais pobres e marginalizados em todos os continentes. Hoje, além da Itália, atuam na Polônia, Filipinas, África e Brasil.

Fonte: Editora Paulinas