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DO SANTUÁRIO FAMILIAR AO SANTUÁRIO DA MÃE APARECIDA

Começa a se tornar tradição, este já é o terceiro ano, que nossas famílias são convocadas pelos Bispos no Brasil a se porem a caminho em peregrinação até o Santuário Nacional de Aparecida. Esse tem sido um momento singular, quando ação de graças e súplicas se unem na certeza da grande missão que compete hoje a toda família: ser sinal para o mundo de que é o desejo mesmo de Deus que tenhamos nossas famílias como igrejas domésticas, lugar onde recebemos os mais elementares fundamentos da nossa fé.

A peregrinação é quando nós nos reconhecemos como “povo de Deus a caminho: aí o cristão celebra a alegria de se sentir imerso em meio a tantos irmãos, caminhando juntos para Deus, que os espera. O próprio Cristo se faz peregrino e caminha ressuscitado entre os pobres. A decisão de caminhar em direção ao Santuário já é uma confissão de fé, o caminhar é um verdadeiro canto de esperança e a chegada é um encontro de amor. O olhar do peregrino se deposita sobre uma imagem que simboliza a ternura e a proximidade de Deus. O amor se detém, contempla o mistério, desfruta dele em silêncio” (DAp 259).

Realmente é um final de semana Mariano: aqui no Rio de Janeiro, a inauguração da réplica da Capela das Aparições de Fátima e a Celebração da Festa Solene de Nossa Senhora da Penha – unidos na peregrinação – e Simpósio sobre a Família no Santuário Nacional. São os católicos que manifestam suas convicções e seus ideais, como cidadãos livres deste país.

“Como na família humana, a Igreja-família é gerada ao redor de uma mãe, que confere “alma” e ternura à convivência familiar. Maria, mãe da Igreja, além de modelo e paradigma da humanidade, é artífice de comunhão. Um dos eventos fundamentais da Igreja é quando o “sim” brotou de Maria. Ela atrai multidões à comunhão com Jesus e sua Igreja, como experimentamos muitas vezes nos Santuários Marianos. Por isso, como a Virgem Maria, a Igreja é mãe”. (DAp 268)

O Beato João Paulo II, em sua exortação apostólica sobre a família recorda que ela é o Santuário Doméstico da Igreja. Esse santuário agora vai, como peregrino, ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. O tema que norteia esse final de semana é: “Família, Pessoa e Sociedade”. O Papa recordava, e é tão atual a sua admoestação: “Neste momento histórico em que a família é alvo de numerosas forças que procuram destruí-la ou de qualquer modo deformá-la, a Igreja, sabedora de que o bem da sociedade e de si mesma está profundamente ligado ao bem da família, sente de modo mais vivo e veemente a sua missão de proclamar a todos o desígnio de Deus sobre o matrimônio e sobre a família, para lhes assegurar a plena vitalidade e promoção humana e cristã, contribuindo assim para a renovação da sociedade e do próprio Povo de Deus”.

A célula fundamental de toda sociedade é chamada a viver o seu mistério que, de uma instituição natural, vem elevada por Nosso Senhor Jesus Cristo à dignidade de sacramento, em um mundo que questiona as verdades e, entretanto, tacitamente admite que a única verdade, em pura contradição, é que não existe verdade. A verdade existe sim. Ele, o Cristo, é o caminho, a verdade e a vida: “A Igreja, iluminada pela fé, que lhe faz conhecer toda a verdade sobre o precioso bem do matrimônio e da família e sobre os seus significados mais profundos, sente mais uma vez a urgência em anunciar o Evangelho, isto é, a “Boa Nova” a todos indistintamente, em particular a todos aqueles que são chamados ao matrimônio e para ele se preparam, a todos os esposos e pais do mundo. Ela está profundamente convencida de que só com o acolhimento do Evangelho encontra realização plena toda a esperança que o homem põe legitimamente no matrimônio e na família.

É necessário gritar isso mais ainda nestes tempos e testemunhar a nossa busca de corresponder aos desígnios de Deus sobre nós buscando uma vida de sincera conversão e comunhão com o Senhor. A nossa vida escondida com Cristo em Deus é que realmente nos torna verdadeiramente felizes. O nosso coração tem sede de infinito e só o encontra em Cristo Jesus.

Como peregrinos, nossas família irão à Casa da Mãe Aparecida; Ela, que com ternura viveu a experiência de ser família em Nazaré, juntamente com José e Jesus intercede para que nossas famílias redescubram a sua vocação de geradora e educadora da vida.

Recorda-nos ainda o Papa bem aventurado que “não raramente ao homem e à mulher de hoje, em sincera e profunda procura de uma resposta aos graves e diários problemas da sua vida matrimonial e familiar, são oferecidas visões e propostas mesmo sedutoras, mas que comprometem em medida diversa a verdade e a dignidade da pessoa humana. É uma oferta frequentemente sustentada pela potente e capilar organização dos meios de comunicação social, que põem sutilmente em perigo a liberdade e a capacidade de julgar com objetividade. Muitos, já cientes desse perigo em que se encontra a pessoa humana, empenham-se pela verdade. A Igreja, com o seu discernimento evangélico, une-se a esses, oferecendo-lhes o seu serviço em prol da verdade, da liberdade e da dignidade de cada homem e de cada mulher”.

Eis o belo momento de manifestar ao mundo a beleza da família e o nosso carinho para com a nossa sociedade, preocupados com a vida e a saúde de nosso tecido social. O simpósio e a peregrinação anual das famílias, em boa hora começam a se firmar, já no seu terceiro ano, como um belo e importante momento dentro deste mês Mariano e de nossa Igreja de peregrinos que aqui nas Terras de Santa Cruz caminhamos e fazemos história.

Que o santuário doméstico da Igreja viva com profunda intensidade esse momento de peregrinação ao Santuário Nacional, pondo-se sob a proteção da Mãe de Deus e nossa.

Que a Senhora Aparecida abençoe nossas famílias, amém!

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

Fonte: Rádio Vaticano

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Ser Católicos significa ser Mariano, afirma Papa

Ao receber os membros da sua congregação mariana de Ratisbona

CIDADE DO VATICANO, terça-feira, 31 de maio de 2011  – Bento XVI afirmou que o catolicismo implica em uma atitude mariana, ao receber no Vaticano, no sábado passado, uma delegação da congregação mariana Mariä Verkündung (Maria Anunciada) de Ratisbona (Alemanha).

“A catolicidade não pode existir sem uma atitude mariana”, afirmou, recordando que “ser católicos quer dizer ser marianos, que isso significa o amor pela Mãe, que na Mãe e pela Mãe encontramos o Senhor”.

O Papa disse que “Maria é a grande crente” que indica a todos “o caminho da fé, a coragem de confiar-nos a esse Deus que se dá em nossas mãos, a alegria de ser testemunhas; e depois, sua determinação de permanecer firme quando todos fogem, a coragem de estar do lado do Senhor quando tudo parecia perdido, e fazer seu o testemunho que conduziu à Páscoa”.

Também expressou sua alegria pelo fato de que “ainda hoje há homens que, junto a Maria, amam o Senhor; que, através de Maria, aprendem a conhecer e a amar o Senhor e, como Ela, dão testemunho do Senhor nas horas difíceis e nas felizes; que estão com Ele aos pés da cruz e que continuam vivendo alegremente a Páscoa junto d’Ele”.

Falando da sua própria experiência no Vaticano, disse que, “por meio das visitas ad limina dos bispos, experimento constantemente como as pessoas – sobretudo na América Latina, mas também nos demais continentes – podem confiar-se à Mãe, podem amar a Mãe e, através da Mãe, depois aprendem a conhecer, a compreender e a amar a Cristo”.

Também confessou que experimenta “como a Mãe continua confiando o mundo ao Senhor”.

Os membros da congregação mariana Maria Anunciada viajaram até o Vaticano para comemorar com o Papa o 70º aniversário do seu ingresso nesta congregação.

Sobre este fato, Bento XVI, expressando sua gratidão e alegria, afirmou que “a admissão na congregação mariana visa ao futuro e não é simplesmente um fato passado. (…) É por isso que, 70 anos depois, esta é uma data do ‘hoje’, uma data que indica o caminho rumo ao ‘amanhã’”.

Daquele momento histórico, recordou que “eram tempos escuros, havia guerra” e que, pouco depois de ser admitido na congregação, esta foi dispersada, mas reconheceu que “permaneceu como ‘data interior’ da vida”.

Bento XVI também fez uma breve referência à mariologia que se ensinava nas universidades alemãs depois da guerra, indicando que “era um pouco austera e sóbria”; e acrescentou que acredita que hoje “não tenha mudado muito, nem melhorado”.

Finalmente, agradeceu pelo testemunho dos homens que, pertencendo a uma congregação mariana – “caminho aberto pelos jesuítas no século XVI” -, “continuam demonstrando que a fé não pertence ao passado, mas se abre sempre a um ‘hoje’ e sobretudo a um ‘amanhã’”.

Fonte: (ZENIT.org)

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Pentecostes: Presença e Ação do Espírito Santo

Autor: Frei Lourenço Maria Papin, OP

Domingo, dia 12 de junho: Solenidade de Pentecostes.

Igreja, barca de Cristo, de velas enfunadas pela força do Espírito

Inicialmente, entre os judeus, Pentecostes foi uma alegre festa rural de ação de graças, em que se ofertavam a Javé os primeiros frutos das colheitas; em seguida tornou-se um jubilosa festa em memória da aliança com Deus com seu povo libertado da escravidão do Egito.

Por ocasião desta festa judaica, no quinquagésimo dia (em grego pentekoste) após a ressurreição de Jesus aconteceu um fato histórico, como realização de uma promessa de Cristo e como um fruto de sua própria ressurreição: a vinda do Espírito Santo sobre os apóstolos.

Lucas descreve essa vinda em forma de sugestiva encenação. “De repente veio do céu um barulho como se fosse um forte vento que encheu a casa onde os apóstolos se encontravam. Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava” (At 2, 2-4).

Em grego uma mesma palavra significa vento e Espírito: forte vento simbolizando o impulso transformador do Espírito Santo; línguas de fogo: símbolo do anúncio da Palavra de Deus e símbolo do mesmo Espírito, Amor que aquece os corações e Luz que as mentes ilumina.

Com destemor dos ventos e a ousadia do fogo, os apóstolos proclamam corajosamente a Boa Nova do Evangelho, num contexto de universalidade, pois falando a própria língua, eram entendidos por peregrinos estrangeiros de diversos países que os ouviam falar em suas respectivas línguas.

Pentecostes é o início da trajetória da Igreja no mar da história, barca do Cristo de velas enfunadas pelo vento que é o Espírito. Pentecostes é uma realidade que se prolonga no tempo, no aqui e agora, como presença e ação do Espírito Santo dentro e fora da Igreja do Senhor. “O vento, (ou seja, o Espírito) sopra onde quer” (Jo 2,8).

O Espírito Santo é a alma, o princípio vital que anima, dirige e orienta a Igreja, não obstante sua fragilidade e limitação humana. A Igreja é sua habitação predileta. “Vós não sabeis que o Espírito Santo habita em vós”? (1 Cor 3, 16)

Ele foi enviado pelo Cristo, como Paráclito – Defensor – para completar sua obra, para ser memória dos seus ensinamentos. Sua presença santifica e transforma as pessoas, realizando a comunhão entre nós e a Trindade.

Forte e suavemente Ele age e penetra nas profundidade do coração humano, fazendo-nos sentir o sabor das verdades da Fé, iluminando nossas mentes, aconselhando-nos em nossa atitudes e decisões pessoais, familiares, comunitárias e sociais, inspirando-nos o discernimento espiritual e moral, conduzindo-nos à experiência de Deus como “Abbá” (Pai querido), socorrendo nossa fraqueza humana, suscitando o amor a Deus e aos irmãos.

Além de toda e qualquer fronteira, o Espírito Santo está presente e atuante na evolução do cosmo e da história dos homens, na inteligência e na vontade humana. Apesar de nossos percalços, ambiguidades e obstáculos éticos e morais, Ele conduz a história dos homens para “novos céus e nova terra onde habitará” (1 Pd 3, 13), suscitando a esperança de um mundo melhor. Ele alimenta o otimismo e se opõe a todo tipo de fatalismo histórico.

Que nos seja concedida a graça de uma dócil aceitação da presença e ação do Espírito Santo no meio de nós, seu Povo santo e pecador.

Fonte: Informativo “A Partilha” – Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima – Santa Cruz do Rio Pardo/SP – Edição 147 – Junho/2011

Orações

Oração a Santa Joana d’Arc

Oração Santa Joana d’Arc

Ó Santa Joana D’Arc, vós que, cumprindo a vontade de Deus, de espada em punho, vos lançastes à luta, por Deus e pela Pátria, ajudai-me a perceber, no meu íntimo, as inspirações de Deus. Com o auxílio da vossa espada, fazei recuar os meus inimigos que atentam contra a minha fé e contra as pessoas mais pobres e desvalidas que habitam nossa Pátria.

Santa Joana D’Arc, ajudai-me a vencer as dificuldades no lar, no emprego, no estudo e na vida diária. Ó Santa Joana D’Arc atenda ao meu pedido (pedido). E que nada me obrigue a recuar, quando estou com a razão e a verdade, nem opressões, nem ameaças, nem processos, nem mesmo a fogueira.

Santa Joana D’Arc, iluminai-me, guiai-me, fortalecei-me, defendei-me.  Amém.

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Santa Joana d’Arc

Santa Joana d'Arco - Paris.jpgSurpreedentes e variadas são as vias da Providência!

Quis Deus libertar os hebreus do jugo dos egípcios, e suscitou um Moisés, que se apresenta diante do orgulhoso faraó, faz milagres para comprovar sua missão divina, lança pragas sobre o Egito, e ostenta o poder divino, abrindo diante de si as águas do Mar Vermelho, enelas sepultando para sempre os exércitos inimigos.

Quis Deus salvar a França do domínio inglês, na Idade Média, e em vez de fazer nascer entre os filhos dessa nação um grande general, chamou para realizar sua obra uma donzela, inocente pastorinha da Lorena.

De repente, um país derrotado e decadente, retalhado pela ambição, governado por um príncipe fraco e hesitante, ressuscita ao ouvir a convocação de Joana. Sua voz virginal dá força aos fracos, coragem aos covardes e fé aos descrentes. Sua inocência infunde terror nos inimigos, restaura a pureza dos devassos. Seu nome é um brado de guerra. Sua figura, um estandarte imaculado.

Em sua curta vida, conheceu os esplendores da glória e as humilhações da mais vil perseguição: a da calúnia – último recurso dos invejosos, arma traiçoeira dos infames, que poupa o corpo e fere a honra.

Condenada à morte como bruxa, reduzida a cinzas pelo fogo, sua inocência triunfou nos altares para todo o sempre: Santa Joana d’Arc.

No tempo em que a frança feudal, a França do heroísmo e da cavalheirosidade, encontrava-se sob o pé conquistador da Inglaterra, uma pastorinha foi suscitada por Deus numa aldeia muito humilde, cujo nome soa como toque de sino: Domremy.

Desde muito cedo,tinha o costume de rezar enquanto se achava sozinha no campo, apascentando o rebanho de seus pais. Certo dia ouviu vozes misteriosas, que acabaram por identificar-se como sendo de São Miguel e de duas santas. Urgiram-na a apresentar-se ao rei de França e comunicar-lhe que Deus a enviava a fim de anunciar seu auxílio para expulsar os ingleses do território francês.

Aquela virgem encantadora resolveu então partir e apresentar-se ao soberano.

Logo que chegou à corte, passou-se com ela um belíssimo fato que veio provar a autenticidade de sua missão. Numa época como aquela, em que não havia imprensa nem televisão, só restava um modo de se conhecer o semblante do rei: olhá-lo diretamente. Quem nunca o houvesse visto, não saberia identificá-lo pela fisionomia no meio de muitas pessoas. No dia em que o rei Carlos VII condescendeu em ouvir Santa Joana d’Arc, vestiu-se ele como um simples nobre e, no salão de audiências, repleto de pessoas, retirou-se para um lugar secundário, mandando que outro se colocasse no lugar central, trajado como se fosse monarca.

Santa Joana d’Arc entrou, olhou para todos e, sem titubear, foi em direção àquele que se ocultava num dos cantos, dizendo-lhe:” Ó Rei, eu venho vos falar!”

Na conversa que se seguiu, Carlos VII pôs dificuldades `a jovem pastora, contudo ela venceu-as todas. Convencido de sua missão, o monarca colocou-a, frágil e débil, à frente de um dos exércitos mais fortes da Europa. E ela, na sua debilidade virginal e encantadora, comandou-o e empurrou os ingleses quase completamente para fora da França.

Certa feita, santa Joana d’Arc dirigiu-se a Carlos VII, dizendo querer dele um inapreciável presente, e perguntou se o monarca estava disposto a dá-lo. Disse ele que sim. Ela, então, afirmou que desejava o Reino da frança! Surpreso e contrafeito, o rei entretantocondescendeu.

Santa Joana d’Arc imediatamente mandou chamar quatro tabeliães e lavrou um ato pelo qual recebia de Carlos VII a França, despojando-se o soberano, em favor dela, de todos os seus direitos sobre o Reino. Após ter ele assinado o documento, santa Joana d’Arc mandou lavrar um outro, pelo qual ela, em nome de Deus, entregava novamente ao monarca o Reino da França!

Em Carlos VII, que ainda não havia sido coroado, a realeza se achava bastante viva para não ser morta, mas bastante morta para não reviver. Na verdade, encontrava-se a ponto de expirar, e quase estorvava o curso da História. Santa Joana d’Arc pediu a sua desistência, e reinstaurou nele – por mandato divino – aquilo que estava morrendo, dando ao reino da França uma nova vida.

Era uma pastora chamada a brilhar na corte de um rei. Era uma virgem chamada a viver num campo militar onde, infelizmente, tantas e tantas vezes a linguagem é impura, e a presença das mulheres perdidas se faz notar. Ela ali reluziu como um círio de puríssima cera em plena noite.

Sua virgindade tinha algo de imaculadamente prateado, tinha refulgências de uma arquiprata.

Foram tão grandes as vitórias de Santa Joana d’Arc que, antes mesmo de os ingleses estarem fora do território francês, surgiram condições propícias para a coroação de Carlos VII na catedral de Reims.

Conduziu ela até ali Carlos VII e este foi coroado em meio a uma glória indizível. Santa Joana d’Arc assistiu a cerimônia no lugar de honra, portando o seu estandarte azul e branco, no qual estavam bordados os nomes de Jesus e Maria. Como ela sempre tivera inimigos entre os franceses, um deles lhe perguntou:

– O que faz o seu estandarte aqui? É um estandarte para a guerra e não para festas! Ao que ela respondeu:

– Ele esteve comigo na hora da luta e do esforço, é natural que esteja comigo na hora da glória!

Após a coroação de Carlos VII, restava ainda uma parte da França a ser reconquistada.

Na batalha de Compiège, a traição, imunda como a serpente, enroscou-se na heróica pastora. Os borguinhões, vassalos revoltados contra o rei da França, prenderam-na e, mediante dinheiro, entregaram-na aos ingleses.

As vozes que ela ouvira parece lhe haverem prometido que só morreria quando o poderio inglês estivesse quebrado na França. E ela de tal maneira esperava salvar aquele nobre país, que chegou a pular de uma torre onde se achava prisioneira, para fugir e continuar a luta. Em seus insondáveis desígnios, Deus não fez o milagre de ajudá-la, as vozes também não a auxiliaram, e ela foi presa novamente!

Os ingleses entraram em entendimento com um Bispo francês expulso há pouco de sua Diocese por seu apoio ao invasor estrangeiro, e acusaram santa Joana d’Arc de ser bruxa. Diziam que suas vitórias eram fruto de pacto com o demônio.

Durante o julgamento, ela se defendeu como uma leoa. Suas respostas às perguntas dos juízes eram castas como uma couraça e pontiagudas como uma lâmina de espada. Porém, contra toda a expectativa, ela foi condenada pelo tribunal da Inquisição a ser queimada viva, como vil feiticeira!

Deus, que estivera tão presente em todos os combates dela, agora fazia-se ausente. Na manhã da morte, vestem-na com uma túnica infamante e a conduzem numa carreta, de pé, com mãos amarradas às costas, como se fosse malfeitora, em direção ao local do suplício. O povo enche as vias por onde ela passa, e no caminho era lido a sentença, toda feita de infames e falsas acusações.

Continuando seu trajeto, a carreta chega à praça onde está armada a fogueira. Santa Joana d’Arc desce e caminha em sua direção. Pode-se bem imaginar a perplexidade que invafia sua alma: “Mas, então, aquelas vozes não eram verdadeiras? Aquelas vozes teriammentido? Meu Deus, será que minha vida não foi senão um engano? É a Inquisição que me condena! É um tribunal eclesiástico, dirigido por um Bispo, composto por teólogos e por homens de lei… Será que eu não me enganei, ó meu Deus?!”

Acende-se a fogueira. Não demora, e a supliciada vai sentindo crescerem as dores da morte. Em certo momento, ela parece haver tido uma visão e ouvem-na gritar de dentro das chamas: “As vozes não mentiram! As vozes não mentiram!”

O fogo tomou conta de seu corpo, ela morreu com todas as dores de quem é queimada viva, porém repetindo até o último momento: “As vozes não mentiram! As vozes não mentiram!” Como que a dizer: “Há um mistério, mas eu morro contente, porque estou fazendo a vontade de Deus!”

O mistério se explicou para ela: as vozes não tinham mentido.

O ímpeto dado por Santa Joana d’Arc na ofensiva contra os invasores ingleses havia sido tão grande que eles não ousaram resistir ao exército francês. Pouco após o sacrifício da heroína, foi derrubado o poderio inglês na França. Ela morreu sem poder ver o desmoronamento da muralha. Entretanto, as vozes não lhe haviam mentido. Cerca de 120 anos depois, Calais, a última cidade inglesa na França, tombou, terminando a reconquista do território francês.

A Inglaterra, durante este tempo, tornara-se protestante, e Calais se transformara numa cidade herética: era a unha da heresia encravada no solo bendito da França. Mas as vozes não mentiram, e a obra de Santa Joana d’Arc chegara ao fim.

Para Deus não há pressa. Ele é eterno. Passaram-se mais de trezentos anos… Somente em 1908 quis o Altíssimo que São Pio X, numa cerimônia magnífica, em meio a jubilosos repiques de sinos, canonizasse a virgem guerreira de Domremy. O triunfo da santa pastorinha coberta de armadura constituía mais uma cintilação que a Igreja emitia de dentro de si.

O nome de Santa Joana d’Arc permanecerá como uma saga, um mito, um poema, até o fim do mundo: a virgem heróica e débil, que expulsou os ingleses do doce Reino da França e realizou, assim, a vontade de Nossa Senhora, Rainha do Céu e da terra. (Mons. João Clá Dias, EP)

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Santa Joana D’Arc: exemplo de santidade na política

Em uma de suas audiências gerais (26/01/2011) o Papa Bento XVI falou sobre Santa Joana D’Arc e destacou seu “belo exemplo de santidade para os leigos empenhados na vida política, sobretudo nas situações de maior dificuldade”.

O Sumo Pontífice lembrou que Santa Catarina de Siena e Santa Joana D’Arc são as figuras mais características de “mulheres fortes”que, no fim da Idade Média, mostraram sem medo a luz do Evangelho em momentos difíceis da história.

O Santo Padre salientou a força das mulheres em episódios cruciantes da história. Recordou o exemplo de Nossa Senhora e de Santa Maria Madalena: “Podemos escutar as santas mulheres que permaneceram no Calvário, próximas a Jesus crucificado e a Maria, Sua mãe, enquanto os apóstolos fugiram e o próprio Pedro negou Jesus três vezes.”

Santa Joana D’Arc

Bento XVI lembrou que Santa Joana D’Arc viveu num período conturbado da história da Igreja e da França: ela nasceu em 1412, quando existia um Papa e dois anti-papa. Junto com este cisma na Igreja, aconteciam contínuas guerras entre as nações cristãs da Europa. A mais dramática delas foi a “Guerra dos Cem Anos”, entre França e Inglaterra.

“A compaixão e o empenho da jovem camponesa francesa diante do sofrimento do seu povo tornou mais intenso o seu relacionamento místico com Deus”, explicou o Papa.

Santidade na Contemplação e ação

O Pontífice recordou que um dos aspectos mais originais da santidade desta jovem foi a ligação entre a experiência mística e contemplativa e a missão e ação política: “Depois dos anos de vida oculta e crescimento interior, seguem dois anos, curtos, mas intensos, de sua vida pública: um ano de ação e um ano de paixão”.

Paz e justiça entre os cristãos

O futuro Rei da França, Carlos VII, rendeu-se aos conselhos da camponesa de Domremy, depois de ela passar por exames de teólogos.

A proposta que ela tinha era de uma verdadeira paz e justiça entre os povos cristãos, à luz dos nomes de Jesus e Maria. Esta proposta foi rejeitada e Joana, então, se engaja na luta pela libertação de seu país em 8 de maio 1429.

“Joana vive com os soldados, levando a eles uma verdadeira missão de evangelização. Muitos testemunham sua bondade, sua coragem e sua extraordinária pureza. É chamado por todos, como ela mesma se definia, ‘la pucelle’, a virgem”, conta o Papa.

Condenação de uma santa

Em 1430, ela é presa por seus inimigos, que a julgaram. “Os juízes de Joana eram radicalmente incapazes de compreender, de ver a beleza de sua alma, não sabiam que condenavam uma santa”.

Na manhã do dia 30 de maio, recebe pela última vez a Comunhão na prisão e, em seguida, é conduzida à praça do velho mercado. Pede a um dos sacerdotes para manter diante dela um crucifixo e, assim, morre “olhando Jesus Crucificado e pronuncia mais vezes e em alta voz o Nome de Jesus”.

O nome de Jesus, confiança e amor a Deus

“O Nome de Jesus, invocado por essa santa até os últimos momentos de sua vida terrena, era como o contínuo respirar de sua alma, um hábito do seu coração, o centro da sua vida”, ressaltou o Santo Padre. Para o Pontífice, o “mistério da caridade de Joana D’Arc é aquele total amor de Jesus que está sempre em primeiro lugar na sua vida. “Amá-lo, significa obedecer sempre a sua vontade. Ela afirmava com total confiança e abandono: ‘Confio-me a Deus, meu Criador, amo-o com todo meu coração'”, destacou o Papa.

Oração: diálogo contínuo com Deus

Esta santa viveu a oração como um diálogo contínuo com Deus que iluminava também seu diálogo com os juízes e dava paz e segurança. “Em Jesus, Joana contempla também a realidade da Igreja, a ‘Igreja triunfante’ do Céu, como a ‘Igreja militante’ da Terra. Segundo suas palavras, ‘é tudo uma coisa só: Nosso Senhor e a Igreja’.

Amar a Igreja

“No amor de Jesus, Joana encontra a força para amar a Igreja até o fim, também no momento de sua condenação”, enfatiza o Santo Padre.

Por fim, Bento XVI afirma que o luminoso testemunho de Santa Joana D’ Arc convida a um alto padrão de vida cristã: “fazer da oração o fio condutor dos nossos dias, tendo plena confiança no cumprimento da vontade de Deus, seja ele qual for; viver a caridade sem favoritismos, sem limites, e atingindo, como ela, no Amor de Jesus, um profundo amor pela Igreja”. Santa Joana D’Arc, foi canonizada pelo Papa Bento XV, em 1920. (JG).

Uma saga, um mito, um poema

Uma simples camponesa, com apenas 17 anos de idade, assume o comando de exércitos
e salva sua pátria de um desaparecimento inglório.

Certas lendas parecem-se tanto com a realidade a ponto de levantar a pergunta: “Será, de fato, simples lenda?” Em sentido contrário, certas narrações históricas revestem-se de tantos aspectos surpreendentes que suscitam uma desconfiança: “Mas isto é mesmo real?”

Um dos mais expressivos exemplos do segundo caso é a vida de Santa Joana d’Arc, uma das maiores epopéias da História. Sãodesconcertantes os traços de sua curta existência. Seriam mesmo inexplicáveis abstraindo-se a graça de Deus, que transformou essa delicada virgem camponesa em guerreira intrépida e fez de seu nome uma saga, um mito, um poema.

Desde muito pequena, preparada para sua grande missão

Quando Joana nasceu, em 1412, a França sangrava dolorosamente havia já 75 anos, nos duros embates da Guerra dos Cem Anos, contra a Inglaterra. O nome de seu vilarejo natal, situado no Ducado de Lorena, soa como um toque de sininho de aldeia: Domrémy.

Filha de camponeses honrados e laboriosos, ali passou ela sua infância, aprendendo o mesmo que as outras meninas de sua idade. “Ela se ocupava, como as demais mocinhas, fazendo os trabalhos de casa e fiando, e, algumas vezes, como eu mesma vi, cuidava dos rebanhos de seu pai” – conta Hauviette, sua amiga.

Entretanto, a nota dominante de sua infância foi sua exemplar piedade. Desde muito pequena, Deus a atraía para a contemplação de panoramas elevados. Destinada a grandes feitos, sua fé deveria ser robusta. Gostava imensamente de freqüentar a igreja, e com sumo interesse dava os primeiros passos no aprendizado da doutrina cristã.

Jamais poderia ela imaginar a grande missão para a qual sua alma estava sendo preparada. Ouçamo-la narrar, com encantadora simplicidade, um acontecimento que a marcou profundamente: “Quando eu tinha mais ou menos 13 anos, ouvi a voz de Deus que veio ajudar-me a me governar. Eu ouvi a voz do lado direito, quando ia para a Igreja. Depois que ouvi esta voz três vezes, percebi que era a voz de um anjo. Ela me ensinou a me conduzir bem e a freqüentar a igreja”.

Tempos depois, sabendo já que aquela “voz” era de São Miguel Arcanjo, conta: “Ela [a voz] me disse ser necessário que eu, Joana, fosse em socorro do Rei da França”.

Aos 17 anos, parte para a vida de batalhas

A Filha Primogênita da Igreja estava numa situação calamitosa. Em 1337, o Rei Eduardo III da Inglaterra, reivindicando para si o Trono da França, desencadeou a Guerra dos Cem Anos. Enfraquecidos por fatores de ordem moral e religiosa, além de graves discórdias internas, os franceses sofreram reveses sucessivos. Em 1420, foram obrigados a assinar o humilhante Tratado de Troyes, em conseqüência do qual o Rei da França perdeu o trono em favor do Rei da Inglaterra. Assim, a nação francesa caminhava para um inglório ocaso.

Precisamente nesta trágica circunstância, surge a figura argêntea de Santa Joana d’Arc, a camponesa iletrada, mas instruída nas vias da virtude por três enviados de Deus: o Arcanjo São Miguel, Santa Catarina de Sena e Santa Margarida de Antioquia.

Quando ela completou 17 anos, as “vozes do Céu” lhe indicaram que o momento de agir havia chegado. Saindo da casa paterna, Joana conseguiu convencer o Capitão Roberto de Baudricourt a conduzi-la à presença do “Delfim” (assim era chamado o monarca francês Carlos VII, ainda não coroado Rei), o qual se encontrava em Chinon.

Com a convicção e confiança recebida das vozes celestes, afirmava ela ser a vontade do rei do Céu que Carlos fosse coroado, e que ela era chamada a comandar em nome de Deus os exércitos franceses para expulsar da França as tropas inglesas.

Após vencer muitas dificuldades, a pastora de Domrémy chegou à corte no dia 6 de março de 1429. Nesta ocasião ela se encontraria, por fim, com o monarca que ela própria levaria ao trono. Para testar a autenticidade da missão da qual ela assegurava estar incumbida, e também para divertir-se frivolamente às custas da “ingênua” camponesa, Carlos decidiu disfarçar-se no meio de seus cortesãos, enquanto outro ficaria sentado no trono, vestido com os trajes reais.

Entrou a Santa e foi apresentada ao falso Delfim. Sem dar-lhe maior atenção, ela imediatamente passou a observar todas as fisionomias do recinto, até ver Carlos escondido em um canto. Fixou nele seu puro e penetrante olhar, e fez-lhe uma profunda reverência, dizendo: “Muito nobre senhor Delfim, aqui estou. Fui enviada por Deus para trazer socorro a vós e vosso reino”. O assombro geral logo deu origem a estrondosas aclamações.

Em longa conversa, Santa Joana d’Arc expôs a Carlos VII a missão a ela confiada pela Providência e solicitou que lhe fosse posto à disposição um exército para acorrer logo em defesa de Orléans. Convencido, afinal, pelo que vira e ouvira, Carlos não hesitou em fazer o que a enviada de Deus lhe indicava.

Coroação do Rei: dia de glória e alegria

Desta forma o mundo de então presenciou um fato absolutamente inédito: Joana, a “donzela”, marcha à frente dos exércitos franceses, conduzindo-os para uma batalha decisiva.

A presença dessa virgem resplendente de inocência e de certeza na vitória impunha respeito no acampamento e dava novo alento aos oficiais e soldados. Proibiu terminantemente as bebidas alcoólicas e os jogos. Sobretudo, fez questão de que os soldados pudessem confessar-se e receber a santa Comunhão.

Seus conselhos de guerra jamais falharam, causando admiração aos mais experimentados generais. A tomada de Orléans foi um esplêndido triunfo! Em meio à batalha, lá estava ela segurando seu branco estandarte bordado com a imagem de Nosso Senhor e as palavras Jesus, Maria.

Após a tomada de Orléans, seguiram-se outras grandes vitórias. Graças a Santa Joana d’Arc, renascera na França o ideal de unidade e a esperança de reconquistar o território perdido. O povo não poupava entusiásticas manifestações de gratidão e admiração pela “Donzela”.

Chegou, enfim, o almejado dia em que o Rei da França voltou a ocupar o trono ao qual só ele tinha direito. Em 17 de julho de 1429, Carlos VII foi solenemente coroado, tendo a seu lado Santa Joana d’Arc com seu estandarte. Alguém lhe perguntou o motivo da presença daquele lábaro de guerra numa cerimônia de coroação, e recebeu pronta resposta: “Ele esteve comigo na hora do combate, é natural que esteja também no momento da glória”.

Foi um dia de grande festa. Mais do que nunca, a alegria invadia-lhe a alma. Embora os ingleses não tivessem ainda sido expulsos totalmente, o Reino da França já estava restabelecido!

Uma terrível perplexidade

Em pouco tempo, porém, a essa alegria se sobreporiam as pesadas sombras da ingratidão, das intrigas e da traição.

O Rei, sentindo-se agora poderoso e firme em seu trono, rapidamente se esqueceu da gratidão devida a essa heróica donzela. Pior ainda, Carlos VII, dominado por surda inveja, abandonou-a à própria sorte.

Santa Joana d’Arc sofreria da mesma forma que o Divino Salvador, o qual, depois de ser recebido triunfalmente no Domingo de Ramos, foi crucificado na Sexta-Feira Santa.

Mesmo assim, ela continuou a luta, disposta a não depor armas enquanto houvesse tropas inglesas no território francês. Tentando salvar a cidade de Compiègne, em 1430, ela foi feita prisioneira por soldados da Borgonha (aliada da Inglaterra) e entregue aos ingleses.

Estes levaram-na a um tribunal da Inquisição, formado irregularmente e presidido por um bispo indigno e corrupto, Pierre Cauchon, ao qual foi oferecida alta soma em dinheiro.

Perante o iníquo tribunal, a inocente jovem foi acusada de heresia e bruxaria. Não faltou quem atribuísse suas vitórias a um acordo com os espíritos malignos. Não lhe foi dado um defensor, mas ela, assistida pelo Espírito Santo, defendeu-se com tanta segurança e sabedoria que deixou pasmos tanto os acusadores quanto os juízes.

Esse tribunal, porém, não se reunira para julgar… A sentença condenatória já estava decidida de antemão. A salvadora da França foi condenada à pena de morte na fogueira em praça pública.

Torturada pelas pressões e injustiças das quais era vítima, Joana tinha um sofrimento maior, uma terrível perplexidade: o Rei estava reposto em seu trono, mas os ingleses ocupavam ainda boa parte do território francês; iria ela morrer sem ter cumprido inteiramente sua missão?

O prêmio da confiança e da fidelidade

Na manhã triste e fria do dia 30 de maio de 1431, ela foi queimada viva na cidade de Rouen, aos 19 anos de idade. Amarrada em meio às chamas e olhando para seu crucifixo, ela reafirmou em altos brados a inabalável confiança no cumprimento de sua missão: “As vozes não mentiram! As vozes não mentiram!”

Terá ela recebido nesse instante supremo alguma revelação que a tirou da angustiante perplexidade? Ter-lhe-ão “as vozes” falado uma última vez, explicando que, graças ao irresistível impulso por ela dado, em pouco tempo a França estaria livre dos invasores?

Quem saberá dizer? O certo é que em 1453, após a batalha de Castillon, os ingleses foram expulsos do Reino da França.

Em 1456, um inquérito judicial realizado por ordem do Rei teve como resultado a declaração da inocência de Santa Joana d’Arc. Beatificada por São Pio X em 1909, foi ela canonizada por Bento XV em 1920. A Santa Igreja celebra sua festa no dia 30 de maio.

Guardadas as devidas proporções, essa virgem guerreira e mártir bem poderia cantar como a Mãe de Deus:

“Minha alma glorifica o Senhor (…) porque lançou os olhos sobre a baixeza de sua serva, e eis que de hoje em diante me proclamarão bem-aventurada todas as gerações. Porque realizou em mim maravilhas Aquele que é poderoso e cujo nome é santo.”

Fontes: Arautos do Evangelhos:

*Mons. João Clá Dias, EP

*Carmela W. Ferreira; Revista Arautos do Evangelho, Maio/2004, n. 29, p. 32 à 35

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Significados do Manto Nossa Senhora de Guadalupe

A imagem da Morenita, como é chamada Nossa Senhora pelos mexicanos, assombrosa e inexplicavelmente se conserva em excelente estado, numa tela grosseira, como de estopa, e tão alta rala que, através dela, pode-se enxergar o povo e a nave da igreja.

Nisto podemos ver a mão de Deus, pois tal imagem não foi pintada por mãos humanas, e, ainda hoje, continua exposta no santuário construído no monte Tepeyac, conquistando corações mexicanos e de inúmeras nacionalidades que chegam com seus pedidos e agradecimentos.

Vejamos, portanto, o seu significado: partindo dos seus rasgos, passando pela simbologia indígena e chegando aos fenômenos que podem ser comprovados cientificamente, a Virgem de Guadalupe é sem dúvida uma aparição “dita sobrenatural”.

Podemos dizer que a imagem do sagrado manto é um cacho de símbolos, que reflete a identidade espiritual o cristão latino-americano; para compreender melhor esta explicação, sugerimos ter em mãos uma imagem de Nossa Senhora de Guadalupe.

O seu rosto moreno: representa a cor mestiça do povo nascente, tanto em relação à sua pele, quanto à cultura.

A túnica vermelho-palida: antes, a cor do deus sol asteca, do sangue e da vida, e agora, a cor do Sangue do verdadeiro Redentor Jesus Cristo.

O manto verde-azulado: antes, a cor dos imperadores astecas, e agora, a cor da imperatriz do mundo; cor que sintetiza o deus dos índios o deus-dois, masculino e feminino, e agora, cor da Mãe do Deus-homem.

Sol envolvendo a Virgem: simboliza a divindade do sol, eclipsada pela mãe de Deus e a seu serviço.

Lua sob os pés e estrelas no manto: é a reconciliação de toda a natureza: do sol, da lua e das estrelas, depois de um longo conflito cósmico, como contam os mitos astecas.

Anjo sob a Virgem: é o anunciador de um novo sol, o Sol da Justiça, Cristo, inaugurando assim uma nova era: a da fé e da graça.

As duas cruzes: a cristã, no pescoço, e a cruz solar indígena, sobre o ventre, simbolizando a harmonia da religião asteca com a fé cristã.

Outro dado interessante a destacar é que vários cientistas, ao fotografarem os olhos de Nossa Senhora, encontraram misteriosamente num deles a cena onde o índio João Diego se apresenta diante do bispo, caindo as rosas do manto e aparecendo a imagem impressa nela.

Podemos ver como a totalidade da preciosa imagem, sua própria pessoa, é diálogo e mistura de etnias e humanidades diferentes. Ela reza de mãos juntas, do modo dos espanhóis, mas também quase iniciando uma dança, que é para os índios a máxima forma de reverenciar a Deus, seu rosto é mistura de raças, e, revelando-se mãe de todos, assume a cor de seus filhos mais necessitados.

De olhos negros e pele morena, ao mesmo tempo em que consola, nos desafia a sermos colaboradores na tarefa evangelizadora. Rosto amável que, com seu misericordioso olhar, delicado e profundo, continua nos provocando a trabalhar pela construção de um mundo novo, repleto de paz, respeito e amor. 

DETALHES DOS OLHOS:

O tamanho tão pequeno das córneas na imagem, cerca de 7mm a 8mm, descartam a possibilidade das figuras dos reflexos terem sido pintadas sobre os olhos. Devemos também ter em conta que o tecido, feito de fibras de Maguey, sobre qual a imagem foi estampada, é extremamente rudimentar e apresenta poros e falhas na costura, por vezes, maiores que os das córneas da imagem. Se com a tecnologia de que dispomos hoje é impossível criar ou reproduzir uma figura com tanta riqueza de detalhes, imagine para um artista no ano de 1531.

Os estudos dos olhos da Virgem de Guadalupe resultaram na descoberta de 13 pequenas imagens. Mas a surpresa não para por aí.

Primeiramente ampliou-se 1 mm da imagem 2.500 vezes. Um destes pontinhos microscópicos corresponde à pupila do Bispo Zumárraga (Que está por inteiro na pupila da Virgem) e foram ampliadas outras 1.000 vezes. Nela encontra-se novamente a imagem de Juan Diego mostrando o poncho com a imagem da Virgem de Guadalupe.

A imagem de (4)Juan Diego aparece duas vezes. Uma nos olhos da Virgem e outra nos olhos do Bispo que está nos olhos da Virgem.

Existe uma hipótese que diz que estas 13 figuras querem trazer uma mensagem da Virgem de Guadalupe para humanidade: que perante Deus, os homens e mulheres de todas as raças são iguais. Na opinião do doutor Aste, as figuras de 7 a 13 (grupo familiar indígena) são as mais importantes, pois estão no centro dos olhos, o que significa que a família é o centro do olhar compassivo de Maria. Poderia ser um convite da Virgem de Guadalupe a nos aproximarmos de Deus em família, especialmente nestes tempos em que está sendo tão desprezada e atacada.

O Dr. Aste, afirma que quando São Juan Diego foi recebido pelo (2) Bispo Zumárraga, a Virgem Maria estava presente; invisível, mas observando toda cena. Isto explica porque estão refletidas em seus olhos as imagens presentes. Quando São Juan Diego abriu o poncho e caíram as rosas, a imagem estampou-se, e em seus olhos levava o reflexo de todas as pessoas que testemunharam o milagre. Desta maneira, Deus quis nos deixar uma “fotografia” desta impressão milagrosa.

As Estrelas do Manto

12 de dezembro – Solstício de inverno

Na terça-feira, 12 de dezembro de 1531 de nosso calendário (Calendário Juliano), ou 22 de dezembro do Calendário Astronômico dos indígenas, aconteceu à aparição da Virgem de Guadalupe no poncho de São Juan Diego. Na manhã deste mesmo dia, ocorreu o solstício de inverno que para as culturas pré-hispânicas significativa o sol moribundo que recobra vigor e retorna à vida.

12 de dezembro de 1531, pela manhã do solstício de inverno

Para os indígenas, o solstício de inverno era o dia mais importante de seu calendário religioso. O sol vencia as trevas e ressurgia vitorioso. Não é coincidência que a Virgem tenha apresentado seu Filho justamente neste dia, ficando claro para os índios que aquele que ela trazia em seu seio era o verdadeiro Deus.

Fonte: Revista Milicia da Imaculada – Maio/2011

Visite o site da Milicia da Imaculada:  http://www.miliciadaimaculada.org.br

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Premiado, longa-metragem “Lourdes” estreia na cidade de Porto, em Portugal

Porto (Sexta-feira, 27-05-2011, Gaudium Press) Estreou nesta quinta-feira, 26, no Teatro do Campo Alegre, na cidade do Porto, em Portugal, o filme “Lourdes”, que narra a história de uma mulher enferma e sua peregrinação até o famoso santuário católico francês em busca de um milagre: a cura de sua moléstia. A película será exibida até o dia 1º de junho, com sessões durante todos os dias, às 18h30 e as 22h.

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Película é uma realização conjunta entre França, Áustria e Alemanha

Produzido em 2009, numa realização conjunta entre França, Áustria e Alemanha, o longa-metragem de 96 minutos de duração foi dirigido pela austríaca Jessica Hausner e já recebeu diversos prêmios e distinções. A atriz principal do filme, Sylvie Testud, foi laureada por sua atuação pela Academia Europeia de Cinema, e Jessica Hausner por sua realização pelo festival austríaco Vienalle.

Além disso, a película recebeu uma distinção da Federação Internacional da Imprensa Cinematográfica e da Associação Católica Mundial para a Comunicação (Signis).

Em texto publicado no site da Agência Ecclesia, a crítica portuguesa de cinema, Margarida Ataíde, define o filme como “curioso e nada linear”, que “opta por uma abordagem não explicitamente confessional”. Segundo a crítica, a protagonista do filme embarca numa excursão ao santuário mariano que se transforma em uma “peregrinação interior”.

O filme “Lourdes” já está em exibição na capital portuguesa, Lisboa.

Com informações da Agência Ecclesia.

Orações

Oração da manhã

Senhor meu Deus, mais um dia está começando. Agradeço a vida que se renova em mim, os trabalhos que me esperam, as alegrias e também os pequenos dissabores que nunca faltam. Que tudo quanto viverei hoje sirva para me aproximar de Vós e dos que estão ao meu redor. Creio em Vós Senhor. Eu Vos amo e tudo espero em Vossa bondade. Fazei de mim uma benção para todos que eu encontrar. Amém!

Fonte: Revista de Aparecida – Maio/2011

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Coração Imaculado de Maria

Estudo teológico da devoção ao Coração Imaculado de Maria

A expressão “cor immaculatum” é moderna. Ela se tornou de uso corrente depois da definição do dogma da Imaculada Conceição. Depois das aparições da Virgem em Fátima e da publicação dos escritos de irmã Lúcia, a expressão “coração imaculado” se impôs no uso eclesial e litúrgico. Ela atingiu a máxima difusão nos anos de 1942 e 1952, por causa da influência exercida pelos acontecimentos de Fátima, que determinaram a consagração do mundo ao Coração Imaculado de Maria e uma quantidade de outras consagrações por parte de instituições eclesiais e às vezes civis. O movimento de piedade para com o Coração Imaculado de Maria alcançou o seu ápice em 1944 com a extensão da festa a toda a Igreja latina. Esses anos eram também anos de intenso florescimento da piedade mariana: nela se inseriu, com vigor jamais conhecido antes, a devoção ao Coração de Maria.

01- Breve história da devoção

Na Sagrada Escritura

A devoção ao coração de Maria tem o privilégio singular de poder contar com dois textos-chave neotestamentários, que estão na base de toda a tradição bíblica do Antigo Testamento, relacionados com os tempos messiânicos. São eles: “Maria, por sua vez, conservava todas essas coisas, meditando-as no seu coração” (Lc 2,19). “Sua mãe conservava todas essas coisas no seu coração” (Lc 2,51)

Há um terceiro texto: “E também a ti uma espada transpassará a alma” (Lc 2,35).

Maria é colocada no centro da reflexão cristã sobre os mistérios da infância de Jesus. Isso é muito importante para a espiritualidade cordimariana, já que o coração de Maria, segundo as fontes evangélicas, aparece como o berço de toda a meditação cristã sobre os mistérios de Cristo. E isso confere à devoção ao Coração de Maria um fundamento escriturístico de valor incomparável.

O texto da apresentação no templo – é igualmente de grande interesse mariológico, pois nele aparece com indiscutível profundidade a associação interior de Maria com toda a obra salvífica de seu Filho.

Tudo o que se realiza no corpo sofredor do Filho realizar-se na alma e no coração da mãe.

Na Patrística

A patrística, tanto grega quando latina, desenvolveu por meio de esplêndidas reflexões o conteúdo dos textos lucanos. Gregório Taumaturgo já expressa a idéia de que o Coração de Maria foi como que o vaso e o receptáculo de todos os mistérios. Simeão Matafrastes dá testemunho de longa tradição oriental que faz do Coração de Maria o próprio lugar da paixão de Jesus: “O teu lado foi transpassado, mas no mesmo instante o foi também o meu coração”.

O tema da “concepção no coração” está presente na reflexão mariológica de toda a Idade Média e das épocas seguintes até o Concílio Vaticano II, que no entanto, o atribui à maternidade espiritual de Maria.

Hugo de São Vítor põe bem em evidência o tema segundo o qual o Verbo desceu ao seio de Maria justamente porque fora concebido primeiro no seu coração.

São João Eudes

Na história da devoção é preciso dar lugar especial a este santo “evangelista, apóstolo e doutor” da devoção aos sagrados corações de Jesus e Maria. Com São João Eudes temos: congregações religiosas dedicadas ao culto do Coração de Maria e do Coração de Jesus, as primeiras festas litúrgicas, com ofício e missa próprios, as primeiras obras sistemáticas de histórias, teologia e piedade; as primeiras confrarias, as primeiras aprovações da Igreja, tanto episcopais quanto pontifícias; as primeiras oposições sérias; a primeira grande difusão da devoção aos sagrados corações entre o povo cristão.

Que pretendia dizer São João Eudes com a expressão “Coração de Maria”? Em um de seus textos significativos nos dizem tudo. “O seu coração é a fonte e o princípio de todas as grandezas, excelências e prerrogativas com que se adorna, de todas as qualidades eminentes que a elevam acima de todas as criaturas, como o ser filha primogênita do eterno Pai, mãe do Filho, esposa do Espírito Santo e templo da Santíssima Trindade. Quer dizer também que esse santíssimo coração é a fonte de todas as graças que acompanham essas qualidades… e quer dizer ainda que esse mesmo coração é a fonte de todas as virtudes que praticou… E porque foram a humildade, a pureza, o amor e a caridade do coração que a tornaram digna de ser a mãe de Deus e como conseqüência, de possuir todos os dotes e todas as prerrogativas que devem acompanhar essa altíssima dignidade”.

As aparições de Fátima

Hoje, em uma história da devoção ao Coração de Maria, não podemos deixar de fazer menção à mensagem cordimariana que, como nova primavera, as aparições de Fátima nos legaram e devido seu revigoramento, obitveram reconhecimento eclesial.

O anjo de Fátima, já na primeira e na segunda aparições, afirma: “Os Sagrados Corações de Jesus e de Maria têm o vosso respeito projetos de misericórdia”. E, na terceira aparição, une a reparação ao Coração de Jesus à reparação ao Coração de Maria. A Virgem, na segunda aparição (junho de 1917), declara que Lúcia é apóstola da devoção ao seu Coração com estas palavras: “Jesus quer servir-se de ti para me fazeres conhecer e amar. Ele quer estabelecer ao mundo a devoção ao meu Coração Imaculado. Prometo a salvação a quem a praticar, essa almas serão amadas por Deus como flores colocadas por mim para adornar o seu trono”.

No entanto, é sobretudo na aparição de junho de 1917 que a mensagem sobre o Coração de Maria se enriquece com uma série de elementos de grande importância: a visão do inferno, o futuro da Rússia soviética, os sofrimentos do mundo, da Igreja e do papa, o triunfo final do Coração de Maria. Nessa aparição a Virgem promete voltar novamente para pedir a comunhão reparadora nos primeiros sábados e a consagração da Rússia. A mensagem cordimariana em Fátima não só assumiu dimensão mundial e eclesial, mas ainda foi posteriormente aprofundada e interiorizada. Quando, nos anos de 1942 e seguintes, se difundem as duas primeiras parte do chamado “segredo de Fátima”, Fátima se transforma em fenônemo carismático eclesial de primeira ordem; a partir deste momento começa como que uma nova era na história da Devoção ao Coração de Maria.

02- Liturgia

A festa litúrgica do Coração de Maria passou por muitas vicissitudes. De acordo com a história, houve primeiramente uma devoção privada ininterrupta, que não chegou a formas públicas oficiais.

Efetivamente, a primeira festa litúrgica do Coração de Maria, foi celebrada a 8 de fevereiro de 1648, na diocese de Autun.

Apesar disso, a festa não possuia nem missa nem ofício próprios. Estes foram finalmente concedidos por Pio IX em 21 de julho de 1855. O texto era inspirado no anterior de São João Eudes.

Bem cedo uma nova iniciativa se delineia no horizonte: a consagração do mundo ao Coração de Maria. Já em 1864 alguns bispos pedem ao papa tal consagração, aduzindo como justificativa e motivo a realeza de Maria.  A primeira nação que, com o beneplácito da Santa Sé, se consagrou ao Coração de Maria foi a Itália, por ocasião do Congresso Mariano de Turim, em 1897. O pedido decisivo partiu de Fátima e do episcopado português. Inesperadamente, a 31 de outubro de 1942, Pio XII, na sua mensagem radiofônica em português, consagrava o mundo ao Coração de Maria. Acontece, porém, que o que fora pedido nas revelações não era a consagração do mundo, mas, sim, a da Rússia, que devia ser feita pelo papa junto com todos os bispos do mundo. Essa consagração, realizou-se, de modo implícito mas claro, por João Paulo II a 25 de março de 1984. O Papa Paulo VI, a 21 de novembro de1964, ao encerrar a terceira sessão do Concílio Vaticano II, renovava, na presença dos padres conciliares, a consagração ao Coração de Maria feita por Pio XII. Mais recentemente, João Paulo II, no fim de sua primeira encíclica, “Redemptor Hominis” (4 de março de 1979), escreveu um significativo texto sobre o Coração de Maria. Ao tratar do mistério da redenção chega a dizer: “este mistério formou-se, podemos dizer, no coração da Virgem de Nazaré, quando pronunciou o seu “fiat”. A partir de tal momento, este coração virginal e ao mesmo tempo materno, sob a ação particular do Espírito Santo, acompanha sempre a obra do seu Filho e se dirige a todos os que Cristo abraçou e abraça continuamente no seu inesgotável amor. E por isso este coração deve ser também maternalmente inesgotável. A característica deste amor materno, que a mãe de Deus incute no mistério da redenção e na vida da Igreja, encontra sua expressão na sua singular proximidade do homem e de todas as suas vicissitudes. Nisso consiste o mistério da mãe”.

03 – Práticas e espiritualidade

Na história da piedade mariana a devoção ao Coração de Maria suscitou algumas características práticas de piedade, e, sobretudo, uma espiritualidade tanto de caráter ascético de forte purificação, quanto de elevação mística muito acentuada. O costume de dedicar o sábado à Virgem, que remonta à época de Alcuíno, tornou-se hoje a prática do “primeiro sábado do mês” consagrado ao Coração de Maria, talvez por analogia com a prática das “primeiras sexta-feiras” dedicadas ao Coração de Jesus. A prática dos primeiros sábados assume seu cunho definitivo com as revelações da Virgem, que a fixam em “cinco primeiros sábados” e a animam com a grande promessa do Coração de Maria. Eis a promessa: “Olha, minha filha, o meu coração circundado de espinhos, que os homens ingratos me enfiam com blasfêmias e ingratidões. Tu, ao menos, faze algo para consolar-me; e transmite o seguinte: “A todos os que, durante cinco meses, no primeiro sábado, se confessarem, receberem a santa comunhão, recitarem um rosário e me fizerem companhia durante quinze minutos, mediando sobre os quinze mistérios do rosário, com o objetivo de reparar as ofensas que me são feitas, eu prometo assisti-los na hora da morte com todas as graças necessárias para a sua salvação”.

A devoção ao Coração de Maria sempre foi, durante toda a sua história, fonte inesgotável de vida interior para as almas marianas. Depois, o humanismo devoto de São Francisco de Sales, faz o coração da virgem Maria o lugar de encontro das almas com o Espírito Santo. Se entendermos o termo “coração” em toda a sua riqueza semântica, semita e cristã, pela qual ele designa o “ponto de referência”, o lugar em que se concentra a sua essência e de onde partem as suas palavras e as suas ações e, com este sentido, aplicarmos o termo à Virgem, veremos que a imagem por ele evocada é sinal sagrado da pessoa e das ações da própria virgem.

Convém insistir na sacramentalidade do “coração”: é um órgão escondido, que não obstante se manifesta: não o vemos, mas percebemos as suas “ações” é uma realidade vital, mas que remete à realidade mais elevadas, humanas e sobrenaturais.

A devoção ao Coração de Maria não pode reduzir-se à contemplação do “sinal do coração”, como às vezes aconteceu em épocas de gosto decadente. Ela deve abranger toda a realidade de Maria, considerada como mistério de graça, o amor e o dom total que ela fez de si a Deus e aos homens.

04- Memória Litúrgica atual

A Exortação apostólica “Marialis cultus” (2/2/1974), do Papa Paulo VI inclui a memória do Coração Imaculado da bem-aventurada Virgem Maria entre as “memórias ou festas que … expressam orientações surgidas na piedade contemporânea” (mc 8), o que é verdade.

Origem histórica da festa

De fato, quem promoveu a celebração litúrgica do Coração de Maria foi São João Eudes (1601-1680), conforme explícitas declarações de Leão XIII (1903) e de Pio X (1909), que o chamam “pai, doutor e primeiro apóstolo” da devoção e particularmente do culto litúrgico aos Sagrados Corações de Jesus e de Maria, a que o santo quis que fossem consagrados de modo especial os religiosos da sua congregação. A 31 de outubro de 1942 (e depois, solenemente, a 8 de dezembro na basílica vaticana), no 25º aniversário das aparições de Fátima, Pio XII consagrava a Igreja e o gênero humano ao Coração Imaculado de Maria: como recordação perene de tal ato, a 4 de março de 1944, com o decreto “Cultus liturgicus”, o papa estendia à toda a igreja latina a festa litúrgica do Coração Imaculado de Maria, designando-lhe como dia próprio 22 de agosto – oitava da Assunção – e elevando a rito duplo de segunda classe. O atual calendário reduziu a celebração à memória facultativa e quis encontrar para ele um lugar mais adequado colocando-a no dia seguinte à solenidade do Sacratíssimo Coração de Jesus.

Conteúdos dos textos litúrgicos

Essa aproximação das duas festas (Sacratíssimo Coração de Jesus e Imaculado Coração de Maria) nos faz voltar à origem histórica da devoção: na verdade, São João Eudes, nos seus escritos, jamais separa os dois corações. Aliás, durante nove meses a vida do Filho de Deus feito carne pulsou seguindo o mesmo ritmo da vida do coração de Maria. Mas os textos próprios da missa do dia destacam mais a beleza espiritual do coração da primeira discípula de Cristo.

Ela, na verdade, trouxe Jesus mais no coração do que no ventre; gerou-o mais com a fé do que com a carne! De acordo com textos bíblicos, Maria escutava e meditava no seu coração a palavra do Senhor, que era para ela como um pão que nutria o íntimo, como que uma água borbulhante que irriga um terreno fecundo. Neste contexto, aparece a fase dinâmica da fé de Maria: recordar para aprofundar, confrontar para encarnar, refletir para atualizar.

Maria nos ensina como hospedar Deus, como nutrir-nos com o seu Verbo, como viver tentando saciar a fome e a sede que temos dele. Maria tornou-se, assim, o protótipo dos que escutam a palavra de Deus e dela fazem o seu tesouro; o modelo perfeito dos que na Igreja devem descobrir, por meio de meditação profunda, o hoje desta mensagem divina. Imitar Maria nesta sua atitude quer dizer permanecer sempre atentos aos sinais do tempos, isto é, ao que de estranho e de novo Deus vai realizando na história por trás das aparências da normalidade; em uma palavra, quer dizer refletir, com o coração de Maria, sobre os acontecimentos da vida quotidiana, destes tirando, como ela o fazia, conclusões de fé.

Fonte: Dicionário de Mariologia, 1995 – Editora Paulus

Mensagens Medjugorje

Medjugorje – Mensagem a Marija Pavlovic – 25/05/2011

“Queridos filhos! Minha oração hoje é para todos vocês que procuram a graça da conversão. Você batem na porta do meu coração, mas sem esperança e oração, em pecado, e sem o Sacramento da Reconciliação com Deus. Deixem o pecado e decidam, filhinhos, pela a santidade. Só desta forma posso ajudá-los, ouvir suas orações e buscar a intercessão diante do Altíssimo.”

Obrigada por terem respondido ao meu chamado!