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Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Consolação

O presente título é divulgado no mundo inteiro pela Ordem dos Agostinianos, posto que, segundo uma lenda, a ele deve-se a conversão de Santo Agostinho. Santa Mônica, angustiada pela morte de seu esposo e pelos desvarios de seu filho Agostinho, recorreu à Mãe da Consolação, tendo depois a grande alegria de ver seu filho convertido e tão fervoroso cristão, que é hoje é considerado um dos maiores santos doutores da Igreja. Santo Agostinho tomou como protetora a Consoladora dos Aflitos e seus filhos espirituais se encarregaram de divulgar sua devoção.

Segundo a escritora Nilza Botelho Megale, o Brasil nasceu sob a proteção da Virgem Consoladora. Antes mesmo de Pedro Álvares Cabral chegar ao nosso país, Vicente Pinzón, navegador espanhol, companheiro de Colombo em suas viagens ao Novo Continente, descobriu um promontório, que se acredita ser o cabo de Santo Agostinho, ou a ponta de Mucuripe, em Fortaleza, ao qual deu o nome de Santa Maria de la Consolación.
Nossa Senhora da Consolação é invocada como padroeira dos lares, promovendo a harmonia no seio das famílias e a conversão dos filhos desviados, contando com grande número de devotos em nosso país.
O sentimento mais enraizado no coração humano é o desejo de felicidade. No entanto, nada mais comum do que o sofrimento entre os homens. Por isso mesmo, todos nós necessitamos de afeto e consolação; porém, neste mundo enganoso, muitas vezes não encontramos consolações humanas. Existe contudo uma fonte viva de esperança, um raio de luz que ilumina as trevas do desespero e distribui a paz aos corações atribulados. É a consolação dos Aflitos, a Mãe de Deus, Nossa Senhora da Consolação.
Bibliografia: Nilza Botelho Megale, “Invocações da Virgem Maria no Brasil”, Ed. Vozes, 4a. edição, pp. 165-166.
Nossa Senhora da Consolação,
Rogai por nós!
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Coroa

Em um convento dos Menores, na Itália, tomou o hábito de noviço um virtuoso moço muito devoto de Nossa Senhora, a cujo serviço desejava muito entregar-se.

Quando ainda no mundo, ele tinha o costume de, na primavera, colher flores nos campos e jardins, das quais fazia uma coroa ou grinalda para coroar uma imagem de Nossa Senhora que tinha em seu oratório. Tendo tomado o hábito, achou-se com mais estreitas obrigações de servir a Deus, por isso se esmerava mais em exercícios espirituais, e com maiores fervores nos obséquios a Maria Santíssima, que tinha elegido por sua especial protetora.
Chegou, porém, a primavera, e não se esquecendo de sua antiga ocupação, sem pedir licença ao mestre dos noviços, saiu do convento para colher flores com que pudesse tecer a coroa para Nossa Senhora.
O mestre apanhou-o nesta ocupação, ou nesse devoto furto, e repreendeu-lhe o arrojo de sair do noviciado sem licença. O noviço ficou muito sentido, porque, tendo declarado a intenção com que colhia as flores, não lhe foi relevada a culpa, e, julgando estar no seu direito, repetiu o furto das flores, pelo que o mestre, em vista de sua indiscreta obstinação, o mortificou com aspereza.
O demônio, que tanto se desvela na perdição das almas, e principalmente daquelas que elegeram o caminho das divinas justificações, lhe arrojou no coração a sugestão de deixar o hábito, com a tentação de que no convento mal poderia esperar progresso na virtude, uma vez que lhe impediam os fervores de sua devoção.
E assim começava a duvidar de sua vocação, por não compreender que sua devoção, com aquele apego, deixava de ser virtude e passava a ser ato de sua livre vontade. Todo gênero de virtude que se inclina às exterioridades e faz pé em devoção sensível vive muito arriscado, se o não governa a prudência.
Acossado e aflito por suas imaginações, o noviço se rendeu à tentação de despir o hábito, ainda que a memória dos fervores de sua vocação lhe servisse de tormento. Antes, porém, de executar sua resolução, foi despedir-se de Maria Santíssima, visitando uma imagem sua para a qual fazia a coroa de flores. Posto de joelhos, queixou-se, com muitas lágrimas, de sua pouca sorte.
A Mãe de misericórdia, compadecida de ver caminhar para a perdição esse enganado moço, ainda que sua boa intenção e ignorância o escusassem da culpa, dignou-se de lhe falar desta forma: “Aonde caminhas, miserável? Cuidas assegurar a teu favor a minha piedade, voltando as costas a meu Filho, arrebatando assim do seu altar o sacrifício que de ti lhe tinhas feito? O obséquio que me fazias, coroando de flores a minha imagem, foi a meus olhos muito agradável, enquanto tinhas livre a tua vontade, porém, agora, porfiando nesse obséquio, faltas à obediência, portanto não pode agradar-me a tua coroa de flores, porque na Casa de Deus é mais preciosa a obediência que o sacrifício. Porém, porque o teu erro não é malicioso, senão de ignorância, não quero que voltes as costas à tua vocação, e vou ensinar-te a fazeres uma coroa, não de flores que murcham, mas de orações, que muito me agradam. E esta coroa será de muito maior estimação do que se ma ofereceras de pedras preciosas. Comporás esta coroa de sete dezenas, em que repetirás a oração com que me saudou o anjo, quando me deu a embaixada de que Deus me havia elegido para Mãe de seu Unigênito Filho. Na primeira dezena de ave-marias, com o pai nosso, meditarás o inefável gozo que teve meu coração na Conceição do Divino Verbo em minhas puríssimas entranhas; na segunda dezena reverenciarás o gozo que tive na apressada jornada que fiz pela montanha, para visitar minha prima Isabel e tirar ao abismo da culpa o seu filho, o Batista; a terceira consagrarás com fé viva às felicidades de meu parto, em que o Todo-Poderoso me enriqueceu com a felicidade de Mãe, conservando intacta a flor de minha virginal pureza; a dezena seguinte oferecerás em reverência da suma alegria que teve minha alma, vendo prostrada aos pés de meu Filho a cega gentilidade, representada por seus três Reis Magos; a quinta dezena consagrarás ao grande prazer que tive achando no templo o meu Jesus perdido, em cuja breve ausência foi imperdoável a minha dor; a sexta, ao gozo que teve minha alma na Ressurreição do meu amado Jesus, sendo eu a primeira e a mais privilegiada no gozo de suas glórias, por ter sido aquela que teve a maior parte na acerbidade de suas penas; a sétima dezena, enfim, consagrarás ao meu felicíssimo trânsito e à minha gloriosa coroação como Rainha dos Anjos e dos homens. Esta é a coroa (que me podes oferecer) do meu maior agrado, e para ti, de maior merecimento”.
Ficou o noviço cheio de confusão como de gozo. De confusão, por ser alumiado do seu passado erro com tão soberano magistério; de gozo, por ficar sabendo o modo seguro de granjear os agrados e a graça da Mãe de Deus, a que reverenciava com amor terníssimo, e, agradecido, pôs-se logo a executar a ordem que a Virgem Santa lhe havia dado.
O mestre, que zeloso o andava espiando, vendo-o ajoelhado no oratório diante de Maria Santíssima, ficou reparando nele com cuidado e viu que um anjo, a cada ave-maria que rezava o noviço, ia colhendo de sua boca uma rosa e a ia atando em um fio de ouro, que tinha nas mãos, e chegando ao pai-nosso colhia uma açucena e atava-a ao mesmo fio. Assim o esteve espiando até que o noviço acabou sua devota oração, e o anjo, formando então de todas as rosas e açucenas atadas uma formosa grinalda, colocou-a na cabeça do noviço.
Pasmado o mestre de visão tão maravilhosa, entrou no oratório e, desaparecendo a visão, ordenou ao noviço que referisse o que fazia e tudo que havia passado em seu recolhimento. Referiu ele com humildade o sucesso e pediu perdão pela rebeldia com que havia desobedecido a suas ordens.
Divulgado esse favor de Nossa Senhora, começou-se a designar aquela santa imagem com o título de da Coroa, e à sua imitação se fizeram outras imagens a que se deu o mesmo título.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Correia

Lê-se na vida de Santa Mônica o fato seguinte. De onde se origina o titulo Nossa Senhora da Correia.

Estando ela um dia a chorar os extravios morais de seu filho Agostinho, apareceu-lhe Nossa Senhora, a quem invocara em sua aflição. A Mãe de Deus, que estava vestida de preto, tendo à cintura uma correia da mesma cor, disse-lhe que se vestisse do mesmo modo, que assim conseguiria a conversão do filho.

A correia ou cinto era comum entre as mulheres da palestina.

Santa Mônica passou a usar desde aquele dia o vestido preto e a correia.
Convertido Agostinho, também ele começou a usar hábito preto e correia, como devoção especial a Nossa Senhora, hábito e correia que deu como distintivo a seus filhos espirituais, os padres da congregação dos agostinianos por ele fundada em Tagaste (Africa) no ano de 388.

Cresceu a Ordem Agostiniana, e com ela a devoção a Nossa Senhora da Consolação e Correia espalhou-se pelo mundo inteiro.

Tendo como padroeira Nossa Senhora da Consolação e Correia, existe hoje a Arquiconfraria da Sagrada Correia que no Brasil te sua sede em São Paulo, na igreja matriz de Santo Agostinho.

O titulo Nossa Senhora da Correia é geralmente usado unido ao de Nossa Senhora da Consolação, provavelmente por ser Nossa Senhora, sob este título, a padroeira da Arquiconfraria da Sagrada Correia.

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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Divina Providência

 O título Nossa Senhora da Divina Providência não é novo, pois já era usado em vários santuários da Itália desde o século XII, tendo sempre por objeto quadros e afrescos representando a Virgem Santíssima com o Menino nos braços. Mas só em 1732 se inicia o movimento religioso oficialmente reconhecido pela Santa Sé, o qual se espalhou em todo o mundo, atraindo multidões

Um contratempo deu ocasião à inauguração do quadro célebre exposto à veneração pública em Roma. Em 1659 0 papa Alexandre VII, da família Chigi, resolveu engrandecer a praça Colonna, e, quando os clérigos de São Paulo entregaram seu convento aos demolidores, cortaram uma parte da parede na qual um artista desconhecido pintara uma imagem de Maria, milagrosa, para levá-la consigo.

Mas, quando se tratou de colocá-la no lugar que lhe destinaram, o precioso afresco caiu e fez-se em mil pedaços.

O arquiteto, sentindo vivamente a perda do afresco, quis indenizar os religiosos, e a grande custo adquiriu um quadro da Virgem, obra-prima de Scipione Puizone. A pintura, que tem 54 cm de altura por 42 de largura, foi colocada no altar do oratório situado no primeiro andar do convento de São Carlos, por ser o local em que os religiosos se reuniam para os exercícios de piedade.

Descrição da imagem (pintura) que representa Nossa Senhora da Divina Providencia: a Virgem Maria esta revestida de uma túnica purpúrea e de um manto azul; um véu transparente lhe cobre a cabeça, recaindo elegantemente sobre os ombros; ela aperta amorosamente ao seio virginal a criança que segura nos braços e dirige suave olhar para o rosto adorável do mais belo dentre os filhos dos homens. 0 Menino não tem auréola, o que indica, na opinião de um cônego distinto, que Ele, além de ser o Filho de Deus, representa também os filhos dos homens. A mãozinha de Jesus, agarrada a mão da Virgem, indica a confiança, o abandono, a fé inquebrantável com que o coração humano deve, na hora do perigo, recorrer aquela que é o Refúgio dos atribulados.

Um dia, revolvendo com a alma cheia de amor os papéis do arquivo, descobriu o jovem Pe.

Januário Maffetti um manuscrito da lavra do Pe. Palma, o qual conseguira, a custa de mil angústias, edificar o convento e a igreja de São Carlos.

A cada página o Pe. Palma proclamava que Maria fora sua única Providência.

A relação jazia, havia mais de um século, oculta no fundo da biblioteca.

Movido por celestial inspiração, o jovem religioso mandou tirar uma cópia do quadro original e, não achando na igreja um lugar apropriado para a pintura, suspendeu-a no corredor entre a igreja e o convento. Abaixo do quadro colocou a seguinte inscrição, ditada por seu amor: “Mater Divinae Providentiae”.

Era o dia 13 de julho de 1732, sexto domingo depois de Pentecostes.

Desde então cresceu e se expandiu por toda a parte, autorizada pelos sumos pontífices, a devoção a Nossa Senhora da Divina Providencia, a qual começou a ser divulgada no Brasil com a chegada dos padres barnabitas, em agosto de 1903.

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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Encarnação

Conta-nos o evangelho de São Lucas (Le 1, 28-38) a Anunciação do anjo Gabriel a Maria, e quando Maria respondeu aceitando a sua missão – “Eis a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. Naquele momento o Verbo Divino se encarnou e uma nova era se abriu para a humanidade.

Maria celebrava todos os anos o aniversário do grande dia em que o Verbo, encarnando-se em seu seio, a elevara à dignidade de Mãe de Deus. Testemunhas de seus sentimentos, os apóstolos se uniram a Ela e estabeleceram a festa da Anunciação nas diversas regiões onde foram propagar a fé cristã. A Igreja, seguindo o exemplo dos discípulos de Cristo, desde o início estabeleceu a festividade da Encarnação a 25 de março. Santo Atanásio, patriarca de Alexandria, em 328 dizia: – “É uma das maiores festas do Senhor e a primeira na ordem dos mistérios, por isso devemos celebrá-la com grande devoção.
Em Portugal seu culto era bastante divulgado, existindo diversas igrejas dedicadas à Senhora da Encarnação, como as de Lisboa e Coimbra. Entre as milagrosas imagens desta invocação, veneradas pelo povo, destaca-se a de Leira. Dizem que ela foi encontrada num olival perto daquela cidade e recebeu o título de Encarnação porque “em sua atitude estava mostrando a grande humildade com que Maria ouvia a anunciação do Arcanjo” e também porque apareceu num monte que antigamente era denominado “do Anjo”. por haver ali uma ermida dedicada a São Gabriel.
No Brasil, o culto da Senhora da Encarnação surgiu nos primeiros tempos do período colonial, quando estava em seu apogeu na Europa, cedendo lugar depois a outras invocações. Frei Agostinho de Santa Maria refere-se, no século XVIII, a dois santuários na Bahia, uma na Ilha de ltaparica e outro numa aldeia próxima a Ilhéus. Em ambos havia primeiramente uma pintura representando a Anunciação, mas, devido às inúmeras graças alcançadas, foram erguidas igrejas de pedra e cal, com imagens de Nossa Senhora da Encarnação no altar-mor, executadas em madeira policromada. Um dos poucos templos deste orago existentes hoje em dia é o de Guricema, na zona da Mata, em Minas Gerais.
Em meados do século XVII, a Congregação do Oratório, fundada em Portugal, estabeleceu-se em Pernambuco com a finalidade de socorrer doentes e abandonados, não só no Recife e Olinda, mas também nos matos e sertões, fundando aldeias e batizando gentios, que atraíam à fé católica pelo seu zelo apostólico. Os dinâmicos padres reformaram então uma ermida já existente em Santo Amaro d’Água Fria, que lhes fora doada pelo Vigário Geral, em torno dela construíram um mosteiro dedicado a Nossa Senhora da Encarnação. Sua igreja, como a maioria dos primitivos templos brasileiros, possuía um amplo alpendre que servia para abrigar os devotos que chegavam em horas impróprias àquela casa de devoção. No seu interior, possuía a princípio um retábulo dourado provavelmente sobre a Anunciação da Virgem, que devido aos estragos do templo foi retirado e substituído por pinturas. Sobre o altar-mor da capela azulejada de azul e branco foi colocada bonita efígie da Padroeira.
A Congregação do Oratório teve rápido desenvolvimento em nosso país c em pouco tempo o convento tomou-se pequeno para abrigar os religiosos. No início do século XVIII foi construído um convento maior, e sua matriz dedicada a Nossa Senhora Madre de Deus, porém sua festa continuou a ser celebrada na data da Anunciação. Devido à sistemática perseguição política a congregação extinguiu-se em 1830, após ter prestado inestimáveis serviços à religião e à cultura em Portugal e no Brasil, pois seus religiosos mantinham também cursos de gramática Latina, Teologia e Filosofia, além de escolas de primeiras letras, abertas a todos.
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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Enfermaria

Dom Afonso Henrique. para em tudo ser grande, também o foi no culto à Santíssima Virgem. Por isso sempre levara consigo um imagem de Nossa Senhom da Conceição, que é certamente a que colocou numa ermida extramuros de Lisboa quando foi tomar esta cidade aos sarracenos. Para essa capela, diz uma bula do santo padre Pio IV, eram levados os portugueses feridos, para serem pensados, e os mortos, para serem sepultados.

Por tal motivo, dom Afonso e seus bons guerreiros começaram a invocar essa imagem com o título de Nossa Senhora da Enfermaria, atribuindo-lhe a grande vitória que alcançaram contra os mouros.

Ainda hoje existe na igreja de são Vicente de Fora uma capela dedicada a Nossa Senhora da Enfermaria, em memória da que foi venerada por dom Afonso Henrique.

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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Escada

A imagem de Nossa Senhora da Conceição da Escada é uma das mais antigas e também das mais queridas de Portugal. Sua existência, segundo remota tradição, é anterior à conquísta de Lisboa e o titulo foi dado pelo povo em alusão aos trinta e um degraus que davam acesso ao seu santuário ou talvez por ser um dos símbolos de Maria.

Junto à velha ermida de Santa Maria da Escada os pescadores amarravam seus braços ao argolões de ferro chumbados em pelares de cantaria lavrada e, quando desciam o rio Tejo, de mãos erguidas pediam à Virgem que lhes protegesse as redes. Este culto de gente do mar por Nossa Senhora da Escada foi-se ampliando com o passar do tempo e nas procissões ou romarias ao popular santuário inúmeros devotos vinham de longe em batéis ornamentados para cumprirem votos e promessas.

As procissões ao templo da Escada eram as mais concorridas e todas as Vezes que a população se dirigia à Mãe de Deus com a finalidade de agradecer alguma graça ou pedir proteção contra alguma calamidade pública, a pequena ermida de Santa Maria era a mais procurada. A prova disso é que quando D. João I, após a vitória de Aljubarrota, garantiu a soberania do reino lusitano, o povo em massa, homens, mulheres, frades e clérigos, todos descalços, caminhavam cantando para o seu altar em sinal de agradecimento.

a ermida de Nossa Senhora da Escada foi atingida por duas grandes catástrofes: Um maremoto no século XVI e um terremoto em 1755; embora das duas vezes o templo e o convento anexo ficassem inteiramente destruídos, contudo permaneceram ilesos no meio das ruínas a imagem milagrosa e o altar da Virgem Maria. Finalmente, almas piedosas levaram a sagrada efigie para a igrejaa paroquial de Nossa Senhora das Merces, onde até hoje recebe as homenagens sinceras do povo português.

No Brasil conhecemos apenas duas igrejas dedicadas a Santa Maria da Escada e ambas muito antigas, o que demonstra ter sido este culto mais intenso nos primeiros períodos da colonização, desaparecendo posteriormente para dar lugar a outras invocações de maior aceitação no espirito religioso do povo brasileiro. Ambos refletem a predileção dos pescadores, pois uma está localizada na Bahia de Todos os Santos e a outra no Vale do Paraíba.

A igreja da Bahia é do tipo singelo e sóbrio dos primeiros templos coloniais, ornamentada por um amplo alpendre, como era costume nas primitivas capelas brasileiras. O edificio religioso alpendrado é uma tradição arquítetônica ocidental, que data do início do cristianismo, quando os catecúmenos e os penitentes permaneciam no adro. O Brasil continuou esta tradição porque o adro era o lugar onde ficavam os escravos não batizados. Os participantes de certas danças populares, como os congos, não entravam nos templos e a coroação dos reis negros era feita pelos padres no lado de fora das capelas. Outra
razão do alpendre talvez tenha sido a necessidade de abrigar maior número de fiéis, que ali se reuniram por ocasião das romarias.

A igreja de Nossa Senhora da Escada no Município de Guararema, próximo a Mogi das Cruzes, beneficiada com obras de restauração pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, remonta aos principios do século XVIII e é uma das mais interessantes do Estado de São Paulo, pelos indícios de mão-de-obra indígena. Aliás a vila de Escada era uma antiga aldeia de índios e devido à sua excepcional situação às margens do rio Paraíba foi, no tempo em que não havia estradas, o porto obrigatório para os viajantes paulistas, que se dirigiam às Minas Gerais ou à província do Rio de Janeiro. Quando o Conde de Assumar, Governador de São Paulo e de Minas Gerais, por ali passou em 1717, esta vila já possuia um administrador público e uma câmara própria. Entretanto, com o passar do tempo a aldeia não se desenvolveu e foi absorvida pelas cidades vizinhas.

Atualmente o culto de Nossa Senhora da Escada permanece vivo no Brasil somente através das igrejas citadas, que são verdadeiras relíquias históricas e artísticas de uma época que se perdeu na voragem dos séculos.

Iconografia:
Semelhante à Senhora da Conceição. Às vezes aparece junto à Virgem uma escada, um dos símbolos da Paixão de Cristo e também de Maria, pois Ela é comparada à escada de Jacó, que punha em comunicação o céu com a terra.

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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Esperança

Os fiéis sempre invocam  nome de Maria com a esperança de que Ela os ajudasse a resolver seus problemas pessoais. Assim este título não é novo, pois a Mãe de Deus na liturgia  tem sido denominada “Esperança dos desesperados”.

Algumas vezes Ela é também invocada e identificada com Senhor do Amor Divino, da Expectação, pois em alguns lugares esta devoção se referia à Esperança do Parto, pelo qual a Virgem Mana daria à luz brevemente o filho de Deus. Neste caso ela era representada grávida, tendo sobre o seio a pomba Divina, símbolo do Espírito Santo.

O mais antigo santuário de Nossa Senhora da Esperança de que se tem notícia é o da cidade de Meniézes, na França, construído no ano de 930. Depois dele vários outros foram erigidos, espalhando-se este orago por toda Europa.

Em Portugal, este culto desenvolveu-se muito na época das grandes descobertas marítimas, figurando entre 05 seus devotos o comandante Pedro Álvares Cabral, que possuía uma bela imagem da Padroeira em sua residência, trazendo-a consigo em sua feliz viagem às Índias. O Brasil foi portanto descoberto sob o olhar terno e protetor da Mãe da Esperanca. Esta efige histórica mostra a Virgem Santíssima com o Menino Jesus sentado em seu braço esquerdo e apontando para uma pomba, que repousa sobre o seu braço direito. Ela está atualmente na cidade de Belmonte, numa capela onde se diz ter sido batizado o descobridor do Brasil, e foi trazida novamente ao nosso país durante o congresso Eucarístico Internacional do Rio Janeiro, em 1955.

Nos tempos modernos a devoção a Nossa Senhora da Esperança foi revivida em Saint Brieuc, na Bretanha, e espalhou-se de maneira excepcional após a aparição da Virgem Maria em Poitmain, no dias terríveis da invasão prussiana, quando o inverno, a fome e a guerra se uniram para castigar o povo francês.
O dia 17 de janeiro foi em 1871 especialmente sombrio para a história da França. Paris estava sitiada e as tropas em retirada. O bispo de São Brieuc desesperado, fez um voto solene a Nossa Senhora da Esperança para que salvasse sua pátria e ordenou que o mesmo fosse lido na capital às seis horas da tarde.

Mais ou menos a essa hora, na vila Pontmain, próxima às linhas inimigas, o Sr. Barbedette terminava em seu celeiro o trabalho cotidiano, auxiliado pelos filhos: Eugênio, de 12 anos, e José de 10. Escurecia e o mais velho, cansado, saiu um pouco para espairecer e ver como estava o tempo lá fora.
Qual não foi sua surpresa, quando sobre uma casa próxima, a poucos metros de distância, avistou uma jovem senhora resplendente de luz e de incomparável beleza, vestindo um traje azul salpicado de brilhantes estrelas e calçando sandálias azuis com fivelas douradas Sobre a cabeça apresentava um véu preto e por cima coroa mais alta na frente e diminuindo para trás. O menino contemplava extasiado a maravilhosa aparição, quando uma vizinha saiu de casa. “Joana”, disse Eugênio, “a senhora não enxerga nada lá em cima da casa do vendedor de fumo?” –  Por maiss que olhasse, contudo, ela nada conseguiu avistar, o mesmo acontecendo com o Sr. Barbedette. Porém seu irmãozinho José logo percebeu a visão e, além de descrevê-la do mesmo modo que Eugênio, exclamava entusiasmado: – “Como é linda! Como é linda!”

A mãe das crianças também nada enxergou, mesmo colocando os óculos, por isso achou que era uma alucinação dos meninos e levou-os para jantar. Algum tempo depois eles tiveram licença para sair e viram que a bela senhora continuava de pé no mesmo lugar.

O Sr. Vigário e a irmã Vitaline, professora dos videntes, chamados ao local nada puderam ver; no entanto duas meninas internas, que acompanhavam a Irmã, contemplaram a celestial aparição e demonstraram grande alegria ao vê-la sorrir. Emocionada, a multidão de Ccuriosos que ali se encontrava, a convite do vigário prosternou-se e começou a rezar.

Aos poucos a visão foi se transformando aos olhos das crianças. Apareceu em volta da Senhora uma fita azul com quatro velas, duas na altura dos ombros e duas no joelhos. Mais tarde outra fita muito comprida desenrolou-se sob os pés da Virgem e uma pena invisível escreveu os seguintes dizeres: “Mas rezai, meus filhos, Deus, vos atenderá dentro em breve. Meu filho se deixa enternecer”. Viram depois nas mãos de Maria um crucifixo vermelho e uma estrela, que dando volta em tomo da Senhora acendeu as quatro velas, parando em seguida sobre a sua cabeça. Finalmente às 20:45 um véu subiu pouco a pouco e escondeu a aparição.

Este fato extraordinário despertou vivo interesse na região, principalmente porque dez dias depois foi assinado o armistício, terminando a sangrenta guerra entre a França e a Alemanha. O bispo de Laval, após detalhados exames sobre o assunto, publicou a 02 de fevereiro do ano seguimte uma pastoral admitindo a realidade da aparição e autorizando o culto da Virgem Maria sob o título de Nossa Senhora da Esperança de Pointmain.

Foram inúmeras as graças alcançadas no lugar da aparição e pouco depois erigiu-se ali uma bela basílica, que foi entregue aos cuidados dos padres Oblatas de Mana Imaculada, ordem para a qual entrou posteriormente José Barbeaste, um dos pequenos videntes.

A Ordem dos Oblatas, instituída na França em princípio do século XIX, espalhou-se pelo mundo devido à sua admirável obra missionária, chegando ao Brasil em 1946. Oito anos depois, os padres estabeleceram em Poços de Caldas, no bairro operário de Vila Cruz, onde formaram um colégio para crianças pobres.

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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Evangelização

De acordo com uma sólida tradição sustentadas nas crônicas mais antigas, a imagem de Nossa Senhora da Evangelização foi presenteada à recém-criada diocese de Lima pelo imperador Carlos V da Espanha por volta de 1540.

Trata-se, portanto, de uma das imagens mais antigas da região a receber culto.
A imagem se conserva na Catedral Metropolitana de Lima, no retábulo maior. Foi cultuada pelos grandes santos peruanos e presenciou os célebres concílios limenses, de modo particular o terceiro, de tão grande importância para o aprofundamento da primeira evangelização de uma importante parte da América Latina. Diante dela foi depositada em meio a grande festa a primeira rosa florescida na cidade pelo primeiro bispo diocesano, Frei Jerônimo de Loayza.
A venerada imagem presidiu a vida da igreja arquidiocesana de Lima, que teve tanta importância na difusão do Evangelho, desde a Nicarágua até o Cabo de Hornos.
Quando a independência nacional foi declarada pelo general San Martín, em 1821, o solene Te Deum foi entoado diante dela.
Recentemente, a imagem mereceu uma esmerada restauração, que lhe devolveu o esplendor original. Foi colocada no altar do Santíssimo Sacramento na Catedral de Lima, de onde recebe o culto de amor dos fiéis.
Considerando o profundo vínculo da Virgem com a história da cidade, Sua Santidade o papa João Paulo II, em sua primeira viagem apostólica ao Peru, em 1985, a coroou solenemente, consagrando-lhe a nação. Três anos depois, por ocasião do Congresso Eucaristíco e Mariano dos países Bolaviarianos, o Santo Padre a presenteou com uma rosa de ouro, que atualmente ela ostenta em seus dedos.
Com o braço esquerdo ela sustenta o Menino Jesus e contempla com olhos de benevolência a esfera do mundo enfeitada com uma cruz que o Menino sustém com a mão esquerda, abençoando-a com a direita.
O título “da Evangelização” é recente. Foi dado à Virgem quando foram comemorados os 450 anos da criação do bispado de Lima.
O cabido metropolitano honra diariamente a Nossa Senhora da Evangelização com uma Missa celebrada em sua capela, onde os fiéis recebem a Eucaristia, rezando-se a seguir o santo Rosário e as ladainhas marianas do III Concílio Limense, atribuídas a Santo Toríbio de Mogrovejo, padroeiro do episcopado latino-americano.
“Que Nossa Senhora da Evangelização nos acompanhe e guie no caminho da nova evangelização. Ajude-nos a sermos sempre testemunhas do Evangelho da salvação”. (João Paulo II).
Nossa Senhora da Evangelização, Rogai por nós que recorremos a vós!
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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Glória

 

Maria, a criatura privilegiada com a isenção do pecado original e com a prerrogativa de ter sido escolhida para ser a Mãe-Virgem do Filho do Altíssimo, subiu ao céu em corpo e alma.

Aquele corpo imaculado não podia ser desfeito na sepultura, como um corpo qualquer.
Com grande veneração e amor foi o Santo Corpo depositado no sepulcro pêlos apóstolos, que, conforme reza a tradição, estavam presentes na ocasião de sua bendita morte e de seu sepultamento, menos o apóstolo são Tomé, que, chegando ao terceiro dia, quis ver mais uma vez o Sagrado Corpo; abriram, pois o sepulcro, e eis que o encontraram vazio, porém repleto de frescas e lindas flores, que exalavam um agradabilíssimo perfume!
Estava confirmado o que os apóstolos e os outros fiéis suspeitavam: tendo eles passado três dias e três noites junto do sepulcro, revezando-se em grupos, ouviam continuamente coros angélicos que louvavam a Mãe de Deus, aos quais juntavam seus fracos louvores.
Os coros cessaram quando Maria subiu ao céu! Maria ressuscitou!
Convencidos de que o Senhor, antecipando-a à ressurreição geral, tinha-a feito entrar triunfalmente na glória, os apóstolos e seus sucessores sempre o creram e ensinaram, e tal é o sentir da Igreja no decorrer dos séculos.
E quem poderia supor que assim não fosse?
Ah! não, não pode haver cristão-católico que não creia e professe que Maria Santíssima subiu rediviva para a glória, para continuar sua missão de co-redentora, principalmente depois que o Santo Padre Pio XII, anuído ao desejo dos católicos do mundo inteiro, proclamou o dogma da Assunção.
Assunta est Maria in coelum!…
A festa da Assunção de Nossa Senhora enche-nos de alegria, por ser mais uma prerrogativa, a engrandecê-la, a sua triunfante entrada na glória, “em corpo e alma”, é por este motivo que o dia da Assunção, 15 de agosto, é celebrado como o dia de Nossa Senhora da Glória, isto é, Maria granjeou, com sua gloriosa subida ao céu, mais um título.