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Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Assunção

Concebida sem pecado, Maria recebeu a recompensa por todo o bem que fez neste mundo! Ela, a serva fiel, que se entregou a Deus de corpo e alma para gerar o Salvador; ela que, no silêncio tudo guardou no coração sem jamais questionar a vontade do Pai, mereceu um privilégio que não foi concedido a nenhum ser humano: foi elevada aos céus pelos anjos, em corpo e alma. Cremos com a Igreja nessa verdade que foi proclamada como dogma de fé pelo Papa Pio XII, durante o ano santo de 1950; Maria não precisou aguardar, como as outras criaturas, o fim dos tempos para obter também a ressurreição corpórea.

A elevação gloriosa de Maria aos céus é celebrada em toda a Igreja no dia 15 de agosto. Ela foi totalmente assumida por Deus e colocada na glória celeste.

Deus realiza grandes coisas na vida de Nossa Senhora, fazendo-a acompanhar o Filho nos caminhos da ressurreição. É sempre bom lembrar: Maria Santíssima, Assunta ao céu, é a mesma mulher humilde e servidora, que viveu em total sintonia com o projeto do Reino.

A proclamação do dogma da Assunção não é tão antiga. No entanto, desde os tempos apostólicos essa verdade já era aceita pelos cristãos, Em Portugal, no século XIV, um grande acontecimento veio aumentar a devoção popular a Nossa Senhora da Assunção.

Na véspera da festa de Assunção de 1385, os castelhanos, dispostos a tomar o poder, invadiram Portugal para não permitir que o Mestre de Avis, o futuro D. João I, sucedesse ao rei Dom Fernando, que morrera prematuramente sem deixar herdeiro masculino direto. O poderoso reino de Castela, disposto a arrebatar a coroa lusa, já havia atravessado a fronteira, quando Dom João I, com o apoio de todos os portugueses, recorreu à proteção da Virgem Maria, prometendo construir um grande templo se os lusitanos fossem vitoriosos. Os rogos foram atendidos. Portugal foi salva. Dom João I, num gesto de gratidão, ordenou que todas as catedrais do reino fossem consagradas à Senhora da Assunção, mandando também construir o famoso convento da Batalha.

O culto da Virgem da Assunção transpôs os mares e foi implantado no Brasil, onde inúmeras paróquias adotaram-na como patrona, especialmente a matriz de Cabo Frio e a catedral de Mariana.

A igreja de Nossa Senhora da Assunção de Cabo Frio está situada em frente à atual Praça Porto Rocha, no centro da cidade. Construída em 1615, em estilo jesuítico, possui altares barrocos. No altar-mor está a imagem da padroeira, esculpida em madeira, e na mesma data da construção da Igreja. Possui duas capelas: uma com a imagem de Nosso Senhor Morto e outra com a imagem de Nossa Senhora de Assunção. Esta imagem substituiu a Virgem Aparecida, considerada milagrosa e roubada há alguns anos. Destacam-se ainda as telas dos evangelistas João, Marcos, Mateus e Lucas, no teto sobre o altar-mor. Foi reformada em 1731.

A catedral de Mariana foi dedicada à Virgem da Assunção logo após a criação do bispado, em 1745, pelo papa Bento XIV. Em estilo barroco jesuítico é uma das mais ricas e importantes igrejas mineiras. Nela trabalharam Manuel Francisco Lisboa, pai do Aleijadinho, e Manuel da Costa Ataíde, famoso pintor, ao qual se atribui o painel da padroeira.

A capital do Ceará, a bela Fortaleza, tem também sua antiga igreja de Nossa Senhora da Assunção.

Sobre o altar-mor da Matriz aparece uma pintura de Maria elevada ao céu, cercada de anjos.

Nossa Senhora da Assunção é a mesma Nossa Senhora da Glória. A iconografia, porém, é diferente.

Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Atocha

Na região de Jônia. Ásia Menor, imigrantes gregos construíram muitas cidades como Éfeso que existe ainda hoje. Famosa por causa do Concílio nela realizado de 22 de junho a 2 de julho de 431 (século V) pelo Papa Celestino I, que proclamou Maria como Mãe de Deus contra a heresia de Nestório que lhe negava essa prerrogativa. Na Espanha, para festejar este fato, um artista espanhol esculpiu uma imagem de Maria com o Menino Jesus nos braços. No pedestal estava escrito: Teotocos (Mãe de Deus). Era uma demonstração da grande alegria causada no povo espanhol pela declaração da maternidade divina, feita pelo Concílio de Éfeso. A Espanha sempre foi célebre pela devoção a Maria Mãe de Deus. Principalmente ao tempo da invasão dos Árabes, na batalha de Guadalete em 711, que dominaram a península Ibérica. No princípio permitiam que os espanhóis praticassem a religião, mas só dentro das igrejas. Entre os devotos de Maria, Mãe de Deus, havia um chamado Gracian Ramires.

Certo dia, quando Gracian cumpria sua devoção costumeira, notou que a imagem não se encontrava no altar. Seu primeiro julgamento foi de que alguma outra pessoa teria escondido a imagem, para evitar que fosse profanada, mas ninguém sabia do paradeiro.
Gracian imaginou que teria chegado a hora em que os muçulmanos desencadeariam uma perseguição mais violenta aos cristãos e levaram a imagem para fins sacrílegos. Baseado em outras perseguições brutais contra o povo, resolveu matar a mulher e a filha, para livrá-las da selvageria dos invasores, sem antes pedir às duas que se encomendassem a Deus e à Virgem Maria. Ramires pressionado pela situação de desespero e inconformado com o desaparecimento da imagem da Mãe de Deus, com outros fiéis, pôs-se a vasculhar todos os recantos onde alguém a poderia ter escondido. Confiando na mesma Senhora, excelsa, amável e poderosa, a cada passo renovava a intenção de proclamá-la rainha da Espanha se a encontrasse. Depois de muita procura encontraram a imagem no meio de uma plantação de “atochas” que em português significa “esparto” – gramínea medicinal e também muito utilizada no fabrico de cestas, esteiras e cordas. Encontrar a imagem provocou grande alegria no pessoal da região que foi se aglomerando em volta. Quiseram recolocá-la no altar da igreja de onde saiu, mas não houve como nem quem pudesse removê-la daquele lugar. Entenderam então que Maria desejava ficar no mesmo “atochal” e fosse construída uma nova igreja.
O chefe militar muçulmano, vendo aquela aglomeração, imaginou que haveria alguma revolta do povo e determinou que os soldados atacassem. Mas fracassou e foram rechaçados e vencidos. Gracian Ramírez e os demais entraram gloriosamente em Madri.
O povo não falava de outra coisa a não ser da espetacular vitória que, desde já, eles atribuíram a Nossa Senhora da Atocha – A Mãe de Deus, um novo título que Nossa Senhora recebia.
Se por um lado Marcian Ramirez também podia se alegrar por ter contribuído para a derrota dos mouros, por outro, amargurava-lhe a alma lembrar que sua esposa e filha tinham sido degoladas por ele mesmo!… Chorando, dirige-se ao local do encontro da imagem, onde já se começava a construção da igreja em louvor à Mãe de Deus.
Qual não foi seu espanto e alegria encontrar vivas sua esposa e filha, ambas de joelhos diante da imagem, rezando. Ramírez não podia crer no que via. Julgou ser ilusão. Foi necessário que as duas lhe falassem, agradecendo à Mãe de Deus o milagre que Jesus operava por intercessão de Maria! A devoção a N. Senhora da Atocha, se espalhou. Os reis da Espanha a escolheram por padroeira da nação depois que o rei Afonso VI reconquistou Madrid definitivamente.
Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Boa Hora

Este orago se parece muito com o de Nossa Senhora do Bom Sucesso, pois sua imagem é invocada, tanto para proteger os devotos no momento da morte, proporcionando-lhes uma “boa hora”, como para pedir à Mãe de Deus proteção para as mulheres grávidas, a fim de serem felizes em seus partos, tendo portanto uma “boa hora” ao darem à luz seus filhos.

Existem várias igrejas dedicadas a esta invocação no Nordeste do Brasil, sendo as mais famosas as de Aracaju e Maruim, em Sergipe, cuja festa é muito popular e o santuário de São Luís do Maranhão, fundado pelo ordenança Manuel de Azevedo, que mandou fazer também uma bela imagem de madeira para colocar sobre o altar-mor.

A respeito do início deste culto no Brasil, Frei Agostinho de Santa Maria conta que começou em Salvador. Havia em uma nau de mercadores, que fazia o trajeto entre a Bahia e a cidade do Porto, uma efígie de Nossa Senhora, no nicho da popa. Em uma viagem de volta a Portugal, devido a grande tormenta, o navio naufragou na barra do Porto, despedaçando-se nos rochedos.

A imagem foi dar à praia, rolando sobre as areias. Em uma “boa hora” saiu uma mulher em direção à mesma praia a fim de buscar alguma lenha, que o mar costumava jogar sobre a areia. Surpreendida, encontrou a estátua de Maria, que carregou como pode e levou-a para a sua casa. Pensando no que faria com ela, resolveu mandá-la para o Brasil, onde poderia vendê-la por um bom dinheiro. Conhecia na Bahia um senhor natural do Porto, Manuel Gonçalves dos Reis, e a ele remeteu a escultura para que a vendesse.

Ora, Manuel dos Reis era muito amigo de um padre agostiniano, Frei Bernardo da Conceição, que se interessou pela imagem, devido à sua semelhança com a Senhora da Boa Hora venerada em seu convento em Lisboa e por isso deu-lhe este titulo.

A sagrada efígie dos agostinianos descalços da capital portuguesa teve uma interessante história, narrada pelo citado historiador mariano Frei Agostinho, que pertencia àquele mosteiro. Dizia ele que o local fora anteriormente ocupado pelos padres irlandeses, fugidos de seu país em conseqüência das perseguições contra os católicos, em 1630, e depois pelos sacerdotes da Congregação do Oratório, de São Filipe Neri. Quando os agostinianos ali se estabeleceram, como não possuíam uma efígie de Maria para colocarem sobre o altar, recorreram aos devotos para emprestarem alguma, até que pudessem mandar fazer uma nova. Um dos paroquianos, Francisco Macrel, possuía uma bonita imagem em seu oratório c levou-a para a igreja. Quando lhe perguntaram o nome, disse que era Nossa Senhora da Boa Hora. Os padres acharam um bom presságio, julgando ser “boa hora” para a família descalça, e assim deram esse título ao convento, Fizeram mais tarde uma escultura nova e a velha foi colocada na sacristia, onde era muito venerada pelas senhoras da nobreza, que a tomaram como madrinha de seus filhos e lhe faziam novenas pedindo felizes sucessos em seus partos.

O título de Nossa Senhora da Boa Hora despertou interesse por parte dos portugueses, que já o conheciam em templos de sua terra natal, apesar da disputa com os devotos de Cachoeira, que desejavam levar para sua vila a imagem encontrada na praia do Porto, Frei Bernardo da Conceição conseguiu que seus amigos de Salvador adquirissem a efígie, para que ela não saísse daquela cidade.

A devoção divulgou-se tanto, que em 1689 foi constituída a irmandade, que festejava sua padroeira no dia da Assunção, com grande festa. Provavelmente alguns membros desta confraria levaram seu culto para o Maranhão e para Sergipe, onde Nossa Senhora da Boa Hora é venerada não só pelas futuras mães, que desejam assegurar a vida terrena de seus filhos, como por todos aqueles que imploram a proteção da Virgem Maria para defendê-los em sua última hora, encaminhando-os à glória de Deus.

Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Boa Morte

Pode-nos parecer estranha esta associação entre Maria e a morte, quando a veneramos assunta ao céu, em corpo e alma. A tradição católica evita afirmar que Nossa Senhora tenha morrido. Os Padres da Igreja, antigos escritores eclesiásticos, falam em “dormitio” (dormição) de Maria, não em morte. No entanto, a definição dogmática do Papa Pio XII, em 1950, é bastante cautelosa na análise dessa questão: “… a Imaculada Mãe de Deus, a sempre Virgem Maria, terminado o curso de sua vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste”. (DS 3903).

Antigas tradições esclarecem que Nossa Senhora teria partido deste mundo no ano 42 da nossa Era, quando Maria deveria ter cerca de 60 anos. Seu corpo imaculado teria sido levado ao Getsêmani e colocado num sepulcro novo, sobre o qual mais tarde foi construída uma pequena igreja. Três dias depois, os apóstolos foram visitar o sepulcro e, tal como aconteceu com Jesus, encontraram o túmulo vazio. Podia-se sentir um perfume de flores exalando do local onde se colocara o corpo da Virgem Maria.

Como tantas outras devoções marianas, o culto de Nossa Senhora da Boa Morte chegou ao Brasil por meio dos portugueses. Encontramo-lo presente, em primeiro lugar, na cidade de São Salvador da Bahia. A imagem de Nossa Senhora da Boa Morte pode ser venerada na igreja da Glória e Saúde. Ainda hoje, na véspera da festa da Assunção, a imagem é depositada num esquife e exposta à visita dos fiéis.

Tudo indica que, de Salvador, a devoção tenha se deslocado para a cidade de Cachoeira, no Recôncavo baiano. Nesta cidade, anualmente, a Irmandade da Boa Morte presta homenagens a sua patrona. A Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte é a única no Brasil e talvez no mundo com as suas características. Apenas mulheres com mais de 40 anos são admitidas na confraria que existe há mais de dois séculos. O culto a Nossa Senhora da Boa Morte é uma tradição da Igreja Católica e que na Bahia incorporou elementos da cultura afro-brasileira. A cada ano, os rituais promovidos pela irmandade atraem mais turistas e pesquisadores de vários países, principalmente dos Estados Unidos.

A Festa de Nossa Senhora da Boa Morte tem inicio com a da procissão das integrantes da irmandade que tem o nome da santa. Nesta procissão, as irmãs, vestidas de bata redonda e saia branca comprida, iniciam os rituais que duram três dias, conduzindo a imagem de Nossa Senhora no esquife pelas principais ruas do centro histórico. Após o percurso, elas levam a imagem até a sede da irmandade, onde rezam pela memória das irmãs falecidas. Encerrando o culto religioso, participam da ceia branca, quando são servidos pratos à base de frutos do mar, acompanhados de pão e vinho.

No segundo dia da programação, as integrantes da irmandade retomam às ruas de Cachoeira, para o ritual da procissão do sepultamento. Vestidas com suas becas pretas, elas carregam a imagem de Nossa Senhora, em silêncio, seguidas pelos músicos da filarmônica, que tocam marchas fúnebres. De volta à capela, com a imagem, participam da celebração que simboliza uma celebração de exéquias.

No domingo, quando os festejos atingem o auge da programação, as irmãs comemoram a Assunção de Nossa Senhora da Glória. Neste dia, saem em procissão, em clima de muita alegria.

Nas mãos, carregam flores e enfeitam suas becas com colares de contas coloridas e dourados. Ao final da procissão, retornam para a sede da irmandade e trocam as becas por saias batas coloridas. Vestidas assim, recebem todos os convidados para o tradicional banquete da Irmandade de Nossa Senhora da Boa Morte, dando início a três dias de samba-de-roda.

Sob o mesmo título, Nossa Senhora é cultuada em Olinda. Graças à sua proteção, o Convento do Carmo, onde ela se encontra há mais de três séculos, escapou à destruição efetuada pelos holandeses em 1630.

Uma Irmandade da Boa Morte foi criada em São Paulo no século XVII. A princípio estabelecidos na igreja do Carmo, os irmãos inauguraram um templo próprio em 1810. Esta igreja possui peças de grande valor histórico, como uma Santa Úrsula do século XVIII e a imagem do Senhor Bom Jesus, vinda da igreja do Pátio do Colégio. Voltada para o antigo caminho da corte (Várzea do Carmo, atual bairro do Brás), era utilizada como mirante durante o II Reinado, para avistar figuras ilustres que chegassem a São Paulo.

O Rio de Janeiro também conta com sua Irmandade da Boa Morte, que funcionava inicialmente na igreja do Carmo.

Em Portugal, temos notícia da localidade chamada Lombo do Atouquia, pertencente à freguesia de Calheta, onde existiu uma capela da invocação de Nossa Senhora da Boa Morte, fundada por Francisco Homem de Couto, no ano de 1661, e ainda ali se encontra a capela de São Pedro de A1cantara, conhecida também em outro tempo por São João Baptista, mandada edificar em 1783 por João Baptista.

Nossa Senhora da Boa Morte. Rogai por nós!

Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Boa Viagem

Os portugueses, grandes desbravadores dos oceanos em sua devoção à Virgem não poderiam deixar de invocá-la em suas arriscadas viagens. Assim, deram-lhe o título de “Nossa Senhora da Boa Viagem”, desde tempos imemoriais. Entretanto, a primeira igreja erigida em terras lusitanas sob esta invocação deu-se no ano de 1618, perto de Lisboa.

No Brasil o culto a Nossa Senhora da Boa Viagem passou primeiramente pela Bahia, onde foi construída uma pequena igreja junto á praia. Em Pernambuco, por volta de 1707, o Pe. Leandro Carmelo construiu uma capela, também junto à praia. Providenciou a confecção de uma imagem da Mãe de Deus que foi colocada sobre o altar-mor do templo, em torno do qual surgiu o famoso bairro da Boa Viagem, ponto turístico da capital pernambucana.

Ainda no século XVIII, foi construída, na baía de Guanabara, uma capela no alto da península junto a Niterói. Para custear as despesas do culto instituiu-se uma irmandade de pescadores e homens do mar. Todas as embarcações que aportavam ao Rio de Janeiro pagavam de boa vontade uma quantia para a manutenção do templo. Esta capela foi destruída por um incêndio em 1860 e reconstruída pela Sociedade Protetora dos Homens do Mar.

A devoção também aportou em locais afastados do litoral brasileiro. Por algo que só mesmo a Providência Divina pode explicar, a padroeira de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, é Nossa Senhora da Boa Viagem. O historiador Augusto de Lima Jr. conta que, como era de costume, em meio a uma esquadra lusitana que chegou ao Rio de Janeiro em 1709 encontrava-se a nau Nossa Senhora da Boa Viagem. Seu comandante, não tendo condições de prosseguir viagem, pediu dispensa da Marinha Real e com alguns companheiros embrenhou-se nos sertões de Cataguás em busca de ouro. Entre os seus sequazes estava o piloto Francisco Homem del¬Rei, que antes de arriscar-se no interior de Minas Gerais retirou do navio abandonado o nicho com a imagem da Virgem da Doa Viagem e a levou como sua protetora.

Os aventureiros encontraram bastante ouro e se enriqueceram. Francisco delRei adquiriu terras no cerro de Congonhas, águas vertentes de um curral, isto é, fazenda de gado, que abastecia os mineradores da região. O antigo piloto aí construiu uma ermida em honra da Senhora da Boa Viagem, sua padroeira.

Essa capela foi destruída e em seu lugar, em 1905 ergueram a mais igreja antiga da cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais. Em estilo neogótico, abriga vitrais de grande beleza. O altar-mor é trabalhado em mármore carrara.

A propósito dessa Catedral, circula ainda uma lenda, que foi recolhida pelo estudioso do folclore Saul Martins. A lenda, se não desmente a história que se conta como verdadeira, serve para completá-la: “no começo do séc. XVII um português, acompanhado pôr três escravos de confiança, levava no lombo de dois burros, 15 arrobas (aproximadamente 200 Kg ) de ouro em barras, moedas e jóias. Ele foi perseguido por ladrões, quando passava pelo povoado de Curral d’El Rey. Para escapar do bando, ele resolveu enterrar a fortuna num tacho de cobre a 81 passos, em linha reta, contados da entrada principal da capela, em direção ao pico mais alto, à vista, da serra que deu o nome ao arraial. Vendo que não teria como escapar dos ladrões, o português mandou que um dos escravos levasse um mapa do tesouro para sua esposa em Caeté. Segundo a lenda, o português e os dois escravos foram mortos e o tesouro continua até hoje por lá. A antiga capela é hoje a Catedral de Boa Viagem!”

Nossa Senhora da Boa Viagem é também venerada na cidade de São Bernardo do Campo (SP), na paróquia com o mesmo nome, criada no dia 21 de outubro de 1812, quando desmembrou-se da freguesia da Sé. Em 1813, o govern adquiriu terras de um certo Sr Manoel Rodrigues de Barros para criação do novo povoado edificação do novo templo. Havia naquela época, na freguesia, 1.423 habitantes e 218 habitações, mas ainda não havia sido construída a igreja. Apesar das tentativas do Pe. José Basílio, somente em agosto de 1814 é enviado á freguesia o Tenente Coronel Engenheiro da Corte, Pedro Muller. Ele constatou que tanto a capela estava sem condições, como o local era impróprio para fundar um povoado. Escolheram um local mais aprazível, distante dali por uns 600 pés, cortado pela estrada geral, atual Avenida Marechal Deodoro. Possivelmente o início da construção tenha ocorrido entre 1815 e 1818. Presume-se que sua conclusão só tenha ocorrido por volta de 1848. Segundo consta, desde de sua criação, ela já recebeu a denominação de Paróquia Nossa Senhora da Boa Viagem.

Em Portugal, mais precisamente na vila de Ericeira, todos os anos, nos dias 15 a 18 de agosto, desde 1947, a Senhora da Boa Viagem é homenageada com bailes, espetáculos, fanfarras, procissões, missa campal. É uma festa dos pescadores que todos os anos conta com uma comissão organizadora. Todos os anos o mar e a praia são abençoados.

Oração a Nossa Senhora da Boa Viagem

Virgem Santíssima, Senhora da Boa Viagem, esperança infalível dos filhos da Santa Igreja, sois guia e eficaz auxílio dos que transpõem a vida por entre os perigos do corpo e da alma.
Refugiando-nos sob o vosso olhar materno, empreendemos nossas viagens certos do êxito que obtivestes quando vos encaminhastes para visitar vossa prima Santa Isabel.
Em ascensão crescente na pratica de todas as virtudes transcorreu a vossa vida, até o ditoso momento de subirdes gloriosa para os céus; nós vos suplicamos pois, ó Mãe querida: velai por nós, indignos filhos vossos, alcançando-¬nos a graça de seguir os vossos passos, assistidos por Jesus e José, na peregrinação desta vida e na hora derradeira de nossa partida para a eternidade. Amém

Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Cabeça

Esta devoção mariana, de origem espanhola, teve início na Andaluzia, mais precisamente na Serra Morena, onde se encontra o Pico da Cabeça.

O pastor Juan de Rivas, depois de participar das guerras entre os mouros e os reis de Castela, mutilado e sem poder carregar armas, retirou-se à Serra Morena para apresentar um pequeno rebanho de sua propriedade. No dia doze de agosto de 1227, por volta da meia-noite, ouviu, em meio a fortes luzes que iluminavam o monte da Cabeça, o som aprazível de uma campainha.

Vencido o temor, aproximou-se do monte e viu, no meio de uma fogueira, a Virgem Maria. A esplendorosa Senhora lhe pediu para ir à cidade de Andújar dizer atodos que era vontade de Deus que ali se construísse um templo. Juan prometeu cumprir o que era pedido, mas manifestou sua insegurança: não acreditariam nele. Adivinhando seus pensamentos, a Virgem restituiu-lhe o braço perdido. Tal prodígio serviria de prova contra aqueles que duvidassem da veracidade de suas palavras.

Sem conter sua alegria, Juan dirigiu-se ao povoado para contar o prodígio. A população delirante foi ao monte para ver a imagem. Nossa Senhora da Cabeça foi proclamada padroeira da vila. Com a ajuda de cidades vizinhas construíram um belo santuário no lugar da aparição.

Maria Santíssima será invocada sob este título em outros locais da Espanha. Conta a tradição que alguns soldados procedentes de Andújar levavam sob sua proteção uma imagem da Virgem da Cabeça. Quando passaram na vila de Casas Ibánêz, os soldados pediram abrigo para si e para a imagem. A população os acolheu. Uma vez restabelecidos prosseguiram viagem. Com o objetivo de agradecer a hospitalidade, deixaram a imagem na casa de alguma daquelas famílias que foram tão receptivas.. Os ibañeses, sensibilizados com o presente e agradecidos pelos favores que começaram a ser concedidos pela Virgem, resolveram construir-lhe uma ermida. A imagem passou a ser propriedade de todos e seu culto se espalhou pelas redondezas.

No Rio dc Janeiro, em sua ex-catedral, ainda hoje se venera uma imagem de Nossa Senhora da Cabeça, à qual os devotos oferecem ex-votos em forma de cabeças de cera de todos os tamanhos. Tal devoção data dos tempos da fundação da cidade.

Quando de seu surgimento na Espanha, a devoção a Nossa Senhora da Cabeça não era associada á parte do corpo humano a qual este título mariano nos remete. “Cabeça” era apenas o nome do monte onde Maria Santíssima foi vista. Aqui no Brasil, ela costuma ser invocada para males que atacam o cérebro.

Os fiéis que padecem de cefaléia e as mães de filhos com problemas escolares a ela recorrem para a solução de seus males.

As imagens espanholas de Nossa Senhora da Cabeça não trazem a cabeça de cera masculina que encontramos na imagem que se encontra na ex-catedral do Rio de Janeiro.

Nossa Senhora da Cabeça, rogai por nós!

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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Cabeça Inclinada

Por volta de 1610, o quadro da Mãe da Graça foi encontrado em um montão de caliça pelo Revmo. Padre Domingos de Jesus-Maria, mais tarde geral dos carmelitas descalços.

Estando ele um dia a rezar com todo fervor diante do quadro, vivificou-se repentinamente o semblante da Mãe de Deus; sorriu para Domingos e agradeceu-lhe, inclinando a cabeça (daí o titulo Nossa Senhora da Cabeça Inclinada) e depois lhe disse que se dirigisse a ela, com toda a confiança, em todas as suas necessidades.

Posteriormente, a Rainha do Céu estimulou novamente o servo de Deus a que lhe pedisse graças. Humildemente ele fez um pedido: que Maria se dignasse ouvir os pedidos de todos aqueles que fossem render-lhe homenagem diante daquele quadro. Maria, então, prometeu-lhe: “Eu ouvirei os pedidos e concederei muitas graças a todos aqueles que recorrerem à minha proteção, honrando-me devotamente por meio deste quadro; mas atenderei principalmente as orações pelo alívio e salvação das almas do Purgatório”.

Depois desta promessa Domingos não quis conservar por mais tempo só para si o milagroso quadro, por isso levou-o para a igreja dos carmelitas – Maria della Scala, em Roma, onde começou a ser venerado com todo o fervor.

Inumeráveis e surpreendentes foram os favores com que Maria recompensou tal veneração. Frei Domingos fez várias cópias do precioso quadro e conseguiu que outras pessoas os expusessem, de modo que em pouco tempo era venerado em muitos lugares. O quadro foi levado para a Áustria um ano depois da morte do Servo de Deus.

Atualmente se acha na igreja dos carmelitas em Viena¬-Doebling, onde foi solenemente coroado no dia 27 de setembro de 1931, durante o pontificado do papa Pio XI. Nesse dia fazia 300 anos que o quadro tinha chegado a Viena.

A Mãe de Deus tem cumprido suas promessas em todos os lugares em que o quadro da Graça é piedosamente venerado, mas as graças são dispensadas na medida da confiança e do amor com que se recorre à sua bondade.

Nossa Senhora da Cabeça Inclinada, Mie da Graça, rogai por nós!

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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Candelária

“Contam que, por volta de 1400, dois pastores guardavam seus animais perto de uma caverna na ilha de Tenerife, nas Canárias, e observaram certo dia que o gado se recusava a entrar na lapa, apesar de todos os seus esforços. Penetraram, então, na gruta e descobriram a imagem dc uma Senhora com o filho ao colo. Estranhando o ocorrido, foram notificar o seu povo. Acudindo a população, inclusive o rei do país, ao local, observaram maravilhados a existência de numerosas candeias (velas) sustentadas por seres invisíveis, que com seus cânticos ‘ensinavam a maneira de render culto a Deus e à Virgem Maria. Começaram os nativos a honrar Aquela que amavam sem conhecer, até que um cristão espanhol casualmente ali desembarcou nos fins do século XV e explicou-lhes o mistério”.

A imagem original desapareceu no dia 17 de novembro de 1826 devido a uma inundação provocada por uma forte chuva que carregou um barranco que circundava o Santuário. Era entalhada em madeira dourada e policromada. Sua altura era de um metro.O Menino se encontrava em seu braço direito e o esquerdo trazia uma candeia de cor verde. Várias representações em quadros permitem conhecer suas formas antes de seu desaparecimento.É provável que a imagem tenha chegado à Ilha na metade do século XV, trazida por missionários franciscanos. A imagem atualmente venerada é obra do artista Fernando Estevez, que a esculpiu em 1827.O primeiro Santuário, cuja construção foi concluída em 1672, foi atendida pela Ordem Dominicana. Possuía um belo retabábulo, infelizmente destruído por um incêndio em fevereiro de 1789.Na metade do século XIX tiveram início as obras do atual templo, que se deram de forma muito lenta. Recebem um novo impulso em 1930 com o projeto de Eladio Laredo, que foi sucedido pelo arquiteto Marrero Regalado. Hoje contempla-se uma bela igreja de planta clássica com três naves, um cruzeiro e um campanário.A festa de Nossa Senhora da Candelária é celebrada anualmente no dia 15 de agosto. Nesse dia acorrem ao santuário peregrinos do todas as ilhas, que vêm prestar homenagem à sua padroeira.Em 1867, a pedido do bispo das Canárias, Lluch y Garriga, o papa Pio IX declarou Nossa Senhora da Candelária como padroeira de todo o arquipélago. A coroação da Virgem e seu Filho ocorreu no dia 13 de outubro de 1889 pelo bispo Dom Ramón Torrijos Gómez, privilégio concedido pelo papa Leão XIII através de decreto assinado no dia 14 de julho de 1889.A imagem de Nossa Senhora da Candelária é igual à de Nossa Senhora das Candeias, da qual é variante.

A imagem de Nossa Senhora da Candelária tornou-se célebre por causa de seus milagres.Nossa Senhora da Candelária, Rogai por nós que recorremos a vós!

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Invocação Mariana: Nossa Senhora da Caridade

Em certa manhã do ano de 1607, ou, segundo outros de 1608, em Cuba, dois irmãos indígenas, João e Rodrigo de Joyos, e o crioulo João Moreno, que tinha seus 10 anos, foram enviados pelo administrador das estâncias de Varajagua às costas de Nipe, para de lá trazerem certa quantidade de sal, o qual era recolhido nas salinas naturais que se encontram em toda a costa norte da ilha, e especialmente na baia de Nipe.

Chegados à costa, encontrara, o mar agitadíssimo por causa do forte vento que soprava, acompanhando de copiosa chuva.

Vendo que lhes era impossível executar a tarefa de que tinham sido encarregados, refugiaram-se os rapazes numa choça, na qual permaneceram três dias, depois dos quais, serenando o tempo, puderam embarcar em débil canoa e dirigir-se às salinas da costa.

Pelas 5 horas da manhã, ao desfazer-se as brumas da aurora, divisaram um vulto que, flutuando, vinha na direção deles. Pensaram em princípio que fosse uma ave aquática que voava ao seu encontro, mas pouco depois tiveram uma inesperada e agradável surpresa: reparando bem no vultozinho que se aproximava, viram que era uma imagem de Nossa Senhora, que vinha sobre uma tábua, na qual se lia a seguinte inscrição: “Eu sou a Virgem da Caridade”.

A imagem, de 15 polegadas de altura., tinha o rosto redondo, de cor clara e sustentava no braço esquerdo o Divino Menino, que tinha numa das mãos a esfera símbolo do mundo, tendo a outra levantada em atitude de dar à bênção.

A imagem inspirava respeito e veneração.

Recolheram os felizes tripulantes aquela preciosa jóia, qual inestimável dom do céu, e notaram, admirados, que nem a orla do vestido da Senhora se tinha molhado!

Transportados de gozo, recolheram depressa a quantidade de sal que deviam levar e, regressando à choça, trataram de combinar como haveriam de conduzir a imagem à estância de Varajagua.

Não tardaram a pôr-se a caminho, e, assim que os trabalhadores da estância souberam da visita que iam receber, prepararam um modesto altar e foram ao seu encontro, radiantes de alegria. O maioral da estância despachou logo um mensageiro para dar conta do ocorrido ao administrador real das minas da vila de Cobre, vila muito abundante em minas do metal de que tirou seu nome.

Ordenou o administrador que se erigisse logo uma ermida, enviando uma lâmpada de cobre para que ardesse constantemente uma luz diante da imagem.

Em poucos dias foi construída a ermida, tendo sido encarregado de cuidar da lâmpada Diogo de Joyos, irmão dos afortunados descobridores da imagem

Não satisfeita contudo, a piedade do administrador, enviou uma comissão de homens competentes, presidida pelo cura da vila, para que se informasse minuciosamente sobre o encontro da imagem., e depois a conduzisse em procissão para o povoado ou vila de Cobre.

Os encarregados da Comissão, depois de se terem prostrado aos pés da imagem e entoado vários cantos em seu louvor, receberam das testemunhas informações detalhadas acerca da aparição. Em seguida preparando uma espécie de liteira, que ornamentaram do melhor modo possível, nela colocaram a imagem, carregando-a eles mesmos, rodeados dos vizinhos da estância, a certa distância do povoado vieram-lhes ao encontro os habitantes em massa, com a milícia e o administrador, que levava a bandeira real; postos na presença da imagem, caíram de joelhos, e o administrador, baixando a bandeira diante da Maria, representada naquela imagem., reconheceu-a como Rainha da ilha.

Romperam então a música e as salvas da artilharia, e, entre vivas e aplausos, a imagem foi conduzida à vila e colocada no altar-mor da igreja paroquial .

A origem da santa imagem, ainda que envolta em treva, podemos descobri-la com segurança moral.

Em 1703, por não comportar mais a primitiva ermida os romeiros que vinham de toda a ilha e de outras regiões imploraram a bondade de Nossa Senhora da Caridade, foi construído o atual santuário no lugar indicado milagrosamente pela própria Mãe de Deus, num outeiro que dista 430 passas da vila de Cobre.

A festa principal do santuário celebra-se anualmente em 8 de setembro, com grande concurso de fiéis.

A esse santuário (de Cobre) acorrem fiéis de Cuba e das Antilhas.

Os pobres e os enfermos vão em busca de alívio, e são inúmeros os prodígios alcançados graças a Nossa Senhora da Caridade, muitos dos quais acham-se consignados em folhetos impressos.

Invocações Marianas

Invocação Mariana: Nossa Senhora da Caridade do Cobre

A presença de Maria na história de Cuba remonta ao surgimento da primeira comunidade cristã de raiz indígena, nascida pela pregação de um soldado anônimo de Sebastião de Ocampo, que em 1509, enfermo, chegou àquelas paragens, recomendado aos cuidados dos índios da região de Macaca.

Os cuidados foram tão eficazes que o soldado em breve se recuperou .

Este, por sua vez, ofereceu aos seus samaritanos o Dom da mensagem do Evangelho, pois, uma vez restabelecido, aprendeu a língua deles e lhes serviu de catequista. Por inspiração do anônimo soldado cubano, os indígenas construíram o primeiro templo cubano. Nele começaram a elevar suas preces a Deus e colocaram uma imagem da Virgem. Aqueles índios, primícias da evangelização em Cuba, aprenderam, junto com as primeiras noções da fé, a devoção à Virgem, expressa na oração da Ave Maria.

Contudo, em 1612 que a Santíssima Virgem quis manifestar seu especial pelos cubanos. Graças à aparição no arquivo das Índias do manuscrito que em 1738, a pedido do Rei, se enviara à Corte para prover de um capelão o Santuário da Virgem do Cobre, sabemos através de testemunhos antigos e diretos, a história da descoberta da imagem Os relatos se remontam ao ano de 1687 e impressionam por sua simplicidade e beleza.

Este é um dos mais importantes documentos da história cubana. Talvez seja a primeira vez que, na história da ilha de Cuba, em um documento oficial se apresenta a declaração solene de um negro escravo, dando força legal ao testemunho de um daqueles homens que, por causa da escravidão, haviam perdido todos os seus direitos e que eram apenas tratados como pessoas. O declarante é o escravo negro Juan Moreno, garoto de dez anos, que acompanhou aos irmãos Juan e Rodrigo de Hoyos, “índios naturais do pais”, em sua viagem a Nipe para buscar sal, quando deu-se a descoberta da imagem da Virgem. Juan Moreno, ancião de 85 anos e único sobrevivente daquele acontecimento, relata as recordações de sua infância com a voz simples e poética dos humildes.

“…Estando muna manhã o mar muito calmo, saíram do dito recife francês para a dita saída antes de raiar o sol, os ditos Juan e Rodrigo Hoyos e este declarante. Embarcados em uma canoa e apartados do dito recife francês viram uma coisa branca sobre a espuma da água, que não puderam distinguir o que poderia ser, e aproximando-se mais pareceu-lhes ser um pássaro e galhos secos. Disseram os referidos índios, parece uma menina, e mal acabaram de falar, reconheceram e viram a imagem de Nossa Senhora, a Santíssima Virgem com um Menino Jesus nos braços sobre uma tabuleta, e na dita tabuleta umas letras grandes, as quais leu o dito Rodrigo de Hoyos e diziam: “Eu sou a Virgem da Caridade”. Vendo suas vestimentas admiraram-se de que não estivessem molhadas, e nisto, cheios de gozo e alegria, colheram apenas três terços de sal e vieram para a Fazenda de Barajagua”.

Maria da Caridade apareceu a três representantes das classes mais pobres e exploradas: dois índios e um negro escravo, aos quais enche de alegria com sua presença. Os humildes puderam senti-la próxima e solidária porque Maria trazia com ela aquele que “realiza prodígios com seu braço, dispersa aos soberbos de coração, aquele que derruba do trono os poderosos e eleva os humildes, aquele que aos famintos enche de bens e aos ricos despede de mãos vazias”.

Pouco tempo depois, a imagem da Virgem foi trasladada para o povoado de El Cobre.

Era como se a Virgem, desde sua aparição e descoberta, trouxesse para o povo oprimido e sofredor, uma mensagem de libertação e de justiça, porque foi El Cobre o primeiro povoado de Cuba a promover a liberdade dos escravos. Não é de se admirar que Céspedes, 68 anos depois, quando visitou a cidade, apresentou suas armas à Senhora e pôs debaixo de seus pés a luta justa que ele liderara para o bem do povo. O mesmo Céspedes hasteou a bandeira libertária confeccionada com a tela do dossel que continha a imagem familiar da Virgem em seu lugar de Bayamo.

Em 1915, quando os veteranos mambises, encabeçados por Jesús Rabí, enviam uma carta ao Papa Benedito XV pedindo que proclame como Patrona de Cuba à Virgem da Caridade do Cobre, não fez mais que manifestar a devoção de todo o povo cubano, proclamar sua fé em Jesus Cristo e seu amor de Mãe, reconhecendo publicamente o que havia manifestado nos anos de luta e sofrimento: a proteção de Maria, seu constante auxílio em favor do povo cubano.

Ela, a Virgem Morena, a Virgem Fiel, que acompanhou o povo cubano em todos os momentos de sua história e tem-se comprometido a segui-la com seu Amor, convida todos os povos uma vez mais a crescer nesse Amor.

No dia 8 de setembro de 1927 foi inaugurado o atual Santuário, na cidade de El Cobre. Dali a Virgem continua protegendo, com olhar e coração maternal, a todos os seus filhos que, nela, descobrem um dos melhores meios para se achegar a Jesus, fonte de toda esperança.

Nossa Senhora da Caridade do Cobre, rogai por nós!