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Orações

Consagração a Jesus Sacramentado por meio de Maria

Mãe do Verbo Encarnado, Virgem Imaculada, Tabernáculo vivo da Eterna Sabedoria,Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, peço humildemente que sejas para sempre minha Rainha e minha Mãe; coloco-me sob Tua especial proteção e sob Tua direção.

Consagro-me a Jesus no Santíssimo Sacramento por Tua intermediação. Busco e uno-me a Ti, porque preciso do amor, do auxílio, do exemplo e da Tua graça; sei que quanto mais amar e Te dedicar o serviço, tanto mais amarei e servirei fielmente Jesus; minha Mãe e modelo dos adoradores, só Tu podes me ensinar como servir a Eucaristia com amor e perfeição.

Maria! Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento! Apresenta-me ao Filho, para que eu seja servo e perpétuo adorador, dedicado ao serviço da glorificação da Real Presença Eucarística. Apresenta a Jesus meu espírito, coração e corpo, todo o meu ser, para que de agora em diante eu pertença inteiramente a Cristo, no tempo e na eternidade.

Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, Mãe e modelo dos adoradores, roga por nós que recorremos a Ti. Amém.

 

 

(Extraída do livro Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento – Um mês com Maria. São Paulo: Factash Editora, 2008.)
Orações

Oração da família cristã a Nossa Senhora

Santíssima Mãe de Jesus, Esposa do glorioso São José, Vós pertencíeis à Sagrada Família e nela tínheis grandes obrigações a cumprir. Ah! Senhora, que solicitude e cuidados tivestes na casa de Nazaré! Quantas tristezas pela pobreza de vossa família e pelos sofrimentos que isso poderia ocasionar a Jesus! Que diligência no trabalho, e que zelo na educação de vosso adorado Jesus. Já que conheceis tão bem as necessidades de uma família, escutai as súplicas que Vos dirige esta família que Vos pertence.

 

Ensinai-nos as virtudes que praticastes; socorrei e assisti nossas mães para que sejam em nossas casas o que Vós éreis na casa de Nazaré, a fim de que, imitando elas vossas virtudes, façam também a felicidade de nossas casas, como fizestes felizes as pessoas da Sagrada Família. Assim seja! Amém.

Orações

Oração pedindo a cura da depressão à Nossa Senhora

Ó Maria de Jesus e nossa, que com um claro sorriso vos dignastes consolar e curar vossa filha Santa Teresinha do Menino Jesus da depressão, devolvendo-lhe a alegria de viver o sentido da sua existência em Cristo Ressuscitado.

Ó Virgem do Sorriso, olha com maternal afeto para tantos filhos e filhas que sofrem com a depressão, transtornos e síndromes psiquiátricas e males psicossomáticos.

Que Jesus Cristo cure e de sentido à vida de tantas pessoas, cuja existência às vezes está deteriorada.

Maria, que seu belo sorriso não deixe que as dificuldades da vida obscureçam nosso animo. Sabemos que só seu Filho Jesus pode satisfazer os anseios mais profundos do nosso coração.

Maria, mediante a luz que brota de seu rosto, transparece a misericórdia de Deus. Que seu olhar nos acaricie, e nos convença que Deus nos ama e nunca nos abandona, e a sua ternura renove em nós a auto-estima a confiança nas próprias capacidades, o interesse pelo futuro e o desejo de viver feliz.

Que os familiares dos que sofrem com a depressão ajudem no processo de cura, nunca os considerando farsantes da enfermidade com interesses de comodidade, mas os valorizem, escutem, compreendam e os anime.

Virgem do Sorriso alcança-nos de Jesus a verdadeira cura e livra-nos de alivios temporários e ilusórios.

Curados, comprometemo-nos a servir com alegria, disposição e entusiasmo Jesus como Discípulos Missionários, com nosso testemunho de vida renovada.

Amém!

 

Rezar duas Ave-Marias em honra à duas grossas lágrimas de alegria que deslizaram silenciosamente sobre as faces de Santa Teresinha do Menino Jesus quando foi tocada pelo Sorriso de Nossa Senhora.

Artigos

Milagres Eucarísticos

(No final desse artigo apresentamos as histórias de cada milagre Eucarísticos, confira!)


Apresentação

OS MILAGRES EUCARÍSTICOS: LIMITES E ASPECTOS POSITIVOS

Apresento, primeiramente, os limites dos Milagres Eucarísticos e depois o valor dos seus aspectos positivos.

1. Limites

  • A nossa fé não é fundamentada sobre os Milagres Eucarísticos, mas sobre o anúncio de Cristo Senhor, acolhido pela Fé graças à ação do Espírito Santo.Cremos porque acreditamos na pregação (cfr. Gl 3,5): “Fides ex auditu autem per verbum Christi” (Rm 10,17): “Pois a fé vem da pregação e a pregação é pela palavra de Cristo”. “Crer é um ato da inteligência que, sob o estímulo da vontade movida por Deus através da Graça, dá o próprio consentimento à verdade divina” (S. TOMÁS, Summa Theologiae, II-II, q.2,a.9,c).E o centro da nossa fé na Eucaristia é Cristo, quem durante a sua pregação anunciou a instituição da Eucaristia e depois a instituiu celebrando, na Quinta-feira Santa, a Santa Ceia com os seus apóstolos.

    Desde então a Igreja, fiél ao mandamento do Senhor: “fazei isto em memória de mim” (1 Cor 11,24) celebrou sempre a Eucaristia com fé e devoção, principalmente no Domingo, dia da Ressurreição de Jesus e continuará a fazê-lo “até que Ele venha” (1 Cor 11,26).

  • Não existe a obrigação, para o cristão, de acreditar nos Milagres Eucarísticos. Eles não são obrigatórios para a fé dos fiés, por mais que sejam reconhecidos oficialmente pela Igreja. Cada fiél conserva a sua liberdade de escolha: nenhum cristão é obrigado a acreditar nas revelações privadas, nem mesmo quando são aprovadas pela Igreja.
  • Mas, como um princípio geral, o fiél não deve excluir que Deus possa intervir extraordinariamente em qualquer momento, lugar, acontecimento ou pessoa. Difícil é discernir se num determinado caso se verificou ou não uma autêntica e extraordinária intervenção Divina.
  • É perfeitamente justo que a Igreja seja prudente, diante dos fenômenos extraordinários (como os Milagres Eucarísticos), pois, entre outras coisas, existem os seguintes riscos:
    • Supor que Deus esqueceu de dizer-nos alguma coisa quando instituiu a Eucaristia;
    • colocar a Eucaristia dominical em segundo plano;
    • atribuir uma importância exagerada ao aspecto milagroso e extraordinário, desvalorizando assim a vida quotidiana do fiél e da Igreja;
    • deixar-se levar facilmente por sugestões e enganos…
    • o evento não tem nada que se opõe à Fé e aos bons costumes;
    • é lícito dar publicidade ao fato
    • os fiéis são autorizados a, prudentemente, aderir-se a ele.
  • Quando um Milagre recebe aprovação eclesiástica é porque contém os seguintes elementos:

Ainda que ninguém seja obrigado a acreditar nele, o fiél deve demonstrar respeito pelo Milagre Eucarístico, cuja autenticidade foi reconhecida pela Igreja.

2. Aspectos Positivos

Os Milagres Eucarísticos podem ser frutíferos para a nossa Fé. Podem, por exemplo:

  • Ajudar a ir além do visível e do sensível e a admitir a existência de um “Além”, de um “outro mundo”. por isso que o Milagre Eucarístico é considerado como um evento extraordinário, pois não se explica com fatos e razões científicas; ultrapassa a razão humana e interpela o homem solicitando que ele caminhe “além” do sensível, do visível, do meramente humano, isto é, pede que ele admita a existência de algo que é incompreensível, que não se explica somente pela inteligência humana e que não é cientificamente comprovável.
  • Ser uma ocasião para falar, particularmente na catequese, sobre a Revelação Pública e a sua importância para a Igreja e para o cristão. Os Milagres Eucarísticos são eventos extraordinários ocorridos depois da instituição da Eucaristia, ao final do Novo Testamento, quer dizer ao final da Revelação Pública.

O que é a Revelação Pública?

A Revelação Pública é:

    • realizada progressivamente por Deus a partir de Abraão, passando pelos Profetas, até chegar a Jesus Cristo;
    • testemunhada nas duas partes da Bíblia: no Antigo e no Novo Testamento;
    • destinada a todos os homens e ao homem por inteiro, de todos os tempos e lugares;
    • radicalmente diferente, por essência e não somente por grau, das chamadas revelações privadas;
    • concluída com Cristo no Novo Testamento, com o qual a Igreja é vinculada.

Por que a Revelação Pública se concluiu com Cristo?

Porque Cristo é o Mediador e a Plenitude da Revelação.

“Ele, sendo o Único Filho de Deus feito homem, é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está agora plenamente realizada, ainda que a fé da Igreja tenha de captar gradualmente todo seu alcance ao longo dos séculos”. (COMPÊNDIO 9)

“Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos poor meio do Filho” (Hb 1, 1-2).

Cristo, o Filho de Deus feito homem é portanto a única Palavra, perfeita e definitiva do Pai, quem nEle diz e doa tudo e não existirá outra Palavra que essa.

“Desde o momento em que nos deu o Seu Filho, que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus nos disse tudo de uma só vez nessa Palavra e não tem mais nada a dizer” (São João da Cruz). “Portanto, a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e não se há-de esperar nenhuma outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (cfr. 1 Tim. 6,14; Tit. 2,13). (VATICANO II, Const. Dogm. Dei Verbum, 4)

Quais são as conseqüências dessas conclusões sobre a Revelação Pública?

Eis algumas:

    • O Deus dos cristãos é crível e confiável e nos fundamentamos na Escritura e não em mensagens reveladas posteriormente a pessoas particulares.
    • Não temos que esperar de Deus nenhuma outra nova manifestação ou revelação, somente o regresso glorioso de Cristo, que inaugurará “novos céus e nova terra” (1 Pe 3,13), possibilitando que Deus Pai seja “tudo em todos” (1 Cor 15,28).
    • A Igreja está vinculada ao evento único da História Sagrada e à palavra da Bíblia e a sua missão é garantir, interpretar, aprofundar e testemuhar a Revelação Pública. E isso acontece graças à particular assistência do Espírito Santo que guia e conduz a Igreja para que ela conheça cada vez melhor o seu tesouro: Cristo, o Senhor.
    • A Revelação Pública exige a nossa Fé: “de facto, nela, é o próprio Deus que nos fala por meio de palavras humanas e da mediação da comunidade viva da Igreja. A fé em Deus e na sua Palavra é distinta de qualquer outra fé, crença, opinião humana. A certeza de que é Deus que fala, cria em mim a segurança de encontrar a própria verdade; uma certeza assim não se pode verificar em mais nenhuma forma humana de conhecimento. É sobre tal certeza que edifico a minha vida e me entrego ao morrer.” (CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, A Mensagem de Fátima)
    • Porém, ainda que a Revelação seja completa, não é totalmente explícita, a Fé cristã deve conhecê-la melhor, aprofundar cada vez mais no seu conteúdo, encarná-la sempre na vida e testemunhá-la a todos com fidelidade e coragem. Só é possível acolher todo o seu alcance, gradualmente, no decorrer dos séculos.
  • Os Milagres Eucarísticos podem ajudar a conhecer e a viver a Fé, cujo centro é Cristo, Cristo-Eucaristia: são realmente úteis porque estão intimamente orientados a Cristo e não são autônomos, podem revigorar a fé subjetiva dos fiéis e até dos que não crêem. São uma ajuda para a fé porque nos orietam à Eucaristia instituída por Cristo e celebrada na Igreja todos os domingos. Eles estão à serviço da Fé; não devem e nem podem acrescentar nada ao único e definitivo dom de Cristo-Eucaristia, mas podem chegar a ser uma humilde chamada de atenção. Podem ser, algumas vezes, proveitosos para aprofundar na fé, mas é uma ajuda que não existe a obrigação de aceitar.
  • Os Milagres Eucarísticos convidam a conhecer, a apreciar e a amar a Eucaristia.Podem ajudar as pessoas a descobrirem o mistério, a beleza e a riqueza da Eucaristia, como diz o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, aprovado e publicado no mês de junho passado pelo Papa Bento XVI:

    “É fonte e ápice de toda a vida cristã. Na Eucaristia, atingem o seu clímax a ação santificante de Deus para conosco e o nosso culto para com ele. Ela encerra todo o bem espiritual da Igreja: o mesmo Cristo, nossa Páscoa. A comunhão da vida divina e a unidade do Povo de Deus são expressas e realizadas pela Eucaristia. Mediante a celebração eucarística, já nos unimos à liturgia do Céu e antecipamos a vida eterna.” (274).

  • Não podemos esquecer nunca, nem deixar de falar que a Eucaristia é o verdadeiro e grande inesgotável Milagre quotidiano. Ela:
    • É um Sacramento: Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é concedida a vida divina (…) são eficazes ex opere operato (“pelo fato mesmo de a ação sacramental se realizar”), porque é Cristo que age neles e que comunica a graça que significam, independentemente da santidade pessoal do ministro; todavia os frutos dos sacramentos dependem também das disposições de quem os recebe”. (COMPÊNDIO do CCC, 224.229)
    • É o Sacramento Domenical por exelência: é evidente que o Milagre mais difundido e ao alcance de todos é o que ocorre nas nossas igrejas todas as vezes que se celebra a Santa Missa.“É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que ele instituiu para perpetuar pelos séculos, até seu retorno, o sacrifício da cruz, confiando assim à sua Igreja o memorial de sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal, no qual se recebe Cristo, a alma é coberta de graça e é dado o penhor da vida eterna”. (COMPÊNDIO 271)Sem sombra de dúvidas, o Milagre mais importante e estrondoso é o que ocorre todas as vezes que se celebra a Eucaristia na qual “Jesus Cristo está presente na Eucaristia de modo único e incomparável. Está presente, com efeito, de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Nela está, portanto, presente de modo sacramental, ou seja, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo todo inteiro: Deus e homem. (COMPÊNDIO 282). Fazendo presente e atualizando o seu Sacrifício da Cruz, com o Seu Corpo e o Seu Sangue, Ele se faz nossa comida e bebida, unido-se a nós e vivendo entre nós se transforma em viático do nosso peregrinar neste mundo caminho à patria eterna.

      Este é o milagre misterioso por excelência, que somos convidados a celebrar principalmente aos domingos, na comunidade eclesial, partindo o único pão, que – como afirma Santo Inácio de Antioquia – “nós partimos o único pão que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para sempre”.

  • É oportuno também valorizar os Santuários dos Milagres Eucarísticos, reconhecidos pela Igreja como lugar de celebração litúrgica (particularmente do Sacramento da Reconciliação), lugar de oração e de espiritualidade eucarística, de catequese e de obra de caridade.
  • Os Milagres Eucarísticos se manifestam relacionados com a piedade popular.Eles, com freqüência, provêem da piedade popular e incidem sobre ela dando-lhe novos impulsos e abrindo-lhe novas formas de manifestação. Isso não exclui que eles tenham um efeito sobre a liturgia, como ocorreu, por exemplo, com a instituição da Festa de Corpus Christi. A liturgia é o critério, ela é a forma vital de toda a Igreja e é nutrida diretamente pelo Evangelho.

Monsenhor Raffaello Martinelli

S.E. Rev. ma Mons Raffaello Martinelli
Reitor do Colégio Eclesiástico Internacional São Carlos
Oficial da Congregação para a Doutrina da Fé

Clique nos arquivos abaixo e confira os milagres Eucarísticos (arquivo em *.pdf ):

1Carta Austria
2 Fiecht
3 Seefeld
4 Weiten

5 Carta Belgica
6 Boisseigneurissac
7 Bruges
8 Bruxelas
9 Herentals
10 Herkenrode
11 Corpuschristi
12 Middleburg

13 Carta Colombia
14 Tumaco

15 Carta Croacia
16 Ludbreg P1
17 Ludbreg P2

18 Carta Egito
19 Santa Maria
20 Scete

21 Carta Franca
22 Avignon P1
23 Avignon P2
24 Blanot
25 Bordeaux
26 Dijon
27 Douai
28 Faverney
29 Larochelle
30 Lesulmes
31 Marseille Beauvais
32 Paris P1
33 Paris P2
34 Pressac

35 Carta Alemanha
36 Augsburg
37 Benningen
38 Bettbrunn
39 Erding
40 Kranenburg
41 Regensburg
42 Walldurn
43 Weingarten
44 Weingarten2
45 Wilsnack

46 Carta India
47 Chiratta Konam

48 Carta Martinica
49 Martinica

50 Carta Reuniao
51 Reuniao

52 Carta Italia
53 Alatri
54 Assis
55 Asti P1
56 Asti P2
57 Bagnoramagna
58 Bolsena P1
59 Bolsena P2
60 Canosio
61 Cassia
62 Cavatirreni
63 Dronero
64 Ferrara
65 Florenca
66 Gruaro
67 Lanciano P1
68 Lanciano P2
69 Macerata
70 Mogoro
71 Morrovalle
72 Offida
73 Patierno
74 Rimini
75 Roma P1
76 Roma P2
77 Roma P3
78 Rosano
79 Damiao
80 Sena
81 Trani
82 Turim P1
83 Turim P2
84 Turim P3
85 Veroli
86 Volterra

87 Carta Holanda
88 Alkmaar
89 Amsterdam P1
90 Amsterdam P2
91 Bergen
92 Boxmeer
93 Boxtel
94 Breda
95 Meerssen
96 Stiphout

97 Carta Peru
98 Eten

99 Carta Polonia
100 Cracovia
101 Glotowo
102 Poznan

103 Carta Portugal
104 Santarem P1
105 Santarem P2

106 Carta Espanha
107 Alboraya P1
108 Alboraya P2
109 Alcala
110 Alcoy
111 Caravaca
112 Cimballa
113 Daroca P1
114 Daroca P2
115 Gerona
116 Gorkum
117 Guadalupe
118 Ivorra P1
119 Ivorra P2
120 Moncada
121 Monserrat
122 Ocebreiro
123 Onil P1
124 Onil P2
125 Ponferrada
126 Sanjuan
127 Silla
128 Valenca P1
129 Valenca P2
130 Zaragoza

131 Carta Suica
132 Ettiswil

Artigos

Quaresma: “E não nos deixeis cair em tentação”

Autor: Frei Lourenço Maria Papin, OP

 

Com a austera celebração da Quarta-feira de Cinzas, a Igreja iniciou a Quaresma 2011. Como indica o nome, são 40 dias de preparação para a Solenidade da Páscoa, intercalados por cinco Domingos.

E sempre no primeiro Domingo da Quaresma a liturgia da Palavra na Missa nos apresenta o episódio das tentações ou provações de Cristo no deserto, Mateus e Lucas, nos falam de três tentações que mostram o aspecto profundamente humano de Cristo que se fez igual a nós em tudo, também nas tentações, exceto no pecado. Tão profunda e perfeitamente humano que por isso mesmo é Deus!

Jesus foi conduzido pelo Espírito no deserto da Judéia. Após jejuar durante 40 dias e 40 noites, aparece o tentador diabólico com a intenção de minar e destruir a base do messianismo que salvaria a humanidade.

Primeira tentação. Quando Jesus jejuando sentiu fome, o tentador lhe diz: “Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se mudem em pães”. Vejo embutida nessa tentação o fenômeno atual do consumismo e da ganancia pelo material, deixando Deus em segundo plano. Essa primeira tentação se contrapunha ao ensinamento da partilha que será proposta pelo Cristo.

Segunda tentação. Vencida a primeira tentação, num tom de ousadia e dominação o tentador mostra a Jesus, num instante, todos os reinos do mundo dizendo-lhe: “Se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu”. Constato aqui a terrível tentação do poder que anularia o inovador e revolucionário ensinamento de Cristo “que veio para servir e não para ser servido”.

Terceira tentação. Vencida a segunda tentação, Jesus é colocado no ponto mais alto do templo. O tentador então lhe dirá: “Se é o filho de Deus, joga-te daqui para baixo que os Anjos te levarão em suas mãos, para que não tropece em pedra alguma”. Trata-se da atraente tentação do orgulho que anularia o grande ensinamento de Jesus sobre a humildade que nele estará como que personificada.

Interessante notar que, após narrar à vitória de Jesus sobre essas tentações, Lucas escreve que o tentador voltaria oportunamente a tentar Jesus.

De fato, Jesus foi tentado durante toda sua vida publica, como também durante sua paixão dolorosa, iniciada no Jardim das Oliveiras. No alto da cruz rezando o Salmo 30, não terá acontecido sua ultima tentação ao exclamar: “Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?” Quase uma tentação de ateísmo, vencida quando por toda a humanidade Jesus entregou ao Pai seu espírito, a sua vida.

As três tentações de Jesus se repetem na história da humanidade, no aqui e agora. Por exemplo, não nos falta abundância de bens materiais e de pães, mas sim a partilha na justiça e na solidariedade, como meio para eliminar o doloroso escândalo da miséria e da fome que atinge quase um bilhão de pessoas. Opondo-se a partilha estão o consumismo, a ganância e o egoísmo.

Poder e orgulho são as tentações que ameaçam os homens nas dimensões de sua vida pessoal, comunitária e social. Quando o poder é apenas procura de interesses pessoais de grupos ou de partidos políticos e não se torna serviço, ele só traz danos para o bem comum. Tantas vezes o poder é divinizado no dinheiro e nos bens materiais e tido como senhor absoluto. Então ele se torna uma forma de idolatria. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”, são severas palavras de Cristo.

O orgulho, pecado capital, transtorna todo o bom relacionamento humano. O orgulho leva a pessoa a um conceito demasiadamente elevado de si mesma, prejudicando o diálogo, o entendimento e a convivência na vida familiar e social. O orgulho e a desobediência a Deus, certamente definem o que chamamos de “pecado original” como transtorno moral e espiritual do inicio da humanidade.

Essa tríplice tentação e numerosas outras estarão nos rondando até o fim da vida. Quem poderá vangloriar-se de não ser tentado? Diria que quanto mais nos comprometemos com o bem, mais seremos tentados! “O discípulo não é maior do que o mestre” disse Jesus.

O Evangelho nos ensina que assim como o homem Jesus venceu todas as suas tentações, assim também nós poderemos vencer as nossas. Sem dúvida, Deus nunca permitirá uma tentação acima de nossas forças. Aliás, tentação em si não é pecado. Ademais, a graça divina que nos socorre é mais poderosa que toda e qualquer tentação.

Particularmente nesta Quaresma somos convidados a invocar o Pai com confiança e humildade: “…e não nos deixeis cair em tentação mas livrai-nos do mal”.

Santuários Marianos

Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt

Quando o Pe. Kentenich e os estudantes selaram a Aliança de Amor com Maria na pequena capelinha no vale de Schoenstatt, nasceu um lugar de graças que se converteu na origem de um Movimento que cresceria e se expandiria, mas que também experimentaria severas provas e tormentas. O Padre Kentenich queria essencialmente criar uma vida espiritual que fosse adaptável às condições de rápidas mudanças no mundo moderno. Os propósitos e planos dos jovens estudantes foram duramente provados quando muitos deles foram chamados a servir nas frentes de combate na primeira guerra mundial. Foi aí que esta nova visão e vida passaram pela prova e a vida e o testemunho dos jovens membros de Schoenstatt – apoiados pela revista MTA que levou suas experiências mais longe – atraíram mais pessoas de diferentes estados de vida.

Entre Guerras

Entre as guerras Schoenstatt começou a crescer como um centro de retiros para diversos grupos de pessoas de diferentes estados de vida. O próprio Pe. Kentenich deu muitas palestras e retiros, desenvolvendo o tema da Aliança de Amor com Maria. Ele deu ênfase em como o mundo se movia a uma nova era e a Igreja deveria dar uma resposta convincente às necessidades deste tempo. Durante os anos 30, as atividades do Movimento foram acompanhadas de perto pelos nazistas.

Ao mesmo tempo, o Pe. Kentenich começou a enviar Irmãs de Maria a outros continentes para expandir o movimento em diferentes países. Era muito comum que os antigos estudantes da geração fundadora, que neste momento trabalhavam como Padres Pallotinos em outros continentes, abrissem as portas para elas.

Internacional

Em 1941 o Pe. Kentenich foi preso e enviado ao campo de concentração de Dachau por quatro anos. Ele começou a expansão de Schoenstatt entre os prisioneiros, também entre os italianos, poloneses, tchecos e de outras nacionalidades. Em 1944 fundou junto com eles a “Internacional”.

O primeiro santuário filial foi inaugurado no dia 18 de outubro de 1943 pelo Monsenhor Alfredo Víola, Bispo de Salto, em Nova Helvecia, Uruguai. Os santuários filiais surgiram por iniciativa das Irmãs de Maria alemãs que foram enviadas como missionárias aos países da América do Sul.

As Irmãs do Uruguai se deram conta do difícil que era vincular um povo a um santuário distante fisicamente e, além disso, em território alemão, em um tempo de guerra e por isso tiveram a iniciativa de construir uma réplica do Santuário Original. Neste momento, o Fundador Pe. José Kentenich estava em Dachau, por isso não foi possível pedir seu consentimento expressamente.

Ao receber as notícias deste fato, o Pe. Kentenich viu uma ação divina e assumiu a ideia de construir um santuário filial em cada lugar onde Schoenstatt florescia. Hoje Schoenstatt não é somente um lugar de graças às margens do Reno na Alemanha. Em torno a cada santuário filial (200 hoje em dia), Schoenstatt é também um lindo lugar onde muitas pessoas podem experimentar a presença de Deus. Schoenstatt é uma “rede de santuários” e quer ser uma ponte entre a terra e o céu, até que todo o mundo se converta em um “lindo lugar”.

Frutos de Dachau

Em Dachau o Padre Kentenich pode experimentar em si mesmo e na vida dos schoenstattianos que o acompanhavam, a força transformadora e vitoriosa da Aliança de Amor com a Santíssima Virgem, com a Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt.

A Aliança de Amor foi vivida à altura da «Inscriptio», ou seja, com uma pré-disposição positiva frente à realidade da Cruz e do sofrimento. Nesse lugar de provas, viveu o choque frontal entre o «poder das trevas» (cf Col. 1, 13) e o Grande Sinal, a «Mulher reves­tida de sol» (cf Apoc 12, 1). Ali recebeu uma dupla confirmação: por um lado, a catástrofe antropológica para a qual marchava o ocidente; de outro, o selo divino da Obra que havia fundado. Mais ainda, percebeu que o «fenômeno Dachau» não era um fato isolado, mas sim um prelúdio do que, de uma maneira ou de outra, iria acontecer em todo o mundo. Os campos de concentração – afirmará – foram, ao mesmo tempo, «campos de preparação».

Isto explica o por que, saindo de Dachau, o Pe. Kentenich mudou a estratégia na condução da Família de Schoenstatt. Se até aquele momento, ou seja, durante trinta anos, sua ação se caracterizou por um estilo mais silencioso e prudente, dali por diante seu atuar terá o sinal do risco, da audácia e uma dinâmica muito mais forte.

Devemos registrar também outro fato decisivo: no campo de concentração, o Padre Kentenich fundou a «Internacional» de Schoenstatt. A esse passo foi conduzido por uma leitura crente das circunstâncias, dos sinais dos tempos.  Ali se encontravam sacerdotes prisioneiros de diversos países da Europa. Através deste acontecimento,  Deus não lhe estava indicando um caminho para dar uma dimensão e dinâmica internacionais à Obra que havia começado? No dia 18 de outubro de 1944, sob a chuva, o Padre Kentenich deu um passo decisivo: «… Hoje queremos formar aqui uma «Internacional». Todos estão representados. Até agora Schoenstatt era uma obra limitada. Hoje rompe-se este limite e se faz internacional».

Em Dachau e no Terceiro Documento de Fundação, encontramos as chaves decisivas que iluminam todo o período seguinte de sua ação apostólica. Depois de ter podido perceber, em forma direta, os extremos do rebaixamento do homem ao que conduz todo projeto coletivista – qualquer que seja sua variante ou tonalildade -, depois de experimentar o espírito com o qual se pode vencer este tipo de homem e dar a sua Obra uma base conscientemente internacional, o Padre Kentenich parte de Dachau. E enquanto lhe é permitido pelas circunstâncias, sai ao mundo em busca de aliados: «Nossa missão mariana não tem me deixado em paz; tem me dado força e coragem para percorrer todo mundo, buscando aliados que me ajudem a realizar plenamente esta missão» (Carta ao Padre Carlos Sehr, 1956). Entre os anos de 1947 e 1952, visitou a África do Sul, Brasil, Argentina, Uruguai, Chile e Estados Unidos.

Provas

Durante este período escreveu uma longa carta às autoridades da Igreja na Alemanha, a qual colocou no altar do Santuário de Bellavista, Chile, no dia 31 de Maio de 1949. Nesta carta, o Pe. Kentenich ressalta os perigos que enfrenta a Igreja devido a alguns modelos de pensamento teológico que separavam Deus de sua criação e nossa humanidade do Espírito, uma atitude que ele descreve como um “pensar, viver e amar mecanicista”. A carta não foi compreendida, mas sim considerada ofensiva. Uma resposta a isto foi a visitação a Schoenstatt por parte das autoridades eclesiásticas e logo após a mesma o Pe. Kentenich foi exilado nos Estados Unidos por 14 anos. Durante este tempo, o Movimento em Schoenstatt e em outros países sofreu uma severa perseguição e esteve perto de ser dissolvido em várias ocasiões. No Movimento, este tempo levou a uma entrega heróica e a muitos sacrifícios, seguindo o exemplo de amor à Igreja do seu Fundador.

O Concílio Vaticano II abriu uma nova visão da Igreja que compreendeu melhor a obra do Pe. Kentenich e em 1965 foi chamado a regressar a sua terra e foi plenamente restituído pelo Papa Paulo VI. Durante os três anos seguintes foi possível que ele continuasse com seu trabalho com o Movimento,  falecendo no dia 15 de setembro de 1968.

Depois da morte do Padre Kentenich, o Movimento de Schoenstatt permaneceu profundamente vinculado à pessoa do Fundador, trabalhando no crescimento de uma fidelidade criativa à sua missão e carisma, adaptando-se aos novos ambientes culturais e fatos históricos.

Rumo ao centenário da Aliança

Em 1985, na celebração do centenário do nascimento do Pe. Kentenich, o Movimento de Schoenstatt se uniu em uma grande celebração internacional em Schoenstatt e em Roma sob o lema: Tua Aliança – nossa Vida.

Desde então, o Movimento se expandiu para mais países e recuperando-se dos “anos de exílio”, trabalha para oferecer sua contribuição para a Igreja e para a sociedade, também em colaboração com outros movimentos eclesiais.

Do dia 1° ao dia 7 de fevereiro de 2009, a Conferência 2014 deu início em nível mundial à preparação do cententário da Aliança de Amor, começando com o 18 de outubro de 2013 e finalizando com uma peregrinação massiva ao Santuário Original no dia 18 de outubro de 2014 e logo partindo a Roma.

O documento da Conferência 2014 diz:

“A “pedra fundamental” é a celebração do acontecimento fundacional. Em torno a ela se agrupam os demais componentes da celebração: em Schoenstatt, em Roma e localmente. A partir da contribuição dos diversos países, percebemos claramente que a MTA nos convida a uma peregrinação aberta ao Santuário Original no dia 18 de outubro de 2014. O lugar e o tempo têm para nós caráter de sacramentais. A celebração no lugar de origem deve estar em conexão simultânea com todo o mundo. Assim se manifesta a amplitude da irradiação da corrente de graças do Santuário Original e a grande fecundidade que retorna ao Schoenstatt original depois de 100 anos. A celebração jubilar tem outro pólo em Roma. Com nosso Pai nos unimos no coração da Igreja para renovar nosso compromisso com ela e acentuar nosso caráter missionário. Levamos os frutos dos nossos Santuários e nossos projetos apostólicos como presente e pedimos ao Santo Padre que nos envie. Assumimos assim o desejo do Fundador que está expressado no Santuário Belmonte: Omnia Matri Ecclesiae.”

A Mãe Três Vezes Admirável de Schoenstatt- A imagem de graças

O núcleo de Schoenstatt é constituído pela Aliança de Amor com Maria. O traço mariano talvez é o que mais se conheça em Schoenstatt. Como na imagem de graças de Schoenstatt, também em sua espiritualidade mariana se destaca a relação de Maria com Jesus, a “biunidade”. Ela é a grande Portadora de Cristo aos homens, a companheira e colaboradora permanente de Cristo, o Redentor, em toda a obra da salvação.

A grande graça que se pede a Maria em Schoenstatt é a graça de assemelhar-se a Ela. Maria é o conceito incorrupto de Deus sobre o homem, a mulher plenamente humana, mas configurada em Cristo, colaboradora no plano do Pai, que nos convida a construir livre e ativamente o seu Reino.

Qual é a origem da imagem da MTA?

Nos anos de 1914 – 1915 os primeiros congregados buscavam uma imagem adequada da Virgem Maria para a sua capela. Um professor do colégio os presenteou com uma reprodução litográfica de um quadro do pintor italiano Luigi Crosio. No início, esta imagem não os agradou muito, já que para alguns não lhes agradava desde o ponto de vista estético. Como não tinham dinheiro para comprar outra, colocaram esta imagem na capela no dia 19 de agosto de 1915. Desde então permaneceu sempre no Santuário.

Originalmente a imagem tinha o nome de “Refugium peccatorum”, “Refúgio dos pecadores”. No entanto, os estudantes de Schoenstatt descobriram um título com o qual se identificavam mais por sua própria história: Mater Ter Admirabilis, Mãe Três Vezes Admirável. Em meados do ano de 1916, começou-se a venerar a imagem da Santíssima Virgem no Santuário de Schoenstatt sob este título. “MTA” (como muitas vezes é chamada em Schoenstatt) é a abreviação do título em latim: “Mater Ter Admirabilis”. Seu significado gramatical viria a ser “Mãe muito admirável”. Posteriormete, explicou-se o título de forma simbólica, por exemplo: Ela é Três Vezes Admirável como Mãe de Deus, Mãe do Redentor e Mãe dos redimidos; ou então, Admirável por sua fé, seu amor e sua esperança, etc.

Schoenstatt: Um Santuário com Movimento

“Vocês suspeitarão o que eu pretendo: converter este lugar em um lugar de peregrinação, em um lugar de graça para a nossa casa e para toda a Província alemã e talvez para mais além…”. Este era o audacioso plano que o Padre José Kentenich, Diretor Espiritual do.

Ele os convidava a trabalhar para que a antiga capelinha de São Miguel se transformasse em um Santuário Mariano: “O Santuário que se encontrava,  desde tempos imemoráveis, abandonado, descuidado e vazio, foi restaurado por nós e por nossa iniciativa foi dedicado à Santíssima Virgem”. Há apenas dois meses havia iniciado a grande guerra européia, que iria transformar-se na Primeira Guerra Mundial.

Desde aquele dia de outubro já se passaram nove décadas. O Padre Kentenich faleceu no dia 15 de setembro de 1968, mas suas palavras tornaram-se realidade. O profeta tinha razão, ou melhor, percebeu o plano de Deus para este lugar. Descobriu uma fonte de graças – que naquele momento era apenas um fio de água – e que hoje se converteu em uma poderosa corrente de graças, de vida e de idéias, chegando a muitos países e a todos os continentes. A palavra “Schoenstatt” hoje é pronunciada no Paraguai e na Austrália, nos Estados Unidos e no Caribe, na África do Sul e na Índia… Aquela pequena capelinha dedicada a São Miguel Arcanjo é atualmente o Santuário Original e multiplicou na Alemanha, Europa e em todo o mundo através de uma rede de mais de cento e oitenta Santuários Filiais. Foi reconhecido oficialmente pela Igreja como Santuário em 1947.

Schoenstatt, um lugar de peregrinação

Muita gente se pergunta hoje se houve ali uma aparição da Virgem, como costuma acontecer em outros lugares santos como Lourdes e Fátima. Não, em Schoenstatt não houve nenhuma aparição da Mãe de Deus, mas Ela certamente se manifestou a partir deste lugar; ali houve uma iniciativa divida através de um intrumento sacerdotal, o Padre Kentenich. “Todos os que aqui vierem para rezar” – dizia na prática do dia 18 de outubro de 1914 – “devem experimentar as glórias de Maria”. Onde a Virgem Maria se faz presente, surge a vida; onde Ela está, encontramos a paz.

A partir do Santuário, Ela derrama em abundância seus tesouros e suas graças, sempre em favor dos homens, seus filhos. E como toda mãe o faz, preocupa-se particularmente com aqueles que mais sofrem, dos mais necessitados e débeis. Esperamos que uma mãe, que Maria atue sim.

Schoenstatt, um lugar de peregrinação para hoje

Há muitos Santuários marianos em todo o mundo. Diversas são as graças que Maria concede em cada lugar. Por que Ela quis manifestar-se também em Schoenstatt? Para responder a essa pergunta, nada melhor do que recorrer ao testemunho do seu principal instrumento, o Padre Kentenich, e à história vivida a partir de sua fundação.  Com uma aguda percepção dos problemas de sua época e uma profunda intuição sobre o futuro, o Padre Kentenich detectou que estávamos diante de uma mudança radical no mundo e, no centro da problemática, estava o homem. Via um crescente processo de massificação, detectava o perigo do desapego aos valores, pessoas e tradições. Percebia o crescente fenômeno de ateísmo já em desenvolvimento e captava que tempos novos requerem um novo tipo de homem e que a Virgem Maria deveria ser sua Mãe, para dar a luz a Cristo nos corações dos homens. Em Schoenstatt e a partir de Schoenstatt queria que Ela se manifestasse como a Educadora desse homem novo em uma nova comunidade.

Devemos perguntar também à história, ao que ocorreu a partir daquele 18 de outubro de 1914. Os fatos falam com uma linguagem eloquente. Milhares de pessoas encontraram em Schoenstatt um lar espiritual e através dele receberam graças especiais. A partir dessa pequena capelinha no vale surgiu um forte Movimento de renovação espiritual, uma grande onda religiosa que, fazendo-se cada vez maior à medida que avança, vai em busca das “novas praias” do futuro. Um movimento que busca a transformação do homem em Cristo através de uma Aliança de Amor com Maria. Uma corrente de entrega heróica e de santidade (esta era uma das exigências do documento de fundação: “aceleração do desenvolvimento de nossa própria santificação e, desta maneira, a transformação de nossa Capelinha em um lugar de peregrinação”). Surgiram seis Institutos Seculares, comunidades de dirigentes católicos, comunidades contemplativas, um vasto movimento laical, movimento popular e de peregrinos. Onde está a Virgem Maria, ali está presente o Senhor, ali atua seu Espírito. Nunca poderemos compreender ou dar o pleno valor para as maravilhas que o Senhor realiza. Sentimos um profundo assombro em apenas perceber sua proximidade e sentimos nascer em nós a verdadeira gratidão. Assim o expressava o Padre Kentenich em forma de oração: “Obrigada, Pai porque elegeste Schoenstatt e porque ali Cristo nasce de novo. Obrigada porque a partir daqui queres irradiar ao mundo as glórias de nossa Mãe, inundando os corações frios com torrentes de amor”.

A Fundação – 18 de outubro de 1914

Se quiser compreender algo com profundidade, deve-se sempre perguntar por suas raizes. Se nós quisermos captar o que é Schoenstatt, devemos buscar compreender o fato a partir do qual deu-se a sua origem e desenvolvimento.

E isto nos leva a um lugar – Schoenstatt – no vale de Vallendar (Alemanha) e a uma data, o dia 18 de outubro de 1914. Neste dia, na antiga capelinha de São Miguel recentemente inaugurada, o Padre Kentenich selou uma Aliança de Amor com a Santíssima Virgem. A homilia que deu neste oportunidade aos jovens seminaristas foi reconhecida por ele mesmo, anos mais tarde, como o documento de fundação do Movimento de Schoenstatt, e seu testemunho é decisivo.

Ao compararmos a história de Schoenstatt com a de outros lugares nos quais também se manifestou a Virgem Maria, constatamos semelhanças e diferenças. Algo em comum a todos: Deus busca sempre instrumentos humanos através dos quais Ele quer se aproximar dos homens.

Em outubro de 1914 a Mãe de Deus tomou uma nova iniciativa em Schoenstatt, Alemanha e agora o instrumento humano é um jovem sacerdote de 29 anos, o Padre José Kentenich.

Naquele 18 de outubro, o Padre Kentenich comunica aos seus interlocutores “uma secreta ideia predileta”, um “pensamento audacioso”, algo que estava em seu interior há um certo tempo: “Por acaso não seria possível que a Capelinha de nossa Congregação chegasse a ser ao mesmo tempo nosso Tabor, onde se manifestem as glórias de Maria?”

Três meses antes, no dia 18 de julho, havia chegado a suas mãos um artigo escrito pelo Padre Cipriano Fröhlich, narrando a história do Santuário de Pompéia (Itália). Não havia surgido, como em outros lugares, por uma aparição da Virgem Maria. Deus elegeu ali um instrumento humano para realizar seus planos: um advogado chamado Bartolo Longo (recentemente beatificado por Sua Santidade João Paulo II). O paralelo era sugestivo. O que havia acontecido em Pompéia não poderia se repetir em Schoenstatt? Sua proposta foi realmente audaciosa. Mas – dizia aos jovens seminaristas – “quantas vezes na história do mundo foi o pequeno e insignificante a origem do grande! Por que não poderia acontecer o mesmo conosco?”

Uma proposta audaciosa na verdade

Os quase 100 anos da história de Schoenstatt – desde aquele dia 18, um dia como todos os demais, mas ao mesmo tempo um dia diferente -, comprova que aqueles anelos se transformaram em fatos. Na pequena capelinha de São Miguel, a Mãe de Deus eregiu seu trono de graças de maneira especial e de lá tem distribuido seus tesouros e realizado milagres.

O pequeno Santuário de Schoenstatt multiplicou-se em todo o mundo através dos Santuários Filiais (o primeiro foi construído em Nova Helvecia/Uruguai). A presença de Maria e a manifestação de suas glórias se multiplicou através dos numerosos santuários nos lares das famílias. Em todos estes lugares, Maria quer se manifestar como Mãe e Educadora realizando grandes coisas.

Mas em todos é requerida, segundo as leis permanentes da história da salvação, a cooperação humana. Assim expressa o lema: “Mãe, nada sem Ti; nada sem nós”.

Pe. Esteban Uriburu

Ultrapassar o umbral

Há diferentes formas de se aproximar do Santuário. A mais adequada, no entanto, é a do peregrino. No fundo todos nós, seres humanos, somos peregrinos.

A realidade do Santuário (como a da Aliança de Amor) não pode ser transmitida plenamente com as palavras. Deve-se experimentá-la para que seja captada vitalmente. Enquanto isso não acontecer, pode ser que muitas coisas sejam interessantes em Schoenstatt, mas não se terá ultrapassado o umbral e nem penetrado em seu mistério. Este passo é sempre uma decisão pessoal e livre.

A Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt – Uma corrente de vida e graças

A Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt é um apostolado animado e coordenado pelo Movimento Apostólico de Schoenstatt a serviço da Igreja.

Consiste na visita regular da imagem da Mãe Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt às famílias, escolas, hospitais e a todos os lugares onde famílias ou pessoas individualmente a recebem.

A Campanha é levada adiante por voluntários leigos – missionários e coordenadores – organizados por paróquias e dioceses.

Foi iniciada em 10 de setembro de 1950 pelo Servo de Deus, o Diácono João Luiz Pozzobon, membro do Movimento de Schoenstatt, mas  as suas raízes já podem ser encontradas nas palavras do Fundador do Movimento, Pe. José Kentenich, escritas dois anos antes do início da Campanha:

“Levem a imagem da Mãe de Deus e dêem um lugar de honra nos lares, assim eles hão de se tornar pequenos santuários…” (15/04/1948).

 

Um apostolado mariano, eclesial e popular

É um apostolado mariano, inspirado na atitude de Maria que foi ao encontro de sua prima Isabel. (cf. Lc 1, 39 0 41). É como se Nossa Senhora quisesse sair do seu Santuário, caminhar pelas estradas do mundo e visitar os seus filhos. Na imagem da Mãe Peregrina de Schoenstatt, Ela vai ao encontro de todos, em especial dos mais necessitados e daqueles que estão mais afastados de Deus e da Igreja; um apostolado eclesial que, com a Igreja e a serviço da Igreja, quer colaborar com a pastoral ordinária das dioceses e paróquias; um apostolado popular, pois procura chegar a todas as pessoas em todas as situações da vida, realizando o mandato do Senhor: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura” (Mc 16, 3). É popular também porque se adapta a diversas realidades pastorais: famílias, escolas, hospitais, prisões, etc.

A imagem de Maria da Campanha é a Mãe, Rainha e Vencedora Três Vezes Admirável de Schoenstatt, venerada nos Santuários de Schoenstatt. As imagens peregrinas são réplicas da imagem ‘peregrina original’ com a qual foi iniciada a Campanha. Têm a forma de santuário para exprimir a ligação essencial ao Santuário de Schoenstatt com todas as graças que ali se recebem. São abençoadas em um Santuário de Schoenstatt e dali são enviadas.

Existem alguns tipos de ‘imagens peregrinas’, de acordo com o apostolado no qual são utilizadas.

A Imagem Peregrina Original – É a imagem com a qual o Diácono João Luiz Pozzobon iniciou a Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt em setembro de 1950. Esta imagem foi sua ‘companheira de peregrinação’ durante mais de 30 anos. Em 1980, ele devolveu esta preciosa imagem para a Ir M. Terezinha Gobbo, que lhe havia entregue em 1950. Desde a morte de João Pozzobon, ocorrida em 1985, a Imagem Peregrina Original é guardada com amor e carinho no Centro Mariano, sede do Movimento de Schoenstatt em Santa Maria/RS.

As Imagens Peregrinas Auxiliares – São as imagens destinadas a uma diocese, a um Santuário Diocesano ou a um apostolado maior específico, sob a responsabilidade de um líder. A primeira foi recebida pelo Diácono Ubaldo Pimentel, em Santa Maria, Brasil no dia 8 de dezembro de 1979. São réplicas fiéis da Imagem Peregrina Original, com o mesmo tamanho e formato. Segundo interpretação do Diácono João Pozzobon, as Imagens Auxiliares são como ‘um prolongamento’ da bênção do Fundador de Schoenstatt, Pe. José Kentenich, à Campanha a partir do Santuário Original em 4 de agosto de 1951. Como expressão da sua união com a ‘Original’, todas as ‘Auxiliares’ são bentas e partem do Santuário de Schoenstatt de Santa Maria, que é o lugar de origem da Campanha.

As Imagens Peregrinas Paroquiais são semelhantes à Imagem Original e às Auxiliares. Normalmente são menores e sem as ‘portinhas’. Cada Paróquia pode ter sua imagem para utilizá-las em novenas, procissões e outras atividades. Algumas Paróquias organizam um roteiro para a sua imagem paroquial, para que ela visite as diversas capelas, escolas, grupos de catequese, etc. Normalmente, a imagem peregrina paroquial fica aos cuidados da equipe de coordenação paroquial, que pode delegar a responsabilidade a uma liderança da Campanha.

As Imagens Peregrinas ‘Ocasionais’ são utilizadas em diversos apostolados da Campanha da Mãe Peregrina de Schoenstatt: com os doentes, em estabelecimentos comerciais, nos hospitais, etc. São confiadas a um missionário que organiza o itinerário e a forma de apostolado. Todas as imagens são cadastradas junto ao secretariado da Campanha.

As Imagens Peregrinas das Famílias percorrem mensalmente, e em caráter permanente, um grupo de trinta famílias. Cada imagem está aos cuidados de um missionário, responsável pelo apostolado junto às famílias, possui um número, registrado no secretariado responsável pela sua área geográfica.

As Imagens Peregrinas para o apostolado Infanto-juvenil são confiadas a jovens e crianças que se colocam – com a Mãe de Deus – como apóstolos para outros jovens e crianças. Podem ser também utilizadas em escolas e grupos de catequese. Todas as imagens usadas neste apostolado são cadastradas no secretariado da Campanha.

 

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Os últimos Sacramentos

São comovedoras as páginas em que a Irmã Lúcia recorda os últimos dias de seu primo nesta terra. Nas vésperas de morrer, Francisco lhe disse:

– Olha! Estou muito mal. Agora me falta pouco para ir para o Céu.

– Então não se esqueça lá de pedir muito pelos pecadores, pelo Santo Padre, por mim e pela Jacinta.

– Sim, vou pedir. Mas olha: é melhor pedir essas coisas à Jacinta, pois eu tenho medo de me esquecer delas quando vir Nosso Senhor! E, depois, quero antes consolá-Lo.

Dali a poucos dias, mandou chamar a prima às pressas, pois estava se sentindo pior, e queria lhe dizer algo de muito importante. Quando Lúcia chegou, pediu que a mãe e os irmãos saíssem do quarto, pois era segredo o que iam conversar. Ao ficarem sozinhos, disse-lhe:

– É que vou me confessar para comungar, e morrer depois. Queria que me dissesse se me viu fazer algum pecado, e que fosse perguntar à Jacinta se ela me viu fazer algum.

O bom pastorinho desejava lembrar-se de todas as faltas que cometera, para estar com a alma inteiramente purificada e disposta a receber a visita de Jesus Sacramentado. Lúcia lhe recordou algumas desobediências à mãe, e Jacinta, certas travessuras e um “tostão roubado ao pai, para comprar o realejo do José Marto da Casa Velha”…
Ao ouvir este recado da irmã, respondeu:

– Já confessei esses, mas vou voltar a confessá-los. Talvez seja por causa destes pecados que eu fiz que Nosso Senhor está tão triste! Mas eu, ainda que não morresse, nunca mais os tornaria a fazer. Agora eu estou arrependido. – E, elevando as mãos postas, repetiu a oração: – Ó meu Jesus! Perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as alminhas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem.

No dia seguinte, depois de se confessar, recebeu a Sagrada Comunhão, que o inundou de alegria! Era o momento de maior felicidade na sua vida.

– Hoje sou mais feliz do que você – dizia ele a Jacinta – , porque tenho dentro do meu peito a Jesus escondido. Eu vou para o Céu, mas lá vou pedir muito a Nosso Senhor e a Nossa Senhora que as levem também para lá depressa.

Os três pastorinhos passaram juntos todo esse dia, no quarto de Francisco. Como este já não podia rezar, pediu às meninas que recitassem o Terço por ele. Depois, disse a Lúcia:

– Com certeza, no Céu vou ter muitas saudades de você! Quem dera que Nossa Senhora a levasse também para lá em breve!

– Não vai ter, não. Imagine! Ao pé de Nosso Senhor e de Nossa Senhora, que são tão bons!

– Pois é! Talvez nem me lembrarei…

Quando se fez tarde, chegou o momento de Lú­cia se despedir do pequeno companheiro de tantas e tão extraordinárias horas.

– Francisco! Adeus. Se você for para o Céu esta noite, não se esqueça lá de mim, ouviu?!

– Não a esquecerei, não. Fique descansada.

E, agarrando a mão direita da prima, apertou-a com força por um bom tempo, olhando para ela com as lágrimas nos olhos. Lúcia, também com as lágrimas a lhe correrem pelas faces, perguntou:

– Quer mais alguma coisa?

– Não! – respondeu-lhe com voz sumida.

Como a cena estava se tornando por demais comovedora, a mãe de Francisco mandou Lúcia e Jacinta saírem do quarto. Na porta, a prima se voltou uma última vez, para se despedir do pastorinho:

– Então, adeus, Francisco! Até o Céu. Adeus até o Céu!…

Quando Lúcia e Jacinta saíram do quarto, ouviram os sinos da igreja paroquial tocarem. Olha-ram uma para a outra: alguém mais morrera com a gripe espanhola, e elas se perguntavam se Francisco não seria o próximo.

Por volta das seis horas da manhã seguinte, Fran¬cisco acordou de um profundo sono. Ao seu lado já se encontrava Dona Olímpia, sua mãe, sempre a velar sobre o filho querido. Este sentou-se na cama, apontou para a porta e disse com os olhos a brilhar:

– Olhe mãe! Olhe que bela luz!

– Que luz, filho?

– Lá, perto da porta. É tão bela!

Mas Dona Olímpia nada pôde ver. Ajudou-o a recostar-se na cama e saiu do quarto, no mesmo instante em que entrava a madrinha de Francisco. Ele a cumprimentou carinhosamente, estendendo-lhe os braços e dizendo:

– De todo o coração, desejo lhe pedir perdão pelos incômodos que lhe causei, madrinha!

Ela o acariciou e lhe concedeu gentilmente o que pedia. Sentou-se ao seu lado, aconselhando-o a ficar em silêncio.

– É o único modo de se tornar forte novamente – disse-lhe.

Mas, enquanto falava, alguma coisa na face de Francisco a atraía. Havia nela tanta paz, tanta serenidade, tanta luz…

Era o dia 4 de abril de 1919. Nossa Senhora cumprira o prometido: Francisco já estava no Céu.

(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria – Monsenhor João Clá)

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Graças obtidas por Jacinta

Era de fato um pequeno anjo nesta terra, para o qual se voltavam os necessitados, na esperança de que sua intercessão lhes alcançasse do Céu uma graça, um socorro, uma misericórdia.

 

 

Certo dia, passeava ela pelo caminho de Aljustrel quando veio ao seu encontro uma pobre mulher a qual, chorando, ajoelhou-se diante dela, pedindo-lhe que lhe obtivesse de Nossa Senhora a cura de uma terrível doença. A pastorinha, ao ver à sua frente uma mulher de joelhos, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trêmulas para a levantar. Mas, vendo que não era capaz, ajoelhou-se também e rezou com ela três Ave-Marias. Depois, pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la. E não deixou de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum tempo, a mulher tornou a aparecer para agradecer à Santíssima Virgem a sua cura.

Outra vez, veio procurá-la um soldado que chorava como uma criança. Tinha recebido ordem de partir para a guerra e, se fosse, deixaria a sua mulher doente, de cama, e três filhinhos. Ele pedia, ou a cura da mulher, ou a revogação da ordem. Jacinta convidou-o a rezar com ela o Terço. Depois disse-lhe:

– Não chore. Nossa Senhora é tão boa! Com certeza vai lhe dar a graça que pede!

Depois disso, não se esqueceu mais do seu soldado, rezando todos os dias uma Ave-Maria por ele. Passados alguns meses, o soldado aparece com sua esposa e seus três filhinhos, para agradecer as duas graças recebidas. Devido a uma febre que tivera na véspera de partir, se vira livre do serviço militar, e sua esposa “tinha sido curada por milagre de Nossa Senhora”…

Fato mais belo é a conversão de uma pecadora, tocada pelo exemplo de Fé e virtude dado pela pequena Jacinta. Essa pobre mulher se acostumara a insultar os três pastorinhos, sempre que os encontrava. Um dia, quis também agredi-los. Ao se afastarem dela, Jacinta disse a Lúcia:

– Temos que pedir a Nossa Senhora e oferecer-Lhe sacrifícios pela conversão desta mulher. Diz tantos pecados que, se não se confessar, vai para o Inferno.

Dali a alguns dias, brincavam e corriam em frente à porta da casa dessa mulher quando, de repente, Jacinta pára e pergunta à prima:

– Olha! É amanhã que vamos ver Nossa Senhora?

– É sim.

– Então não brinquemos mais. Façamos este sacrifício pela conversão dos pecadores.

E, sem pensar que pudesse estar sendo vista, levantou as mãozinhas e os olhos ao Céu, e fez o oferecimento.

Mal sabia ela que uma pessoa a observava, escondida atrás da porta: era a tal mulher. Esta, pouco depois, procurava a mãe de Lúcia, dizendo-lhe que a tinha impressionado tanto aquela ação de Jacinta, que não precisava de outra prova para crer na realidade das aparições. Dali em diante, não só deixou de insultar os pastorinhos, como lhes pedia continuamente que rogassem por ela a Nossa Senhora, para que lhe perdoasse os seus pecados.

Assim, ainda em vida, Jacinta ia alcançando o que tanto desejava, aquilo por que tanto ardia seu coração inocente, isto é, a conversão dos pecadores.

(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria – Monsenhor João Clá)

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E Nossa Senhora voltou!

Era 13 de agosto de 1917, dia marcado para mais uma aparição daquela “linda Senhora”. Os três pastorinhos, entretanto, suportaram heroicamente terrível provação.

Toda manhã, logo ao nascer do sol, Lúcia dos Santos e seus primos Francisco e Jacinta Marto saíam a pastorear as ovelhas na ensolarada Serra. Até que um dia… lhes apareceu uma “Senhora toda vestida de branco”, que alterou sua tranqüila rotina.

Embora, exteriormente, pouca coisa tenha mudado na vida dessas três crianças, interiormente suas almas sofreram profunda transformação: seus pensamentos refletiam o pedido urgente de Nossa Senhora por orações, penitência e conversão.

Sacrifícios pela salvação dos pecadores

Jacinta, que era a personificação da felicidade e da vitalidade, parava com freqüência no meio de um jogo e, com olhar sério, dizia: – São tantas pessoas caindo no inferno!!! São tantas pessoas no inferno!!! Sua prima mais velha procurava tranqüilizá-la: – Jacinta, não tenha medo, pois você vai para o Céu.

– Sim, sim, eu vou, mas gostaria que todas essas pessoas também fossem.

E Francisco, que se tornara muito contemplativo, assim manifestava o desejo profundo de seu coração: – Tenho pensado muito em Deus, que está tão triste por causa de tantos pecados! Se eu pudesse dar-Lhe alguma alegria! Lúcia, mais dotada de senso prático, fez uma proposta:

– Olhem para este velho pedaço de corda; é pesado e machuca. Talvez pudéssemos usá-lo em nossas cinturas como sacrifício! Sua tranqüila existência de crianças do campo passou a ser incomodada por interpelações da parte de incrédulos, e mesmo pessoas de Fé as importunavam com perguntas disparatadas sobre as aparições… Elas sentiam-se molestadas por esses interrogatórios, mas, após refletirem um pouco, perceberam que poderiam também oferecer esses difíceis encontros como sacrifício pelos pobres pecadores.

Com isso, ficou de certa forma resolvido o problema de seu desejo de fazer penitência.

13 de agosto: uma surpresa

Na casa de Francisco e Jacinta, os pequenos videntes se preparavam para fazer sua caminhada à Cova da Iria, onde Nossa Senhora havia aparecido nos três meses anteriores sobre a pequena azinheira.

De repente, notaram ali a presença não-desejada do Administrador da cidade de Ourém, Artur de Oliveira Santos, um corpulento e insolente latoeiro que havia negligenciado seus deveres religiosos para fazer carreira política e alinhava-se com a corrente anti-católica em Portugal.

Lúcia já o conhecia.

Poucos dias antes, ele a tinha intimado para um interrogatório em tom amedrontador.

Prometer-lhe-ia ela não retornar à Cova da Iria? Contar-lhe-ia o segredo que Nossa Senhora lhe revelara em 13 de julho? Obtendo para cada pergunta apenas um categórico “Não!”, ele a mandou embora, fazendo-lhe uma ameaça: “Se não me revelares o segredo, condeno-te à morte!” Agora estava ele ali de novo, já dentro da casa.

Marto, pai dos dois pequenos, estava trabalhando no campo e foi chamado às pressas. Ao chegar, deparou- se com o imprevisto visitante: – Ah, então, é o Senhor Administrador? – Sim, sou eu; também quero testemunhar esses milagres.
Em tom insinuante, acrescentou o latoeiro: – Vamos todos juntos… Levarei os pequeninos comigo na carroça. Ver para crer, como São Tomé! A propósito, onde estão as crianças? Estamos atrasados, é melhor chamá-las.

Elas recusaram o “amável” convite.

Mas o Administrador murmurou algo sobre passar antes pela casa do Pároco de Fátima, que também tinha algumas perguntas a fazer aos videntes.

Atônitos, estes se viram colocados na carroça que logo desapareceu levantando uma nuvem de poeira. Passaram primeiro na casa do Pároco e, ao retornarem à carroça, viram Artur chicotear afoito os cavalos, mas tomando um rumo inesperado.

– O senhor está indo para o lado errado! – gritou Lúcia.

Ele sabia exatamente para onde ia, e tomou a estrada de Ourém. Era um seqüestro! Lá chegando, reteve os três pastorinhos em sua própria residência.

Revelar o segredo, nunca!

Estes estavam angustiados, principalmente por se lembrarem de que naquela hora deveriam encontrar-se com Nossa Senhora na Cova da Iria.

Francisco foi o primeiro a recobrar-se.

“Talvez Nossa Senhora vá nos aparecer aqui” – disse esperançoso. Nada aconteceu. A hora do almoço passara.

Jacinta rompeu em lágrimas quando a última esperança de aparição de Nossa Senhora os abandonou.

– Nossos pais jamais nos verão novamente! Não saberão onde estamos – lamentou-se.

– Não chore, Jacinta.

Vamos oferecer isso a Jesus pelas almas dos pobres pecadores, tal como Nossa Senhora nos pediu – disse- lhe o irmão.

Elevando os olhos ao céu, ele fez seu oferecimento: “Meu Jesus, isto é por seu amor e pela conversão dos pecadores!” – E pelo Santo Padre também – soluçou Jacinta.

Passaram, assim, um dia de incertezas e sofrimento.

Na manhã seguinte o Administrador conduziu as crianças à prefeitura, e foi direto ao assunto.

Após longo interrogatório – onde elas reafirmaram que viram a bela Senhora e que Ela lhes havia revelado um segredo – ele passou a ameaçá-las… com prisão perpétua… tortura e morte! Mesmo assim, elas se recusaram a revelar o segredo.

Na prisão, com os criminosos

O Administrador comunicou-lhes então que o tratamento doce havia acabado, e, chamando os guardas, mandou levá-las à cadeia. Estas inocentes crianças, naturalmente, nunca tinham visto o interior de um cárcere.

E este realmente era terrível: frio, úmido e repleto de todo tipo de criminosos.

– Quero ver minha mãe! – queixou- se Jacinta, quando acabou de entrar.

Francisco a encorajou: – Então você não quer oferecer este sacrifício pela conversão dos pecadores, pelo Santo Padre e em reparação pelos pecados contra o Imaculado Coração de Maria? – Sim, eu quero, eu quero.

Um dos detentos deu-lhes um conselho: contem ao Administrador o segredo, já que ele quer tanto conhecê-lo! – Prefiro morrer! – respondeu Jacinta energicamente.

Os pastorinhos decidiram então aguardar pelo seu destino rezando o Terço. Jacinta tirou de seu pescoço uma medalha e pediu a um preso que a pendurasse em um prego na parede.

Alguns dos detentos, que possivelmente há muito já se haviam esquecido da religião, se juntaram vacilantes às orações dos pequeninos.

Francisco se aproximou de um deles e calmamente lhe disse que, se quisesse rezar, seria mais apropriado retirar seu gorro. O homem assim o fez, arremessando o gorro no chão. Francisco o apanhou e colocou sobre um banco, em cima do seu próprio gorro.

Com consciências tranqüilas e paz de alma, as crianças se esqueceram por algum tempo do perigo em que se encontravam. Um dos encarcerados tinha um pobre instrumento musical, e assim eles entoaram juntos alguns cânticos folclóricos, que soavam no mínimo incomuns, naquele inóspito lugar.

O caldeirão de azeite fervente

Esta cândida cena foi abruptamente interrompida pelo abrir de porta e a ordem seca de um policial: “Sigam-me!” Pouco depois elas se encontraram uma vez mais diante do Administrador.

Este as intimou de novo a lhe revelarem o segredo, e obteve como resposta apenas o silêncio. Pronunciou então terrível “sentença”: – Pois bem, eu tentei salvá-los, mas, já que vocês não querem obedecer ao governo, serão lançados vivos no caldeirão de azeite fervendo.

Toda a fisionomia e modos do brutal latoeiro-administrador eram os de um homem determinado a cumprir a ameaça. Podemos imaginar a conversa que se seguiu: – O óleo já está fervendo? – perguntou a um dos guardas.

– Sim, senhor Administrador, está.

– Pegue esta, então, e jogue-a no caldeirão.

Isto dizendo, apontou para Jacinta, que estava decididamente disposta ao martírio. Lúcia começou a rezar com fervor.

Francisco implorou a Nossa Senhora que desse a Jacinta coragem para morrer sem trair o segredo.

Nenhum deles tinha dúvida de estar em sua última hora de vida. Algum tempo depois retornou o policial, anunciando:

– Um já está completamente cozido.

O próximo a ir foi Francisco, deixando na sala somente Lúcia e o Administrador.

– Depois dele será você… É melhor contar-me o segredo.

– Prefiro morrer também.

– Que seja então.

Mais algum tempo de angústia e voltou o mesmo policial, tomou Lúcia pelo braço e a conduziu por um corredor até uma outra sala… onde Jacinta e Francisco se encontravam sãos e salvos. Nem precisamos dizer com que alegria e surpresa eles se entreolharam.

Sim, Nossa Senhora voltou!

Após reter os pastorinhos por três dias, fosse em sua residência, fosse na prefeitura ou na cadeia pública, o Administrador não teve remédio senão admitir a derrota e enviá-los de volta a Fátima. Era 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora.

Naquele mesmo dia 15, tendo ido Lúcia, com Francisco e um outro primo, apascentar as ovelhas, ela percebeu uma súbita mudança na atmosfera, o sinal que geralmente precedia as visões sobrenaturais. Lúcia mandou o outro primo ir rapidamente chamar Jacinta e, alguns minutos depois, fulgurou no céu um relâmpago, exatamente como acontecera antes das outras vindas de Nossa Senhora. Jacinta veio correndo ao encontro deles, esbaforida.

De repente estava de novo diante deles aquela carinhosa figura! Sim, Nossa Senhora tinha voltado…

(Elizabeth MacDonald – Revista Arautos do Evangelho, Ag/2005, n. 44, p. 38 a 40)

Artigos

A intercessão de Nossa Senhora na hora da morte

 

“Rogai por nós pecadores, agora… e na hora de nossa morte”. Qual a razão de tanta insistência em pedir que Maria nos assista no fim de nossa vida?

 

Na oração que tantas vezes dirigimos a Nossa Senhora há duas partes distintas, as quais convém analisar: uma diz respeito ao presente, a outra ao futuro. A primeira muda continuamente no que diz respeito ao tema do pedido; a segunda não varia, roga sempre a mesma graça.

Rogai por nós agora é o pedido da hora presente, cujo objeto será diferente conforme nossas necessidades.

Por vezes será a solicitação de uma graça protetora, outras vezes de consolo, às vezes de alívio e de cura de alguma enfermidade.

Mas, rogai por nós na hora de nossa morte diz respeito ao futuro, e é sempre o mesmo pedido que fizemos ontem, fazemos hoje, repetido 200 vezes no Rosário, e voltaremos a fazer amanhã, se Deus nos conceder um novo dia e se nele rezarmos a Saudação Angélica.

Então, por que a Santa Igreja, por meio da Ave Maria, oração quotidiana e familiar a todos os cristãos, até mesmo aos mais indiferentes, formulou este pedido: Rogai por nós na hora de nossa morte? Só pode ser por razões muito dignas de sua sabedoria; é porque na hora da morte a intercessão da Santíssima Virgem Maria nos é soberanamente necessária e em extremo eficaz.

 

Necessidade da assistência de Maria nos derradeiros momentos

Para compreender bem quão necessária é a assistência de Nossa Senhora em nossos derradeiros momentos, deve-se lembrar que a hora da morte é propriamente a hora decisiva e difícil entre todas. Nela será fixado nosso destino para toda a eternidade. Quando cai uma árvore, à direita ou à esquerda, lá onde cai, fica, bem diz o Eclesiastes (11, 3). Se cair para o lado certo, se morrermos na graça de Deus, seremos felizes para sempre; mas se cair do lado errado, se morrermos na inimizade de Deus, nosso lugar será junto aos réprobos. A hora da morte é a hora do combate supremo. Se triunfarmos do demônio, todas as nossas derrotas passadas serão reparadas, seremos vitoriosos para sempre, tomaremos lugar entre os eternos triunfadores e o Rei do Céu nos cingirá com a coroa da glória eterna.

Vejamos o bom ladrão. Sua vida estava manchada por vários crimes. Tinha sido um infame criminoso que tingiu suas mãos no sangue de irmãos; alguns instantes antes de morrer, se arrependeu, foi perdoado, seus crimes foram apagados e – qual piedoso ladrão do Céu, como é chamado -, por um instante de sincera penitência, foi compartilhar as alegrias do Paraíso com os patriarcas e os profetas que passaram a vida inteira na prática de boas obras.

 

Se, pelo contrário, no último momento, nosso inimigo, o demônio, triunfar sobre nós, nossas vitórias já adquiridas, por mais numerosas ou retumbantes que tenham sido, nos serão inúteis. Nossas boas obras, embora tivéssemos vivido como justos durante longos anos, estariam perdidas para sempre e se volatilizariam como simples nuvem dispersa pelo vento. Ficaríamos como navegadores que, após triunfarem sobre várias tempestades em alto mar, vêm soçobrar no próprio porto de chegada.

 

Uma trágica defecção de última hora

Lembremos-nos da história dos 40 mártires de Sebaste. Eram 40 soldados que, juntos, nas tropas do exército romano, travaram inúmeros combates nesta terra, além de ganharem combates no Céu, pela prática das virtudes cristãs, sob o estandarte de Jesus Cristo. Para defenderem a Religião, compareceram diante do tribunal de seus perseguidores, confessando valentemente sua fé, sem se deixarem intimidar por ameaças nem seduzir por promessas. Foram todos jogados no calabouço e condenados a morrer num lago gelado. Os anjos já os sobrevoavam, trazendo nas mãos as coroas destinadas a esses gloriosos atletas, quando um deles, vencido pelo frio, saiu do lago para um banho de água morna preparado com vistas à desistência de algum deles. Pouco depois ele morreu (devido à mudança brusca de temperatura), perdendo por um instante de fraqueza os frutos de uma longa vida passada no exercício das virtudes, os méritos reluzentes de sua confissão de fé e a glória de um martírio quase consumado, deixando seus companheiros imersos na incomparável dor de sua defecção.

A hora da morte é uma hora decisiva, mas é também uma hora difícil.

 

Angústias dos moribundos

Como são atrozes as angústias dos moribundos, que não tenham perdido completamente a fé, quando os remorsos da consciência, o temor do julgamento iminente e a incerteza quanto à salvação eterna se unem para enchê-los de perturbação e pavor! Os demônios redobram de raiva para agarrar essa presa que lhes escapa. Acorrem numerosos em torno da cama do doente para tentar um supremo esforço.

Pudesse ainda o moribundo reagir na plenitude de suas forças! Mas não pode! Nunca terá sido atacado com tanta violência e jamais esteve tão fraco para se defender. A deficiência do corpo provoca um desastroso contragolpe na alma. A imaginação fica de todo desordenada. É como se fosse um campo aberto que os animais selvagens – melhor seria dizer fantasmas dos mais lúgubres e dos mais espantosos – atravessam livremente em todas as direções. O espírito fica repleto de trevas, a vontade sem energia e cheia de languidez.

 

Necessidade imperiosa do auxílio de Deus na hora da morte

Como o socorro de Deus é necessário nessa hora! Quão indispensável é a graça divina para perseverar! Entretanto, a graça, sobretudo a graça da perseverança final, é um dom de Deus que não nos é dado merecer, mas podemos obter infalivelmente pelas nossas orações.

Ora, como por um privilégio todo especial de Deus, o qual quer assim honrar sua Mãe, a Santíssima Virgem é a Medianeira obrigatória por cujas mãos todos os favores do Céu devem passar, a Ela é que devemos pedir esta graça das graças.

Compreendamos então por que a Santa Igreja nos leva a pedir tantas vezes a assistência de Maria Santíssima para hora de nossa morte. Compreendamos também o motivo pelo qual ela nos incita a repetir todos os dias: Santa Maria, rogai por nós na hora de nossa morte.

 

Nessa hora, intercessão infalível de Maria Santíssima

A intercessão de Maria Santíssima nos é tão necessária quanto eficaz nessa suprema e solene circunstância. Como são felizes as almas assistidas por Maria nessa hora! Elas não podem perecer. Ainda que estejam cativas da tirania do demônio, esta boa Mãe romperá seus grilhões e lhes obterá os frutos benfazejos de uma sincera conversão, instando-as a fazerem verdadeira penitência. Lá estará Ela perto de seu leito de dores, como uma mãe à cabeceira do filho moribundo, dissipando suas angústias, acalmando suas dores, adoçando suas penas, proporcionando uma santa paciência e tomando sua defesa ante os ataques furiosos e múltiplos do espírito das trevas.

Quando chega a derradeira hora de algum devoto de Nossa Senhora, diz São Boaventura, esta boa Mãe lhe envia os espíritos angélicos que estão às suas ordens, juntamente com São Miguel, seu chefe. E Ela, que é o flagelo do inferno – como diz São João Damasceno – Ela que tem, por missão, o ódio à serpente infernal, lhe faz sentir, sobretudo quando algum de seus devotos vai abandonar este mundo, todo o seu vitorioso poder. Ela é para o demônio, nessa ocasião, terrível como um exército em ordem de batalha. Torna-se contra ele como essa torre da qual fala o Cântico dos Cânticos, onde mil escudos estão levantados com as armas dos mais valorosos.

Não, um servidor de Maria não pode perecer! – declara São Bernardo.

Não, aquele por quem Maria se dignou rezar não pode mais ter dúvida de sua salvação e de sua ida à glória do Céu! – diz Santo Agostinho.

Não, aquele pelo qual Maria rezou uma vez não perecerá! Não, quem recitou piedosamente todos os dias a Ave Maria não será abandonado na última hora! – exclama também Santo Anselmo.

Esta oração possui todas as qualidades capazes de torná-la infalivelmente vitoriosa.

Primeiro lugar, ela é santa em sua motivação. Com efeito, o que pedimos por ela? A perseverança final “na hora de nossa morte”.

Depois, ela é humilde. Por ela confessamos a Maria Santíssima nossa miséria, revestindo-nos de um título que nos convém tão bem: “pobres pecadores”.

Ela é também confiante, pois nos dirigimos à mais poderosa intercessora que possa haver, Àquela que é chamada de “Onipotência suplicante”, em vista de sua santidade proeminente e de sua dignidade incomparável de Mãe de Deus: “Santa Maria, Mãe de Deus”.

Esta oração é perseverante. Qual oração pode ser mais perseverante? Ainda que, por suposição, só rezássemos uma Ave Maria por dia, quantas vezes durante nossa vida teríamos pedido a Ela para interceder por nós na hora da morte? E como será então se rezarmos ao menos uma dezena do Rosário? Mais ainda se tomarmos o costume de rezar diariamente um terço inteiro? Será possível que Maria Santíssima, tão zelosa de nossa salvação, não nos ouça? Não! Isso é impossível! A isso se opõem as promessas, os juramentos de Jesus Cristo Nosso Senhor relativos à oração, assim como a bondade e a ternura de sua Mãe Santíssima.

Tomemos, pois, a resolução de rezar todos os dias de nossa vida, com uma nova fé, uma nova confiança e um novo cuidado, esta curta mas tão bela e eficaz oração da Ave Maria. Assim obteremos a cada dia aquelas graças particulares das quais precisamos e, sobretudo, a graça necessária no fim da vida, a maior delas, a mais importante de todas as graças, a graça da perseverança final.

 

Santo André Avelino

Segundo se narra, na hora da morte de Santo André Avelino, um grande servo de Maria, seu leito estava envolto por mais de dez mil demônios; durante sua agonia, ele teve de travar contra o inferno um combate tão terrível que deixou estupefatos todos os religiosos ali presentes. Viram seu rosto decompor-se e ficar lívido. Ele tremia em todos os seus membros, rangia os dentes, lágrimas abundantes corriam-lhe pela face, testemunhando a violência do assalto ao qual estava sujeito. O espetáculo arrancou lágrimas de todos os assistentes. Cada qual redobrava as orações e tremia por si, ao ver um santo morrer dessa maneira. Uma única coisa consolava os religiosos: o moribundo muitas vezes voltava o rosto para uma imagem da Virgem, indicando assim pedir seu socorro e lembrando- lhes ter dito várias vezes durante a vida que Maria Santíssima seria seu refúgio na hora da morte.

Afinal, aprouve a Deus pôr um término a esse combate, outorgando ao santo a mais gloriosa vitória. As agitações cessaram, o rosto do moribundo retomou sua serenidade primeira; viram- no permanecer tranqüilo, mantendo o olhar em direção à imagem, inclinar-se em sinal de reconhecimento e, em seguida, expirar docemente nos braços da Santíssima Virgem, que ele tanto invocara em vida e que vinha fazê-lo sentir sua todo-poderosa proteção naquele supremo momento.

Imitemos a devoção de Santo André Avelino e, como ele, em nossa última hora seremos assistidos e socorridos pela misericordiosíssima Rainha dos Céus.

 

(Tradução, com adaptações, de “L’Ami du Clergé” nº 39, de 23/9/1880)