Saiba como chegamos ao autoconhecimento e nos preparamos bem para a consagração a Virgem Maria.
Na primeira semana de preparação para a consagração total a Jesus Cristo, pelas mãos da Santíssima Virgem Maria, somos chamados a pedir a graça do autoconhecimento. Para isto, pediremos em nossas orações que, à luz do Espírito Santo, nos conheçamos de fato, especialmente o nosso interior. Pois, este conhecimento interno das ações da nossa alma é necessário para fazer a nossa consagração. Para chegar a este autoconhecimento, durante esta primeira semana de preparação para a consagração1, aplicaremos todas as nossas orações e meditações pessoais, bem como os atos de piedade, como jejuns, penitências e boas obras, para pedir o conhecimento de nós mesmos e a contrição de nossos pecados. Faremos tudo isso em espírito de humildade. Como recomendou São Luís Maria Grignion de Montfort, no seu extraordinário livro “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, neste tempo voltaremos aos seus ensinamentos sobre o conhecimento de nós mesmos.
São Luís Maria ensina que “as nossas melhores ações são ordinariamente manchadas e corrompidas pelo mau fundo que há em nós”2. Para compreendermos isto, façamos uma comparação: quando colocamos água limpa e clara numa vasilha que não tem bom cheiro, ou vinho numa garrafa cujo interior está azedado por outro vinho, a água clara e o vinho bom ficam estragados e ganham facilmente o mau cheiro. “Do mesmo modo, quando Deus infunde em nossa alma, corrompida pelo pecado original e atual, as suas graças e orvalhos celestes, ou o vinho delicioso do seu Amor, assim também os Seus dons são ordinariamente manchados e estragados pelo mau fermento e mau fundo que o pecado deixou em nós”3. Os nossos atos, mesmo as virtudes mais sublimes, disso sentem os efeitos. Por isso, é “da mais alta importância, para adquirir a perfeição – que só se alcança pela união com Jesus Cristo – esvaziarmo-nos do que há de mau em nós. Doutra forma, Nosso Senhor, que é infinitamente puro e que odeia infinitamente a menor mancha que vê na alma, afastar-nos-á de Seus olhos e não se unirá a nós”4.
Para nos desapegar de nós mesmos precisamos, primeiramente conhecer bem, pela luz do Espírito Santo, o nosso fundo mau: a nossa incapacidade para qualquer bem útil à nossa salvação; a nossa fraqueza em todas as coisas; a nossa permanente inconstância; a nossa indignidade de toda graça; a nossa perversidade em toda a parte. Somos assim porque “o pecado dos nossos primeiros pais5 arruinou-nos a todos quase por completo, azedou-nos, corrompeu-nos, fez-nos inchar como o fermento faz à massa em que é lançado”6. Além disso, os pecados atuais que cometemos, sejam eles mortais ou veniais, embora tenham sido perdoados na Confissão, aumentaram em nós a concupiscência, a fraqueza, a inconstância e corrupção, deixando maus vestígios na nossa alma.
O nosso corpo é tão corrupto que é chamado pelo Espírito Santo corpo de pecado7, concebido no pecado, alimentado no pecado, capaz de todo tipo de pecado e sujeito a mil enfermidades. Nosso corpo corrompe-se dia a dia, e gera somente sarna, vermes e corrupção. A nossa alma, que está unida ao corpo, tornou-se tão carnal que chega a ser chamada carne: “Toda a carne tinha corrompido o seu caminho”8. Nossa alma está tão corrompida pelo pecado que “a nossa única herança é o orgulho e a cegueira de espírito, o endurecimento do coração, a fraqueza e a inconstância da alma, a concupiscência, a revolta das paixões e as doenças do corpo. Somos, naturalmente, mais orgulhosos que os pavões, mais apegados à Terra que os sapos, piores que os bodes, mais invejosos que as serpentes, mais gulosos que os porcos, mais coléricos que os tigres e mais preguiçosos que as tartarugas, mais fracos que caniços e mais inconstantes que os cataventos. De nosso, só temos o nada e o pecado, e só merecemos a ira de Deus e o inferno eterno”9.
Assim, para adquirirmos o conhecimento de nós mesmos e a contrição de nossos pecados, meditemos sobre esse nosso fundo mau. A princípio, as palavras de São Luís podem parecer exageradas e que não somos tão ruins como ele diz. Mas, não nos enganemos, pois por causa do orgulho temos uma visão demasiadamente boa a respeito de nós mesmos. Por isso, para ajudar em nosso autoconhecimento, consideremos que somos, durante os dias dessa semana, como caracóis, lesmas, sapos, porcos, serpentes, bodes. Além disso, pode nos ajudar a meditação sobes as “três palavras de São Bernardo: ‘Pensa no que foste, um pouco de lama; no que és, um vaso de estrume; no que serás, alimento de vermes!’”10. Em nossas orações, peçamos a Nosso Senhor Jesus Cristo, e ao divino Espírito Santo que nos esclareça a respeito de nossas fraquezas, repetindo as palavras: “Senhor, que eu veja!”11; ou: “Que eu me conheça!”; ou ainda: “Vinde, Espírito Santo!”. Além destas práticas e meditações, rezaremos todos os dias as orações preparatórias. Nesta semana, rezamos a “Ladainha do Espírito Santo” e a oração que se segue. Recorreremos também à Santíssima Virgem Maria, pedindo-lhe a grande graça do conhecimento de nosso fundo mau, que deve ser o fundamento de todas as outras que receberemos. Para pedir a intercessão materna de Maria, rezaremos todos os dias o “Ave Maris Stella” e a “Ladainha de Nossa Senhora”. Por fim, convidamos todos os que fazem ou renovam sua consagração em 12 de Dezembro, ou data próxima, a participar da 5ª Campanha Nacional de Consagrações à Virgem Maria. Para fazer sua inscrição basta enviar os seus dados, preenchendo o formulário até o dia 09 de Dezembro de 2014. Os nomes dos participantes serão oferecidos dia 12 de Dezembro na Santa Missa que será presidida pelo Padre Paulo Ricardo em Cuiabá (MT). Nossa Senhora de Guadalupe, rogai por nós!
Autor: NATALINO UEDA
FONTE: CANÇÃO NOVA
Referências do autor:
1 Primeira semana de preparação para a consagração para as pessoas que se consagram dia 8 de Dezembro: de 20 a 25 de Novembro; e para aquelas fazem a consagração em 12 de Dezembro: de 24 a 29 de Novembro.
2 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, 78.
3 Idem, ibidem.
4 Idem, ibidem.
5 Cf. Gn 3, 1-15.
6 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 79.
7 Cf. Rm 6, 6; Cf. Sl 50, 7.
8 Gn 6, 12
9 SÃO LUÍS MARIA GRIGNION DE MONTFORT. Op. cit., 79.
10 Idem, ibidem.
11 Lc 18, 41.
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