No dialeto de Santa Bernardette significa: “Eu sou a Imaculada Concepção” |
Em 8 de dezembro de 1854, atendendo aos anseios mais profundos de toda Igreja, o Papa Beato Pio IX proclamou como dogma de fé a Imaculada Conceição de Maria.
Foi um dos atos mais altos do pontificado do bemaventurado Papa Pio IX.
Há três razões pelas quais a definição deste dogma é odiosa aos inimigos da Igreja.
Primeira razão: um dogma anti-igualitário
Este dogma ensina que Nossa Senhora foi concebida sem pecado original, desde o primeiro instante de seu ser. O que quer dizer que Ela em nenhum momento teve nenhuma nódoa do pecado original.
A lei inflexível pela qual todos os descendentes de Adão e Eva, até o fim do mundo, teriam o pecado original, essa lei se suspendeu no que diz respeito à Nossa Senhora e naturalmente ao que diz respeito à humanidade santíssima de Nosso Senhor Jesus Cristo.
De maneira que Nossa Senhora não ficou sujeita às misérias a que estão sujeitos os homens. Ela não tinha maus impulsos, más inclinações, más tendências que os homens tem.
Tudo nEla corria harmonicamente para a verdade e para o bem; tudo nEla era o movimento para Deus.
Por isso, Nossa Senhora é o exemplo perfeito da liberdade, no sentido de que tudo quanto a razão, iluminada pela fé, lhe indicava, Ela queria inteiramente e não encontrava em si nenhuma espécie de obstáculo interior.
A graça, por outro lado, A acumulava e Ela era cheia de graça. De maneira que o ímpeto com que todo o ser dela se voltava para o tudo o que é verdade, tudo o que era bem, era verdadeiramente indizível.
Ora, ensinar que uma mera criatura humana – como foi Nossa Senhora – tivesse esse privilégio extraordinário, isso era fundamentalmente anti-igualitário.
E definir esse dogma era proclamar uma tal desigualdade na obra de Deus, uma tal superioridade de Nossa Senhora sobre todos os outros seres, que evidentemente haveria de fazer espumar de ódio todos os espíritos igualitários.
Segunda razão: a pureza imaculada de Nossa Senhora
Mas havia uma razão ainda mais profunda para que a Revolução odiasse esse dogma. O revolucionário ama o mal, é um simpatizante do mal, e ele tem alegria quando encontra em alguém um traço de mal.
O revolucionário tem, pelo contrário, muito pesar quando ele vê uma pessoa em que ele não percebe um traço de mal. Porque ele sendo ruim ele sente simpatia e harmonia com aquilo que é ruim e ele procura encontrar o mal em tudo.
Ora, a ideia de que um ser tão excelsamente bom e santo, desde o primeiro instante de seu ser, haveria de causar ódio num revolucionário. Evidentemente!
Por exemplo, imagine a situação de um indivíduo perdido de impureza, um verdadeiro porco.
Ele sente as inclinações impuras que o levam para todo lado. Ele sente, naturalmente, a depressão que essas inclinações impuras causam nele, máxime porque elas têm o consentimento dele.
Evidentemente ele se sente todo deteriorado pela concessão que ele fez.
Agora, imagine-se um homem desses considerando Nossa Senhora que não tinha nenhuma apetência para a impureza, que era toda Ela feita da mais transcendental pureza.
Ele sente evidentemente uma antipatia e um ódio, porque o seu orgulho fica esmagado pela pureza imaculada daquela a respeito da qual ele está pensando.
Imaculada Conceição, Stone, Staffordshire, Inglaterra |
Então, definir uma tal ausência de orgulho, uma tal ausência de sensualidade, uma tal ausência de qualquer prurido de Revolução neste ser privilegiado, era afirmar que a Revolução é objeto de um tal repúdio da parte de Nossa Senhora, que facilmente se compreende como tem que doer e tem que causar ódio a uma pessoa revolucionária.
Por isso, mesmo dentro da Igreja, houve duas correntes. Uma corrente que combateu a Imaculada Conceição, e outra corrente que era favorável à Imaculada Conceição.
Naturalmente seria um exagero dizer que todo mundo que combateu a Imaculada Conceição é porque estava trabalhando por pruridos revolucionários.
Mas é fato que todo mundo que estava trabalhando por pruridos revolucionários combateu a Imaculada Conceição.
É fato também que todos aqueles que lutaram a favor da Imaculada Conceição, defendendo a proclamação do dogma, neste ponto mostravam uma mentalidade contra-revolucionária.
De maneira que, de algum modo, a luta da Revolução e da Contra-Revolução estava presente no embate entre essas duas correntes teológicas.
Terceira razão do ódio dos inimigos da Igreja contra o dogma da Imaculada Conceição: o exercício da infalibilidade papal
Havia outra razão ainda, que tornava odiosa para os liberais, a definição desse dogma. É que não tinha sido definido ainda o dogma da Infalibilidade Papal.
E Pio IX, antes da definição do dogma da Infalibilidade Papal, fez uma consulta a uma série de teólogos e aos bispos do mundo, e depois, com autoridade própria, fazendo uso da Infalibilidade Papal, definiu o dogma da Imaculada Conceição.
O que para os teólogos liberais era uma espécie de declaração de princípios, porque, definindo, ele afirmava que tinha a Infalibilidade Papal.
Tudo isto provocou um estalar de indignações do mundo revolucionário. Foi também um entusiasmo enorme no mundo contra-revolucionário.
Por toda parte começaram a aparecer as meninas batizadas com o nome de Conceição, exatamente em louvor do novo dogma.
De onde uma série de “Conceições” que se vieram multiplicando pelos tempos afora, cujo nome inteiro era “Imaculada Conceição de tal”, e que era a afirmação de que os pais consagravam aquelas meninas à Imaculada Conceição de Nossa Senhora.
Pio IX – bem diferente de alguns que depois lhe sucederam – levou a investida a tal ponto que conduziu a luta contra todos os erros da Revolução durante todo o tempo do pontificado dele.
Até na Suíça – o foco da forma talvez mais execrável de protestantismo, o calvinismo – teve que se admitir na legislação a construção de uma catedral católica.
Pio IX mandou de presente uma imagem da Imaculada Conceição para ficar no centro de Genebra, para afirmar e proclamar esse dogma.
Este é um belo exemplo da liderança de Pio IX na luta contra a Revolução.
Entre o Beato Pio IX e São Gregório VII há uma analogia. São Gregório VII forçou a curvar-se diante dele um imperador do Sacro Império Romano Alemão.
Pio IX fez uma coisa, talvez, mais árdua e mais extraordinária: forçou a Revolução a curvar-se diante dele, não pedindo perdão, porque a Revolução não pede perdão, mas rugindo de ódio, humilhada e esmagada.
O que ainda é mais bonito do que levar um mau imperador a pedir perdão.
Por isso, é inteiramente apropriado que todos os católicos tenham um carinho especial para o dogma da Imaculada Conceição, que é tão detestado pelos inimigos da Igreja ainda hoje.
Em Lourdes, Nossa Senhora veio dar ganho de causa aos contra-revolucionários e mostrou a falsidade dos inimigos do Papa, do dogma e da desigualdade que Deus estabeleceu legitimamente entre os homens.
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