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Maria participa da alegria dos acontecimentos referentes às aparições do Ressuscitado. Certamente, soube da atitude das santas mulheres, as mesmas que estiveram “olhando de longe” (Marcos 15,40) os fatos da cruz e da morte de Jesus e que, passado o sábado, decidiram comprar aromas para ungir seu corpo. São nomeadas: Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé (cf. Marcos 16,1).

Toma conhecimento das aparições pelo testemunho alegre dos discípulos, dos apóstolos e especialmente das discípulas, encarregadas que foram de anunciá-lo por primeiro. Com efeito, “ao voltarem do túmulo, anunciaram tudo isso aos Onze, bem como a todos os outros” (Lucas 24,9).

As aparições são narrativas que contêm a alegre e salvífica notícia a ser comunicada quase que de boca a boca: “Ide já contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos e que ele vos procederá na Galileia” (Mateus 28,7); “Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me verão” (Mateus 28,10); “Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: ‘Vi o Senhor, e ouvi as coisas que ele me disse'” (João 20,18).

A partir das aparições, os últimos fatos são recordados e aprofundados em seu significado para o Cristo e para nós: “Começando por Moisés e por todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito” (Lucas 24,27); “E eles narraram os acontecimentos do caminho e como o haviam reconhecido na fração do pão” (Lucas 24,35). Sem dúvida, Maria Santíssima vivia esse clima das aparições em união com os discípulos e os onze apóstolos.

As Escrituras não dizem que Jesus Ressuscitado apareceu à sua mãe, mas é possível supor, pois apareceu a vários não nomeados (cf. 1 Coríntios 15,5-8). Santo Inácio de Loyola, na quarta semana dos Exercícios Espirituais, põe a primeira contemplação: como Cristo nosso Senhor apareceu a Nossa Senhora, em primeiro lugar. Cabe no entanto, tudo à imaginação, ainda que iluminada pela fé.

Se Jesus Ressuscitado apareceu a Maria não foi só para fortalecer sua fé. Em primeiro lugar, foi para premiá-la de plena alegria pela fé já testemunhada, especialmente na dor e no abandono da morte de cruz e do sepultamento. Ela sabia melhor do que todos os discípulos, ao guardar tudo no coração, que ele anunciara sua ressurreição ao terceiro dia (cf. Marcos 8, 3; Lucas 18,33). Por isso, esperava a hora de Deus, a realização da promessa de seu Filho, mesmo sem saber como. Em segundo lugar, se o Ressuscitado apareceu-lhe, foi para realizar a promessa e cessar a esperança. Aparecendo-lhe atesta o sentido pleno de sua maternidade: “Ele será chamado Filho de Deus” (Lucas 1, 35). De fato, o senhorio do Ressuscitado confirma e publica para sempre a maternidade divina.

Quer dizer: todos os mistérios da vida de Jesus e de Maria se esclarecem com as luzes da ressurreição e do Espírito Santo, em Pentecostes.

Maria é a primeira a compreender e a vivenciar que o acontecimento da ressurreição é maior que qualquer palavra que anuncie seja que ele ressuscitou, seja que apareceu primeiro a Pedro ou a Madalena, aos apóstolos ou às mulheres. No sentido da plena compreensão, pode-se afirmar que ela foi a primeira a experimentar que a ressurreição é acontecimento que se impõe como atestação para só depois se tornar testemunho. O que para os demais foi um processo, para Maria, devido à sua intimidade com o Senhor no Espírito Santo, foi imediato. O processo para o ato de fé no Ressuscitado, em alguns casos, foi bastante difícil. Haja vista a atestação pública a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado não sejas incrédulo, mas crê!” (João 20,27). De fato, a ressurreição fora uma realidade progessiva e de difícil compreensão e aceitação: “Não podiam acreditar ainda e permaneciam surpresos” (Lucas 24,41).

A fé que envolvia Maria não necessitava de nenhuma atestação pública. Permaneceu no silêncio, impertubável na intimidade do encontro feliz entre ela e o Filho. A ela não caberia nenhuma reprovação pela falta de fé. Ao contrário, Jesus recrimina os discípulos: “Insensatos e lentos de coração para crer tudo o que os profetas anunciaram! Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso e assim entrasse em sua glória?” (Lucas 24, 25-26). Também censura os Onze, cuja incredulidade e dureza de coração impediram que dessem crédito aos que o tinham visto ressuscitado (cf. Marcos 16,14).

Ela sabia que seu Filho estava morto e agora vivia! Não precisava de mediação de ninguém para crer que seu Filho vencera a morte. Consequentemente, na experiência nova com o Ressuscitado, ela saboreia e aualiza as palavras de Isabel: “Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lucas 1, 45).

Envolvida pelas alegrias pascais, a Virgem permanece junto aos apóstolos e algumas mulheres, reunidos em oração, até o domingo de Pentecostes (cf. Atos 1,13-14). Cumpriam a ordem do Ressuscitado “que não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem a promessa do Pai” (Atos 1,4): o batismo com o Espírito Santo (cf. Atos 1,5). Em Pentecostes, a Igreja apostólica se expressa, reunida em torno do Ressuscitado e com Maria, como dom do Espírito Santo que capacita os discípulos para a missão do mundo. Ela compreende-se comprometida e solícita com a missão da Igreja no novo serviço ao seu Filho. Assume com sua presença a responsabilidade de ser Mãe da Igreja nascente, segundo o desejo do seu Filho Crucificado.

Autor: Maria de nossa fé/Edson de Castro Homem. – São Paulo: Paulinas, 2007.

Fonte: www.santissimavirgemmaria.com.br


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