As discípulas do Senhor, que tinham visto Jesus morrer ensanguentado na cruz, naquela sexta-feira, a mais santa de toda a história humana, no amanhecer do Domingo foram ao sepulcro, nos diz o Evangelho, para ungir o seu corpo. Enquanto vão, se perguntam como será possível tirar a “pedra” que foi colocada diante do sepulcro. Quando chegam, porém encontram o sepulcro aberto e vazio, aliás dentro estava um anjo do Senhor a esperá-las que anuncia a elas uma mensagem extraordinária: “Jesus de Nazaré, o crucificado ressuscitou”!
A ressurreição de Cristo, próprio como nos diz os evangelistas, é um evento histórico que “sai” do controle dos sentidos, desaba as barreiras humanas, porque transcende a realidade terrena, como nos ensina o Santo Padre: “A ressurreição não é uma teoria, mas uma realidade histórica revelada pelo Homem Jesus Cristo por meio de sua ‘páscoa’, a sua ‘passagem’, que abriu um ‘novo caminho’ entre a terra e o céu (cf. Hb 10, 20). Não é um mito nem um sonho, não é uma visão nem uma utopia, não é uma fábula, mas um evento único que não se repete: Jesus de Nazaré, o filho de Maria, que ao entardecer da Sexta-feira foi deposto da cruz e sepultado, saiu vitorioso do túmulo. De fato, na aurora do primeiro dia depois do sábado, Pedro e João encontraram o sepulcro vazio.
Madalena e as outras mulheres encontraram Jesus ressuscitado; o reconheceram também os dois discípulos de Emaús no partir do pão; o Ressuscitado apareceu aos apóstolos no Cenáculo e a muitos outros discípulos na Galileia” (Bento XVI, Mensagem Pascal de 12 abril de 2009). Diante dos olhos das discípulas se apresenta uma cena paradoxal: o sepulcro vazio, como os seus corações desconsolados, mas um anjo de dentro do sepulcro anuncia que Jesus não está mais ali, porque voltou à vida. Aquele anjo as ajuda a reencontrar a fé tinha sido obscurecida, a subir novamente rumo ao horizonte que se abre ao fiel e o leva a “olhar” além do humano, a buscar realmente as coisas do alto.
Os testemunhos dos apóstolos nos dizem exatamente o oposto: é Jesus ressuscitado que revitaliza a sua fé que estava se apagando, como aconteceu com os discípulos de Emaús, com Tomás, com todos nós! A ressurreição de Jesus precede e torna possível a fé dos primeiros, como de todos os outros discípulos do Senhor até os nossos tempos. Eles acreditaram num evento que realmente aconteceu e não em alguma coisa que poderia acontecer! Jesus se revela aos que acreditam em seu amor, eis porque o anjo do Senhor convidou as mulheres ao ato de fé “ressuscitou não está mais aqui”, como um outro anjo, o arcanjo Gabriel, no dia da Anunciação convidou Maria a crer que “nada é impossível a Deus” (Lc 1, 37). Que extraordinária graça é o ato de fé confiante em Jesus: acredito, sem duvidar daquilo em que creio! O Evangelho os narra também que quando Pedro e João correm ao sepulcro, na manhã da ressurreição, depois que a Madalena os informa que o corpo de cristo não está mais lá, João, entrando primeiro no sepulcro, vendo somente os panos sagrados que vestiam Jesus, “viu e acreditou” (Jo 20, 8). João, ao contrário de Pedro, que acreditou logo porque tinha o coração mais livre do que Pedro que renegou Jesus. O coração de João estava mais pronto para o amor, que o permitiu intuir e acreditar mais profundamente na força da ressurreição. Este coração era igual ao das crianças.O Senhor nos manda em ajuda os anjos, que nos tiram fora de muitos vazios existenciais, lugares obscuros de nossas incredulidades, de existências marcadas pela resistência à graça, e nos convidam a crer sem duvidar, porque somente quem acredita deste modo se revela a misteriosa presença do ressuscitado. Não é a fé dos discípulos e das santas mulheres, não é a fé da Igreja, que nos faz presente Jesus ressuscitado, mas esta fé nos torna “capazes” de “encontrá-lo”, de “vivê-lo”, de “constatar” a sua ação salvadora entre os homens. Quanto é absurdo a tese que faz depender a ressurreição de Cristo da fé dos apóstolos, como se fosse ela a tê-lo ressuscitado! Um tal pensamento desvia, porque é mentiroso não tendo algum fundamento evangélico.
Em minha experiência de catequista depois de sacerdote, em tantos encontros, catequeses, celebrações com crianças, nunca encontrei uma que fosse ateu. A criança não tem o coração cheio de si, mas tem o coração livre como o de João. Maria Santíssima acreditou perfeitamente em cada promessa do Senhor e, que ele teria ressuscitado “no terceiro dia” (cf. Lc 9, 22), porque era a criatura plenamente livre de si mesma. Ela não foi ao
sepulcro com as santas mulheres, senão os Evangelho teriam dito. As mulheres estavam debaixo da Cruz com Ela, mas Ela não estava com elas diante do sepulcro. Por que? A resposta até uma criança poderia intuir: porque deveria ir ao túmulo do Filho se ela sabia que estava vazia! Nossa Senhora encontrou o Filho ressuscitado, não precisou do anúncio de um anjo ou da palavra dos discípulos para crer Nele. A sua fé era sólida como a rocha e na fé esperou Jesus ressuscitado. Não foi procurar um corpo morto, mas foi visitada pelo seu Filho em seu Corpo ressuscitado. Que maravilha imaginar este encontro. Penso que tenha sido tão lindo que não pôde ser descrito em palavras. João, no final de seu evangelho, escreve que “existem ainda muitas outras coisas realizadas por Jesus, que se fossem escritas um por uma, penso que o mundo não bastaria para conter tantos livros que se deveriam escrever” (Jo 21, 25). Se tivesse que descrever o encontro do Ressuscitado com sua Mãe, talvez não bastaria um inteiro Evangelho!
Monsenhor Luciano Alimandi
Membro da Comissão Pontifícia – Vaticano
Fonte: Comunidade Shalom
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