– Fui pastor pentecostal durante 25 anos. E digo a vocês que uma pequena gota de Maria fez mais por mim do que 25 anos como pastor. Maria é a nitroglicerina, a dinamite de Deus. Por isso me prostro diante de Jesus em Maria. Não tenho vergonha de me ajoelhar diante de uma imagem de Maria porque ela tem a plenitude do Espírito Santo. Não adoro as imagens nem os ícones, mas eles me colocam diante da realidade que representam.
Maria é a plenitude da graça. Ninguém é mais cheia do Espírito do que ela. Não é magnífico que ela seja nossa mãe? E o Espírito Santo quer brotar do mais profundo do nosso ser para invadir toda a nossa vida, ultrapassá-la e ir ao mundo inteiro. Quer que nós, como Maria, sejamos instrumentos da evangelização. Quando Deus tem um projeto muito difícil de evangelização, quando encontra um povo ou um país muito endurecido, Ele envia a evangelizadora mais eficaz: Maria. Eu sou um exemplo de pessoa com o coração muito duro, muito difícil, muito anticatólico. Mas uma só gota de Maria me transformou e me tornei católico.
O Pai-nosso
A oração é importante. São Paulo disse: “Rezo com meu espírito e com minha inteligência”. Jesus rezou com sua inteligência, com palavras compreensíveis e nos deu uma oração que Ele mesmo criou: o Pai-nosso. Quando rezamos essa oração, ela influencia nossa inteligência, que necessita de cura.
Certo dia, me perguntei se Maria rezava por Jesus. Será que Ele tinha necessidade de oração? Creio que sim. Creio que houve uma oração muito simples que Ele fez – é minha opinião, não é um dogma da Igreja. E acredito que a oração de Jesus começou com Maria. Quando eu era pequeno, minha mãe sempre me falava do meu nascimento. Ela dizia: “Richard, eu te adotei quando tua mãe te rejeitou. Eu te escolhi. Tu estavas doente, para morrer, mas ainda assim eu te escolhi”.
Vou interromper um pouco meu pensamento sobre a oração do coração para falar sobre o sofrimento. No verão passado, fui a Paray-le-Monial e em um dos dias, durante o dia inteiro, rezávamos pelos enfermos. Depois de todo esse dia de oração, à noite tivemos apenas dois testemunhos: o de minha esposa e o meu. Ela testemunhou a cura milagrosa de seus olhos quando encontrou Jesus. E eu testemunhei sobre o meu encontro com Jesus e sobre como continuo doente – estou doente praticamente todo o tempo. Há 30 anos tenho um mal físico e todo mundo já rezou por mim, mas não fui curado ainda. Porque nem todas as pessoas são curadas. Mas isso não muda nossa fé em Jesus. Ele não nos prometeu nos curar a todos, mas estar sempre conosco.
Então, durante esse dia de oração pelos enfermos em Paray-le-Monial, aproximei-me de uma menina de 8 anos numa cadeira de rodas – Ela se chama Clotilde; é paralítica, suas mãos são dobradas, não fala e quase não vê mais; acho que reconhece um pouco a voz das pessoas, quando ouve minha voz, se mexe um pouco. Ajoelhei-me ao lado de Clotilde e impus minhas mãos sobre ela e passei ali 15 minutos. É muito tempo para ficar com uma só pessoa quando se tem 4 mil pessoas para rezar. E quando me levantei alguém me disse que sou muito gentil por rezar tanto tempo por uma pessoa. E eu disse: “Você não entendeu, não sou eu que rezo por ela, é ela que reza por mim”.
Muitas vezes, aqueles que sofrem têm muito mais compaixão que os sãos. Gosto muito de pedir às pessoas que sofrem que rezem por mim. Se você conhece alguém que está sofrendo, em vez de ir rezar por ele, peça-lhe que reze por você, porque é a compaixão que toca.
Então, retomando meu pensamento, quando eu era pequeno, minha mãe me explicou como eu tinha sido doente na minha infância e como me escolheu mesmo assim. E me dizia: “Richard, você vai fazer grandes coisas neste mundo. E se você tiver dúvida do seu grande valor, lembre-se do preço que paguei por você. Eu poderia ter pego uma criança com saúde boa, mas escolhi você e não foi fácil cuidar de você porque você estava sempre doente”. E me explicava a minha origem.
Acho que aconteceu o mesmo na família de Nazaré. Jesus era um menininho como os outros, que corria, brincava, pulava, rolava no chão… E, certamente, muitas vezes Maria lhe explicava sua origem: “Um dia, aquele anjo enorme veio falar comigo. O nome dele era Gabriel. Ele brilhava como o sol e tinha duas asas enormes nas costas e era lindo, meio transparente, os olhos como o sol. E ele me disse: ‘Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor está contigo. Tu és bendita entre todas as mulheres e teu filho será bendito’.”
É muito fácil compreender como uma mãe explica a seu filho de onde ele veio. E creio que essa é a origem da primeira oração de Jesus. Maria trabalhava muito em casa, em Nazaré. Eles eram pobres, não tinham muitas coisas. Tinham aqueles presentes que os magos lhes tinham dado, mas provavelmente gastaram quando estiveram refugiados no Egito. São José era carpinteiro, trabalhava muito para a família, mas viviam muito simplesmente.
Então Maria tinha muito trabalho em casa, tinha que varrer a casa, preparar o alimento, lavar a louça… e Jesus criança corria para lá e para cá em casa e puxava o vestido de Maria. Como ela estava muito ocupada, não se virava logo para Ele. Mas Jesus sabia muito bem como chamar a atenção de sua mãe: olhava bem nos olhos dela e dizia: “Ave, Maria, cheia de graça. Eu, Jesus, estou contigo, você é bendita entre todas as mulheres e eu, Jesus, teu filho, também sou bendito. Santa Maria, mãe de Deus, reza por mim e pelo papai José, pela prima Isabel, pelo priminho João Batista e por todo mundo, agora e na hora de nossa morte. Amém”. Isso é possível que tenha acontecido.
O rosário
Essa oração nos remete ao rosário. É magnífica a oração do rosário! Ela começa como uma oração da nossa inteligência, depois se torna uma oração do coração. Como o Pai-nosso é uma oração com a nossa inteligência, que depois se torna uma oração do coração. Há muitos tipos de oração do coração e é o Espírito Santo que nos ajuda a rezar. Porque Ele mora no nosso coração. É por isso que às vezes rezamos com a mão no coração, essa morada de Deus em nós.
Oração com o corpo
Além do Pai-nosso e do rosário, outro tipo de oração do coração é o movimento do corpo, que corresponde ao movimento do Espírito Santo dentro do coração. É isso o que chamo de adoração corporal, ou seja, o corpo que adora através do movimento. Está escrito que Davi rodopiava com toda energia diante da Arca da Aliança. Maria é a Arca da Aliança. E quando estou diante da Arca da Aliança que é Jesus, também rodo. E quando rodopio, é como se eu entrasse na profundidade do meu coração. E muitas vezes, quando você louva o Senhor com sua inteligência, vai ter vontade de louvá-lo com o corpo, o movimento que vem do Espírito Santo no coração e se torna movimento do corpo.
Quando éramos pequenos, todos dançávamos, nos mexíamos. Podemos dizer que quando criança, o coração dirige o corpo, não temos restrições intelectuais. Um amor tão intenso pelo Espírito Santo liberta nosso corpo e nos “devolve” esse movimento do corpo como uma oração do coração.
Tenho uma cunhada que se chama Suzana. Um dia fomos apanhá-la no aeroporto e percebi que ela desceu do avião toda encurvada. Perguntei à minha esposa como era a Suzana quando criança. Ela me disse que a Suzana era cheia de vida, cheia de alegria, dançava muito, se mexia muito e adorava escrever seu nome em todo lugar. E um dia ela entrou no quarto recém-pintado e, com uma salsicha, escreveu seu nome nas paredes recém-pintadas. Ela tinha muita parresia, audácia, energia de viver. Não era bloqueada por sua inteligência. Tinha um coração de criança. Quando os pais chegaram, perguntaram quem fez isso. E ela, morrendo de medo, disse que não tinha sido ela, mas estava assinado seu nome lá e deram-lhe uma surra. Depois vieram muitas outras surras. Após tantas punições, a Suzana cheia de vida tornou-se encurvada. No entanto, ela era cristã, acreditava no poder do Espírito, era fiel à Igreja. Então, por que estava encurvada?
Na França, era ensinado que o corpo é um perigo. Que é preciso dominá-lo pela inteligência e, sobretudo, não se deve exprimir alegria em público. Então, infelizmente, mesmo os cristãos carismáticos parecem tristes. Mas tive uma idéia. Eu pensei: “É capaz da Suzana ter necessidade de escrever seu nome em algum lugar”, então lhe disse: “Suzana, o único lugar que é realmente meu nessa casa é o meu escritório. Quero te fazer uma proposta, tu podes escolher a tinta na tua cor predileta e te deixo escrever o teu nome no teto do meu escritório”.
O Senhor nos criou para que nosso nome esteja escrito nas paredes da história. Ele quer que a história se lembre do que você fez por Jesus nessa vida. Deus quer que muitas pessoas sejam tocadas pelo amor de Deus através de você.
Então ela escolheu a tinta vermelha, dei-lhe um pincel, deixei-a no meu escritório e fiquei imaginando como ela escreveria: pequeno, grande? Ela estava sempre encurvada, queria desaparecer, não ser vista pelas pessoas; tinham lhe dito que ela não tinha nenhum valor… Dez minutos depois abri a porta e lá estava seu nome escrito, grande. E alguma coisa mudou na vida de Suzana. Ela se abriu de maneira nova e vi a mudança na sua vida. E depois disso, eu sempre dizia nos encontros em que pregava: “Dêem uma parede da casa de vocês para seus filhos escreverem, desenharem, fazerem o que quiserem. Quando crescerem, talvez se encontrem em algum momento desencorajados, então vocês podem lhes mostrar a parede e lhes dizer: ‘Vocês são assim’. E quando se mudarem, levem a parede para mostrar a seus filhos quando precisarem de um estímulo”.
Aconteceu que tive de me mudar. E fiquei no dilema sobre levar o teto com o nome de Suzana. Eu pensava: “Quando Suzana estiver triste, vou precisar mostrar esse teto a ela e dizer: ‘Suzana, você é livre, o Espírito Santo habita em você. Você pode viver a alegria do Espírito. Pode ter parresia, viver a experiência de Deus em público’”. Então decidi levar o teto. Peguei uma serra e o cortei. Ficou lá um buracão e precisei de dois dias para consertar o teto.
Eu trouxe para cá o teto da Suzana e pedi a muitos irmãos da Comunidade Shalom que o assinassem e, se um dia estiverem desencorajados, lhes mandarei o teto da Suzana. O Moysés o assinou. Se um dia ele estiver desencorajado, vou dizer: “O mundo pertence a você, tenha audácia, não fique restrito a alguns países. É preciso estabelecer o Shalom no mundo inteiro. O mundo inteiro precisa deste louvor, desta alegria”.
Então, todo mundo tem que assinar os muros da história. Deus quer nos encorajar e libertar a Suzana que está em nós. Quer que sejamos brilhantes, que transpareçamos o brilho do Espírito Santo. Que ultrapassemos todas as dificuldades da vida e todos os desencorajamentos que nos assolam. Quer que sejamos instrumentos de louvor.
As línguas do Espírito
Por falar nisso, não sei como vou morrer, mas se tiver chance de escolher, quero morrer louvando o Senhor, quero estourar de louvor. Quero ser tão profundamente um instrumento de louvor que meu coração exploda. Quero ser um instrumento de louvor para a glória de Deus. Ele nos criou para louvá-lo, para amá-lo, para rezar com nossa inteligência, para rezar com nosso coração, para meditar o rosário, para louvá-lo numa língua desconhecida.
Vocês cantam no Espírito? Essas palavras maravilhosas do Espírito Santo que brotam nas nossas línguas? O Espírito Santo quer louvar a Deus em nós através da nossa língua, isso é também uma oração do coração. E essas palavras brotam quando pedimos a Jesus que nos encha do Espírito Santo. Ele disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba e os rios de água viva correrão do seu seio”. Do mais profundo do nosso espírito, o Espírito Santo começa a subir, subir, subir da nossa voz e nesse tempo de louvor louvamos a Deus com línguas que não entendemos intelectualmente.
É preciso deixar o Espírito Santo fluir do mais profundo do nosso ser. Deus quer nos “equipar” para a oração. Nós precisamos da oração do coração, que é o Pai-nosso, o rosário, o movimento e as línguas. Abramo-nos e peçamos ao Senhor a graça para vivermos o que Ele quer de nós!
*Palestra ministrada no Fórum Carismático Shalom 2003. Mantido o tom coloquial.
Richard Borgman
Fonte: Comunidade Shalom
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