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Graças obtidas por Jacinta

Era de fato um pequeno anjo nesta terra, para o qual se voltavam os necessitados, na esperança de que sua intercessão lhes alcançasse do Céu uma graça, um socorro, uma misericórdia.

 

 

Certo dia, passeava ela pelo caminho de Aljustrel quando veio ao seu encontro uma pobre mulher a qual, chorando, ajoelhou-se diante dela, pedindo-lhe que lhe obtivesse de Nossa Senhora a cura de uma terrível doença. A pastorinha, ao ver à sua frente uma mulher de joelhos, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trêmulas para a levantar. Mas, vendo que não era capaz, ajoelhou-se também e rezou com ela três Ave-Marias. Depois, pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la. E não deixou de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum tempo, a mulher tornou a aparecer para agradecer à Santíssima Virgem a sua cura.

Outra vez, veio procurá-la um soldado que chorava como uma criança. Tinha recebido ordem de partir para a guerra e, se fosse, deixaria a sua mulher doente, de cama, e três filhinhos. Ele pedia, ou a cura da mulher, ou a revogação da ordem. Jacinta convidou-o a rezar com ela o Terço. Depois disse-lhe:

– Não chore. Nossa Senhora é tão boa! Com certeza vai lhe dar a graça que pede!

Depois disso, não se esqueceu mais do seu soldado, rezando todos os dias uma Ave-Maria por ele. Passados alguns meses, o soldado aparece com sua esposa e seus três filhinhos, para agradecer as duas graças recebidas. Devido a uma febre que tivera na véspera de partir, se vira livre do serviço militar, e sua esposa “tinha sido curada por milagre de Nossa Senhora”…

Fato mais belo é a conversão de uma pecadora, tocada pelo exemplo de Fé e virtude dado pela pequena Jacinta. Essa pobre mulher se acostumara a insultar os três pastorinhos, sempre que os encontrava. Um dia, quis também agredi-los. Ao se afastarem dela, Jacinta disse a Lúcia:

– Temos que pedir a Nossa Senhora e oferecer-Lhe sacrifícios pela conversão desta mulher. Diz tantos pecados que, se não se confessar, vai para o Inferno.

Dali a alguns dias, brincavam e corriam em frente à porta da casa dessa mulher quando, de repente, Jacinta pára e pergunta à prima:

– Olha! É amanhã que vamos ver Nossa Senhora?

– É sim.

– Então não brinquemos mais. Façamos este sacrifício pela conversão dos pecadores.

E, sem pensar que pudesse estar sendo vista, levantou as mãozinhas e os olhos ao Céu, e fez o oferecimento.

Mal sabia ela que uma pessoa a observava, escondida atrás da porta: era a tal mulher. Esta, pouco depois, procurava a mãe de Lúcia, dizendo-lhe que a tinha impressionado tanto aquela ação de Jacinta, que não precisava de outra prova para crer na realidade das aparições. Dali em diante, não só deixou de insultar os pastorinhos, como lhes pedia continuamente que rogassem por ela a Nossa Senhora, para que lhe perdoasse os seus pecados.

Assim, ainda em vida, Jacinta ia alcançando o que tanto desejava, aquilo por que tanto ardia seu coração inocente, isto é, a conversão dos pecadores.

(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria – Monsenhor João Clá)

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E Nossa Senhora voltou!

Era 13 de agosto de 1917, dia marcado para mais uma aparição daquela “linda Senhora”. Os três pastorinhos, entretanto, suportaram heroicamente terrível provação.

Toda manhã, logo ao nascer do sol, Lúcia dos Santos e seus primos Francisco e Jacinta Marto saíam a pastorear as ovelhas na ensolarada Serra. Até que um dia… lhes apareceu uma “Senhora toda vestida de branco”, que alterou sua tranqüila rotina.

Embora, exteriormente, pouca coisa tenha mudado na vida dessas três crianças, interiormente suas almas sofreram profunda transformação: seus pensamentos refletiam o pedido urgente de Nossa Senhora por orações, penitência e conversão.

Sacrifícios pela salvação dos pecadores

Jacinta, que era a personificação da felicidade e da vitalidade, parava com freqüência no meio de um jogo e, com olhar sério, dizia: – São tantas pessoas caindo no inferno!!! São tantas pessoas no inferno!!! Sua prima mais velha procurava tranqüilizá-la: – Jacinta, não tenha medo, pois você vai para o Céu.

– Sim, sim, eu vou, mas gostaria que todas essas pessoas também fossem.

E Francisco, que se tornara muito contemplativo, assim manifestava o desejo profundo de seu coração: – Tenho pensado muito em Deus, que está tão triste por causa de tantos pecados! Se eu pudesse dar-Lhe alguma alegria! Lúcia, mais dotada de senso prático, fez uma proposta:

– Olhem para este velho pedaço de corda; é pesado e machuca. Talvez pudéssemos usá-lo em nossas cinturas como sacrifício! Sua tranqüila existência de crianças do campo passou a ser incomodada por interpelações da parte de incrédulos, e mesmo pessoas de Fé as importunavam com perguntas disparatadas sobre as aparições… Elas sentiam-se molestadas por esses interrogatórios, mas, após refletirem um pouco, perceberam que poderiam também oferecer esses difíceis encontros como sacrifício pelos pobres pecadores.

Com isso, ficou de certa forma resolvido o problema de seu desejo de fazer penitência.

13 de agosto: uma surpresa

Na casa de Francisco e Jacinta, os pequenos videntes se preparavam para fazer sua caminhada à Cova da Iria, onde Nossa Senhora havia aparecido nos três meses anteriores sobre a pequena azinheira.

De repente, notaram ali a presença não-desejada do Administrador da cidade de Ourém, Artur de Oliveira Santos, um corpulento e insolente latoeiro que havia negligenciado seus deveres religiosos para fazer carreira política e alinhava-se com a corrente anti-católica em Portugal.

Lúcia já o conhecia.

Poucos dias antes, ele a tinha intimado para um interrogatório em tom amedrontador.

Prometer-lhe-ia ela não retornar à Cova da Iria? Contar-lhe-ia o segredo que Nossa Senhora lhe revelara em 13 de julho? Obtendo para cada pergunta apenas um categórico “Não!”, ele a mandou embora, fazendo-lhe uma ameaça: “Se não me revelares o segredo, condeno-te à morte!” Agora estava ele ali de novo, já dentro da casa.

Marto, pai dos dois pequenos, estava trabalhando no campo e foi chamado às pressas. Ao chegar, deparou- se com o imprevisto visitante: – Ah, então, é o Senhor Administrador? – Sim, sou eu; também quero testemunhar esses milagres.
Em tom insinuante, acrescentou o latoeiro: – Vamos todos juntos… Levarei os pequeninos comigo na carroça. Ver para crer, como São Tomé! A propósito, onde estão as crianças? Estamos atrasados, é melhor chamá-las.

Elas recusaram o “amável” convite.

Mas o Administrador murmurou algo sobre passar antes pela casa do Pároco de Fátima, que também tinha algumas perguntas a fazer aos videntes.

Atônitos, estes se viram colocados na carroça que logo desapareceu levantando uma nuvem de poeira. Passaram primeiro na casa do Pároco e, ao retornarem à carroça, viram Artur chicotear afoito os cavalos, mas tomando um rumo inesperado.

– O senhor está indo para o lado errado! – gritou Lúcia.

Ele sabia exatamente para onde ia, e tomou a estrada de Ourém. Era um seqüestro! Lá chegando, reteve os três pastorinhos em sua própria residência.

Revelar o segredo, nunca!

Estes estavam angustiados, principalmente por se lembrarem de que naquela hora deveriam encontrar-se com Nossa Senhora na Cova da Iria.

Francisco foi o primeiro a recobrar-se.

“Talvez Nossa Senhora vá nos aparecer aqui” – disse esperançoso. Nada aconteceu. A hora do almoço passara.

Jacinta rompeu em lágrimas quando a última esperança de aparição de Nossa Senhora os abandonou.

– Nossos pais jamais nos verão novamente! Não saberão onde estamos – lamentou-se.

– Não chore, Jacinta.

Vamos oferecer isso a Jesus pelas almas dos pobres pecadores, tal como Nossa Senhora nos pediu – disse- lhe o irmão.

Elevando os olhos ao céu, ele fez seu oferecimento: “Meu Jesus, isto é por seu amor e pela conversão dos pecadores!” – E pelo Santo Padre também – soluçou Jacinta.

Passaram, assim, um dia de incertezas e sofrimento.

Na manhã seguinte o Administrador conduziu as crianças à prefeitura, e foi direto ao assunto.

Após longo interrogatório – onde elas reafirmaram que viram a bela Senhora e que Ela lhes havia revelado um segredo – ele passou a ameaçá-las… com prisão perpétua… tortura e morte! Mesmo assim, elas se recusaram a revelar o segredo.

Na prisão, com os criminosos

O Administrador comunicou-lhes então que o tratamento doce havia acabado, e, chamando os guardas, mandou levá-las à cadeia. Estas inocentes crianças, naturalmente, nunca tinham visto o interior de um cárcere.

E este realmente era terrível: frio, úmido e repleto de todo tipo de criminosos.

– Quero ver minha mãe! – queixou- se Jacinta, quando acabou de entrar.

Francisco a encorajou: – Então você não quer oferecer este sacrifício pela conversão dos pecadores, pelo Santo Padre e em reparação pelos pecados contra o Imaculado Coração de Maria? – Sim, eu quero, eu quero.

Um dos detentos deu-lhes um conselho: contem ao Administrador o segredo, já que ele quer tanto conhecê-lo! – Prefiro morrer! – respondeu Jacinta energicamente.

Os pastorinhos decidiram então aguardar pelo seu destino rezando o Terço. Jacinta tirou de seu pescoço uma medalha e pediu a um preso que a pendurasse em um prego na parede.

Alguns dos detentos, que possivelmente há muito já se haviam esquecido da religião, se juntaram vacilantes às orações dos pequeninos.

Francisco se aproximou de um deles e calmamente lhe disse que, se quisesse rezar, seria mais apropriado retirar seu gorro. O homem assim o fez, arremessando o gorro no chão. Francisco o apanhou e colocou sobre um banco, em cima do seu próprio gorro.

Com consciências tranqüilas e paz de alma, as crianças se esqueceram por algum tempo do perigo em que se encontravam. Um dos encarcerados tinha um pobre instrumento musical, e assim eles entoaram juntos alguns cânticos folclóricos, que soavam no mínimo incomuns, naquele inóspito lugar.

O caldeirão de azeite fervente

Esta cândida cena foi abruptamente interrompida pelo abrir de porta e a ordem seca de um policial: “Sigam-me!” Pouco depois elas se encontraram uma vez mais diante do Administrador.

Este as intimou de novo a lhe revelarem o segredo, e obteve como resposta apenas o silêncio. Pronunciou então terrível “sentença”: – Pois bem, eu tentei salvá-los, mas, já que vocês não querem obedecer ao governo, serão lançados vivos no caldeirão de azeite fervendo.

Toda a fisionomia e modos do brutal latoeiro-administrador eram os de um homem determinado a cumprir a ameaça. Podemos imaginar a conversa que se seguiu: – O óleo já está fervendo? – perguntou a um dos guardas.

– Sim, senhor Administrador, está.

– Pegue esta, então, e jogue-a no caldeirão.

Isto dizendo, apontou para Jacinta, que estava decididamente disposta ao martírio. Lúcia começou a rezar com fervor.

Francisco implorou a Nossa Senhora que desse a Jacinta coragem para morrer sem trair o segredo.

Nenhum deles tinha dúvida de estar em sua última hora de vida. Algum tempo depois retornou o policial, anunciando:

– Um já está completamente cozido.

O próximo a ir foi Francisco, deixando na sala somente Lúcia e o Administrador.

– Depois dele será você… É melhor contar-me o segredo.

– Prefiro morrer também.

– Que seja então.

Mais algum tempo de angústia e voltou o mesmo policial, tomou Lúcia pelo braço e a conduziu por um corredor até uma outra sala… onde Jacinta e Francisco se encontravam sãos e salvos. Nem precisamos dizer com que alegria e surpresa eles se entreolharam.

Sim, Nossa Senhora voltou!

Após reter os pastorinhos por três dias, fosse em sua residência, fosse na prefeitura ou na cadeia pública, o Administrador não teve remédio senão admitir a derrota e enviá-los de volta a Fátima. Era 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora.

Naquele mesmo dia 15, tendo ido Lúcia, com Francisco e um outro primo, apascentar as ovelhas, ela percebeu uma súbita mudança na atmosfera, o sinal que geralmente precedia as visões sobrenaturais. Lúcia mandou o outro primo ir rapidamente chamar Jacinta e, alguns minutos depois, fulgurou no céu um relâmpago, exatamente como acontecera antes das outras vindas de Nossa Senhora. Jacinta veio correndo ao encontro deles, esbaforida.

De repente estava de novo diante deles aquela carinhosa figura! Sim, Nossa Senhora tinha voltado…

(Elizabeth MacDonald – Revista Arautos do Evangelho, Ag/2005, n. 44, p. 38 a 40)

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A intercessão de Nossa Senhora na hora da morte

 

“Rogai por nós pecadores, agora… e na hora de nossa morte”. Qual a razão de tanta insistência em pedir que Maria nos assista no fim de nossa vida?

 

Na oração que tantas vezes dirigimos a Nossa Senhora há duas partes distintas, as quais convém analisar: uma diz respeito ao presente, a outra ao futuro. A primeira muda continuamente no que diz respeito ao tema do pedido; a segunda não varia, roga sempre a mesma graça.

Rogai por nós agora é o pedido da hora presente, cujo objeto será diferente conforme nossas necessidades.

Por vezes será a solicitação de uma graça protetora, outras vezes de consolo, às vezes de alívio e de cura de alguma enfermidade.

Mas, rogai por nós na hora de nossa morte diz respeito ao futuro, e é sempre o mesmo pedido que fizemos ontem, fazemos hoje, repetido 200 vezes no Rosário, e voltaremos a fazer amanhã, se Deus nos conceder um novo dia e se nele rezarmos a Saudação Angélica.

Então, por que a Santa Igreja, por meio da Ave Maria, oração quotidiana e familiar a todos os cristãos, até mesmo aos mais indiferentes, formulou este pedido: Rogai por nós na hora de nossa morte? Só pode ser por razões muito dignas de sua sabedoria; é porque na hora da morte a intercessão da Santíssima Virgem Maria nos é soberanamente necessária e em extremo eficaz.

 

Necessidade da assistência de Maria nos derradeiros momentos

Para compreender bem quão necessária é a assistência de Nossa Senhora em nossos derradeiros momentos, deve-se lembrar que a hora da morte é propriamente a hora decisiva e difícil entre todas. Nela será fixado nosso destino para toda a eternidade. Quando cai uma árvore, à direita ou à esquerda, lá onde cai, fica, bem diz o Eclesiastes (11, 3). Se cair para o lado certo, se morrermos na graça de Deus, seremos felizes para sempre; mas se cair do lado errado, se morrermos na inimizade de Deus, nosso lugar será junto aos réprobos. A hora da morte é a hora do combate supremo. Se triunfarmos do demônio, todas as nossas derrotas passadas serão reparadas, seremos vitoriosos para sempre, tomaremos lugar entre os eternos triunfadores e o Rei do Céu nos cingirá com a coroa da glória eterna.

Vejamos o bom ladrão. Sua vida estava manchada por vários crimes. Tinha sido um infame criminoso que tingiu suas mãos no sangue de irmãos; alguns instantes antes de morrer, se arrependeu, foi perdoado, seus crimes foram apagados e – qual piedoso ladrão do Céu, como é chamado -, por um instante de sincera penitência, foi compartilhar as alegrias do Paraíso com os patriarcas e os profetas que passaram a vida inteira na prática de boas obras.

 

Se, pelo contrário, no último momento, nosso inimigo, o demônio, triunfar sobre nós, nossas vitórias já adquiridas, por mais numerosas ou retumbantes que tenham sido, nos serão inúteis. Nossas boas obras, embora tivéssemos vivido como justos durante longos anos, estariam perdidas para sempre e se volatilizariam como simples nuvem dispersa pelo vento. Ficaríamos como navegadores que, após triunfarem sobre várias tempestades em alto mar, vêm soçobrar no próprio porto de chegada.

 

Uma trágica defecção de última hora

Lembremos-nos da história dos 40 mártires de Sebaste. Eram 40 soldados que, juntos, nas tropas do exército romano, travaram inúmeros combates nesta terra, além de ganharem combates no Céu, pela prática das virtudes cristãs, sob o estandarte de Jesus Cristo. Para defenderem a Religião, compareceram diante do tribunal de seus perseguidores, confessando valentemente sua fé, sem se deixarem intimidar por ameaças nem seduzir por promessas. Foram todos jogados no calabouço e condenados a morrer num lago gelado. Os anjos já os sobrevoavam, trazendo nas mãos as coroas destinadas a esses gloriosos atletas, quando um deles, vencido pelo frio, saiu do lago para um banho de água morna preparado com vistas à desistência de algum deles. Pouco depois ele morreu (devido à mudança brusca de temperatura), perdendo por um instante de fraqueza os frutos de uma longa vida passada no exercício das virtudes, os méritos reluzentes de sua confissão de fé e a glória de um martírio quase consumado, deixando seus companheiros imersos na incomparável dor de sua defecção.

A hora da morte é uma hora decisiva, mas é também uma hora difícil.

 

Angústias dos moribundos

Como são atrozes as angústias dos moribundos, que não tenham perdido completamente a fé, quando os remorsos da consciência, o temor do julgamento iminente e a incerteza quanto à salvação eterna se unem para enchê-los de perturbação e pavor! Os demônios redobram de raiva para agarrar essa presa que lhes escapa. Acorrem numerosos em torno da cama do doente para tentar um supremo esforço.

Pudesse ainda o moribundo reagir na plenitude de suas forças! Mas não pode! Nunca terá sido atacado com tanta violência e jamais esteve tão fraco para se defender. A deficiência do corpo provoca um desastroso contragolpe na alma. A imaginação fica de todo desordenada. É como se fosse um campo aberto que os animais selvagens – melhor seria dizer fantasmas dos mais lúgubres e dos mais espantosos – atravessam livremente em todas as direções. O espírito fica repleto de trevas, a vontade sem energia e cheia de languidez.

 

Necessidade imperiosa do auxílio de Deus na hora da morte

Como o socorro de Deus é necessário nessa hora! Quão indispensável é a graça divina para perseverar! Entretanto, a graça, sobretudo a graça da perseverança final, é um dom de Deus que não nos é dado merecer, mas podemos obter infalivelmente pelas nossas orações.

Ora, como por um privilégio todo especial de Deus, o qual quer assim honrar sua Mãe, a Santíssima Virgem é a Medianeira obrigatória por cujas mãos todos os favores do Céu devem passar, a Ela é que devemos pedir esta graça das graças.

Compreendamos então por que a Santa Igreja nos leva a pedir tantas vezes a assistência de Maria Santíssima para hora de nossa morte. Compreendamos também o motivo pelo qual ela nos incita a repetir todos os dias: Santa Maria, rogai por nós na hora de nossa morte.

 

Nessa hora, intercessão infalível de Maria Santíssima

A intercessão de Maria Santíssima nos é tão necessária quanto eficaz nessa suprema e solene circunstância. Como são felizes as almas assistidas por Maria nessa hora! Elas não podem perecer. Ainda que estejam cativas da tirania do demônio, esta boa Mãe romperá seus grilhões e lhes obterá os frutos benfazejos de uma sincera conversão, instando-as a fazerem verdadeira penitência. Lá estará Ela perto de seu leito de dores, como uma mãe à cabeceira do filho moribundo, dissipando suas angústias, acalmando suas dores, adoçando suas penas, proporcionando uma santa paciência e tomando sua defesa ante os ataques furiosos e múltiplos do espírito das trevas.

Quando chega a derradeira hora de algum devoto de Nossa Senhora, diz São Boaventura, esta boa Mãe lhe envia os espíritos angélicos que estão às suas ordens, juntamente com São Miguel, seu chefe. E Ela, que é o flagelo do inferno – como diz São João Damasceno – Ela que tem, por missão, o ódio à serpente infernal, lhe faz sentir, sobretudo quando algum de seus devotos vai abandonar este mundo, todo o seu vitorioso poder. Ela é para o demônio, nessa ocasião, terrível como um exército em ordem de batalha. Torna-se contra ele como essa torre da qual fala o Cântico dos Cânticos, onde mil escudos estão levantados com as armas dos mais valorosos.

Não, um servidor de Maria não pode perecer! – declara São Bernardo.

Não, aquele por quem Maria se dignou rezar não pode mais ter dúvida de sua salvação e de sua ida à glória do Céu! – diz Santo Agostinho.

Não, aquele pelo qual Maria rezou uma vez não perecerá! Não, quem recitou piedosamente todos os dias a Ave Maria não será abandonado na última hora! – exclama também Santo Anselmo.

Esta oração possui todas as qualidades capazes de torná-la infalivelmente vitoriosa.

Primeiro lugar, ela é santa em sua motivação. Com efeito, o que pedimos por ela? A perseverança final “na hora de nossa morte”.

Depois, ela é humilde. Por ela confessamos a Maria Santíssima nossa miséria, revestindo-nos de um título que nos convém tão bem: “pobres pecadores”.

Ela é também confiante, pois nos dirigimos à mais poderosa intercessora que possa haver, Àquela que é chamada de “Onipotência suplicante”, em vista de sua santidade proeminente e de sua dignidade incomparável de Mãe de Deus: “Santa Maria, Mãe de Deus”.

Esta oração é perseverante. Qual oração pode ser mais perseverante? Ainda que, por suposição, só rezássemos uma Ave Maria por dia, quantas vezes durante nossa vida teríamos pedido a Ela para interceder por nós na hora da morte? E como será então se rezarmos ao menos uma dezena do Rosário? Mais ainda se tomarmos o costume de rezar diariamente um terço inteiro? Será possível que Maria Santíssima, tão zelosa de nossa salvação, não nos ouça? Não! Isso é impossível! A isso se opõem as promessas, os juramentos de Jesus Cristo Nosso Senhor relativos à oração, assim como a bondade e a ternura de sua Mãe Santíssima.

Tomemos, pois, a resolução de rezar todos os dias de nossa vida, com uma nova fé, uma nova confiança e um novo cuidado, esta curta mas tão bela e eficaz oração da Ave Maria. Assim obteremos a cada dia aquelas graças particulares das quais precisamos e, sobretudo, a graça necessária no fim da vida, a maior delas, a mais importante de todas as graças, a graça da perseverança final.

 

Santo André Avelino

Segundo se narra, na hora da morte de Santo André Avelino, um grande servo de Maria, seu leito estava envolto por mais de dez mil demônios; durante sua agonia, ele teve de travar contra o inferno um combate tão terrível que deixou estupefatos todos os religiosos ali presentes. Viram seu rosto decompor-se e ficar lívido. Ele tremia em todos os seus membros, rangia os dentes, lágrimas abundantes corriam-lhe pela face, testemunhando a violência do assalto ao qual estava sujeito. O espetáculo arrancou lágrimas de todos os assistentes. Cada qual redobrava as orações e tremia por si, ao ver um santo morrer dessa maneira. Uma única coisa consolava os religiosos: o moribundo muitas vezes voltava o rosto para uma imagem da Virgem, indicando assim pedir seu socorro e lembrando- lhes ter dito várias vezes durante a vida que Maria Santíssima seria seu refúgio na hora da morte.

Afinal, aprouve a Deus pôr um término a esse combate, outorgando ao santo a mais gloriosa vitória. As agitações cessaram, o rosto do moribundo retomou sua serenidade primeira; viram- no permanecer tranqüilo, mantendo o olhar em direção à imagem, inclinar-se em sinal de reconhecimento e, em seguida, expirar docemente nos braços da Santíssima Virgem, que ele tanto invocara em vida e que vinha fazê-lo sentir sua todo-poderosa proteção naquele supremo momento.

Imitemos a devoção de Santo André Avelino e, como ele, em nossa última hora seremos assistidos e socorridos pela misericordiosíssima Rainha dos Céus.

 

(Tradução, com adaptações, de “L’Ami du Clergé” nº 39, de 23/9/1880)

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Maria, Mãe de Deus

Autor: Diác. Ignacio Montojo Magro, EP (Revista Arautos do Evangelho – Março/2011)

 

A heresia nestoriana e o dogma da Maternidade Divina

 

I – Gênese de uma heresia

“Que ninguém chame Maria de Mãe de Deus: Ela é uma mulher, e é impossível que Deus tenha nascido de uma filha de Adão!”.1 Mal caiu esta afirmação da boca do presbítero Anastásio, um frêmito de surpresa e indignação percorreu a Catedral de Constantinopla. Até então, jamais ocorrera ali que alguém pusesse em dúvida essa verdade na qual tinha crido a Igreja desde havia muito,2 e naquele momento o pregador negava com tamanha empáfia. Filiais e aflitos olhares crivaram então o semblante do Patriarca que, sentado em sua cátedra, devia ser o guardião da Fé. Ele, entretanto, não apenas permanecia em silêncio, mas ainda aquiescia com um enfático movimento de cabeça apoiando a insólita afirmação. O povo, escandalizado, começou a abandonar a catedral.

 

A origem de um Patriarca controvertido

Capital oriental do Império Romano, em Constantinopla mesclavam-se tumultuosamente a controvérsia teológica e as intrigas palacianas, acentuadas pelas características do temperamento oriental. Assim, logo que vagou a Sé Patriarcal em fins do ano 427, as facções representadas na cortepassaram a promover seus respectivos candidatos ao cobiçado posto. Teodósio II, porém, decidiu não prestar ouvidos a nenhum dos partidos e, a fim de evitar discórdias, optou por escolher um estrangeiro. Sua eleição recaiu sobre um monge de Antioquia, excelente orador, dotado de sonora voz e com fama de santidade. Alguns o tinham como um segundo Crisóstomo. Seu nome era Nestório. Infelizmente, a reputação do candidato não correspondia à realidade.

Embora aparentando piedade, zelo e retidão de costumes, o padre Nestório era sedento de adulações e lisonjas. Ocupar tão importante cátedra afagava seus ambiciosos anseios e, por isso, nada mais receber o convite, partiu para a Nova Roma, acompanhado de Anastásio, seu confidente.

No caminho, deteve-se algum tempo com o Bispo de Mopsuéstia, Teodoro, que havia enveredado por sendas tortuosas na especulação teológica, aventando teses cristológicas por demais temerárias.3 E o pensamento heterodoxo de Nestório em matéria de cristologia se originou ou se agravou no convívio com esse prelado. A alegria dos constantinopolitanos pela chegada do novo Patriarca transformou-se logo em temor e desconfiança, pois quem prometia ser um zeloso pastor não tardou em manifestar orgulho e falta de integridade. E o sermão acima referido foi o estopim da nova heresia que o recém-eleito Patriarca disseminaria pelo Oriente cristão.

 

Graves repercussões da nova doutrina

Afirmava Nestório que Maria é mãe apenas da natureza humana de Cristo e por isso deve ser chamada simplesmente Mãe de Cristo (Christotókos). Falar em Mãe de Deus seria, segundo suas palavras, “justificar a loucura dos pagãos, que dão mães a seus deuses”.4 Maria teria dado à luz o homem Jesus no qual o Verbo, o Filho de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, habitara como num templo. Ou seja, em Jesus Cristo haveria duas pessoas, uma divina e outra humana, e não uma só Pessoa divina, com duas naturezas distintas, a divina e a humana, como nos ensina a Doutrina Católica.

Desse enunciado deduzia-se uma série de proposições contrárias à Fé. Em primeiro lugar, as dores da Paixão teriam sido sofridas apenas pela humanidade de Cristo e, portanto, não poderiam satisfazer Deus Pai com méritos infinitos. Assim sendo, não haveria propósito em falar de Redenção, pois “nenhum homem, ainda que o mais santo, tinha condições de tomar sobre si os pecados de todos os homens e de oferecer-se em sacrifício por todos”.5

De outro lado, a expressão “o Verbo Se fez carne” perderia seu sentido, pois, por muito que se afirmasse haver em Cristo a união de duas pessoas, a divina e a humana, não se poderiam atribuir as ações da suposta pessoa humana de Cristo à sua pessoa divina. E várias passagens do Evangelho se tornariam problemáticas, entre as quais a seguinte: “para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te — disse ele ao paralítico —, toma a tua maca e volta para tua casa” (Mt 9,6). Pois, se fosse apenas uma pessoa humana, o Filho do Homem jamais teria esse poder. Também não se compreenderia a resposta de Jesus ao apelo de Filipe

– “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta” –, quando lhe disse: “Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai… Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim?” (Jo 14, 8-10).

 

Semeia-se a discórdia no Oriente católico

De pouco adiantaram a Nestório as caridosas advertências de seus concidadãos e até dos seus irmãos no episcopado, para dissuadi-lo do erro. Pelo contrário, o pertinaz Patriarca condenou publicamente os opositores de suas ideias e fê-los prender e maltratar, acusando-os de promover a desordem pública.

Enquanto isso, uma recopilação escrita das pregações de Nestório espalhava-se pelas demais Igrejas do Oriente, semeando a divisão no povo fiel.

II – O Concílio de Éfeso

A nova heresia não tardou em chegar à Igreja de Alexandria, governada desde o ano 412 pelo Patriarca São Cirilo. Decidido como sempre, ele não demorou em pôr-se a campo para cortar-lhe o caminho. Ao mesmo tempo em que expedia cartas a Bispos, presbíteros e monges reiterando a doutrina sobre a Encarnação do Verbo e a Maternidade Divina, cuidou prudentemente de não alardear os erros e o nome do heresiarca, pois, “movido de intensa caridade”, persistia em “não admitir que alguém pudesse dizer amar mais Nestório do que ele”.6

No fim do ano 429, escreveu-lhe mansamente pela primeira vez, advertindo-o dos rumores que corriam na região acerca de suas doutrinas e pedindo explicações. Não tendo obtido por resposta senão um ácido convite

à moderação cristã, São Cirilo expôs-lhe numa segunda missiva, com luminosa e sobrenatural clarividência, o pensamento universal da Igreja. Nestório, porém, não cedeu, replicando com nova carta contendo o elenco das suas ideias.

Roma entra na disputa

Em vista da inutilidade dos recursos ao seu alcance, só restava a São Cirilo recorrer a Roma e assim o fez, enviando ao Papa São Celestino I um documentado relato da controvérsia com o Patriarca de Constantinopla, no qual figuravam textos das pregações de Nestório, acompanhadas por uma síntese dos seus erros, assim como um florilégio de textos patrísticos em sustento da verdadeira doutrina e cópias das cartas por ele enviadas ao herege.

Nestório, por sua vez, já havia informado o Papa São Celestino I sobre a situação, embora em termos estudadamente ambíguos, com o objetivo de conquistar o seu favor.

Reconhecendo o perigo, São Celestino convocou, no mês de agosto de 430, um sínodo em Roma para tratar deste relevante assunto. Os escritos de Nestório foram cuidadosamente examinados, confrontados com uma longa série de textos dos Padres da Igreja.7 Ante a evidência de heresia, a nova doutrina foi condenada categoricamente.

De próprio punho, o Papa escreveu a Nestório ratificando os ensinamentos cristológicos de São Cirilo e advertindo-o de que incorreria em excomunhão caso não se retratasse por escrito dos seus erros no prazo de dez dias. Também aos principais Bispos do Oriente, ao clero e ao povo de Constantinopla foram enviadas cartas a fim de que, dizia o texto, “fosse conhecida nossa sentença sobre Nestório, ou seja, a divina sentença de Cristo sobre ele”.8

Designado para executá-la em nome do Sumo Pontífice, São Cirilo convocou um sínodo em Alexandria e, em nome dessa assembleia, escreveu nova carta ao heresiarca, expondo de forma assaz detalhada a verdade católica sobre a Encarnação, e enumerando doze erros que Nestório deveria abjurar por escrito, caso quisesse manter-se no redil da Igreja. Era o terceiro e último apelo que lhe fazia à conversão.

Ele, entretanto, valendo-se de sua influência na corte de Constantinopla, tentou obter apoio do Imperador, o qual, para dirimir as contendas e dúvidas, e atendendo a diversos apelos, pensou em convocar um concílio cumênico. O Papa concordou com a decisão imperial e enviou seus legados, dando-lhes instruções muito precisas sobre a postura a ser tomada ante os Padres Conciliares: recomendou-lhes defenderem a primazia da Sé Apostólica, exerceremo papel de juízes impolutose estarem sempre unidos ao zeloso patriarca de Alexandria.

A Fé da Igreja nesse atributo essencial de Maria Santíssima estava em jogo na assembleia, e, como sublinha o historiador jesuíta padre Bernardino Llorca, “a situação era, na realidade, sumamente delicada. O Papa já havia

exarado a sentença contra a doutrina de Nestório, de modo que o concílio não podia senão proclamar essa declaração pontifícia. Qualquer outra conduta podia ocasionar um cisma”

 

O Concílio de Éfeso

Pouco antes de 7 de junho de 431, festa de Pentecostes, começaram a chegar a Éfeso os representantes das várias Igrejas particulares. Entretanto, o atraso dos legados do Papa e de alguns Bispos, motivado pela longa e dificultosa viagem, adiava o início das sessões, concorrendo para diminuir o ânimo de alguns Padres conciliares e causar certa insegurança nos demais.

Enquanto isso, Nestório se afanava em atrair para a sua doutrina os incautos e desavisados, referindo-se despectivamente a São Cirilo como “o egípcio”. Decidiu então o Patriarca de Alexandria abrir sem mais tardança o concílio, valendo-se da autoridade conferida pelo Papa, antes mesmo da chegada dos padres romanos e sem dar ouvidos às enfáticas queixas da facção contrária.

 

A primeira sessão conciliar

Iniciou-se no dia 22 de junho com a proclamação do símbolo de fé niceno-constantinopolitano. Nestório, embora tivesse sido convocado a estar presente, enviou mensagem dizendo que não compareceria enquanto não chegassem todos os Bispos. O Concílio, porém, prosseguiu seus trabalhos com a leitura das doutrinas contidas nas cartas trocadas entre São Cirilo e o heresiarca. À leitura da defesa do Patriarca alexandrino, estrugiram prolongados e calorosos aplausos, sendo sua missiva declarada ortodoxa e conforme o símbolo de Niceia, enquanto a de Nestório foi reprovada como ímpia e contrária à Fé Católica. Completaram-se os trabalhos e os estudos conciliares, lendo-se a sentença exarada pelo Papa no Sínodo de Roma e uma longa série de textos patrísticos alicerçando a posição católica Infrutíferos foram os esforços para reconduzir Nestório à casa paterna.

A todos os enviados do Concílio que procuraram dissuadi-lo do erro, expulsou-os grosseiramente de sua presença. Em vão. Sobre ele recaiu o anátema: “Nosso Senhor Jesus Cristo, por ele blasfemado, estabeleceu, pela boca deste santíssimo Sínodo, que o mesmo Nestório está excluído da dignidade episcopal e de todo e qualquer colégio sacerdotal”.10

 

Júbilo na cidade abençoada pelos passos de Maria

Os fiéis de Éfeso — cidade na qual, segundo a tradição, Maria Santíssima havia residido — exultaram ao ser anunciada a sentença definitiva reafirmando a doutrina da maternidade divina. Todos acorreram à Igreja de Santa Maria aos brados de “Theotókos!”, a fim de festejar a decisão, como narra Pio XI em sua encíclica comemorativa do 15º centenário do mencionado Concílio: “O povo de Éfeso estava tomado de tanta devoção e ardia de tanto amor pela Virgem Mãe de Deus que, tão logo ouviu a sentença pronunciada pelos Padres do Concílio, aclamou-os com alegre efusão de ânimo e, provendo-se de tochas acesas, em multidão compacta os acompanhou até suas habitações. E certamente, a própria grande Mãe de Deus, sorrindo suavemente do Céu ante tão maravilhoso espetáculo, retribuiu com coração materno e com seu benigníssimo auxílio os seus filhos de Éfeso e todos os fiéis do mundo católico, perturbados pelas insídias da heresia nestoriana”.11

 

Revolta e confusão

Porém, numa missiva dirigida ao Imperador, assinada por mais seis outros Bispos, Nestório levantou objeções à sua condenação. Junto com João — Patriarca de Antioquia, que não chegara a tempo de participar do Concílio — reuniu-se em conciliábulo com a minoria dos Bispos contrários à decisão de São Cirilo de iniciar os trabalhos sem esperar pelos retardatários. Declararam depostos de suas sedes episcopais São Cirilo e Memnon, Bispo de Éfeso, e exigiram de todos os outros Bispos que se retratassem no tocante aos doze anátemas. No entanto, essa reduzida assembleia não tentou reabilitar Nestório, pois João de Antioquia, embora seu amigo, o considerava culpado de heresia.12

O Imperador Teodósio II, confuso ante as notícias contraditórias que lhe enviavam de Éfeso, emitiu um edito proibindo os prelados de regressarem a suas cidades antes de ser feita uma investigação sobre todo o sucedido. A ordem imperial regozijou o partido dos hereges, os quais se julgaram sob o amparo da autoridade temporal e, em consequência, autorizados a tomar toda sorte de medidas arbitrárias. Essas iam desde a tentativa de sagrar um novo Bispo de Éfeso até o uso de violência física contra o povo miúdo, indignado com o rumo que tomavam as coisas, e mesmo contra alguns Padres Conciliares. Entretanto, tais manifestações de prepotência e de injustiça não iriam durar.

 

A decisão final

Os legados pontifícios chegaram finalmente a Éfeso, e o Concílio, sob a presidência de São Cirilo, representando o Sumo Pontífice, iniciou sua segunda sessão em 10 de julho. Os enviados papais traziam uma carta de São Celestino, datada do mês de maio, pedindo à magna assembleia que promulgasse a sentença proferida pelo Sínodo romano contra o Patriarca de Constantinopla. Vendo claramente expressa a vontade de Deus na decisão pontifícia, todos  os Bispos presentes exclamaram:  “Este é o justo julgamento! A Celestino, novo Paulo, a Cirilo, novo Paulo, a Celestino, guardião da Fé, a Celestino, concorde com o Sínodo, a Celestino todo o Concílio agradece: um só Celestino, um só Cirilo, uma só Fé do Sínodo, uma só Fé no mundo inteiro!”.13

As atas da primeira sessão, depois de examinadas e confirmadas, foram lidas em público. Segundo os belos termos de Rohrbacher, nessa segunda reunião respirou-se “todo o perfume da santa antiguidade: o espírito e fé, de piedade, de santa polidez; o espírito de união com o Sucessor de Pedro; o espírito de amor e de submissão filial para com sua autoridade, em suma, o espírito da Igreja Católica”.14

Nas sessões subsequentes tratou-se dos casos de João de Antioquia e de outros dissidentes, os quais foram convocados por três vezes e, em vista de sua recusa a comparecer, foram excomungados. Aprovaram-se também seis cânones nos quais não apenas se renovava a condenação de Nestório, mas também de alguns pelagianos. Encerrado o Concílio em 31 de julho, ficava definida para sempre a doutrina católica sobre a Santa Mãe de Deus.

 

III – Maria é mãe da Pessoa de Cristo

Até aqui acompanhamos os dramáticos lances e o glorioso desfecho dessa histórica polêmica. Cabe-nos perguntarmos agora como explicar essa verdade que nossa Fé afirma e o senso católico proclama em nossos corações: a maternidade divina de Maria Santíssima.

Por que quis Deus ter uma mãe humana? Para abordar adequadamente esta questão, comecemos por lembrar um importante aspecto do plano divino para a Redenção: Nosso Senhor Jesus Cristo, embora pudesse ter escolhido outro meio para Se encarnar, “julgou melhor assumir o homem da própria linhagem que fora vencida para, por meio dele, vencer o inimigo do gênero humano”.15

Assim, da mesma forma que uma mulher, pela sua desobediência, havia cooperado para a ruína do gênero humano, a obediência de uma Virgem cooperaria de forma decisiva para a Redenção. Ora, quando uma mulher concebe um filho e o dá à luz, ela é mãe da pessoa que nasceu, e não apenas do seu corpo. Porque estando alma e corpo substancialmente unidos, ela gera o ser humano completo, ainda que a alma tenha sido criada por Deus.

Maria era, portanto, Mãe da Pessoa de Cristo. E na pessoa divina de Cristo estavam unidas a natureza humana e a natureza divina, desde o primeiro momento do seu ser. Por isso, conclui o Papa Pio XI, “se a Pessoa de Jesus Cristo é única, e esta é divina, sem dúvida alguma Maria deve ser chamada não somente Mãe de Cristo homem, mas Mãe de Deus, Theotókos”.16 A Virgem Maria não engendrou uma pessoa humana à qual, depois, Se uniria o Verbo, como dizia Nestório, mas, pelo contrário, foi o Verbo que “Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14).

A grandeza e profundidade desse atributo de Nossa Senhora foram recentemente postos em realce pelo Papa Bento XVI, ao afirmar: “Theotókos é um título audaz. Uma mulher é Mãe de Deus. Poder-se-ia dizer: como é possível? Deus é eterno, é o Criador. Nós somos criaturas, vivemos no tem po: como poderia uma pessoa humana ser Mãe de Deus, do Eterno, dado que todos nós vivemos no tempo, todos nós somos criaturas?”.

E, discorrendo belamente sobre o Mistério da Encarnação, o Santo Padre responde: “Deus não permaneceu em si mesmo: saiu dele próprio, uniu-se de tal modo, de forma tão radical com este homem, Jesus, que este homem Jesus é Deus, e se falamos dele, podemos sempre falar de Deus. Não nasceu apenas um homem que tinha a ver com Deus, mas nele nasceu Deus na Terra. […] Naquele momento, Deus queria nascer de uma mulher e ser sempre Ele mesmo: nisto consiste o grande acontecimento”.17

Coube ao grande São Cirilo — cuja festa se comemora neste mês de março — “invicto assertor e sapientíssimo doutor da maternidade divina da Virgem Maria, da união hipostática em Cristo, e do primado do romano pontífice”,18 defender a verdadeira doutrina nos tempos da Igreja primeva. Peçamos, pois, sua intercessão para compreendermos amorosamente o dom infinito obtido por Maria pelo seu “fiat” em resposta ao pedido do Pai Eterno (Lc 1, 38) e roguemos a Ela que nos obtenha a inestimável graça de adorarmos seu Divino Filho por  toda a eternidade.

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Novamente está chegando a Quaresma

Autor: Frei Lourenço M. Papin, OP

 

 

No dia 09 de março, a Igreja celebrará a Quarta-feira de cinzas, portal da Quaresma, essa longa preparação para a Solenidade maior e o coração de toda Liturgia que é a Páscoa da Ressurreição.

Este ano a Páscoa ocorrerá adiantada, no dia 24 de abril. Vem-me a mente a nonna Genovefa que dizia: “Quest’anno la Pasqua è alta” (Este ano a Pascoa é alta, ou seja, mais tarde).

Qual o simbolismo das cinzas? Numa perspectiva bíblica, as cinzas significam penitência e conversão. Ao colocar a cinzas sobre as cabeças dos fiéis, o celebrante pronuncia estas palavras de Cristo: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 14b) ou então as severas palavras do livro dos Genesis: “Lembra-te que és pó e ao pó hás de tornar” (Gn 3,19).

As cinzas significam também a pequenez, a fragilidade e a transitoriedade de nossa vida terrena, sem desdenhar, é claro, a grandeza e a dignidade de sermos filhos e filhas queridos de Deus, moradas vivas de Deus, destinados à ressurreição e à imortalidade de nossos corpos.

Vem-me a mente também a nonna Regina que, voltando da Missa da Quarta-feira de Cinzas, trazia consigo um pouquinho de cinzas e reunia os netinhos que, ajoelhados, ouviam suas exortações e de suas mãos recebiam a cinza em suas cabeças. Alias, essa lembrança de criança inspirou-me a “Cerimonia Doméstica das Cinzas”, para tantas pessoas que não puderam participar da celebração litúrgica desse dia.

Assim, com esse toque litúrgico realista, a Igreja vai iniciar a Quaresma.

Nos primeiros séculos da Igreja, Quaresma era a etapa final da preparação dos adultos para o Batismo. Sabemos que, após uma séria e prolongada preparação (ou catecumenato), os batizandos eram admitidos, no inicio da Quaresma, ao Batismo que iriam receber na noite da Vigília Pascal. Consta que no tempo das perseguições do Império Romano, as pessoas antes do Batismo se comprometiam a derramar seu sangue se fossem identificadas como cristã pelas autoridades romanas.

No decorrer dos séculos, essa práxis pastoral-litúrgica foi se modificando. A Quaresma, todavia, ainda se caracteriza pela sua tônica batismal que culmina com a noite da Vigília Pascal que é uma celebração eminentemente batismal.

A Quaresma, portanto, torna-se um convite para repensarmos, revivermos e reavivarmos nosso Batismo, nossa vocação primeira, pelo qual nascemos para uma vida nova, nos tornamos filhos queridos de Deus, “participantes da natureza divina”, templos vivos de Deus, com Cristo herdeiros da Vida Eterna.

Podemos chamar a Quaresma de “Kairós”, palavra grega usada por São Paulo na sua segunda carta aos coríntios (2 Cor 6,2) e que significa tempo favorável, tempo propício da graça de Deus.

No sentir da Igreja, Quaresma é tempo favorável sobretudo de conversão em todas as dimensões do pensar e do agir do cristão.

Conversão, mais insistente apelo da Quaresma, é um ensinamento que perpassa toda a Bíblia, particularmente a preparação de Cristo.

Na terminologia da língua hebraica, conversão tem o sentido de mudar de rumo, deixando um caminho errado para tomar o certo. Na língua grega, conversão significa mudar de mentalidade, passando da errada para a certa. Duas concepções de conversão que se integram e que são igualmente sinal de bom senso e sabedoria.

À luz da Palavra de Deus e dos ensinamentos da Tradição Cristã, a Quaresma é um convite para trilharmos os caminhos de Deus e imbuirmo-nos da sua mentalidade.

Como ato e como processo, a conversão é condição indispensável para o amadurecimento humano e cristão e para a mudança moral e espiritual da pessoa, atingindo a família e a sociedade.

Numa visão de fé, conversão é, sobretudo ação de Deus em nós, pressupondo sempre, porém, a livre cooperação da pessoa. O sábio Santo Agostinho (séc. IV) afirmava que ninguém sai de seu pecado por si mesmo, ou seja, ninguém se converte somente por seus próprios méritos e iniciativa.

A conversão, é verdade, comporte sempre renuncias e sacrifícios, mas é portadora daquela alegria e paz que o mundo não pode dar.

Novamente está chegando a Quaresma e o Senhor estará passando no meio de nós. Que nos seja concedida a graça de acolhê-lo alegremente pela nossa conversão.

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Nossa Senhora da Anunciação (25 de março)

 

Nossa Senhora da Anunciação

Este título origina-se na Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria. Este momento marca o início de nossa Redenção com o “sim” de Maria. O enfoque central do culto a Nossa Senhora da Anunciação supera a devoção à Santíssima Virgem e nos remete a Cristo, a Deus que se fez Homem. No momento em que Maria disse: ”Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38), teve início uma nova história para toda a humanidade. Este foi o marco que dividiu a humanidade em antes e depois.

Maria, com sua atitude agiu como nossa co-redentora, e tornou-se a mais humilde e gloriosa de todas as criaturas de Deus.

Oração

Todas as gerações vos proclamem bem-aventurada, ó Maria!
Crestes na mensagem divina e em vós
se cumpriram grandes coisas,
como vos fora anunciado.

Maria, eu vos louvo!
Crestes na Encarnação do Filho de Deus
no vosso seio virginal
e vos tornastes Mãe de Deus.

Raiou, então, o dia mais feliz da história da humanidade
e Jesus veio habitar entre nós.

A fé é dom de Deus e fonte de todo bem,
por isso, ó Mãe, alcançai-nos a graça de uma fé viva,
forte e atuante, que nos santifica cada dia mais.

Que possamos comunicar com a vossa vida
a mensagem de Jesus
que é o Caminho, a Verdade e a Vida da humanidade.

Amém!

 

Veja mais sobre a Anunciação do Senhor, clique aqui.

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A Ave Maria e suas Bênçãos

Esta saudação celestial atrai sobre nós copiosas bênçãos de JESUS e Maria, pois é uma verdade infalível que JESUS e Maria recompensam ma maneira maravilhosa aqueles que Os glorificam. Eles nos recompensam por cem vezes mais pelos louvores que Lhes rendemos. “Eu amo os que me amam… para enriquecer os que me amam, e encher os seus tesouros.” (Pr 8, 17‑2 1) “Aquele semeia em abundância, também colherá em abundância.” (2 cor 9, 6)

E se rezarmos a Ave Maria devotamente, não se trata isto de amar, bendizer e glorificar a JESUS e Maria?

A cada Ave Maria bendizemos a ambos a JESUS e a Maria: “Bendita sois vás entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, JESUS.”

Através de cada Ave Maria damos a Nossa Senhora a mesma honra que DEUS lhe deu quando Ele enviou o Arcanjo Gabriel a saudá‑la em Nome Dele. Como alguém poderia pensar que JESUS e Maria, que tão comumente fazem o bem àqueles que os amaldiçoam, pudessem amaldiçoar àqueles que os bendizem e honram pela Ave Maria?

Ambos, São Bernardo e São Boaventura dizem que a Rainha dos Céus não é, com certeza menos agradecida e cortês do que aquelas pessoas deste mundo que são graciosas e de bons modos. Ela se excede em todas a perfeições, ela supera‑nos a todos nas virtudes (e principalmente) na virtude da gratidão; logo ela nunca deixaria honrá‑la sem nos retribuir multiplicado por cem. São Boaventura diz que Maria nos cumprimentará com graça se a cumprimentarmos com a Ave Maria.

Quem poderá possivelmente compreender as graças e bênçãos que esta saudação terna e suave à Nossa Senhora produzirão em nós? Do primeiro instante que Santa Isabel ouviu a saudação que a Mãe de Deus lhe dirigiu, ele se sentiu cheia do Espírito Santo e a criança no seu ventre pulou de alegria. Se nos fizermos dignos da saudação e bênção de Nossa Senhora, nós certamente estaremos cheios de graças e transbordantes consolações espirituais nos virão à alma.

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A Ave-Maria e Sua Beleza

Mesmo não havendo nada tão excelso quanto a majestade de Deus e nada tão desprezível quanto o homem enquanto pecador, Deus Todo-Poderoso não despreza as nossas pobres orações. Ao contrário, Ele Se agrada quando cantamos Seus louvores.

A saudação de São Gabriel a Nossa Senhora é  um dos cânticos mais bonitos que podemos cantar à glória do Altíssímo. “Eu te cantarei um cântico novo” (Sl 143, 9). Este novo cântico, que previu e que deveria ser cantado na vinda do Messias, é precisamente a Saudação Angélica

Há um cântico antigo e um novo cântico; antigo é o que os judeus cantaram em gratidão a Deus por tê‑los criado, sustentado sua existência tê‑los livrado do cativeiro, guiando‑os salvos pelo Mar Vermelho, dando‑lhes o maná para comer e por todas as outras bênçãos.

O novo cântico é o que os cristãos cantam em ação de graças por todas as graças da Encarnação, e da Redenção. Como estas maravilhas foram trazidas vela Saudação Angélica, então nós a retimos a fim de agradecer à Santíssima Trindade, por sua bondade imensurável para conosco.

Nós louvamos a Deus Pai porque Ele amou o Mundo de tal maneira que nos deu Seu Filho Unigênito como Salvador. Nós bendizemos o Filho porque Ele se dignou a deixar o Céu e vir à a, porque Ele se fez Homem. Nós glorificamos o Espírito Santo porque Ele formou o Corpo puro de Nosso Senhor no Ventre de Nossa Senhora, este Corpo que se tornou Vítima por nossos pecados. Neste espírito de profunda gratidão devemos, pois, sempre rezar as Ave Marias, proclamando atos de Fé, Esperança, Caridade e ações de graças por este dom inestimável da salvação.

Apesar deste novo cântico ser em honra à Mãe de Deus e ser cantado diretamente a ela, ubitavelmente é muito glorioso à Santíssima Trindade porque os louvores com que honramos a Nossa Senhora inevitavelmente dirigem‑se a Deus que é a causa de todas as suas virtudes e perfeições. Quando nós honramos a Nossa Senhora: Deus Pai é glorificado pois estamos honrando a mais perfeita de suas criaturas; Deus Filho é glorificado pois estamos louvando Sua puríssima Mãe, e Deus Espírito Santo é glorificado pois ficamos, profundamente, em admiração meditando nas graças com as quais Ele cobriu Sua Esposa.

Quando louvamos e bendizemos Nossa Senhora ao rezarmos a Saudação Angélica (Ave-Maria), ela sempre passa estes louvores ao Deus Todo-Poderoso da mesma maneira que ela fez quando foi exaltada por Santa Isabel. Santa Isabel a bendisse por sua elevadíssíma dignidade como Mãe de Deus e Nossa Senhora imediatamente deu louvores a Deus através do seu lindo Magnificat.

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Um Rosário extraviado do bosque

Autora: Irmã Lucia Ordoñez Cebolla, EP
(revista Arautos do Evangelho – Março/2011)

 

 

“Um terço, por mais simples que seja nunca é ordinário!”, repreendeu Mário. “Devemos buscar seu dono, pois deve estar bem triste por havê-lo perdido”.

 

Aquele bosque sempre fora muito atraente! Seu ar de mistério e suas árvores centenárias, cujas as folhas filtravam os raios do Sol, eram um cenário perfeito para o entretenimento dos meninos da aldeia, que gostavam de aventura. Sobretudo nas férias ou fins de semana, via-se grupos deles correndo por todos os lados, perdendo-se em meio às sombras da vegetação, enquanto ecoavam, ao longe, gritos alegres.

Durante a guerra, refugiavam-se ali os soldados da retaguarda. Por isso ficaram, um pouco por toda parte, cartuchos vazios, restos de pólvora e chumbo, e outros apetrechos, tornando o lugar ainda mais atraente para a criançada.

Certo dia, dois amigos, Mário e Alexandre, passeavam entre as árvores busca de alguma novidade. Haviam sido companheiros de escolas e sempre passavam as férias juntos. Mário ainda morava na aldeia, mas Alexandre havia se mudado com a família para a capital. Iam conversando animadamente sobre qual seria seu futuro. Afinal, estavam terminando o colégio e talvez não mais se encontrassem.

– Vou ser médico – disse Alexandre – Já estou estudando para entrar na Faculdade. Quero ajudar às pessoas! Fiquei comovido por ver como sofriam os soldados durante a guerra sem ter um doutor para auxiliá-los. E você, já se decidiu?

– Ainda não… – respondeu Mário.

– Puxa! Mas você já está no último ano. Precisa tomar uma resolução!

– Eu também gostaria de escolher uma profissão para ajudar as pessoas. Mas a medicina não me atrai.

Mário e Alexandre caminhavam devagar e a conversa ia tomando ares de reflexão. De repente, viram  brilhar algo no meio de um arbusto e instintivamente apertaram o passo. Era um Terço de madeira, gasto pelo uso, cuja cruz de metal reluzia à luz do sol.

– Veja, é um Rosário!  Exclamou Mário, pegando-o e logo beijando o crucifixo.

– Ah! É só um terço ordinário… – retrucou Alexandre.

– Um Terço nunca é ordinário, por mais simples que seja! – repreendeu Mário – Devemos buscar seu dono, pois deve estar bem triste por havê-lo perdido.

Alexandre tentou dissuadir o amigo. A aldeia não era tão pequena… e, ademais poderia pertencer a algum dos milhares de soldados que passaram por ali durante a guerra. Mário, então, decidiu leva-la até a Ermida, localizada no centro do bosque, e depositá-lo aos pés de Nossa Senhora. Talvez quem o perdera fosse busca-lo lá e o encontrasse.

Chegando à Ermida. Mário convidou seu amigo para entrar com ele e rezarem juntos a Maria Santíssima, como sempre o fizeram, mas Alexandre não quis acompanha-lo. Preferiu esperar do lado de fora, contemplando as maravilhas da natureza…

Mário entrou e lá ficou. Passaram-se cinco minutos, quinze minutos, meia hora, e nada de ele sair! Impaciente, Alexandre se perguntava o porquê de seu amigo tardar-se tanto tempo lá dentro…

Por fim apareceu. Vinha sorrindo e parecia iluminado.

– Que aconteceu? Por que você demorou tanto? – indagou Alexandre.

– Decidi o que vou ser: sacerdote!

– Como? Que ideia é essa?

– Sim, você será médico de corpos e eu serei médico de almas! Hoje vi claramente diante de Nossa Senhora qual era minha vocação e pedi muito a Ela para me ajudar a entrar logo no seminário e me transformar em um sacerdote santo.

Alexandre não ousou dizer mais nada. Regressaram para a casa de Mário, terminadas as férias cada um tomou o próprio rumo. Alexandre entrou para a Faculdade de Medicina e Mário ingressou no Seminário Diocesano. Os dois perderam o paradeiro um do outro.

Vinte anos se passaram e padre Mário foi designado capelão do Hospital Modelo da capital. Ali se deparou com seu antigo amigo, agora renomado clinico e cirurgião. Havia progredido muito profissionalmente, mas, infelizmente, preocupava-se apenas com assuntos concretos, sem se importar com a vida espiritual.

Um dia, o padre e o médico encontraram-se no quarto de um pobre doente que não parava de gemer. Depois de examiná-lo, o doutor Alexandre disse não entender a razão daqueles lamentos. A doença estava regredindo e não havia causa orgânica para as dores que pareciam atormentá-lo.

– Ai, ai, ai, doutor! E vou morrer… e não terei salvação! – repetia o enfermo angustiado.

O sacerdote se aproximou para procurar animá-lo, exortando-o a ter confiança na Mãe de Deus! E convidou-o para rezarem juntos o Rosário.

– Nem me fale em Rosário!

– Mas por quê? Não há criatura mais doce e bondosa do que Maria…

O pobre homem contou-lhe sua história. Pouco mais de vinte anos atrás fora soldado na guerra. Antes de partir, sua mãe lhe dera um Rosário, fazendo-lhe promoter que o levaria sempre consigo e o rezaria diariamente. Durante algum tempo, o militar atendeu àquele pedido, mas não resistindo à zombaria dos companheiros, ao passar pelo bosque de uma aldeia jogou o Terço num arbusto. Desde aquele dia, a consciência lhe pesas enormemente e não se sentia digno de rezar a Nossa Senhora, nem olhar para uma das suas imagens.

O sacerdote e o médico se entreolhavam estupefatos! A aldeia era sua aldeia da infância, e o Rosário era o que encontraram!

Padre Mário tirou um Terço de madeira do bolso e estendeu-o ao enfermo, dizendo:

– Pois aqui está seu Rosário! Se Maria quis que lhe fosse devolvido, era porque queria manifestar-lhe seu perdão!

A fisionomia do doente se iluminou. O padre narrou-lhe então a cena ocorrida havia vinte anos, e como devia sua vocação sacerdotal àquele Terço que guardara como lembrança da graça recebida e com o qual passou a rezar todos os dias.

O médico ouvia padre Mário, banhado em lágrimas. Percebendo o quanto havia se afastado de Deus, perguntava-se: “De que adianta ser um grande profissional à custa de deixar abandonada a própria alma?”

Médico e paciente pediram a Confissão e recuperaram a paz. O velho soldado logo recebeu alta e saiu do hospital. E doutor Alexandre e padre Mário ainda trabalharam juntos por muitos anos, na mais feliz harmonia: um curava corpos e o outro trazia a saúde às almas.

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Milagres Eucarísticos

A intervenção Divina acontece diariamente em todas as partes do mundo. Algumas são grandiosas, impressionam multidões e revelam a bondade ilimitada do CRIADOR por toda humanidade.

Já conhecemos o maravilhoso milagre de LANCIANO, ocorrido na Itália, no ano 700. Porém, mais de cinqüenta Milagres Eucarísticos, desde o século VIII até nossos dias, são reconhecidos pela nossa Igreja.

 

FERRARA – ITÁLIA – ANO 1171

Este milagre ocorreu na Basílica de Santa Maria in Vado. Propagava-se com perigo a heresia de Berengário de Tours, que negava a Eucaristia. Pe. Pedro de Verona, com três sacerdotes celebravam a Missa de Páscoa; a Hóstia se transformou em carne, saiu sangue que atingiu o altar, cujas marcas são visíveis ainda hoje. (Documentos: Breve do Cardeal Migliatori (1404). – Bula de Eugênio IV(1442), encontrada em Roma em 1975. Em Londres, em 1981, foi encontrado u m documento de 1197 narrando o fato)

 

DAROCA, ESPANHA, ANO 1239

A cidade de Daroca está localizada no nordeste da Espanha e situa-se a cerca de 75 quilômetros de Zaragoza. Esta cidade foi escolhida pelo SENHOR para uma notável manifestação sobrenatural eucarística. Embora tenha toda esta riqueza histórica, o maior tesouro de Daroca é a relíquia dos Sagrados Corporais, que data de 1239, quando aconteceu o milagre. Por aquele ano, a cidade de Valencia estava sob o reinado do Rei católico Dom Jaime, quando o rei sarraceno Zaen Moro decidiu tomar a cidade com tropas que haviam chegado do norte da África. O rei católico vendo as intenções do sarraceno, e sabendo que a força militar espanhola era menor, pediu para oferecer uma Santa Missa ao ar livre, e encorajou os soldados assim como os oficiais, a receberem a Sagrada Eucaristia.

O Rei Jaime assegurou aos militares que se eles fossem fortalecidos espiritualmente com o Corpo do SENHOR, poderiam lutar sem medo porque receberiam a proteção e a ajuda Divina.

Porém, assim que terminou a distribuição da Santa Comunhão, o sacerdote que celebrava a Santa Missa ficou aterrorizado com o estrondo de canhões, os tiros, gritos e toda a confusão que se formou: os Sarracenos fizeram um ataque de surpresa.

Por isso, ao invés de consumir as seis Hóstia Consagradas que restaram, colocou-as, por segurança, entre dois Corporais.

Rapidamente desceu do altar improvisado e colocou-os ocultos sob uma pedra.

Quando os sarracenos se retiraram para agrupar suas forças, os soldados católicos ajoelharam-se diante do altar para dar graças a DEUS por aquela primeira vitória alcançada.

Rapidamente o padre tentou encontrar o lugar onde havia ocultado as Hóstias embrulhadas nos dois Corporais e teve grande dificuldade, porque em face da confusão reinante, esquecera-se onde os pusera.

Mas por fim encontrou os encontrou e apressadamente abriu-os para verificar se estava tudo bem: as seis Hóstias tinham desaparecido, deixando no corporal e em seus lugares, seis manchas de sangue.

Apressado, o sacerdote subiu ao altar improvisado e mostrou aos militares o Corporal manchado pelo Sangue do SENHOR, para reverência e veneração de todos.

Como a celebração da Santa Missa foi realizada no campo, bem distante da cidade de Valência, as três cidades: Teruel, Catalayud e Daroca, começaram a reivindicar que o milagre tinha acontecido dentro de suas jurisdições.

Todas as três queriam ficar com a custódia dos Santos Corporais.

O assunto foi debatido durante muito tempo e depois de muitas palavras, decidiram que a disputa seria resolvida através da sorte.

Embora não fosse um critério comum, foi o escolhido para indicar qual a cidade que ficaria na posse dos Panos Sagrados que os Corporais, devidamente acondicionados e protegidos, seriam colocados sobre uma mula e o animal deveria escolher qual a direção e o caminho a seguir.

E assim foi feito! A mula depois de vaguear e fazer duas pequenas voltas, encaminhou-se para o portão da cidade de Daroca. Então Daroca foi a cidade escolhida. Os habitantes felizes com o desfecho, logo providenciaram a construção de uma Igreja, para ser a depositária dos preciosos Panos de linho. Num altar especial colocaram os dois Corporais dentro de molduras e vidros protetores, a fim de que os fieis pudessem apreciar e venerar às seis manchas com o Sangue do SENHOR . Atualmente a Igreja em Daroca onde estão os Corporais Sagrados é denominada de Igreja de Santa Maria Colegiada, ou simplesmente “A Colegiada”.

Nas paredes foram pintadas cenas admiráveis do milagre, e junto ao altar, existem muitas imagens e estátuas feitas de alabastro, multicoloridas, no estilo medieval.

 

SANTARÉM, PORTUGAL – ANO 1247

Entre os anos 1225 e 1247, havia uma mulher em Santarém que se sentia muito infeliz, porque o seu ma rido lhe era infiel. Querendo salvar o seu casamento, ouviu a sugestão de pessoas amigas, procurou por uma feiticeira que lhe prometeu fazer com que o seu marido mudasse de conduta. Pediu que levasse a ela uma Hóstia Consagrada. Ao ouvir tal pedido ficou espantada, pois bem sabia ser um abominável sacrilégio. Sem nada dizer, retornou para sua casa e ficou a imaginar a possibilidade de alcançar a ambicionada felicidade com seu esposo. Ao receber JESUS Sacramentado na língua, não consumiu a Hóstia. Guardou-a e deixou a Igreja imediatamente, indo para a casa da feiticeira. No caminho, a Partícula Sagrada começou a sangrar. Várias pessoas notaram manchas de sangue em sua roupa e pensaram que ela estivesse com algum problema de saúde como uma hemorragia.

Levou a Hóstia Consagrada para sua casa, envolveu-a num lenço bem limpo e para uma maior proteção envolveu-a com um tecido de linho branco. Colocou-a num baú em que havia em seu quarto. Durante a noite ela e o marido foram acordados por uma radiação clara e luminosa que vinha do baú e iluminava inteiramente o quarto. Espantados e comovidos, viram dois Anjos abrirem o baú e retirarem NOSSO SENHOR EUCARÍSTICO daquele local. Sem palavras e admirados com aquele fato, viram a pequena Hóstia branca bem no meio do lenço aberto.

E diante de tal realidade chorando e arrependida por seu pecado, a esposa contou ao marido toda a verdade sobre o acontecido.

Ambos chorando e emocionados passaram a noite ajoelhados rezando diante NOSSO SENHOR EUCARÍSTICO, suplicando perdão por aquele abominável sacrilégio.

Chamaram o padre, que levou a Hóstia Consagrada em procissão para a Igreja. Por ordem superior, a Partícula foi colocada em cera de abelha e lacrada num recipiente.

Dezenove anos após aconteceu outro milagre.

Um outro sacerdote abrindo o Tabernáculo notou que o recipiente de cera que guardava a Hóstia tinha quebrado o lacre e a Partícula Sagrada se transformara em Sangue do SENHOR, que permaneceu visível dentro de um recipiente cristalino fechado.

As autoridades eclesiásticas para homenagear a Manifestação Divina, mandaram fazer um precioso Relicário onde colocaram o Milagre, que se mantém na Igreja do Santo Milagre, para a visitação e veneração dos fieis.

Desde aquela época até hoje, todos os anos, no segundo domingo do mês de Abril, o Relicário sai em procissão pelas ruas de Santarém, até a casa onde aquela mulher residia.

Na mencionada casa fizeram um respeitoso Altar transformaram a residência em Capela diocesana

 

REGENSBURG, ALEMANHA: ANO 1257

Durante muitos anos havia em Regensburg (antigamente chamado Ratisbon) uma Capela foi entregue à proteção de São Salvador.  No dia 25 de Março de 1255, numa quinta-feira Santa, padre Dompfarrer von Ulrich Dornberg levou o Santíssimo Sacramento para diversos membros de sua paróquia que estava m doentes e, tinha que atravessar um pequeno córrego chamado Bachgasse.

Cuidadosamente colocou o pé numa prancha estreita de madeira que servia como uma ponte, para poder passar para o outro lado, mas perdeu o equilíbrio, caindo de suas mãos o Cibório com as Hóstias Consagradas ,que se espalharam na margem do córrego. Foi com muita dificuldade que conseguiu recolhe-las uma a uma, por causa da lama. Os paroquianos quando souberam do acontecido, decidiram em sinal de reparação ao Santíssimo Sacramento, construir uma Capela no local onde as Hóstias Consagradas ficaram sujas de lama, ainda que o incidente não tenha sido intencional. A construção de uma capela de madeira começou no mesmo dia e foi concluída três dias depois, ou seja, em 28 de março.

O Bispo Albert de Regensburg denominou à pequena estrutura de madeira de Capela de São Salvador e a consagrou no dia 8 de setembro de 1255. O famoso milagre que colocou Regensburg na História da Igreja, aconteceu dois anos depois, exatamente nesta mesma Capela entregue a proteção de São Salvador.

Um padre cujo nome não é conhecido, celebrava a Santa Missa na Capela, em todos os fins de semana, aos sábados e domingos. Todavia duvidara da Presença Real de JESUS na Sagrada Eucaristia. Havia ocasiões em que a crise da falta de fé Certo dia, entrando na Capela para a celebração, sentiu-se meio estranho: uma angústia em seu coração e, ao mesmo tempo, via-lhe um sorriso sarcástico em seus lábios acendendo-lhe ainda mais tal desconfiança. E assim, sem nenhuma fé, passou a celebrar da Santa Missa. Diante do Altar havia um grande Crucifixo onde JESUS Crucificado lhe parecia estar vivo. Um tanto perplexo, passou para o momento da Consagração e, neste momento NOSSO SENHOR da Cruz estendeu a mão e retirou o Cálice das mãos dele. Trêmulo, recuou-se permanecendo estático e assustado, contemplando atentamente o SENHOR. Uma força estranha percorreu todo o seu corpo, fazendo com que ele se prostrasse com os joelhos no chão em sinal de profundo arrependimento, ao mesmo tempo em que grossas lágrimas desciam de seus olhos. Compreendendo a grandeza do pecado que cometera, abaixou a cabeça e interiormente fez uma sincera súplica de perdão. Assim permaneceu por alguns minutos. Depois, pôs a fixar seus olhos em JESUS… até perceber que ELE queria devolver-lhe o Cálice com o Sangue Redentor. Levantou-se e respeitosamente segurou o Cálice que o SENHOR, em Sua bondade, entregou em suas mãos. As pessoas que participavam da Santa Missa ficaram impressionadas e este fato, como não poderia deixar de acontecer, foi divulgado intensamente em todas as partes.

Após a celebração, o sacerdote respeitosamente beijou os pés do CRISTO Crucificado e deixou rapidamente o recinto.

Nunca mais foi visto. Entrou um Mosteiro em Ulms e lá permaneceu recluso até a sua morte.

Depois do milagre multidões de pessoas foram visitar o famoso CRISTO da Capela de São Salvador.

Com as doações reformaram totalmente a Capela reforçando a estrutura e edificando-a com pedras. Em 1267 foi construído um Mosteiro no terreno ao lado da Capela de pedra e ela, foi confiada a Ordem dos Agostinianos Eremitas.

Em 1542 a Capela foi confiscada pelos luteranos e durante séculos passou a ser usada como dormitório.

Contudo, os objetos sagrados e inclusive o CRISTO Crucificado foram salvos e escondidos, graças à coragem e o desprendimento de fieis que verdadeiramente amavam a Igreja.

E em razão da perseguição luterana jamais foi mostrado ao público e por isso mesmo, com a seqüência dos anos, ficou no esquecimento e hoje ninguém mais tem notícia dele.

Por outro lado, depois do longo tempo de ocupação pelos luteranos, a Capela ficou fechada e esquecida. Foi demolida na época da Segunda Grande Guerra Mundial.

 

ORVIETO – BOLSENA – ITÁLIA: ANO 1263

Jesus tinha pedido à Beata Juliana de Cornillon (+1258) a introdução da festa de “Corpus Domini” no calendário litúrgico da Igreja.

O Pe. Pedro de Praga, da Boêmia, estava celebrando uma Missa na cripta de Santa Cristina, em Bolsena quando ocorre o milagre: da hóstia consagrada caem gotas de sangue sobre o corporal…

O Papa Urbano IV (1262-1264), residia em Orvieto e ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto.

O Papa emitiu a Bula Transiturus de mundo, em 11/08/1264, onde prescreveu que na 5ª feira após a oitava de Pentecostes fosse celebrada a festa em honra do Corpo do Senhor. São Tomás de Aquino foi encarregado pelo Papa para compor o Ofício da celebração. Em 1290 foi construída a Catedral de Orvieto, chamada de “Lírio das Catedrais”.

 

HASSELT, BÉLGICA: ANO 1317

Em 1317, um Padre de Viversel que ajudava na cidade de Lummen, foi solicitado a levar o Santo Viático (Sagrada Comunhão minis trada aos doentes e idosos) a um homem da aldeia que estava enfermo.

Levando um Cibório com uma Hóstia Consagrada, entrou na casa e colocou o utensílio sagrado sobre uma mesa enquanto entrou no quarto para conversar com a família e o doente.

Um homem que ali residia, encontrava-se em pecado mortal. Passando pela sala e vendo o Cibório, cheio de curiosidade mas sem fé, removeu a tampa de cobertura e segurou a Hóstia Consagrada.

Imediatamente a Hóstia começou a sangrar. Assustado, jogou a Hóstia dentro do Cibório e saiu apressado. Quando o padre veio pegar o Cibório para ministrar a Comunhão ao doente, encontrou-o aberto!

Surpreso observou também que a Hóstia estava com diversas manchas de sangue. No momento ficou indeciso sobre o que fazer, entretanto logo a seguir, decidiu procurar o senhor Bispo e levar o fato ao seu conhecimento.

O bispo, percebendo em se tratar de uma manifestação eucarística sobrenatural, aconselhou-o levar a Hóstia Milagrosa para um Sacrário na Igreja das freiras Cisterciense em Herkenrode, aproximadamente a 50 quilômetros de distancia, perto de Liege, na Bélgica, fundado no século XII e pertence às freiras Cistercienses.

Por saber sobre a vida de santidade desta comunidade religiosa, o senhor Bispo escolheu aquele local para acolher a Hóstia Milagrosa

A seguir, acompanhado das Irmãs e em procissão entraram na Igreja e aproximou-se do altar. Quando ele abriu o Sacrário para colocar o Cibório com a Hóstia Milagrosa, teve uma visão de CRISTO coroado com espinhos, que também foi visto por todas as pessoas presentes.

NOSSO SENHOR parecia dar um sinal especial de que a vontade DELE era permanecer ali.

Por causa desta visão e da presença da Hóstia Milagrosa, Herkenrode tornou-se um dos lugares mais famosos de peregrinação na Bélgica.

A Sagrada Hóstia permaneceu na Igreja em Herkenrode até 1796, época da Revolução francesa, quando as freiras foram expulsas do Convento. Durante este tempo terrível a Hóstia foi confiada aos cuidados de uma sucessão de diferentes famílias. Conta-se que foi até acomodada numa caixa metálica comum e embutida na parede da cozinha de uma casa. Em 1804 a Hóstia foi removida do esconderijo e levada em solene procissão para a Catedral de São Quintinus em Hasselt. O Templo possui uma bela arquitetura gótica e foi construído no século XIV. Contém pinturas impressionantes dos séculos XVI e XVII que recordam eventos da história do Milagre. Mas muito mais importante que a construção e a beleza da Catedral, é o Relicário com a Hóstia do notável Milagre Eucarístico de 1317 que ela abriga, em esplêndida condição de conservação, num Altar especial a veneração dos fieis.

 

SENA – ITÁLIA: ANO 1330

MILAGRE EUCARÍSTICO DE CÁSSIA

Cássia é um bonito povoado aninhado nas montanhas, na Umbria, Itália, bastante conhecido por sua filha Santa Rita de Cá ssia, cujo corpo repousa na Basílica, mas aqui está também a relíquia do Milagre Eucarístico ocorrido em Siena, Itália, em 1330. Na Capela, debaixo do Tabernáculo, há uma caixa de cristal com os ossos do Beato Simone Fidati, que esteve envolvido no Milagre Eucarístico.

O padre Simone era um sacerdote Agostiniano do século 14 e conhecido, apesar de ser ainda jovem na região, como um homem sábio e santo, Muitos sacerdotes o procuravam para se confessar.

Certa vez, um dos sacerdotes confessou-lhe que havia perdido o respeito pela Eucaristia, ou seja, não acreditava na presença real de Jesus Cristo. Rezava a missa seguindo a rotina por obrigação e afastava-se a cada dia de Deus.

Certo dia recebeu o chamado de um enfermo para receber o Extrema-unção. Deveria levar o Hóstia Santo em um relicário junto ao peito, mas desrespeitosamente colou-a entre as páginas de seu missal. Quando chegou a casa do enfermo, ao abrir o livro, tomou grande susto pois no lugar da Hóstia havia duas grandes manchas de sangue arredondadas.

O sacerdote fugiu em pânico e foi à procura do Beato Simone que ouviu a confissão de seu pecado e do milagre e pediu ao sacerdote as duas páginas de seu missal.

Uma das páginas manchadas de sangue foi colocada no Tabernáculo de Perugia e a outra com a Santa Hóstia aderida à página foi para o mosteiro Agostiniano de Cássia.

O Milagre Eucarístico foi venerado ao longo dos anos no Mosteiro. Em 1930 houve um Congresso Eucarístico em Nurcua, perto de Cássia.

Nessa ocasião a Hóstia milagrosa foi levada em uma Custódia ao Congresso, em homenagem aos 600 anos da ocorrência. Quando a nova igreja de Santa Rita foi construída, ao lado do Mosteiro, foi construída, também, uma capela para acomodar o Milagre Eucarístico.

Quanto a página com sangue, também venerada, ao longo dos anos, em Cássia, na Basílica de Santa Rita de Cássia, como “Corpus Domini”. as pessoas notaram que no lugar do sangue começou a aparecer o rosto de Jesus Cristo.

O sacerdote que mostra aos fiéis o milagre, coloca uma lanterna por trás da página para mostrar o rosto.

 

SEEFELD ÁUSTRIA: ANO 1384

Na diocese DeInnsbruck, província do Tirol, na aldeia de Seefeld, Áustria, a Paróquia de São Oswaldo é muito conhecida por um milagre ocorrido na quinta-feira Santa de 1384.

Nessa época, Knight Milser era o guardião do Castelo de Schlossberg, localizado ao norte do lugarejo que fora estrategicamente construído para proteger uma importante estrada de acesso e servir como uma fortaleza, para defender os moradores do local.

O senhor Knight era bastante orgulhoso da posição que ocupava e de sua autoridade e procurava sempre estar em evidência, relatados no jornal da comunidade:

Numa manhã, com alguns de seus servidores, foi à Igreja Paroquial e cercou o Padre e a congregação com homens bem armados, exigindo do sacerdote que iria celebrar a Santa Missa, comungar a Hóstia grande, a qual é utilizada na consagração. pois, segundo ele, a Hóstia pequena tinha menor valor…

O Padre ficou apreensivo: recusar um pedido do senhor Knight lhe poderia significar a morte.

No momento da Comunhão, o profanador com a espada desembainhada e a cabeça coberta, dirigiu-se ao lado esquerdo do altar e ali ficou à espera.

No mesmo momento em que o senhor Knight a recebeu, o solo da igreja abriu sob seus pés, fazendo com que se afundasse até a altura dos joelhos.

Bastante assustado e querendo sair, segurou-se no Altar: e o fez com tamanha força, que suas impressões digitais ficaram ali gravadas e podem ser vistas até os dias de hoje.

Porém não conseguindo sair, aterrorizado implorou ao Padre para remover a Hóstia Consagrada que ainda continuava em sua boca, dizendo que ela lhe estava sufocando.

Assim que o sacerdote retirou a Sagrada Espécie, o chão novamente ficou firme.

Ao retirar a Hóstia da boca d o senhor Knight via-se que estava impregnada pelo Sangue do SENHOR.

Imediatamente conseguiu sair de onde se encontrava e em pânico deslocou-se rapidamente para o Mosteiro de Stams, onde chamou um sacerdote e confessou os seus muitos pecados.

A partir desse episódio, procurou viver uma vida santa, realizando frequentemente penitências e ajudando aos mais necessitados.

Morreu dois anos depois e, conforme o seu pedido, foi enterrado numa área próximo da capela do Santíssimo Sacramento do Mosteiro.

O belo manto aveludado que usava durante a Santa Missa naquela quinta-feira Santa, pediu que o cortasse e fizesse com ela uma casula sacerdotal, doando-a ao Mosteiro de Stams.

A Hóstia do Milagre foi guardada numa Âmbula por determinação da autoridade eclesiástica, até a confecção de um belíssimo relicário de prata em estilo gótico, também por ele encomendado

A relíquia sagrada é preservada até hoje na Igreja de São Oswaldo, sendo permitido ao público a visitação da mesma.

Ainda é mantido o buraco no piso, onde o senhor Knight afundou-se até os joelhos. Por motivo de segurança, o buraco foi coberto com um grelha de ferro para evitar que alguém distraidamente caia dentro dele.

Entretanto a grelha pode ser removida para aqueles que desejarem examina-lo

Em 1984 a Igreja de São Oswaldo celebrou o 600 anos de aniversário do Milagre Eucarístico.

 

TURIM – ITÁLIA; ANO 1453

A igreja e o sacrário da Catedral de Milão foram saqueados e o ostensório de prata foi roubado e colocado em uma carruagem, e levado a Turim.

Ali o cavalo parou diante da igreja de S.Silvestre, o ostensório caiu no chão, e levantou-se pairando no ar, com grande esplendor, como o Sol.

O bispo Ludovico Romagnano foi chamado. O ostensório caiu no chão e a hóstia ficou pairando no ar. Desceu em seguida dentro de um cálice seguro pelo bispo.

(Documentos: Atti Capitolari, de 1454 a 1456 e Construção da igreja “Corpus Domini”)

 

FAVERNEY, FRANÇA: ANO 1600

 

O Milagre Eucarístico que aconteceu em Faverney, na França consistiu numa notável demonstração sobrenatural de superação da lei da gravidade.

Faverney está localizado a 20 quilômetros de Vesoul, distante 68,7 quilômetros de Besançon.

A Abadia onde se encontra a Igreja em que aconteceu o milagre foi fundada por São Gude no século VIII e pertencia a Ordem eclesiástica de São Benedito.

A Igreja foi colocada sob a proteção de Nossa Senhora de La Blanche, representada por uma pequena imagem colocada à direita do Altar Principal, na Capela do Coro.

Desde sua fundação, a Abadia estava entregue as freiras, mas a partir de 1132, os monges a assumiram.

No inicio de 1600 a vida religiosa do povo não era tão fervorosa o quanto deveria ser. Poucas vocações, que revelavam a falta de estímulo para tão nobre missão. Viviam na Abadia somente seis monges e dois noviços.

Para manter acesa a fé das pessoas, debilitada pela terrível influência protestante, os monges procuravam realizar todas as cerimônias tradicionais e sempre revestidas com a maior solenidade, inclusive fazendo com freqüência a reza da Via Sacra e adoração do Santíssimo Sacramento.

Para a celebração da Festa de Pentecostes em 1608, fizeram um magnífico Altar de madeira perto do Portão de entrada do Coro, adornado com belíssimas flores.

A cerimônia religiosa realizada no domingo de Pentecostes foi bonita e participada por um grande número de fieis que lotavam o templo.

Ao anoitecer, fecharam as portas da Igreja e os monges foram repousar, deixando duas lâmpadas com óleo para iluminar o Santíssimo Sacramento, que permaneceu exposto sobre o Altar num Ostensório.

No dia seguinte, segunda-feira 26 de Maio, quando o sacristão Don Garnier abriu as portas da Igreja, observou que havia muita fumaça e chamas em quantidade, que subiam por todos os lados do Altar.

Apressou-se em avisar os Monges, que imediatamente se uniram aos leigos e procuraram salvar a Igreja, porque as chamas violentamente já devoravam o Altar.

Um dos noviços chamado Hudelot, notou que o Ostensório que se encontrava junto Santíssimo Sacramento sobre o Altar, elevou-se e ficou suspenso no ar e que as chamas se inclinavam e não tocavam nele.

As pessoas que estavam na Igreja para ajudar a apagar o incêndio ao verem aquele fenômeno, ficavam impressionadas.

Os habitantes do lugarejo, pessoas que residiam nas proximidades, gente de todas as idades logo vieram a Igreja para ver o que estava acontecendo.

Os Frades Capuchinhos de Vesoul também apressaram-se para observar e testemunhar o fenômeno.

Muito embora os monges com a ajuda do povo, conseguiram apagar o incêndio que queria consumir toda a Igreja, o Milagre não cessou, o Ostensório com JESUS Sacramentado continuou flutuando no espaço.

As pessoas que chegavam, ajoelhavam em demonstração de respeito, de temor e em adoração, diante do Ostensório suspenso no ar, enquanto diversos céticos também se aproximaram para examinar o milagre que acontecia.

Ao longo do dia e durante a noite os monges não estabeleceram nenhuma restrição, e os curiosos puderam livremente visitar a Igreja e presenciar o notável fenômeno.

Na manhã de terça-feira, dia 27 de Maio, o Milagre continuava.

Padres dos bairros circunvizinhos e de outras cidades vinham ao local e celebravam a Santa Missa em horários seguidos, enquanto o Ostensório se mantinha suspenso no ar.

Aproximadamente às 10 horas da manhã, no momento da Consagração da Santa Missa que estava sendo celebrada pelo Padre Nicolas Aubry, Pároco de Menoux, as pessoas presenciaram o Ostensório mudar de posição e suavemente descer sobre o Altar improvisado, onde estavam celebrando as Missas, substituindo aquele que foi destruído pelo fogo.

Ao todo, o Ostensório permaneceu durante 33 horas suspenso no ar.

Em 31 de Maio, uma investigação foi ordenada pelo Arcebispo Ferdinand de Rye. Foram recolhidas cinqüenta e quatro testemunhas: monges, padres, autoridades, homens e mulheres do povo.

Em 30 de Julho de 1608, depois de estudar os testemunhos e todo material coletado durante a investigação, o senhor Arcebispo afirmou que havia acontecido de fato, um notável milagre eucarístico.

Examinando alguns detalhes da ocorrência, observamos que:

O Altar era de madeira e foi quase que completamente reduzido a cinzas, com exceção dos pés. Queimou totalmente a toalha de linho e o Corporal que estavam sobre a Mesa de Celebrações, assim como um dos lustres que decorava o Altar, que foi achado derretido pelo calor do fogo.

Todavia o Ostensório que abrigava JESUS Sacramentado estava perfeito, misteriosamente preservado de qualquer dano.

As duas Hóstias Consagradas que se encontravam dentro dele, permaneceram intactas.

Também foram poupados e permaneceram sem nenhum dano quatro preciosidades que estavam dentro de um tubo cristalino preso ao Ostensório: uma relíquia de Santa Agatha, um pequeno pedaço de seda que protegia a relíquia, uma proclamação de indulgências pelo Santo Padre, e uma carta episcopal em que a cera do selo derreteu e correu em cima do pergaminho sem, contudo, alterar o texto.

Sobre o Ostensório que se manteve flutuando livremente no espaço durante 33 horas, 54 pessoas testemunharam, inclusive padres de outras Ordens Religiosas que vieram presenciar o acontecimento sobrenatural.

Deram declarações sob juramento e assinaram um documento que ainda é conservado. Considerando que a Igreja possuía piso de madeira, disseram também que a suspensão do Ostensório não foi afetada pelas pessoas que se moviam ao redor para melhor observar o milagre, nem das pessoas que constantemente entravam e saiam do templo, assim como da atividade dos monges que se dedicaram a imediata remoção do material queimado pelo fogo e da montagem de um altar provisório.

Posteriormente uma pedra de mármore foi colocada para marcar o local do milagre.

Nela estão cinzeladas as palavras “Lieu Du Miracle” – Lugar do Milagre.

Em dezembro de 1608, uma das duas Hóstias que estavam no Ostensório na hora da suspensão milagrosa foi transferida solenemente para a cidade de Dole, que era a capital do município.

Durante a Revolução Francesa infelizmente o Ostensório do Milagre foi destruído, mas a Hóstia Consagrada foi preservada de qualquer dano por membros do conselho municipal de Faverney, que a manteve escondida até passar o perigo.

Depois, mandaram confeccionar outro magnífico Ostensório onde colocaram a Sagrada Hóstia.

Dentro deste novo Ostensório à mesma Hóstia Consagrada que ficou em suspensão milagrosa durante 33 horas, sobrevivendo ao grande calor do fogo de um incêndio, encontra-se em perfeito estado de conservação e disponível à veneração dos fieis na Igreja de Nossa Senhora de La Blanche.

 

 

SENA – ITÁLIA: ANO 1730

No ano 1730, Sena já não era a cidade de grande devoção dos tempos de Sta. Catarina e São. Bernardino. Melhor, era um lugar como muitos na Europa, onde nos dias de festas religiosas, eram ocasiões para se divertir. Partiu perdendo o significado e força religiosa das festas. Todos se reuniam na Praça do Setor, para celebrar um dia livre de trabalho.

Em meados do Século XVII, A Europa estava bastante em volta no Renascimento. O interesse das pessoas estava na arte e na cultura. E ainda muitos iam à Igreja, não eram necessariamente movidos por um profundo amor à Eucaristia, nem à Virgem.

Por isto que em 1730, Sena necessitava de um milagre, uma graça de Deus para a renovação espiritual. Na realidade não só a Itália, como também a Europa, necessitava uma mudança que lhes fizesse encontrar e concentrar sua atenção no poder de Deus. Nessas situações, nosso Senhor não abandona o seu povo.

Sena tem na realidade dois milagres Eucarísticos e aqui relatamos o mais famoso deles. O segundo encontra-se na basílica de Cássia e que já narrado acima (ano 1330)

No dia antes da festa da Assunção pela manhã, os sacerdotes de todas as igrejas de Sena consagraram as Hóstias adicionais prevendo a grande multidão que receberia a Comunhão no dia seguinte.

Todos eles foram ao esplêndido Duomo, a Catedral, para planejar as festividades do dia seguinte, e tomar parte na Cerimônia da Vigília dessa noite. Como todos os sacerdotes estavam na Catedral, as Igrejas estavam vazias.

Em 14 de agosto, à noite, alguns ladrões entraram à Basílica de São Francisco, que se situa no extremo norte da cidade. Abriram o Tabernáculo para roubar o Cálice de ouro que continha as hóstias consagradas. Levaram tudo, as Hóstias e o Cálice.

Ninguém se deu conta do crime até na manhã seguinte, quando os sacerdotes da Igreja foram celebrar a Missa da Assunção. Surgiu o pânico. A prova do crime foi confirmada quando alguém trouxe a parte de cima do Cálice, que havia encontrado na rua frente à Igreja. Todo o povo passou a buscar as Hóstias perdidas. Todas as celebrações foram suspensas.

O arcebispo pediu orações públicas para que aparecessem as Hóstias Consagradas em bom estado. Até esse momento não se sabia a razão do porque das hóstias terem sido roubadas. Seria pelo ouro do Cálice, ou por um propósito ainda mais diabólico, para profanar e cometer sacrilégios contra de Nosso Salvador?

Novamente, o Senhor se permite ser bondoso diante da maldade do homem.

Três dias mais tarde, em 17 de agosto, enquanto um homem estava orando na Igreja de Santa Maria em Provenzano, muito perto da Basílica de São Francisco, notou que havia algo de cor branca dentro da caixa dos pobres.

Este algo branco tinha forma redonda e parecia brilhar. Imediatamente foi dizer ao sacerdote dessa igreja, e este informou de imediato ao arcebispo, quem mandou a um de seus assistentes à Igreja de Santa Maria.

Quando o representante do arcebispo e um sacerdote da Basílica de São Francisco chegaram à Igreja de Sta. Maria, abriram a caixa dos pobres e encontraram uma grande quantidade de Hóstias.

Algumas se haveriam enroscado com as teias de aranha dentro da caixa e outras caíram ao fundo.

Eles as contaram para ver se havia perdido alguma. O sacerdote da Igreja de São Francisco disse que a quantidade era correta: 348 Hóstias inteiras e 6 metades. O sacerdote havia consagrado 351 Hóstias no dia 14 de agosto.

Quão longos se tornaram esses três dias em que as hóstias estiveram perdidas! Esses três dias pareceram com os dias entre a Crucifixão e a Ressurreição. Um suspiro de alívio e de louvor ao Senhor ressoou por duas razões. Uma razão foi que as Hóstias Consagradas haviam sido encontradas e, a outra, que não se haveriam tirado nenhuma.

Esse era o temor que todos tinham: que se lhes interessava o Cálice, deixassem as hóstias consagradas em qualquer lugar, ou em um lixo.

Recolheram todas as hóstias e as limparam com sumo cuidado. Levaram à Igreja de São Francisco numa procissão acompanhada por uma grande multidão. Uma vez que chegaram à Igreja, expuseram-nas para adoração e reparação. A história do roubo ventilou-se por todo o país e muitos começaram a fazer peregrinações à Igreja de São Francisco para orar diante das Hóstias Consagradas. Isto foi antes que soubessem que nelas se ia a dar um milagre. As hóstias não foram distribuídas.

Não há nenhuma explicação certa do por que as hóstias não foram distribuídas. Uma das razões pode ser que grande multidão de pessoas de Sena e outros povos vizinhos que chegavam para adorar as hóstias e assim os sacerdotes viram-se forçados a não as consumir.

Outra razão possível é que, e ainda as hóstias foram cuidadosamente limpadas, mas inda ficaram um pouco sujas. Em casos como este, em que as Hóstias Consagradas foram de alguma forma contaminadas, não se requer que sejam consumidas.

Geralmente, continuam reservadas até que se deteriorem. Quando isto ocorre a Presença Real desaparece delas. Possivelmente, os Franciscanos desejavam deixar que as Hóstias fossem adoradas pelos peregrinos até o momento em que se deteriorassem, e isso teria sido o final de tudo. Porém isto nunca sucedeu.

Diante do assombro dos sacerdotes, as Hóstias não se deterioravam, mantendo-se frescas e com odor muito agradável. Ao passar do tempo, os franciscanos se convenceram de que estavam presenciando um milagre contínuo de preservação.

Alguns personagens importantes da Igreja, bispos ou cardeais, foram permitidos receber uma das hóstias. Eles disseram que seu gosto era recente e agradável.

Investigações

Cinqüenta anos depois que as hóstias foram recuperadas, conduziram a uma investigação oficial para comprovar a autenticidade do milagre. O Geral da Ordem Franciscana, Pe. Carlo Vipera examinou as Hóstias em 14 de abril de 1780, consumindo uma e comprovando que estava perfeitamente normal, incorrupta.

Já que se haveriam distribuído algumas hóstias durante os anos anteriores, o Geral ordenou que as 230 hóstias que restaram fossem colocadas em um novo cibório e proibiu que as continuassem distribuindo.

Nove anos depois, em 1789, uma mais detalhada investigação foi feita pelo arcebispo de Sena. Esta investigação incluiu teólogos proeminentes e outros dignatários. Após examinar as hóstias com microscópio, a comissão declarou que estavam perfeitamente intactas e que não mostravam nenhum sinal de decomposição, nem mudança de cor.

Três franciscanos que estiveram presentes nas investigações anteriores foram questionados pelo arcebispo, sob juramento. Nesta investigação também se reafirmou que as hóstias examinadas eram as mesmas que haviam sido roubadas em 1730 e três dias mais tardes descobertas.

Foi nesta investigação, que o arcebispo ordenou que uma quantidade de hóstias, sem ser consagradas, fossem colocadas em um vasilha hermeticamente fechada e iria ser guardada sob chave, por dez anos, no departamento da Chancelaria.

As Hóstias Milagrosas foram guardadas em um Cálice, não selado hermeticamente, e sim na forma em que haviam sido conservadas nos últimos 59 anos.

No final do período de 10 anos, a vasilha das hóstias não consagradas foi aberta na presença do arcebispo e vários oficiais. Eles as encontraram estavam descoloridas, desfiguradas e deterioradas. Então, revisaram as Hóstias Milagrosas e encontraram-nas estavam em perfeitas condições. Em 1850, 61 anos mais tarde, fez-se uma prova similar, obtendo os mesmos resultados. As hóstias sem consagrar estavam reduzidas ao pó e as hóstias milagrosas mantinham seu frescor.

Outras investigações ocorreram em diferentes ocasiões. A mais importante foi no ano de 1914 e realizou-se por pedido do Papa Pio X. Para isto selecionaram um debate com famosos pesquisadores que incluía cientistas e professores de Sena e Pisa, como também, teólogos e oficiais eclesiásticos.

Exames com ácido e amido foram colocados em um dos fragmentos e indicaram um nível normal de ambos.

Por um exame microscópico, concluiu-se que as hóstias haviam se tornado feitas de farinha de trigo cozido, o qual estava perfeitamente preservado.

A comissão explicou que se o pão sem fermento era preparado em condições de limpeza e era guardado em uma vasilha onde não entrasse o ar, que estivesse esterilizado, poderiam manter-se por muito tempo. O pão sem fermento preparado numa forma normal, exposto ao ar e à atividade de microorganismos poderia manter-se intacto por alguns poucos anos.

Concluiu-se que as hóstias roubadas foram preparadas sem precauções alguma e guardadas sob condições comuns, que deveriam tê-las feito rapidamente deterioradas. As hóstias estavam e estão tão perfeitamente preservadas que após ma is de 200 anos podem ser consumidas.

O professor Siro Grimaldi, professor de química na universidade de Sena e diretor do Laboratório municipal, e reconhecido por suas muitas distinguidas posições na área da química foi o líder da comissão de investigação do ano 1914. Deu muitas conferências sobre a natureza milagrosa das hóstias e escreveu um livro.

No ano 1922, ocorreu outra investigação na presença dos Bispos de Sena, Montepulciano, Folignno e Grosseto. Os resultados foram iguais aos anteriores. Não havia explicação natural pela qual as hóstias houvessem permanecido sem se corromper por um período de tempo tão longo (192 anos). Proclamaram-no milagre.

Em 1950, as Hóstias Milagrosas foram removidas do seu antigo cibório e colocadas em um mais elaborado e encantador que chamou a atenção de outro ladrão. Este, na noite de 5 de agosto de 1951 cometeu outro sacrilégio contra as hóstias, porém desta vez só foi até a o cibório deixando as hóstias na esquina do tabernáculo.

Depois de contar 133 hóstias, o arcebispo as guardou seladas em um cibório de prata. Foram fotografadas e colocadas em um relicário adornado no qual se encontram hoje.

Os Bispos e oficiais da Igreja foram, solenemente, em procissão com as Hóstias pelas ruas da cidade, e as tiveram expostas por algum tempo.

As hóstias milagrosas são expostas publicamente em várias ocasiões, porém especialmente no dia 17 de cada mês, em que se comemora o dia em que foram encontradas, no ano de 1730.

Na festa de Corpus Christi, as hóstias sagradas são levadas numa triunfante procissão das ruas de Sena.

 

Visitantes

Entre os muitos que visitaram as hóstias milagrosas para adorar ao Senhor, temos São João Bosco e o Papa João XXIII quem em 29 de Maio de 1954e, assinaram os livros dos visitantes. E ainda não puderam fisicamente visitar o milagre eucarístico, os Papas Pio X, Bento XV, Pio XI e Pio XII, mas fizeram declarações oficiais de grande interesse e admiração.

Em 14 de setembro de 1980, o Papa João Paulo II foi a Sena para adorar a Jesus Cristo nas Sagradas Hóstias do Milagre Eucarístico, no 250 Aniversário do Milagre das Hóstias.

Em voz unânime, os fiéis, sacerdotes, bispos, cardeais e papas têm se maravilhado e adorado as sagradas Hóstias, reconhecendo que nelas ocorreu um milagre permanente, completo e perfeito, que já dura 250 anos. Um milagre em que as hóstias permaneceram completas e com brilho natural e com o odor característico do pão sem fermento.

Como se encontram em perfeito estado de conservação, a igreja Católica confirma que, consagradas em 1730, continuam sendo verdadeiramente o Corpo e o Sangue de Cristo.

Cada sexta-feira à noite, às 6:00 da tarde, reza-se um Rosário seguido pela celebração da santa Missa, e em seguida é dado a Bênção com as Hóstias Milagrosas.

O Pe. Antonio Giannini foi o guardião do Milagre Eucarístico por muitos anos.

Nós o conhecemos na peregrinação do ano 1993. Seu amor pela Eucaristia muito profundo o fez dedicar grande parte de sua vida a estudar os diferentes Milagres Eucarísticos do mundo.

Para o Pe. Giannini, este milagre de Sena tem muito significado e importância para os fiéis, já que o Senhor o manteve preservado e em sua forma original de pão sem fermento.

Desejará sempre o Senhor nos mostrar a importância de permanecer fiéis a uma fé pura sem a mesclarmos com nada que a dilua ou a diminua.

VIVA CRISTO REI EUCARÍSTICO !

VIVA CRISTO REI EM TODA SUA PLENITUDE !

 

MILAGRE EUCARISTICO DE AVIGNON

A cidade de Avignon, na França, é conhecida por ter sido a residência dos papas, mas a razão principal que leva tantos peregrinos para lá é “O Milagre Eucarístico” que lá ocorreu.

Para podermos entender o significado do Milagre Eucarístico, temos que nos reportar ao ano de 1226, ou seja, 217 anos antes da ocorrência do milagre.

A heresia propagada por todo o sul da França, a qual rechaçava todos os sacramentos, principalmente o matrimônio e a Eucaristia, foi condenada pela igreja no século XI, mas os albinenses reagiram e começaram a atacar o governo e eram poderosos, possuindo muitas fortalezas. Para combater os ataques albinenses, o rei Luis VIII, pai de São Luis IX, construiu uma igreja em homenagem ao Santíssimo Sacramento, escolhendo o dia 14 de setembro de 1226, como o dia da festa de exaltação à Santa Cruz.

O reis esperou a procissão na igreja de Santa Cruz, vestido de saco, amarrado à cintura com uma corda e uma vela nas mãos. Ao seu lado estava o cardeal Legate, toda a corte e muitos fiéis. O Santíssimo permaneceu exposto naquela noite e vários dias, até que o bispo Corbie decidiu que o Santíssimo permanecesses perpetuamente exposto. O costume foi aprovado pela Santa Sé e continuado por seus sucessores até que 200 anos após ocorreu o milagre.

O milagre

Como a igreja acima descrita ficava próxima do rio que passa por Avignon e este a cada 100 anos transbordava causando enchentes, no final do ano de 1433, tiveram uma grande inundação. Nas noites de 29 e 30 de novembro, tiveram a pior enchente. Os sacerdotes da Ordem dos Penitentes de São Francisco que cuidavam da igreja, decidiram ir até lá e Salvar a Eucaristia e trazê-la para um lugar mais alto onde não houvesse enchente, Dois Superiores da Ordem, tomaram um barco e remaram até lá e quando chegaram descobriram que a água estava até a metade da porta principal, mas quando a abriram surpreenderam-se ao ver que a entrada central da igreja até o altar estava totalmente seco. A água havia se acumulado à esquerda e à direita, como se houvessem duas paredes contendo-a. A Hóstia Consagrada que se encontrava na Custódia em cima do altar estava a salvo da enchente, completamente seca.

Os dois franciscanos foram buscar outros dois para testemunharem o milagre e juntos levaram o Santíssimo para outra igreja em local seco. Ali oraram juntos e leram a passagem da Bíblia do Êxodo (Êxodo 14:21).Os franciscanos registraram o milagre em seus registros que se conservam até hoje. Nasceu o costume de todo 30 de novembro, os frades vestem-se de sacos e caminhando de joelhos rezam ao redor da igreja., dando graças a Nosso Senhor Jesus Cristo presente no Santíssimo Sacramento por haver lhes dado um sinal de Sua Poderosa presença. Este milagre relembra a abertura do mar Vermelho para a passagem dos judeus conduzidos por Moisés e a divisão do rio Jordão para a passagem da Arca da Aliança. Muitos peregrinos visitam a igreja à margem do rio para venerar o Santíssimo Sacramento.

Nos nossos dias, nos encontramos cativos do materialismo dominante, conduzindo-nos ao ateísmo e libertinagens. Somos pressionados de várias formas pelos meios de comunicação. Drogas, álcool, aborto, relações sexuais desordenadas, egoísmo dominam a vida de multidões. O milagre descrito nos dá uma poderosa arma de força e coragem para resistir a essas paixões baixas e viver o autentico amor cristão. Esse mesmo milagre ocorre todos os dias durante a Consagração na Santa Missa que pode nos livrar dos ataques do maligno.

 

MILAGRE EUCARISTICO NO SANTUARIO DE GUADALUPE (CÁCERES, ESPANHA)

A missa estava sendo celebrada pelo padre Jordi e o diácono Canovaca e muitos peregrinos, na Basílica de la

Virgen de Guadalupe, España, quando ocorreu um milagre Eucarístico.

O venerável frei Pedro de Valladolid pertencente a ordem de São Jerônimo, foi o protagonista deste milagre.

O padre havia abraçado a vida religiosa muito jovem e sempre demonstrou profunda devoção à Sagrada Eucaristia, em cuja contemplação e meditação gastava a maior parte de seu tempo durante o dia e à noite. Mas o Senhor quiz provar-lhe a fé neste grandioso mistério, permitindo que o inimigo dos cristãos o perturbasse com terríveis dúvidas sobre a real presença de Cristo na Consagração. Essas dúvidas o atormentavam durante a Santa missa, produzindo-lhe angustias terríveis.

 

O milagre

Estava o padre com cerca de 50 anos de idade, quando aconteceu o milagre que dissipou todas as suas dúvidas e o curou radicalmente de todas as suas incertezas, conforme escritos deixados por ele e lidos após a sua morte.

Referido milagre sucedeu-se em um sábado durante a missa que celebrava. Durante a consagração viu como que uma nuvem que cobria o altar e mal dava para ele ver a cruz que estava sobre o altar, bem como os aparatos para a celebração. Diante da visão temeu e rogou ao Senhor com muitas lágrimas escorrendo em seu rosto, que tivesse piedade dele pois não entendia o que estava ocorrendo e o livrasse desse perigo. Estava muito espantado e assustado com a visão, mas, pouco a pouco foi dissipando-se a nuvem não viu mais a Hóstia que estava sobre a patena para ser consagrada e em seguida olhou o cálice e este estava vasio. Começou a chorar muito e implorando a ajuda de Deus e da Virgem Maria, quando viu a Hóstia muito resplandecente vindo colocar-se no cálice e então começou a sair dela gotas de sangue que encheram o cálice que estava novamente cheio de hóstias até a borda, como antes da consagração. O padre que ainda estava muito assustado, ouviu uma voz que dizia:

“Termina a missa e guarde para ti o que viu”. O padre relata ter caído de joelhos diante de tão milagroso episódio. Algumas gotas de sangue permaneceram nas hóstias que permaneceram no sacrário e anos depois ficou comprovado tratar-se de sangue verdadeiro. O ocorrido foi divulgado por toda a Espanha, sendo o santuário visitado por reis e rainhas da época. Este milagre foi reconhecido pelo Nuncio Apostólico no século XVII. As preciosas relíquias eucarísticas deste milagre foram expostas à veneração dos fiéis no Congresso Eucarístico de Toledo no ano de 1926.

 

HISTÓRIA DO SANTÍSSIMO MILAGRE DE SANTARÉM

Corria o ano de 1247, segundo uns cronistas, ou o de 1266, segundo outros.

Em Santarém, hoje cidade e então vila de Portugal, vivia uma pobre mulher, a quem o marido muito ofendia, andando desencaminhado com outra.

Cansada de sofrer, foi pedir a uma bruxa judia que, com os seus feitiços, desse fim à sua triste sorte.

Prometeu-lhe esta remédio eficaz, para o que necessitava uma Hóstia Consagrada. Depois de naturais hesitações, consentiu no sacrilégio a pobre mulher; foi à Igreja de Santo Estêvão, confessou-se e pediu Comunhão. Recebida a Sagrada Partícula, com suma cautela a tirou da boca, embrulhando-a no véu. Saiu prestes, da Igreja, e encaminhou-se para a casa da feiticeira. Mas, então, sem que ela o notasse, do véu começou a escorrer Sangue, que, visto por várias pessoas, as levou a perguntar à infeliz que ferimentos tinha, que tanto sangue jorravam. Confusa em extremo, corre logo para casa, e encerra a Hóstia Miraculosa numa das suas arcas.

Passou o dia, entretanto, e, à tarde, voltou o marido. Alta noite, acordam os dois, e vêem a casa toda resplandecente. Da arca saíam misteriosos raios de luz. Inteirado o homem do ato pecaminoso da mulher, de joelhos, passaram o resto da noite, em adoração. Mal rompeu o dia, foi o pároco informado do prodígio sobrenatural. Espalhado o sucesso, meia Santarém acorreu pressurosa a contemplar o Milagre.

A Sagrada Partícula foi então levada, processionalmente, para a Igreja de Santo Estêvão, onde ficou conservada dentro duma espécie de custódia feita de cera.

Mas, passado tempo, ao abrir-se o sacrário para expor à adoração dos fiéis, como era costume, o Santo Milagre, encontrou-se a cera feita em pedaços, e, com espanto, se viu estar a Sagrada Partícula encerrada numa âmbula de cristal, miraculosamente aparecido.

Esta pequena âmbula foi colocada numa custódia de prata dourada onde ainda hoje se encontra.

Santo Estêvão é agora a Igreja do Santíssimo Milagre.

 

(Com a aprovação da Autoridade Eclesiástica)