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Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados

Em Fátima, na terceira aparição de Nossa Senhora a 13 de Julho de 1917, foi mostrado aos três pastorinhos Lúcia, Francisco e Jacinta, o inferno. Depois desta visão, Nossa Senhora disse-lhes:

“Vistes o Inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as salvar, Deus quer estabelecer no Mundo a devoção ao Meu Imaculado Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz… Virei pedir a consagração da Rússia a Meu Imaculado Coração e a Comunhão reparadora nos Primeiros Sábados… Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará. O Santo Padre consagrar-Me-á a Rússia que se converterá e será concedido ao Mundo algum tempo de paz…”

Nossa Senhora no dia 10 de Dezembro de 1925, em Pontevedra, apareceu à Irmã Lúcia com o Menino Jesus. Maria poisou a sua mão sobre os ombros de Lúcia e mostrou-lhe o Seu Imaculado Coração cercado de espinhos, e disse-lhe:

“Tem pena do Coração de sua SS. Mãe que está coberto de espinhos que os homens ingratos a todos os momentos Lhe cravam sem haver quem faça um acto de reparação para os tirar” Em seguida, a SS. Virgem disse:

” Minha Filha, olha para o Meu coração cercado de espinhos que os homens ingratos me cravam a todo o momento com blasfémias e ingratidões. Tu, ao menos, vê de Me consolar e diz que todos aqueles que durante cinco meses, no Primeiro Sábado
– se confessarem
– receberem a Sagrada Comunhão
– rezarem o Terço
– e Me fizerem 15 minutos de companhia, meditando nos 15 Mistérios do Rosário com o fim de Me desagravarem,
Eu prometo assistir-lhes na hora da morte com todas as graças necessárias para a salvação dessas almas”.

A IMPORTÂNCIA DESTA DEVOÇÃO
Esta devoção significa a união íntima do Coração Imaculado de Maria com o Sagrado Coração do Seu Filho. O coração de Maria, “aberto pelas palavras, “Mulher, toma o teu filho” (Jo 19:26) está unido espiritualmente com o coração do seu Filho, aberto pela espada do soldado”, ensinou o Papa João Paulo II na sua homilia em Fátima, no dia 13 de Maio de 1982.

Através desta devoção, o próprio Jesus deseja a reparação das ofensas que cravam o doloroso coração de Sua Mãe, símbolo maternal do amor misericordioso e desejo que Ela tem por salvar toda a humanidade n’Ele. Se praticar esta devoção, Maria promete-lhe assistir com as graças necessárias para a salvação, no momento supremo da morte.

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Milagres Eucarísticos

(No final desse artigo apresentamos as histórias de cada milagre Eucarísticos, confira!)


Apresentação

OS MILAGRES EUCARÍSTICOS: LIMITES E ASPECTOS POSITIVOS

Apresento, primeiramente, os limites dos Milagres Eucarísticos e depois o valor dos seus aspectos positivos.

1. Limites

  • A nossa fé não é fundamentada sobre os Milagres Eucarísticos, mas sobre o anúncio de Cristo Senhor, acolhido pela Fé graças à ação do Espírito Santo.Cremos porque acreditamos na pregação (cfr. Gl 3,5): “Fides ex auditu autem per verbum Christi” (Rm 10,17): “Pois a fé vem da pregação e a pregação é pela palavra de Cristo”. “Crer é um ato da inteligência que, sob o estímulo da vontade movida por Deus através da Graça, dá o próprio consentimento à verdade divina” (S. TOMÁS, Summa Theologiae, II-II, q.2,a.9,c).E o centro da nossa fé na Eucaristia é Cristo, quem durante a sua pregação anunciou a instituição da Eucaristia e depois a instituiu celebrando, na Quinta-feira Santa, a Santa Ceia com os seus apóstolos.

    Desde então a Igreja, fiél ao mandamento do Senhor: “fazei isto em memória de mim” (1 Cor 11,24) celebrou sempre a Eucaristia com fé e devoção, principalmente no Domingo, dia da Ressurreição de Jesus e continuará a fazê-lo “até que Ele venha” (1 Cor 11,26).

  • Não existe a obrigação, para o cristão, de acreditar nos Milagres Eucarísticos. Eles não são obrigatórios para a fé dos fiés, por mais que sejam reconhecidos oficialmente pela Igreja. Cada fiél conserva a sua liberdade de escolha: nenhum cristão é obrigado a acreditar nas revelações privadas, nem mesmo quando são aprovadas pela Igreja.
  • Mas, como um princípio geral, o fiél não deve excluir que Deus possa intervir extraordinariamente em qualquer momento, lugar, acontecimento ou pessoa. Difícil é discernir se num determinado caso se verificou ou não uma autêntica e extraordinária intervenção Divina.
  • É perfeitamente justo que a Igreja seja prudente, diante dos fenômenos extraordinários (como os Milagres Eucarísticos), pois, entre outras coisas, existem os seguintes riscos:
    • Supor que Deus esqueceu de dizer-nos alguma coisa quando instituiu a Eucaristia;
    • colocar a Eucaristia dominical em segundo plano;
    • atribuir uma importância exagerada ao aspecto milagroso e extraordinário, desvalorizando assim a vida quotidiana do fiél e da Igreja;
    • deixar-se levar facilmente por sugestões e enganos…
    • o evento não tem nada que se opõe à Fé e aos bons costumes;
    • é lícito dar publicidade ao fato
    • os fiéis são autorizados a, prudentemente, aderir-se a ele.
  • Quando um Milagre recebe aprovação eclesiástica é porque contém os seguintes elementos:

Ainda que ninguém seja obrigado a acreditar nele, o fiél deve demonstrar respeito pelo Milagre Eucarístico, cuja autenticidade foi reconhecida pela Igreja.

2. Aspectos Positivos

Os Milagres Eucarísticos podem ser frutíferos para a nossa Fé. Podem, por exemplo:

  • Ajudar a ir além do visível e do sensível e a admitir a existência de um “Além”, de um “outro mundo”. por isso que o Milagre Eucarístico é considerado como um evento extraordinário, pois não se explica com fatos e razões científicas; ultrapassa a razão humana e interpela o homem solicitando que ele caminhe “além” do sensível, do visível, do meramente humano, isto é, pede que ele admita a existência de algo que é incompreensível, que não se explica somente pela inteligência humana e que não é cientificamente comprovável.
  • Ser uma ocasião para falar, particularmente na catequese, sobre a Revelação Pública e a sua importância para a Igreja e para o cristão. Os Milagres Eucarísticos são eventos extraordinários ocorridos depois da instituição da Eucaristia, ao final do Novo Testamento, quer dizer ao final da Revelação Pública.

O que é a Revelação Pública?

A Revelação Pública é:

    • realizada progressivamente por Deus a partir de Abraão, passando pelos Profetas, até chegar a Jesus Cristo;
    • testemunhada nas duas partes da Bíblia: no Antigo e no Novo Testamento;
    • destinada a todos os homens e ao homem por inteiro, de todos os tempos e lugares;
    • radicalmente diferente, por essência e não somente por grau, das chamadas revelações privadas;
    • concluída com Cristo no Novo Testamento, com o qual a Igreja é vinculada.

Por que a Revelação Pública se concluiu com Cristo?

Porque Cristo é o Mediador e a Plenitude da Revelação.

“Ele, sendo o Único Filho de Deus feito homem, é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está agora plenamente realizada, ainda que a fé da Igreja tenha de captar gradualmente todo seu alcance ao longo dos séculos”. (COMPÊNDIO 9)

“Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos poor meio do Filho” (Hb 1, 1-2).

Cristo, o Filho de Deus feito homem é portanto a única Palavra, perfeita e definitiva do Pai, quem nEle diz e doa tudo e não existirá outra Palavra que essa.

“Desde o momento em que nos deu o Seu Filho, que é a Sua única e definitiva Palavra, Deus nos disse tudo de uma só vez nessa Palavra e não tem mais nada a dizer” (São João da Cruz). “Portanto, a economia cristã, como nova e definitiva aliança, jamais passará, e não se há-de esperar nenhuma outra revelação pública antes da gloriosa manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo (cfr. 1 Tim. 6,14; Tit. 2,13). (VATICANO II, Const. Dogm. Dei Verbum, 4)

Quais são as conseqüências dessas conclusões sobre a Revelação Pública?

Eis algumas:

    • O Deus dos cristãos é crível e confiável e nos fundamentamos na Escritura e não em mensagens reveladas posteriormente a pessoas particulares.
    • Não temos que esperar de Deus nenhuma outra nova manifestação ou revelação, somente o regresso glorioso de Cristo, que inaugurará “novos céus e nova terra” (1 Pe 3,13), possibilitando que Deus Pai seja “tudo em todos” (1 Cor 15,28).
    • A Igreja está vinculada ao evento único da História Sagrada e à palavra da Bíblia e a sua missão é garantir, interpretar, aprofundar e testemuhar a Revelação Pública. E isso acontece graças à particular assistência do Espírito Santo que guia e conduz a Igreja para que ela conheça cada vez melhor o seu tesouro: Cristo, o Senhor.
    • A Revelação Pública exige a nossa Fé: “de facto, nela, é o próprio Deus que nos fala por meio de palavras humanas e da mediação da comunidade viva da Igreja. A fé em Deus e na sua Palavra é distinta de qualquer outra fé, crença, opinião humana. A certeza de que é Deus que fala, cria em mim a segurança de encontrar a própria verdade; uma certeza assim não se pode verificar em mais nenhuma forma humana de conhecimento. É sobre tal certeza que edifico a minha vida e me entrego ao morrer.” (CONGREGAÇÃO PARA A DOUTRINA DA FÉ, A Mensagem de Fátima)
    • Porém, ainda que a Revelação seja completa, não é totalmente explícita, a Fé cristã deve conhecê-la melhor, aprofundar cada vez mais no seu conteúdo, encarná-la sempre na vida e testemunhá-la a todos com fidelidade e coragem. Só é possível acolher todo o seu alcance, gradualmente, no decorrer dos séculos.
  • Os Milagres Eucarísticos podem ajudar a conhecer e a viver a Fé, cujo centro é Cristo, Cristo-Eucaristia: são realmente úteis porque estão intimamente orientados a Cristo e não são autônomos, podem revigorar a fé subjetiva dos fiéis e até dos que não crêem. São uma ajuda para a fé porque nos orietam à Eucaristia instituída por Cristo e celebrada na Igreja todos os domingos. Eles estão à serviço da Fé; não devem e nem podem acrescentar nada ao único e definitivo dom de Cristo-Eucaristia, mas podem chegar a ser uma humilde chamada de atenção. Podem ser, algumas vezes, proveitosos para aprofundar na fé, mas é uma ajuda que não existe a obrigação de aceitar.
  • Os Milagres Eucarísticos convidam a conhecer, a apreciar e a amar a Eucaristia.Podem ajudar as pessoas a descobrirem o mistério, a beleza e a riqueza da Eucaristia, como diz o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, aprovado e publicado no mês de junho passado pelo Papa Bento XVI:

    “É fonte e ápice de toda a vida cristã. Na Eucaristia, atingem o seu clímax a ação santificante de Deus para conosco e o nosso culto para com ele. Ela encerra todo o bem espiritual da Igreja: o mesmo Cristo, nossa Páscoa. A comunhão da vida divina e a unidade do Povo de Deus são expressas e realizadas pela Eucaristia. Mediante a celebração eucarística, já nos unimos à liturgia do Céu e antecipamos a vida eterna.” (274).

  • Não podemos esquecer nunca, nem deixar de falar que a Eucaristia é o verdadeiro e grande inesgotável Milagre quotidiano. Ela:
    • É um Sacramento: Os sacramentos são sinais sensíveis e eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, por meio dos quais nos é concedida a vida divina (…) são eficazes ex opere operato (“pelo fato mesmo de a ação sacramental se realizar”), porque é Cristo que age neles e que comunica a graça que significam, independentemente da santidade pessoal do ministro; todavia os frutos dos sacramentos dependem também das disposições de quem os recebe”. (COMPÊNDIO do CCC, 224.229)
    • É o Sacramento Domenical por exelência: é evidente que o Milagre mais difundido e ao alcance de todos é o que ocorre nas nossas igrejas todas as vezes que se celebra a Santa Missa.“É o próprio sacrifício do Corpo e do Sangue do Senhor Jesus, que ele instituiu para perpetuar pelos séculos, até seu retorno, o sacrifício da cruz, confiando assim à sua Igreja o memorial de sua Morte e Ressurreição. É o sinal da unidade, o vínculo da caridade, o banquete pascal, no qual se recebe Cristo, a alma é coberta de graça e é dado o penhor da vida eterna”. (COMPÊNDIO 271)Sem sombra de dúvidas, o Milagre mais importante e estrondoso é o que ocorre todas as vezes que se celebra a Eucaristia na qual “Jesus Cristo está presente na Eucaristia de modo único e incomparável. Está presente, com efeito, de modo verdadeiro, real, substancial: com o seu Corpo e o seu Sangue, com a sua Alma e a sua Divindade. Nela está, portanto, presente de modo sacramental, ou seja, sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho, Cristo todo inteiro: Deus e homem. (COMPÊNDIO 282). Fazendo presente e atualizando o seu Sacrifício da Cruz, com o Seu Corpo e o Seu Sangue, Ele se faz nossa comida e bebida, unido-se a nós e vivendo entre nós se transforma em viático do nosso peregrinar neste mundo caminho à patria eterna.

      Este é o milagre misterioso por excelência, que somos convidados a celebrar principalmente aos domingos, na comunidade eclesial, partindo o único pão, que – como afirma Santo Inácio de Antioquia – “nós partimos o único pão que é remédio de imortalidade, antídoto para não morrer, mas para viver em Jesus Cristo para sempre”.

  • É oportuno também valorizar os Santuários dos Milagres Eucarísticos, reconhecidos pela Igreja como lugar de celebração litúrgica (particularmente do Sacramento da Reconciliação), lugar de oração e de espiritualidade eucarística, de catequese e de obra de caridade.
  • Os Milagres Eucarísticos se manifestam relacionados com a piedade popular.Eles, com freqüência, provêem da piedade popular e incidem sobre ela dando-lhe novos impulsos e abrindo-lhe novas formas de manifestação. Isso não exclui que eles tenham um efeito sobre a liturgia, como ocorreu, por exemplo, com a instituição da Festa de Corpus Christi. A liturgia é o critério, ela é a forma vital de toda a Igreja e é nutrida diretamente pelo Evangelho.

Monsenhor Raffaello Martinelli

S.E. Rev. ma Mons Raffaello Martinelli
Reitor do Colégio Eclesiástico Internacional São Carlos
Oficial da Congregação para a Doutrina da Fé

Clique nos arquivos abaixo e confira os milagres Eucarísticos (arquivo em *.pdf ):

1Carta Austria
2 Fiecht
3 Seefeld
4 Weiten

5 Carta Belgica
6 Boisseigneurissac
7 Bruges
8 Bruxelas
9 Herentals
10 Herkenrode
11 Corpuschristi
12 Middleburg

13 Carta Colombia
14 Tumaco

15 Carta Croacia
16 Ludbreg P1
17 Ludbreg P2

18 Carta Egito
19 Santa Maria
20 Scete

21 Carta Franca
22 Avignon P1
23 Avignon P2
24 Blanot
25 Bordeaux
26 Dijon
27 Douai
28 Faverney
29 Larochelle
30 Lesulmes
31 Marseille Beauvais
32 Paris P1
33 Paris P2
34 Pressac

35 Carta Alemanha
36 Augsburg
37 Benningen
38 Bettbrunn
39 Erding
40 Kranenburg
41 Regensburg
42 Walldurn
43 Weingarten
44 Weingarten2
45 Wilsnack

46 Carta India
47 Chiratta Konam

48 Carta Martinica
49 Martinica

50 Carta Reuniao
51 Reuniao

52 Carta Italia
53 Alatri
54 Assis
55 Asti P1
56 Asti P2
57 Bagnoramagna
58 Bolsena P1
59 Bolsena P2
60 Canosio
61 Cassia
62 Cavatirreni
63 Dronero
64 Ferrara
65 Florenca
66 Gruaro
67 Lanciano P1
68 Lanciano P2
69 Macerata
70 Mogoro
71 Morrovalle
72 Offida
73 Patierno
74 Rimini
75 Roma P1
76 Roma P2
77 Roma P3
78 Rosano
79 Damiao
80 Sena
81 Trani
82 Turim P1
83 Turim P2
84 Turim P3
85 Veroli
86 Volterra

87 Carta Holanda
88 Alkmaar
89 Amsterdam P1
90 Amsterdam P2
91 Bergen
92 Boxmeer
93 Boxtel
94 Breda
95 Meerssen
96 Stiphout

97 Carta Peru
98 Eten

99 Carta Polonia
100 Cracovia
101 Glotowo
102 Poznan

103 Carta Portugal
104 Santarem P1
105 Santarem P2

106 Carta Espanha
107 Alboraya P1
108 Alboraya P2
109 Alcala
110 Alcoy
111 Caravaca
112 Cimballa
113 Daroca P1
114 Daroca P2
115 Gerona
116 Gorkum
117 Guadalupe
118 Ivorra P1
119 Ivorra P2
120 Moncada
121 Monserrat
122 Ocebreiro
123 Onil P1
124 Onil P2
125 Ponferrada
126 Sanjuan
127 Silla
128 Valenca P1
129 Valenca P2
130 Zaragoza

131 Carta Suica
132 Ettiswil

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Quaresma: “E não nos deixeis cair em tentação”

Autor: Frei Lourenço Maria Papin, OP

 

Com a austera celebração da Quarta-feira de Cinzas, a Igreja iniciou a Quaresma 2011. Como indica o nome, são 40 dias de preparação para a Solenidade da Páscoa, intercalados por cinco Domingos.

E sempre no primeiro Domingo da Quaresma a liturgia da Palavra na Missa nos apresenta o episódio das tentações ou provações de Cristo no deserto, Mateus e Lucas, nos falam de três tentações que mostram o aspecto profundamente humano de Cristo que se fez igual a nós em tudo, também nas tentações, exceto no pecado. Tão profunda e perfeitamente humano que por isso mesmo é Deus!

Jesus foi conduzido pelo Espírito no deserto da Judéia. Após jejuar durante 40 dias e 40 noites, aparece o tentador diabólico com a intenção de minar e destruir a base do messianismo que salvaria a humanidade.

Primeira tentação. Quando Jesus jejuando sentiu fome, o tentador lhe diz: “Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se mudem em pães”. Vejo embutida nessa tentação o fenômeno atual do consumismo e da ganancia pelo material, deixando Deus em segundo plano. Essa primeira tentação se contrapunha ao ensinamento da partilha que será proposta pelo Cristo.

Segunda tentação. Vencida a primeira tentação, num tom de ousadia e dominação o tentador mostra a Jesus, num instante, todos os reinos do mundo dizendo-lhe: “Se te prostrares diante de mim em adoração, tudo isso será teu”. Constato aqui a terrível tentação do poder que anularia o inovador e revolucionário ensinamento de Cristo “que veio para servir e não para ser servido”.

Terceira tentação. Vencida a segunda tentação, Jesus é colocado no ponto mais alto do templo. O tentador então lhe dirá: “Se é o filho de Deus, joga-te daqui para baixo que os Anjos te levarão em suas mãos, para que não tropece em pedra alguma”. Trata-se da atraente tentação do orgulho que anularia o grande ensinamento de Jesus sobre a humildade que nele estará como que personificada.

Interessante notar que, após narrar à vitória de Jesus sobre essas tentações, Lucas escreve que o tentador voltaria oportunamente a tentar Jesus.

De fato, Jesus foi tentado durante toda sua vida publica, como também durante sua paixão dolorosa, iniciada no Jardim das Oliveiras. No alto da cruz rezando o Salmo 30, não terá acontecido sua ultima tentação ao exclamar: “Meu Deus, meu Deus por que me abandonaste?” Quase uma tentação de ateísmo, vencida quando por toda a humanidade Jesus entregou ao Pai seu espírito, a sua vida.

As três tentações de Jesus se repetem na história da humanidade, no aqui e agora. Por exemplo, não nos falta abundância de bens materiais e de pães, mas sim a partilha na justiça e na solidariedade, como meio para eliminar o doloroso escândalo da miséria e da fome que atinge quase um bilhão de pessoas. Opondo-se a partilha estão o consumismo, a ganância e o egoísmo.

Poder e orgulho são as tentações que ameaçam os homens nas dimensões de sua vida pessoal, comunitária e social. Quando o poder é apenas procura de interesses pessoais de grupos ou de partidos políticos e não se torna serviço, ele só traz danos para o bem comum. Tantas vezes o poder é divinizado no dinheiro e nos bens materiais e tido como senhor absoluto. Então ele se torna uma forma de idolatria. “Não podeis servir a Deus e ao dinheiro”, são severas palavras de Cristo.

O orgulho, pecado capital, transtorna todo o bom relacionamento humano. O orgulho leva a pessoa a um conceito demasiadamente elevado de si mesma, prejudicando o diálogo, o entendimento e a convivência na vida familiar e social. O orgulho e a desobediência a Deus, certamente definem o que chamamos de “pecado original” como transtorno moral e espiritual do inicio da humanidade.

Essa tríplice tentação e numerosas outras estarão nos rondando até o fim da vida. Quem poderá vangloriar-se de não ser tentado? Diria que quanto mais nos comprometemos com o bem, mais seremos tentados! “O discípulo não é maior do que o mestre” disse Jesus.

O Evangelho nos ensina que assim como o homem Jesus venceu todas as suas tentações, assim também nós poderemos vencer as nossas. Sem dúvida, Deus nunca permitirá uma tentação acima de nossas forças. Aliás, tentação em si não é pecado. Ademais, a graça divina que nos socorre é mais poderosa que toda e qualquer tentação.

Particularmente nesta Quaresma somos convidados a invocar o Pai com confiança e humildade: “…e não nos deixeis cair em tentação mas livrai-nos do mal”.

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Os últimos Sacramentos

São comovedoras as páginas em que a Irmã Lúcia recorda os últimos dias de seu primo nesta terra. Nas vésperas de morrer, Francisco lhe disse:

– Olha! Estou muito mal. Agora me falta pouco para ir para o Céu.

– Então não se esqueça lá de pedir muito pelos pecadores, pelo Santo Padre, por mim e pela Jacinta.

– Sim, vou pedir. Mas olha: é melhor pedir essas coisas à Jacinta, pois eu tenho medo de me esquecer delas quando vir Nosso Senhor! E, depois, quero antes consolá-Lo.

Dali a poucos dias, mandou chamar a prima às pressas, pois estava se sentindo pior, e queria lhe dizer algo de muito importante. Quando Lúcia chegou, pediu que a mãe e os irmãos saíssem do quarto, pois era segredo o que iam conversar. Ao ficarem sozinhos, disse-lhe:

– É que vou me confessar para comungar, e morrer depois. Queria que me dissesse se me viu fazer algum pecado, e que fosse perguntar à Jacinta se ela me viu fazer algum.

O bom pastorinho desejava lembrar-se de todas as faltas que cometera, para estar com a alma inteiramente purificada e disposta a receber a visita de Jesus Sacramentado. Lúcia lhe recordou algumas desobediências à mãe, e Jacinta, certas travessuras e um “tostão roubado ao pai, para comprar o realejo do José Marto da Casa Velha”…
Ao ouvir este recado da irmã, respondeu:

– Já confessei esses, mas vou voltar a confessá-los. Talvez seja por causa destes pecados que eu fiz que Nosso Senhor está tão triste! Mas eu, ainda que não morresse, nunca mais os tornaria a fazer. Agora eu estou arrependido. – E, elevando as mãos postas, repetiu a oração: – Ó meu Jesus! Perdoai-nos, livrai-nos do fogo do inferno, levai as alminhas todas para o Céu, principalmente as que mais precisarem.

No dia seguinte, depois de se confessar, recebeu a Sagrada Comunhão, que o inundou de alegria! Era o momento de maior felicidade na sua vida.

– Hoje sou mais feliz do que você – dizia ele a Jacinta – , porque tenho dentro do meu peito a Jesus escondido. Eu vou para o Céu, mas lá vou pedir muito a Nosso Senhor e a Nossa Senhora que as levem também para lá depressa.

Os três pastorinhos passaram juntos todo esse dia, no quarto de Francisco. Como este já não podia rezar, pediu às meninas que recitassem o Terço por ele. Depois, disse a Lúcia:

– Com certeza, no Céu vou ter muitas saudades de você! Quem dera que Nossa Senhora a levasse também para lá em breve!

– Não vai ter, não. Imagine! Ao pé de Nosso Senhor e de Nossa Senhora, que são tão bons!

– Pois é! Talvez nem me lembrarei…

Quando se fez tarde, chegou o momento de Lú­cia se despedir do pequeno companheiro de tantas e tão extraordinárias horas.

– Francisco! Adeus. Se você for para o Céu esta noite, não se esqueça lá de mim, ouviu?!

– Não a esquecerei, não. Fique descansada.

E, agarrando a mão direita da prima, apertou-a com força por um bom tempo, olhando para ela com as lágrimas nos olhos. Lúcia, também com as lágrimas a lhe correrem pelas faces, perguntou:

– Quer mais alguma coisa?

– Não! – respondeu-lhe com voz sumida.

Como a cena estava se tornando por demais comovedora, a mãe de Francisco mandou Lúcia e Jacinta saírem do quarto. Na porta, a prima se voltou uma última vez, para se despedir do pastorinho:

– Então, adeus, Francisco! Até o Céu. Adeus até o Céu!…

Quando Lúcia e Jacinta saíram do quarto, ouviram os sinos da igreja paroquial tocarem. Olha-ram uma para a outra: alguém mais morrera com a gripe espanhola, e elas se perguntavam se Francisco não seria o próximo.

Por volta das seis horas da manhã seguinte, Fran¬cisco acordou de um profundo sono. Ao seu lado já se encontrava Dona Olímpia, sua mãe, sempre a velar sobre o filho querido. Este sentou-se na cama, apontou para a porta e disse com os olhos a brilhar:

– Olhe mãe! Olhe que bela luz!

– Que luz, filho?

– Lá, perto da porta. É tão bela!

Mas Dona Olímpia nada pôde ver. Ajudou-o a recostar-se na cama e saiu do quarto, no mesmo instante em que entrava a madrinha de Francisco. Ele a cumprimentou carinhosamente, estendendo-lhe os braços e dizendo:

– De todo o coração, desejo lhe pedir perdão pelos incômodos que lhe causei, madrinha!

Ela o acariciou e lhe concedeu gentilmente o que pedia. Sentou-se ao seu lado, aconselhando-o a ficar em silêncio.

– É o único modo de se tornar forte novamente – disse-lhe.

Mas, enquanto falava, alguma coisa na face de Francisco a atraía. Havia nela tanta paz, tanta serenidade, tanta luz…

Era o dia 4 de abril de 1919. Nossa Senhora cumprira o prometido: Francisco já estava no Céu.

(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria – Monsenhor João Clá)

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Graças obtidas por Jacinta

Era de fato um pequeno anjo nesta terra, para o qual se voltavam os necessitados, na esperança de que sua intercessão lhes alcançasse do Céu uma graça, um socorro, uma misericórdia.

 

 

Certo dia, passeava ela pelo caminho de Aljustrel quando veio ao seu encontro uma pobre mulher a qual, chorando, ajoelhou-se diante dela, pedindo-lhe que lhe obtivesse de Nossa Senhora a cura de uma terrível doença. A pastorinha, ao ver à sua frente uma mulher de joelhos, afligiu-se e pegou-lhe nas mãos trêmulas para a levantar. Mas, vendo que não era capaz, ajoelhou-se também e rezou com ela três Ave-Marias. Depois, pediu-lhe que se levantasse, que Nossa Senhora havia de curá-la. E não deixou de rezar todos os dias por ela, até que, passado algum tempo, a mulher tornou a aparecer para agradecer à Santíssima Virgem a sua cura.

Outra vez, veio procurá-la um soldado que chorava como uma criança. Tinha recebido ordem de partir para a guerra e, se fosse, deixaria a sua mulher doente, de cama, e três filhinhos. Ele pedia, ou a cura da mulher, ou a revogação da ordem. Jacinta convidou-o a rezar com ela o Terço. Depois disse-lhe:

– Não chore. Nossa Senhora é tão boa! Com certeza vai lhe dar a graça que pede!

Depois disso, não se esqueceu mais do seu soldado, rezando todos os dias uma Ave-Maria por ele. Passados alguns meses, o soldado aparece com sua esposa e seus três filhinhos, para agradecer as duas graças recebidas. Devido a uma febre que tivera na véspera de partir, se vira livre do serviço militar, e sua esposa “tinha sido curada por milagre de Nossa Senhora”…

Fato mais belo é a conversão de uma pecadora, tocada pelo exemplo de Fé e virtude dado pela pequena Jacinta. Essa pobre mulher se acostumara a insultar os três pastorinhos, sempre que os encontrava. Um dia, quis também agredi-los. Ao se afastarem dela, Jacinta disse a Lúcia:

– Temos que pedir a Nossa Senhora e oferecer-Lhe sacrifícios pela conversão desta mulher. Diz tantos pecados que, se não se confessar, vai para o Inferno.

Dali a alguns dias, brincavam e corriam em frente à porta da casa dessa mulher quando, de repente, Jacinta pára e pergunta à prima:

– Olha! É amanhã que vamos ver Nossa Senhora?

– É sim.

– Então não brinquemos mais. Façamos este sacrifício pela conversão dos pecadores.

E, sem pensar que pudesse estar sendo vista, levantou as mãozinhas e os olhos ao Céu, e fez o oferecimento.

Mal sabia ela que uma pessoa a observava, escondida atrás da porta: era a tal mulher. Esta, pouco depois, procurava a mãe de Lúcia, dizendo-lhe que a tinha impressionado tanto aquela ação de Jacinta, que não precisava de outra prova para crer na realidade das aparições. Dali em diante, não só deixou de insultar os pastorinhos, como lhes pedia continuamente que rogassem por ela a Nossa Senhora, para que lhe perdoasse os seus pecados.

Assim, ainda em vida, Jacinta ia alcançando o que tanto desejava, aquilo por que tanto ardia seu coração inocente, isto é, a conversão dos pecadores.

(Livro Jacinta e Francisco Prediletos de Maria – Monsenhor João Clá)

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E Nossa Senhora voltou!

Era 13 de agosto de 1917, dia marcado para mais uma aparição daquela “linda Senhora”. Os três pastorinhos, entretanto, suportaram heroicamente terrível provação.

Toda manhã, logo ao nascer do sol, Lúcia dos Santos e seus primos Francisco e Jacinta Marto saíam a pastorear as ovelhas na ensolarada Serra. Até que um dia… lhes apareceu uma “Senhora toda vestida de branco”, que alterou sua tranqüila rotina.

Embora, exteriormente, pouca coisa tenha mudado na vida dessas três crianças, interiormente suas almas sofreram profunda transformação: seus pensamentos refletiam o pedido urgente de Nossa Senhora por orações, penitência e conversão.

Sacrifícios pela salvação dos pecadores

Jacinta, que era a personificação da felicidade e da vitalidade, parava com freqüência no meio de um jogo e, com olhar sério, dizia: – São tantas pessoas caindo no inferno!!! São tantas pessoas no inferno!!! Sua prima mais velha procurava tranqüilizá-la: – Jacinta, não tenha medo, pois você vai para o Céu.

– Sim, sim, eu vou, mas gostaria que todas essas pessoas também fossem.

E Francisco, que se tornara muito contemplativo, assim manifestava o desejo profundo de seu coração: – Tenho pensado muito em Deus, que está tão triste por causa de tantos pecados! Se eu pudesse dar-Lhe alguma alegria! Lúcia, mais dotada de senso prático, fez uma proposta:

– Olhem para este velho pedaço de corda; é pesado e machuca. Talvez pudéssemos usá-lo em nossas cinturas como sacrifício! Sua tranqüila existência de crianças do campo passou a ser incomodada por interpelações da parte de incrédulos, e mesmo pessoas de Fé as importunavam com perguntas disparatadas sobre as aparições… Elas sentiam-se molestadas por esses interrogatórios, mas, após refletirem um pouco, perceberam que poderiam também oferecer esses difíceis encontros como sacrifício pelos pobres pecadores.

Com isso, ficou de certa forma resolvido o problema de seu desejo de fazer penitência.

13 de agosto: uma surpresa

Na casa de Francisco e Jacinta, os pequenos videntes se preparavam para fazer sua caminhada à Cova da Iria, onde Nossa Senhora havia aparecido nos três meses anteriores sobre a pequena azinheira.

De repente, notaram ali a presença não-desejada do Administrador da cidade de Ourém, Artur de Oliveira Santos, um corpulento e insolente latoeiro que havia negligenciado seus deveres religiosos para fazer carreira política e alinhava-se com a corrente anti-católica em Portugal.

Lúcia já o conhecia.

Poucos dias antes, ele a tinha intimado para um interrogatório em tom amedrontador.

Prometer-lhe-ia ela não retornar à Cova da Iria? Contar-lhe-ia o segredo que Nossa Senhora lhe revelara em 13 de julho? Obtendo para cada pergunta apenas um categórico “Não!”, ele a mandou embora, fazendo-lhe uma ameaça: “Se não me revelares o segredo, condeno-te à morte!” Agora estava ele ali de novo, já dentro da casa.

Marto, pai dos dois pequenos, estava trabalhando no campo e foi chamado às pressas. Ao chegar, deparou- se com o imprevisto visitante: – Ah, então, é o Senhor Administrador? – Sim, sou eu; também quero testemunhar esses milagres.
Em tom insinuante, acrescentou o latoeiro: – Vamos todos juntos… Levarei os pequeninos comigo na carroça. Ver para crer, como São Tomé! A propósito, onde estão as crianças? Estamos atrasados, é melhor chamá-las.

Elas recusaram o “amável” convite.

Mas o Administrador murmurou algo sobre passar antes pela casa do Pároco de Fátima, que também tinha algumas perguntas a fazer aos videntes.

Atônitos, estes se viram colocados na carroça que logo desapareceu levantando uma nuvem de poeira. Passaram primeiro na casa do Pároco e, ao retornarem à carroça, viram Artur chicotear afoito os cavalos, mas tomando um rumo inesperado.

– O senhor está indo para o lado errado! – gritou Lúcia.

Ele sabia exatamente para onde ia, e tomou a estrada de Ourém. Era um seqüestro! Lá chegando, reteve os três pastorinhos em sua própria residência.

Revelar o segredo, nunca!

Estes estavam angustiados, principalmente por se lembrarem de que naquela hora deveriam encontrar-se com Nossa Senhora na Cova da Iria.

Francisco foi o primeiro a recobrar-se.

“Talvez Nossa Senhora vá nos aparecer aqui” – disse esperançoso. Nada aconteceu. A hora do almoço passara.

Jacinta rompeu em lágrimas quando a última esperança de aparição de Nossa Senhora os abandonou.

– Nossos pais jamais nos verão novamente! Não saberão onde estamos – lamentou-se.

– Não chore, Jacinta.

Vamos oferecer isso a Jesus pelas almas dos pobres pecadores, tal como Nossa Senhora nos pediu – disse- lhe o irmão.

Elevando os olhos ao céu, ele fez seu oferecimento: “Meu Jesus, isto é por seu amor e pela conversão dos pecadores!” – E pelo Santo Padre também – soluçou Jacinta.

Passaram, assim, um dia de incertezas e sofrimento.

Na manhã seguinte o Administrador conduziu as crianças à prefeitura, e foi direto ao assunto.

Após longo interrogatório – onde elas reafirmaram que viram a bela Senhora e que Ela lhes havia revelado um segredo – ele passou a ameaçá-las… com prisão perpétua… tortura e morte! Mesmo assim, elas se recusaram a revelar o segredo.

Na prisão, com os criminosos

O Administrador comunicou-lhes então que o tratamento doce havia acabado, e, chamando os guardas, mandou levá-las à cadeia. Estas inocentes crianças, naturalmente, nunca tinham visto o interior de um cárcere.

E este realmente era terrível: frio, úmido e repleto de todo tipo de criminosos.

– Quero ver minha mãe! – queixou- se Jacinta, quando acabou de entrar.

Francisco a encorajou: – Então você não quer oferecer este sacrifício pela conversão dos pecadores, pelo Santo Padre e em reparação pelos pecados contra o Imaculado Coração de Maria? – Sim, eu quero, eu quero.

Um dos detentos deu-lhes um conselho: contem ao Administrador o segredo, já que ele quer tanto conhecê-lo! – Prefiro morrer! – respondeu Jacinta energicamente.

Os pastorinhos decidiram então aguardar pelo seu destino rezando o Terço. Jacinta tirou de seu pescoço uma medalha e pediu a um preso que a pendurasse em um prego na parede.

Alguns dos detentos, que possivelmente há muito já se haviam esquecido da religião, se juntaram vacilantes às orações dos pequeninos.

Francisco se aproximou de um deles e calmamente lhe disse que, se quisesse rezar, seria mais apropriado retirar seu gorro. O homem assim o fez, arremessando o gorro no chão. Francisco o apanhou e colocou sobre um banco, em cima do seu próprio gorro.

Com consciências tranqüilas e paz de alma, as crianças se esqueceram por algum tempo do perigo em que se encontravam. Um dos encarcerados tinha um pobre instrumento musical, e assim eles entoaram juntos alguns cânticos folclóricos, que soavam no mínimo incomuns, naquele inóspito lugar.

O caldeirão de azeite fervente

Esta cândida cena foi abruptamente interrompida pelo abrir de porta e a ordem seca de um policial: “Sigam-me!” Pouco depois elas se encontraram uma vez mais diante do Administrador.

Este as intimou de novo a lhe revelarem o segredo, e obteve como resposta apenas o silêncio. Pronunciou então terrível “sentença”: – Pois bem, eu tentei salvá-los, mas, já que vocês não querem obedecer ao governo, serão lançados vivos no caldeirão de azeite fervendo.

Toda a fisionomia e modos do brutal latoeiro-administrador eram os de um homem determinado a cumprir a ameaça. Podemos imaginar a conversa que se seguiu: – O óleo já está fervendo? – perguntou a um dos guardas.

– Sim, senhor Administrador, está.

– Pegue esta, então, e jogue-a no caldeirão.

Isto dizendo, apontou para Jacinta, que estava decididamente disposta ao martírio. Lúcia começou a rezar com fervor.

Francisco implorou a Nossa Senhora que desse a Jacinta coragem para morrer sem trair o segredo.

Nenhum deles tinha dúvida de estar em sua última hora de vida. Algum tempo depois retornou o policial, anunciando:

– Um já está completamente cozido.

O próximo a ir foi Francisco, deixando na sala somente Lúcia e o Administrador.

– Depois dele será você… É melhor contar-me o segredo.

– Prefiro morrer também.

– Que seja então.

Mais algum tempo de angústia e voltou o mesmo policial, tomou Lúcia pelo braço e a conduziu por um corredor até uma outra sala… onde Jacinta e Francisco se encontravam sãos e salvos. Nem precisamos dizer com que alegria e surpresa eles se entreolharam.

Sim, Nossa Senhora voltou!

Após reter os pastorinhos por três dias, fosse em sua residência, fosse na prefeitura ou na cadeia pública, o Administrador não teve remédio senão admitir a derrota e enviá-los de volta a Fátima. Era 15 de agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora.

Naquele mesmo dia 15, tendo ido Lúcia, com Francisco e um outro primo, apascentar as ovelhas, ela percebeu uma súbita mudança na atmosfera, o sinal que geralmente precedia as visões sobrenaturais. Lúcia mandou o outro primo ir rapidamente chamar Jacinta e, alguns minutos depois, fulgurou no céu um relâmpago, exatamente como acontecera antes das outras vindas de Nossa Senhora. Jacinta veio correndo ao encontro deles, esbaforida.

De repente estava de novo diante deles aquela carinhosa figura! Sim, Nossa Senhora tinha voltado…

(Elizabeth MacDonald – Revista Arautos do Evangelho, Ag/2005, n. 44, p. 38 a 40)

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A intercessão de Nossa Senhora na hora da morte

 

“Rogai por nós pecadores, agora… e na hora de nossa morte”. Qual a razão de tanta insistência em pedir que Maria nos assista no fim de nossa vida?

 

Na oração que tantas vezes dirigimos a Nossa Senhora há duas partes distintas, as quais convém analisar: uma diz respeito ao presente, a outra ao futuro. A primeira muda continuamente no que diz respeito ao tema do pedido; a segunda não varia, roga sempre a mesma graça.

Rogai por nós agora é o pedido da hora presente, cujo objeto será diferente conforme nossas necessidades.

Por vezes será a solicitação de uma graça protetora, outras vezes de consolo, às vezes de alívio e de cura de alguma enfermidade.

Mas, rogai por nós na hora de nossa morte diz respeito ao futuro, e é sempre o mesmo pedido que fizemos ontem, fazemos hoje, repetido 200 vezes no Rosário, e voltaremos a fazer amanhã, se Deus nos conceder um novo dia e se nele rezarmos a Saudação Angélica.

Então, por que a Santa Igreja, por meio da Ave Maria, oração quotidiana e familiar a todos os cristãos, até mesmo aos mais indiferentes, formulou este pedido: Rogai por nós na hora de nossa morte? Só pode ser por razões muito dignas de sua sabedoria; é porque na hora da morte a intercessão da Santíssima Virgem Maria nos é soberanamente necessária e em extremo eficaz.

 

Necessidade da assistência de Maria nos derradeiros momentos

Para compreender bem quão necessária é a assistência de Nossa Senhora em nossos derradeiros momentos, deve-se lembrar que a hora da morte é propriamente a hora decisiva e difícil entre todas. Nela será fixado nosso destino para toda a eternidade. Quando cai uma árvore, à direita ou à esquerda, lá onde cai, fica, bem diz o Eclesiastes (11, 3). Se cair para o lado certo, se morrermos na graça de Deus, seremos felizes para sempre; mas se cair do lado errado, se morrermos na inimizade de Deus, nosso lugar será junto aos réprobos. A hora da morte é a hora do combate supremo. Se triunfarmos do demônio, todas as nossas derrotas passadas serão reparadas, seremos vitoriosos para sempre, tomaremos lugar entre os eternos triunfadores e o Rei do Céu nos cingirá com a coroa da glória eterna.

Vejamos o bom ladrão. Sua vida estava manchada por vários crimes. Tinha sido um infame criminoso que tingiu suas mãos no sangue de irmãos; alguns instantes antes de morrer, se arrependeu, foi perdoado, seus crimes foram apagados e – qual piedoso ladrão do Céu, como é chamado -, por um instante de sincera penitência, foi compartilhar as alegrias do Paraíso com os patriarcas e os profetas que passaram a vida inteira na prática de boas obras.

 

Se, pelo contrário, no último momento, nosso inimigo, o demônio, triunfar sobre nós, nossas vitórias já adquiridas, por mais numerosas ou retumbantes que tenham sido, nos serão inúteis. Nossas boas obras, embora tivéssemos vivido como justos durante longos anos, estariam perdidas para sempre e se volatilizariam como simples nuvem dispersa pelo vento. Ficaríamos como navegadores que, após triunfarem sobre várias tempestades em alto mar, vêm soçobrar no próprio porto de chegada.

 

Uma trágica defecção de última hora

Lembremos-nos da história dos 40 mártires de Sebaste. Eram 40 soldados que, juntos, nas tropas do exército romano, travaram inúmeros combates nesta terra, além de ganharem combates no Céu, pela prática das virtudes cristãs, sob o estandarte de Jesus Cristo. Para defenderem a Religião, compareceram diante do tribunal de seus perseguidores, confessando valentemente sua fé, sem se deixarem intimidar por ameaças nem seduzir por promessas. Foram todos jogados no calabouço e condenados a morrer num lago gelado. Os anjos já os sobrevoavam, trazendo nas mãos as coroas destinadas a esses gloriosos atletas, quando um deles, vencido pelo frio, saiu do lago para um banho de água morna preparado com vistas à desistência de algum deles. Pouco depois ele morreu (devido à mudança brusca de temperatura), perdendo por um instante de fraqueza os frutos de uma longa vida passada no exercício das virtudes, os méritos reluzentes de sua confissão de fé e a glória de um martírio quase consumado, deixando seus companheiros imersos na incomparável dor de sua defecção.

A hora da morte é uma hora decisiva, mas é também uma hora difícil.

 

Angústias dos moribundos

Como são atrozes as angústias dos moribundos, que não tenham perdido completamente a fé, quando os remorsos da consciência, o temor do julgamento iminente e a incerteza quanto à salvação eterna se unem para enchê-los de perturbação e pavor! Os demônios redobram de raiva para agarrar essa presa que lhes escapa. Acorrem numerosos em torno da cama do doente para tentar um supremo esforço.

Pudesse ainda o moribundo reagir na plenitude de suas forças! Mas não pode! Nunca terá sido atacado com tanta violência e jamais esteve tão fraco para se defender. A deficiência do corpo provoca um desastroso contragolpe na alma. A imaginação fica de todo desordenada. É como se fosse um campo aberto que os animais selvagens – melhor seria dizer fantasmas dos mais lúgubres e dos mais espantosos – atravessam livremente em todas as direções. O espírito fica repleto de trevas, a vontade sem energia e cheia de languidez.

 

Necessidade imperiosa do auxílio de Deus na hora da morte

Como o socorro de Deus é necessário nessa hora! Quão indispensável é a graça divina para perseverar! Entretanto, a graça, sobretudo a graça da perseverança final, é um dom de Deus que não nos é dado merecer, mas podemos obter infalivelmente pelas nossas orações.

Ora, como por um privilégio todo especial de Deus, o qual quer assim honrar sua Mãe, a Santíssima Virgem é a Medianeira obrigatória por cujas mãos todos os favores do Céu devem passar, a Ela é que devemos pedir esta graça das graças.

Compreendamos então por que a Santa Igreja nos leva a pedir tantas vezes a assistência de Maria Santíssima para hora de nossa morte. Compreendamos também o motivo pelo qual ela nos incita a repetir todos os dias: Santa Maria, rogai por nós na hora de nossa morte.

 

Nessa hora, intercessão infalível de Maria Santíssima

A intercessão de Maria Santíssima nos é tão necessária quanto eficaz nessa suprema e solene circunstância. Como são felizes as almas assistidas por Maria nessa hora! Elas não podem perecer. Ainda que estejam cativas da tirania do demônio, esta boa Mãe romperá seus grilhões e lhes obterá os frutos benfazejos de uma sincera conversão, instando-as a fazerem verdadeira penitência. Lá estará Ela perto de seu leito de dores, como uma mãe à cabeceira do filho moribundo, dissipando suas angústias, acalmando suas dores, adoçando suas penas, proporcionando uma santa paciência e tomando sua defesa ante os ataques furiosos e múltiplos do espírito das trevas.

Quando chega a derradeira hora de algum devoto de Nossa Senhora, diz São Boaventura, esta boa Mãe lhe envia os espíritos angélicos que estão às suas ordens, juntamente com São Miguel, seu chefe. E Ela, que é o flagelo do inferno – como diz São João Damasceno – Ela que tem, por missão, o ódio à serpente infernal, lhe faz sentir, sobretudo quando algum de seus devotos vai abandonar este mundo, todo o seu vitorioso poder. Ela é para o demônio, nessa ocasião, terrível como um exército em ordem de batalha. Torna-se contra ele como essa torre da qual fala o Cântico dos Cânticos, onde mil escudos estão levantados com as armas dos mais valorosos.

Não, um servidor de Maria não pode perecer! – declara São Bernardo.

Não, aquele por quem Maria se dignou rezar não pode mais ter dúvida de sua salvação e de sua ida à glória do Céu! – diz Santo Agostinho.

Não, aquele pelo qual Maria rezou uma vez não perecerá! Não, quem recitou piedosamente todos os dias a Ave Maria não será abandonado na última hora! – exclama também Santo Anselmo.

Esta oração possui todas as qualidades capazes de torná-la infalivelmente vitoriosa.

Primeiro lugar, ela é santa em sua motivação. Com efeito, o que pedimos por ela? A perseverança final “na hora de nossa morte”.

Depois, ela é humilde. Por ela confessamos a Maria Santíssima nossa miséria, revestindo-nos de um título que nos convém tão bem: “pobres pecadores”.

Ela é também confiante, pois nos dirigimos à mais poderosa intercessora que possa haver, Àquela que é chamada de “Onipotência suplicante”, em vista de sua santidade proeminente e de sua dignidade incomparável de Mãe de Deus: “Santa Maria, Mãe de Deus”.

Esta oração é perseverante. Qual oração pode ser mais perseverante? Ainda que, por suposição, só rezássemos uma Ave Maria por dia, quantas vezes durante nossa vida teríamos pedido a Ela para interceder por nós na hora da morte? E como será então se rezarmos ao menos uma dezena do Rosário? Mais ainda se tomarmos o costume de rezar diariamente um terço inteiro? Será possível que Maria Santíssima, tão zelosa de nossa salvação, não nos ouça? Não! Isso é impossível! A isso se opõem as promessas, os juramentos de Jesus Cristo Nosso Senhor relativos à oração, assim como a bondade e a ternura de sua Mãe Santíssima.

Tomemos, pois, a resolução de rezar todos os dias de nossa vida, com uma nova fé, uma nova confiança e um novo cuidado, esta curta mas tão bela e eficaz oração da Ave Maria. Assim obteremos a cada dia aquelas graças particulares das quais precisamos e, sobretudo, a graça necessária no fim da vida, a maior delas, a mais importante de todas as graças, a graça da perseverança final.

 

Santo André Avelino

Segundo se narra, na hora da morte de Santo André Avelino, um grande servo de Maria, seu leito estava envolto por mais de dez mil demônios; durante sua agonia, ele teve de travar contra o inferno um combate tão terrível que deixou estupefatos todos os religiosos ali presentes. Viram seu rosto decompor-se e ficar lívido. Ele tremia em todos os seus membros, rangia os dentes, lágrimas abundantes corriam-lhe pela face, testemunhando a violência do assalto ao qual estava sujeito. O espetáculo arrancou lágrimas de todos os assistentes. Cada qual redobrava as orações e tremia por si, ao ver um santo morrer dessa maneira. Uma única coisa consolava os religiosos: o moribundo muitas vezes voltava o rosto para uma imagem da Virgem, indicando assim pedir seu socorro e lembrando- lhes ter dito várias vezes durante a vida que Maria Santíssima seria seu refúgio na hora da morte.

Afinal, aprouve a Deus pôr um término a esse combate, outorgando ao santo a mais gloriosa vitória. As agitações cessaram, o rosto do moribundo retomou sua serenidade primeira; viram- no permanecer tranqüilo, mantendo o olhar em direção à imagem, inclinar-se em sinal de reconhecimento e, em seguida, expirar docemente nos braços da Santíssima Virgem, que ele tanto invocara em vida e que vinha fazê-lo sentir sua todo-poderosa proteção naquele supremo momento.

Imitemos a devoção de Santo André Avelino e, como ele, em nossa última hora seremos assistidos e socorridos pela misericordiosíssima Rainha dos Céus.

 

(Tradução, com adaptações, de “L’Ami du Clergé” nº 39, de 23/9/1880)

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Maria, Mãe de Deus

Autor: Diác. Ignacio Montojo Magro, EP (Revista Arautos do Evangelho – Março/2011)

 

A heresia nestoriana e o dogma da Maternidade Divina

 

I – Gênese de uma heresia

“Que ninguém chame Maria de Mãe de Deus: Ela é uma mulher, e é impossível que Deus tenha nascido de uma filha de Adão!”.1 Mal caiu esta afirmação da boca do presbítero Anastásio, um frêmito de surpresa e indignação percorreu a Catedral de Constantinopla. Até então, jamais ocorrera ali que alguém pusesse em dúvida essa verdade na qual tinha crido a Igreja desde havia muito,2 e naquele momento o pregador negava com tamanha empáfia. Filiais e aflitos olhares crivaram então o semblante do Patriarca que, sentado em sua cátedra, devia ser o guardião da Fé. Ele, entretanto, não apenas permanecia em silêncio, mas ainda aquiescia com um enfático movimento de cabeça apoiando a insólita afirmação. O povo, escandalizado, começou a abandonar a catedral.

 

A origem de um Patriarca controvertido

Capital oriental do Império Romano, em Constantinopla mesclavam-se tumultuosamente a controvérsia teológica e as intrigas palacianas, acentuadas pelas características do temperamento oriental. Assim, logo que vagou a Sé Patriarcal em fins do ano 427, as facções representadas na cortepassaram a promover seus respectivos candidatos ao cobiçado posto. Teodósio II, porém, decidiu não prestar ouvidos a nenhum dos partidos e, a fim de evitar discórdias, optou por escolher um estrangeiro. Sua eleição recaiu sobre um monge de Antioquia, excelente orador, dotado de sonora voz e com fama de santidade. Alguns o tinham como um segundo Crisóstomo. Seu nome era Nestório. Infelizmente, a reputação do candidato não correspondia à realidade.

Embora aparentando piedade, zelo e retidão de costumes, o padre Nestório era sedento de adulações e lisonjas. Ocupar tão importante cátedra afagava seus ambiciosos anseios e, por isso, nada mais receber o convite, partiu para a Nova Roma, acompanhado de Anastásio, seu confidente.

No caminho, deteve-se algum tempo com o Bispo de Mopsuéstia, Teodoro, que havia enveredado por sendas tortuosas na especulação teológica, aventando teses cristológicas por demais temerárias.3 E o pensamento heterodoxo de Nestório em matéria de cristologia se originou ou se agravou no convívio com esse prelado. A alegria dos constantinopolitanos pela chegada do novo Patriarca transformou-se logo em temor e desconfiança, pois quem prometia ser um zeloso pastor não tardou em manifestar orgulho e falta de integridade. E o sermão acima referido foi o estopim da nova heresia que o recém-eleito Patriarca disseminaria pelo Oriente cristão.

 

Graves repercussões da nova doutrina

Afirmava Nestório que Maria é mãe apenas da natureza humana de Cristo e por isso deve ser chamada simplesmente Mãe de Cristo (Christotókos). Falar em Mãe de Deus seria, segundo suas palavras, “justificar a loucura dos pagãos, que dão mães a seus deuses”.4 Maria teria dado à luz o homem Jesus no qual o Verbo, o Filho de Deus, Segunda Pessoa da Santíssima Trindade, habitara como num templo. Ou seja, em Jesus Cristo haveria duas pessoas, uma divina e outra humana, e não uma só Pessoa divina, com duas naturezas distintas, a divina e a humana, como nos ensina a Doutrina Católica.

Desse enunciado deduzia-se uma série de proposições contrárias à Fé. Em primeiro lugar, as dores da Paixão teriam sido sofridas apenas pela humanidade de Cristo e, portanto, não poderiam satisfazer Deus Pai com méritos infinitos. Assim sendo, não haveria propósito em falar de Redenção, pois “nenhum homem, ainda que o mais santo, tinha condições de tomar sobre si os pecados de todos os homens e de oferecer-se em sacrifício por todos”.5

De outro lado, a expressão “o Verbo Se fez carne” perderia seu sentido, pois, por muito que se afirmasse haver em Cristo a união de duas pessoas, a divina e a humana, não se poderiam atribuir as ações da suposta pessoa humana de Cristo à sua pessoa divina. E várias passagens do Evangelho se tornariam problemáticas, entre as quais a seguinte: “para que saibais que o Filho do Homem tem na terra o poder de perdoar os pecados: Levanta-te — disse ele ao paralítico —, toma a tua maca e volta para tua casa” (Mt 9,6). Pois, se fosse apenas uma pessoa humana, o Filho do Homem jamais teria esse poder. Também não se compreenderia a resposta de Jesus ao apelo de Filipe

– “Senhor, mostra-nos o Pai e isso nos basta” –, quando lhe disse: “Há tanto tempo que estou convosco e não me conheceste, Filipe! Aquele que me viu, viu também o Pai. Como, pois, dizes: Mostra-nos o Pai… Não credes que estou no Pai, e que o Pai está em mim?” (Jo 14, 8-10).

 

Semeia-se a discórdia no Oriente católico

De pouco adiantaram a Nestório as caridosas advertências de seus concidadãos e até dos seus irmãos no episcopado, para dissuadi-lo do erro. Pelo contrário, o pertinaz Patriarca condenou publicamente os opositores de suas ideias e fê-los prender e maltratar, acusando-os de promover a desordem pública.

Enquanto isso, uma recopilação escrita das pregações de Nestório espalhava-se pelas demais Igrejas do Oriente, semeando a divisão no povo fiel.

II – O Concílio de Éfeso

A nova heresia não tardou em chegar à Igreja de Alexandria, governada desde o ano 412 pelo Patriarca São Cirilo. Decidido como sempre, ele não demorou em pôr-se a campo para cortar-lhe o caminho. Ao mesmo tempo em que expedia cartas a Bispos, presbíteros e monges reiterando a doutrina sobre a Encarnação do Verbo e a Maternidade Divina, cuidou prudentemente de não alardear os erros e o nome do heresiarca, pois, “movido de intensa caridade”, persistia em “não admitir que alguém pudesse dizer amar mais Nestório do que ele”.6

No fim do ano 429, escreveu-lhe mansamente pela primeira vez, advertindo-o dos rumores que corriam na região acerca de suas doutrinas e pedindo explicações. Não tendo obtido por resposta senão um ácido convite

à moderação cristã, São Cirilo expôs-lhe numa segunda missiva, com luminosa e sobrenatural clarividência, o pensamento universal da Igreja. Nestório, porém, não cedeu, replicando com nova carta contendo o elenco das suas ideias.

Roma entra na disputa

Em vista da inutilidade dos recursos ao seu alcance, só restava a São Cirilo recorrer a Roma e assim o fez, enviando ao Papa São Celestino I um documentado relato da controvérsia com o Patriarca de Constantinopla, no qual figuravam textos das pregações de Nestório, acompanhadas por uma síntese dos seus erros, assim como um florilégio de textos patrísticos em sustento da verdadeira doutrina e cópias das cartas por ele enviadas ao herege.

Nestório, por sua vez, já havia informado o Papa São Celestino I sobre a situação, embora em termos estudadamente ambíguos, com o objetivo de conquistar o seu favor.

Reconhecendo o perigo, São Celestino convocou, no mês de agosto de 430, um sínodo em Roma para tratar deste relevante assunto. Os escritos de Nestório foram cuidadosamente examinados, confrontados com uma longa série de textos dos Padres da Igreja.7 Ante a evidência de heresia, a nova doutrina foi condenada categoricamente.

De próprio punho, o Papa escreveu a Nestório ratificando os ensinamentos cristológicos de São Cirilo e advertindo-o de que incorreria em excomunhão caso não se retratasse por escrito dos seus erros no prazo de dez dias. Também aos principais Bispos do Oriente, ao clero e ao povo de Constantinopla foram enviadas cartas a fim de que, dizia o texto, “fosse conhecida nossa sentença sobre Nestório, ou seja, a divina sentença de Cristo sobre ele”.8

Designado para executá-la em nome do Sumo Pontífice, São Cirilo convocou um sínodo em Alexandria e, em nome dessa assembleia, escreveu nova carta ao heresiarca, expondo de forma assaz detalhada a verdade católica sobre a Encarnação, e enumerando doze erros que Nestório deveria abjurar por escrito, caso quisesse manter-se no redil da Igreja. Era o terceiro e último apelo que lhe fazia à conversão.

Ele, entretanto, valendo-se de sua influência na corte de Constantinopla, tentou obter apoio do Imperador, o qual, para dirimir as contendas e dúvidas, e atendendo a diversos apelos, pensou em convocar um concílio cumênico. O Papa concordou com a decisão imperial e enviou seus legados, dando-lhes instruções muito precisas sobre a postura a ser tomada ante os Padres Conciliares: recomendou-lhes defenderem a primazia da Sé Apostólica, exerceremo papel de juízes impolutose estarem sempre unidos ao zeloso patriarca de Alexandria.

A Fé da Igreja nesse atributo essencial de Maria Santíssima estava em jogo na assembleia, e, como sublinha o historiador jesuíta padre Bernardino Llorca, “a situação era, na realidade, sumamente delicada. O Papa já havia

exarado a sentença contra a doutrina de Nestório, de modo que o concílio não podia senão proclamar essa declaração pontifícia. Qualquer outra conduta podia ocasionar um cisma”

 

O Concílio de Éfeso

Pouco antes de 7 de junho de 431, festa de Pentecostes, começaram a chegar a Éfeso os representantes das várias Igrejas particulares. Entretanto, o atraso dos legados do Papa e de alguns Bispos, motivado pela longa e dificultosa viagem, adiava o início das sessões, concorrendo para diminuir o ânimo de alguns Padres conciliares e causar certa insegurança nos demais.

Enquanto isso, Nestório se afanava em atrair para a sua doutrina os incautos e desavisados, referindo-se despectivamente a São Cirilo como “o egípcio”. Decidiu então o Patriarca de Alexandria abrir sem mais tardança o concílio, valendo-se da autoridade conferida pelo Papa, antes mesmo da chegada dos padres romanos e sem dar ouvidos às enfáticas queixas da facção contrária.

 

A primeira sessão conciliar

Iniciou-se no dia 22 de junho com a proclamação do símbolo de fé niceno-constantinopolitano. Nestório, embora tivesse sido convocado a estar presente, enviou mensagem dizendo que não compareceria enquanto não chegassem todos os Bispos. O Concílio, porém, prosseguiu seus trabalhos com a leitura das doutrinas contidas nas cartas trocadas entre São Cirilo e o heresiarca. À leitura da defesa do Patriarca alexandrino, estrugiram prolongados e calorosos aplausos, sendo sua missiva declarada ortodoxa e conforme o símbolo de Niceia, enquanto a de Nestório foi reprovada como ímpia e contrária à Fé Católica. Completaram-se os trabalhos e os estudos conciliares, lendo-se a sentença exarada pelo Papa no Sínodo de Roma e uma longa série de textos patrísticos alicerçando a posição católica Infrutíferos foram os esforços para reconduzir Nestório à casa paterna.

A todos os enviados do Concílio que procuraram dissuadi-lo do erro, expulsou-os grosseiramente de sua presença. Em vão. Sobre ele recaiu o anátema: “Nosso Senhor Jesus Cristo, por ele blasfemado, estabeleceu, pela boca deste santíssimo Sínodo, que o mesmo Nestório está excluído da dignidade episcopal e de todo e qualquer colégio sacerdotal”.10

 

Júbilo na cidade abençoada pelos passos de Maria

Os fiéis de Éfeso — cidade na qual, segundo a tradição, Maria Santíssima havia residido — exultaram ao ser anunciada a sentença definitiva reafirmando a doutrina da maternidade divina. Todos acorreram à Igreja de Santa Maria aos brados de “Theotókos!”, a fim de festejar a decisão, como narra Pio XI em sua encíclica comemorativa do 15º centenário do mencionado Concílio: “O povo de Éfeso estava tomado de tanta devoção e ardia de tanto amor pela Virgem Mãe de Deus que, tão logo ouviu a sentença pronunciada pelos Padres do Concílio, aclamou-os com alegre efusão de ânimo e, provendo-se de tochas acesas, em multidão compacta os acompanhou até suas habitações. E certamente, a própria grande Mãe de Deus, sorrindo suavemente do Céu ante tão maravilhoso espetáculo, retribuiu com coração materno e com seu benigníssimo auxílio os seus filhos de Éfeso e todos os fiéis do mundo católico, perturbados pelas insídias da heresia nestoriana”.11

 

Revolta e confusão

Porém, numa missiva dirigida ao Imperador, assinada por mais seis outros Bispos, Nestório levantou objeções à sua condenação. Junto com João — Patriarca de Antioquia, que não chegara a tempo de participar do Concílio — reuniu-se em conciliábulo com a minoria dos Bispos contrários à decisão de São Cirilo de iniciar os trabalhos sem esperar pelos retardatários. Declararam depostos de suas sedes episcopais São Cirilo e Memnon, Bispo de Éfeso, e exigiram de todos os outros Bispos que se retratassem no tocante aos doze anátemas. No entanto, essa reduzida assembleia não tentou reabilitar Nestório, pois João de Antioquia, embora seu amigo, o considerava culpado de heresia.12

O Imperador Teodósio II, confuso ante as notícias contraditórias que lhe enviavam de Éfeso, emitiu um edito proibindo os prelados de regressarem a suas cidades antes de ser feita uma investigação sobre todo o sucedido. A ordem imperial regozijou o partido dos hereges, os quais se julgaram sob o amparo da autoridade temporal e, em consequência, autorizados a tomar toda sorte de medidas arbitrárias. Essas iam desde a tentativa de sagrar um novo Bispo de Éfeso até o uso de violência física contra o povo miúdo, indignado com o rumo que tomavam as coisas, e mesmo contra alguns Padres Conciliares. Entretanto, tais manifestações de prepotência e de injustiça não iriam durar.

 

A decisão final

Os legados pontifícios chegaram finalmente a Éfeso, e o Concílio, sob a presidência de São Cirilo, representando o Sumo Pontífice, iniciou sua segunda sessão em 10 de julho. Os enviados papais traziam uma carta de São Celestino, datada do mês de maio, pedindo à magna assembleia que promulgasse a sentença proferida pelo Sínodo romano contra o Patriarca de Constantinopla. Vendo claramente expressa a vontade de Deus na decisão pontifícia, todos  os Bispos presentes exclamaram:  “Este é o justo julgamento! A Celestino, novo Paulo, a Cirilo, novo Paulo, a Celestino, guardião da Fé, a Celestino, concorde com o Sínodo, a Celestino todo o Concílio agradece: um só Celestino, um só Cirilo, uma só Fé do Sínodo, uma só Fé no mundo inteiro!”.13

As atas da primeira sessão, depois de examinadas e confirmadas, foram lidas em público. Segundo os belos termos de Rohrbacher, nessa segunda reunião respirou-se “todo o perfume da santa antiguidade: o espírito e fé, de piedade, de santa polidez; o espírito de união com o Sucessor de Pedro; o espírito de amor e de submissão filial para com sua autoridade, em suma, o espírito da Igreja Católica”.14

Nas sessões subsequentes tratou-se dos casos de João de Antioquia e de outros dissidentes, os quais foram convocados por três vezes e, em vista de sua recusa a comparecer, foram excomungados. Aprovaram-se também seis cânones nos quais não apenas se renovava a condenação de Nestório, mas também de alguns pelagianos. Encerrado o Concílio em 31 de julho, ficava definida para sempre a doutrina católica sobre a Santa Mãe de Deus.

 

III – Maria é mãe da Pessoa de Cristo

Até aqui acompanhamos os dramáticos lances e o glorioso desfecho dessa histórica polêmica. Cabe-nos perguntarmos agora como explicar essa verdade que nossa Fé afirma e o senso católico proclama em nossos corações: a maternidade divina de Maria Santíssima.

Por que quis Deus ter uma mãe humana? Para abordar adequadamente esta questão, comecemos por lembrar um importante aspecto do plano divino para a Redenção: Nosso Senhor Jesus Cristo, embora pudesse ter escolhido outro meio para Se encarnar, “julgou melhor assumir o homem da própria linhagem que fora vencida para, por meio dele, vencer o inimigo do gênero humano”.15

Assim, da mesma forma que uma mulher, pela sua desobediência, havia cooperado para a ruína do gênero humano, a obediência de uma Virgem cooperaria de forma decisiva para a Redenção. Ora, quando uma mulher concebe um filho e o dá à luz, ela é mãe da pessoa que nasceu, e não apenas do seu corpo. Porque estando alma e corpo substancialmente unidos, ela gera o ser humano completo, ainda que a alma tenha sido criada por Deus.

Maria era, portanto, Mãe da Pessoa de Cristo. E na pessoa divina de Cristo estavam unidas a natureza humana e a natureza divina, desde o primeiro momento do seu ser. Por isso, conclui o Papa Pio XI, “se a Pessoa de Jesus Cristo é única, e esta é divina, sem dúvida alguma Maria deve ser chamada não somente Mãe de Cristo homem, mas Mãe de Deus, Theotókos”.16 A Virgem Maria não engendrou uma pessoa humana à qual, depois, Se uniria o Verbo, como dizia Nestório, mas, pelo contrário, foi o Verbo que “Se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1, 14).

A grandeza e profundidade desse atributo de Nossa Senhora foram recentemente postos em realce pelo Papa Bento XVI, ao afirmar: “Theotókos é um título audaz. Uma mulher é Mãe de Deus. Poder-se-ia dizer: como é possível? Deus é eterno, é o Criador. Nós somos criaturas, vivemos no tem po: como poderia uma pessoa humana ser Mãe de Deus, do Eterno, dado que todos nós vivemos no tempo, todos nós somos criaturas?”.

E, discorrendo belamente sobre o Mistério da Encarnação, o Santo Padre responde: “Deus não permaneceu em si mesmo: saiu dele próprio, uniu-se de tal modo, de forma tão radical com este homem, Jesus, que este homem Jesus é Deus, e se falamos dele, podemos sempre falar de Deus. Não nasceu apenas um homem que tinha a ver com Deus, mas nele nasceu Deus na Terra. […] Naquele momento, Deus queria nascer de uma mulher e ser sempre Ele mesmo: nisto consiste o grande acontecimento”.17

Coube ao grande São Cirilo — cuja festa se comemora neste mês de março — “invicto assertor e sapientíssimo doutor da maternidade divina da Virgem Maria, da união hipostática em Cristo, e do primado do romano pontífice”,18 defender a verdadeira doutrina nos tempos da Igreja primeva. Peçamos, pois, sua intercessão para compreendermos amorosamente o dom infinito obtido por Maria pelo seu “fiat” em resposta ao pedido do Pai Eterno (Lc 1, 38) e roguemos a Ela que nos obtenha a inestimável graça de adorarmos seu Divino Filho por  toda a eternidade.

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Novamente está chegando a Quaresma

Autor: Frei Lourenço M. Papin, OP

 

 

No dia 09 de março, a Igreja celebrará a Quarta-feira de cinzas, portal da Quaresma, essa longa preparação para a Solenidade maior e o coração de toda Liturgia que é a Páscoa da Ressurreição.

Este ano a Páscoa ocorrerá adiantada, no dia 24 de abril. Vem-me a mente a nonna Genovefa que dizia: “Quest’anno la Pasqua è alta” (Este ano a Pascoa é alta, ou seja, mais tarde).

Qual o simbolismo das cinzas? Numa perspectiva bíblica, as cinzas significam penitência e conversão. Ao colocar a cinzas sobre as cabeças dos fiéis, o celebrante pronuncia estas palavras de Cristo: “Convertei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 14b) ou então as severas palavras do livro dos Genesis: “Lembra-te que és pó e ao pó hás de tornar” (Gn 3,19).

As cinzas significam também a pequenez, a fragilidade e a transitoriedade de nossa vida terrena, sem desdenhar, é claro, a grandeza e a dignidade de sermos filhos e filhas queridos de Deus, moradas vivas de Deus, destinados à ressurreição e à imortalidade de nossos corpos.

Vem-me a mente também a nonna Regina que, voltando da Missa da Quarta-feira de Cinzas, trazia consigo um pouquinho de cinzas e reunia os netinhos que, ajoelhados, ouviam suas exortações e de suas mãos recebiam a cinza em suas cabeças. Alias, essa lembrança de criança inspirou-me a “Cerimonia Doméstica das Cinzas”, para tantas pessoas que não puderam participar da celebração litúrgica desse dia.

Assim, com esse toque litúrgico realista, a Igreja vai iniciar a Quaresma.

Nos primeiros séculos da Igreja, Quaresma era a etapa final da preparação dos adultos para o Batismo. Sabemos que, após uma séria e prolongada preparação (ou catecumenato), os batizandos eram admitidos, no inicio da Quaresma, ao Batismo que iriam receber na noite da Vigília Pascal. Consta que no tempo das perseguições do Império Romano, as pessoas antes do Batismo se comprometiam a derramar seu sangue se fossem identificadas como cristã pelas autoridades romanas.

No decorrer dos séculos, essa práxis pastoral-litúrgica foi se modificando. A Quaresma, todavia, ainda se caracteriza pela sua tônica batismal que culmina com a noite da Vigília Pascal que é uma celebração eminentemente batismal.

A Quaresma, portanto, torna-se um convite para repensarmos, revivermos e reavivarmos nosso Batismo, nossa vocação primeira, pelo qual nascemos para uma vida nova, nos tornamos filhos queridos de Deus, “participantes da natureza divina”, templos vivos de Deus, com Cristo herdeiros da Vida Eterna.

Podemos chamar a Quaresma de “Kairós”, palavra grega usada por São Paulo na sua segunda carta aos coríntios (2 Cor 6,2) e que significa tempo favorável, tempo propício da graça de Deus.

No sentir da Igreja, Quaresma é tempo favorável sobretudo de conversão em todas as dimensões do pensar e do agir do cristão.

Conversão, mais insistente apelo da Quaresma, é um ensinamento que perpassa toda a Bíblia, particularmente a preparação de Cristo.

Na terminologia da língua hebraica, conversão tem o sentido de mudar de rumo, deixando um caminho errado para tomar o certo. Na língua grega, conversão significa mudar de mentalidade, passando da errada para a certa. Duas concepções de conversão que se integram e que são igualmente sinal de bom senso e sabedoria.

À luz da Palavra de Deus e dos ensinamentos da Tradição Cristã, a Quaresma é um convite para trilharmos os caminhos de Deus e imbuirmo-nos da sua mentalidade.

Como ato e como processo, a conversão é condição indispensável para o amadurecimento humano e cristão e para a mudança moral e espiritual da pessoa, atingindo a família e a sociedade.

Numa visão de fé, conversão é, sobretudo ação de Deus em nós, pressupondo sempre, porém, a livre cooperação da pessoa. O sábio Santo Agostinho (séc. IV) afirmava que ninguém sai de seu pecado por si mesmo, ou seja, ninguém se converte somente por seus próprios méritos e iniciativa.

A conversão, é verdade, comporte sempre renuncias e sacrifícios, mas é portadora daquela alegria e paz que o mundo não pode dar.

Novamente está chegando a Quaresma e o Senhor estará passando no meio de nós. Que nos seja concedida a graça de acolhê-lo alegremente pela nossa conversão.

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Nossa Senhora da Anunciação (25 de março)

 

Nossa Senhora da Anunciação

Este título origina-se na Anunciação do Anjo Gabriel à Virgem Maria. Este momento marca o início de nossa Redenção com o “sim” de Maria. O enfoque central do culto a Nossa Senhora da Anunciação supera a devoção à Santíssima Virgem e nos remete a Cristo, a Deus que se fez Homem. No momento em que Maria disse: ”Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1,38), teve início uma nova história para toda a humanidade. Este foi o marco que dividiu a humanidade em antes e depois.

Maria, com sua atitude agiu como nossa co-redentora, e tornou-se a mais humilde e gloriosa de todas as criaturas de Deus.

Oração

Todas as gerações vos proclamem bem-aventurada, ó Maria!
Crestes na mensagem divina e em vós
se cumpriram grandes coisas,
como vos fora anunciado.

Maria, eu vos louvo!
Crestes na Encarnação do Filho de Deus
no vosso seio virginal
e vos tornastes Mãe de Deus.

Raiou, então, o dia mais feliz da história da humanidade
e Jesus veio habitar entre nós.

A fé é dom de Deus e fonte de todo bem,
por isso, ó Mãe, alcançai-nos a graça de uma fé viva,
forte e atuante, que nos santifica cada dia mais.

Que possamos comunicar com a vossa vida
a mensagem de Jesus
que é o Caminho, a Verdade e a Vida da humanidade.

Amém!

 

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