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Maria: modelo de Modéstia

Exteriormente é modesta. Não se faz notar pela severidade nem pela negligência. Sempre humilde e mansa, traz o sinal da simplicidade em tudo que realiza.

Modesta em relação ao mundo. Maria sacrifica com generosidade a condição de gestante; vai mediatamente, vencendo grande distância, visitar sua parenta Isabel, levando felicitações e auxílio. Durante três meses acompanha e serve, trazendo grande alegria ao lugar. Somente quando a glória do Filho exigir aparecerá em público. Assistirá às bodas de Caná sem nenhum privilégio. A modéstia faz com que pratique a caridade de acordo com a ocasião.

Modesta no cumprimento dos deveres. Desempenha com suavidade, sem precipitações, sempre alegre e disposta a abraçar uma nova obrigação; não deixa transparecer as contrariedades, não busca consolações e pela naturalidade não atrai a atenção dos demais. Modelo exemplar para os adoradores do Santíssimo Sacramento; cuja vida se compõe de pequenos atos e de pequenos sacrifícios, que somente Deus deve conhecer e recompensar; cuja glória e conforto consistem na filial e humilde dedicação no cumprimento dos deveres, ambicionando agradar o Mestre pela contínua imolação de si mesmo.

Modesta na piedade. Elevada ao mais alto grau de contemplação que uma criatura possa atingir, vivendo no constante exercício do perfeito amor, exaltada acima dos anjos e constituída Mãe de Deus, mesmo com todas essas prerrogativas, serve o Senhor com simplicidade; sujeita-se às prescrições da lei, assiste às festas, reza junto com os demais fiéis; em nada se faz notar, nenhum exercício exterior demonstra sua piedade e o seu fervor. Assim deve ser a piedade do cristão: comum em suas práticas, simples em seus meios, modesto no agir, evitando chamar a atenção, fruto sutil do amor próprio que leva à vaidade e à ilusão.

Modesta nas virtudes. Possui todas as virtudes em grau supremo, praticados com suma perfeição, embora de forma simples e usual. Em todos os favores recebidos, a humildade vê somente a bondade de Deus, somente agradece.

Agradecimento escondido e sem glória humana. Pode, porventura, vir coisa boa de Nazaré? (Jo 1, 46). Ninguém presta atenção em Maria, passa totalmente despercebida.

Eis o segredo da Perfeição: a simplicidade, mesmo quando ignorada, saber conservá-la. Uma virtude acentuada fica exposta, uma virtude louvada pode trazer a ruína; a flor que mais chama a atenção, murcha depressa. Afeiçoemo-nos às pequenas virtudes de Maria de Nazaré, que germinam aos pés da cruz, à sombra de Jesus; deste modo, não temeremos as tempestades que abatem os cedros nem o raio que cai no cimo da montanha.

Modesta nos sacrifícios. Aceita em silêncio e conformidade o exílio no Egito. Diante da dúvida de José, permanece em silêncio, confia na providência. Traspassada pela dor, acompanha o Filho que carrega a cruz, não grita nem lamenta exteriormente. No Calvário, mergulhada em sua dor, sofre calada e se despede do Filho num olhar mudo.

Maria é também modesta em sua glória. Como Mãe de Deus, possuía todos os direitos e todas as homenagens, entretanto abraça a provação e o sacrifício. Não aparece nos triunfos do Filho, porém está aos pés da cruz.

Para ser filhos desta Mãe, devemos nos revestir de modéstia, deve ser tema usual de nossa meditação. A modéstia é virtude régia de um adorador do Santíssimo Sacramento, pois fornece a exterioridade dos sentidos na presença de Deus.

(Extraído da Obra Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento: Um mês com Maria, de São Pedro Julião Eymard, Editora Formatto, 2008, p.50-53)

Fonte: Site “Nos Passos de Maria”

Aparições de Nossa Senhora Artigos

Nossa Senhora do Divino Pranto

Detalhe da imagem de Nossa Senhora do Divino PrantoNa comunidade das Irms Marcelinas, em Cernusco, na Itália, berço da Congregação, o médico Dr. Bino, no dia 6 de janeiro de 1924, apresenta seu diagnóstico a respeito de uma jovem religiosa enferma, Irmã Elizabeth: “Nada mais posso fazer por ela. A medicina já não tem recursos neste caso…”. Muito querida por todos, a irmã está cega, debilitada, prostrada por tremendas dores. Muitas vezes, fica, durante horas e horas, inconsciente. Imersa em dores, o sorriso permanece em seus lábios.

 Às dez e trinta da noite, na casa religiosa todas dormem. Na enfermaria, Irmã Elizabeth respira com muita dificuldade. De repente, a religiosa começa a falar. As irmãs presentes escutam atônitas o que ela diz:

  “Oh! Como a Senhora é boa! Mas eu tenho uma dor tão grande que nem sei oferecer direito a Deus… Reze a Senhora que é tão boa!”.

 As religiosas estão atentas, mas não podem ouvir a resposta da ‘Senhora’ que, no entanto, fala: “REZA! CONFIA! ESPERA! Voltarei de 22 para 23”. Em meio ao seu sofrimento, a enferma pensa na dor das outras irmãs enfermas: “Vá falar com Irmã Teresa, Irmã Amália e com Irmã Elisa Antoniani, que há tantos anos está doente!”. A boa ‘Senhora’ sorri e desaparece.

Na manhã seguinte, as companheiras de quarto comentam: “Ontem, à noite, Irmã Elizabeth não parava de falar, sonhando”. Prontamente ela respondeu: “Não sonhei, falei com aquela ‘Senhora'”. As religiosas sorriem penalizadas. A enfermeira, bondosa e enérgica, repreende a Irmã Elizabeth, dizendo: “Que pode ter visto, você, que está cega há um ano? Você sonhou e não invente tolices!…” A Superiora, Irmã Ermínia Bussola, também tenta convencê-la: “… Quero-lhe muito bem e não a engano. Repito que, aqui em casa não veio ninguém de fora. Você sonhou.” A pobre Superiora por toda a sua vida teve que lamentar-se de sua incredulidade. Foi, ao invés, no plano de Deus, uma das tantas provas que autenticaram a aparição.

Irmã Elizabeth prossegue tranqüila carregando sua cruz. Chega fevereiro, trazendo neve e frio intenso. A enferma aguarda um novo encontro com a ‘Senhora’ para o dia 2. Não dorme, ouvindo as batidas do relógio e conta as horas. A noite passa sem nenhuma novidade. Vem a manhã do dia 3 e Irmã Elizabeth mal disfarça o choro. A Superiora pergunta-lhe a razão da tristeza. A enferma responde: “Ela não veio… tinha dito de 2 para 3… A Superiora fica preocupada com as faculdades mentais de Irmã Elizabeth que piora a cada dia. Novamente o médico é chamado. Sua opinião: “Desta vez é o fim. Não há nada mais a fazer. A Irmã tem poucas horas de vida”.

A Imagem marca o local exato da aparição

No dia 22 de fevereiro, na enfermaria, Irmã Gariboldi vela pela agonizante acompanhada de outra religiosa. São vinte e três horas e quarenta e cinco minutos. As duas Irmãs rezam em voz baixa. Pedem misericódria para a co-irmã que sofre tanto. Neste momento, Irmã Elizabeth tem um sobressalto. As Irmãs acodem, pensando que chegou o momento final. Mas, aquela que há quinze dias não fala, grita, agora: “Oh! a ‘senhora’! a ‘senhora'”! Trêmula, a Irmã Gariboldi convida a outra Irmã a ajoelhar-se e murmura: “Se for a Senhora, levá-la-á consigo!” Sem nada entender, as duas espectadoras ouvem atentamente: “Oh! a ‘senhora’! De 22 para 23? Pois eu havia entendido de 2 para 3. E era de 22 para 23!…”

De repente, a Irmã Elizabeth se ergue um pouco mais e sua atitude é de espanto quando diz: “Mas, ‘senhora’… é Nossa Senhora! É Nossa Senhora!” Ela vê que a Virgem traz o Menino Jesus nos braços e ele está chorando. “Chora por meus pecados? Chora porque não o amei bastante?…” As religiosas presentes nada ouvem mas pressentem que algo extraordinário está ocorrendo. A Senhora responde: “… O Menino chora porque não é bastante AMADO, PROCURADO, DESEJADO, também pelas pessoas que Lhe são consagradas… Tu deves dizer isto!”

Ir. Elisabeth Couleur

Irmã Elizabeth ainda não percebe a missão que a Senhora lhe confia. Ela julga que a Virgem viera levá-la ao paraíso, no que se equivoca. Maria quer dar-lhe uma missão e para tanto lhe dá um sinal: devolve-lhe a saúde e desaparece com seu Menino. Alguém se lembra de chamar a Superiora que se levanta, achando que vai encontrar a enferma dando seu último suspiro. Ao invés disso, vê a doente luminosa, de olhos radiantes. Irmã Elizabeth corre a abraçar a Superiora, exclamando: “Nossa Senhora curou-me e mandou-me dizer que Jesus chora porque não é bastante AMADO, PROCURADO, DESEJADO, também pelas pessoas que lhe são consagradas!”

O médico que a acompanhou sempre afirmou: “A cura de Irmã Elizabeth não pode ser explicada pela ciência”. Antes, ateu, converteu-se e tornou-se um cristão fervoroso. Mais tarde, conseguida a aprovação da Igreja para este culto de Nossa Senhora, foi modelada uma imagem, de acordo com a descrição feita por Irmã Elizabeth.

Ainda hoje, em Cernusco e em vários países, as Irmãs Marcelinas espalham esta devoção à Virgem Santíssima. A afluência de peregrinações ao local da aparição é grande. A capela já não é suficiente para conter todos aqueles que, cheios de fé, diante da Virgem do Divino Pranto, REZAM, CONFIAM e ESPERAM.

Jaculatória: Querido Menino Jesus, amar-Vos-ei muito para enxugar as lágrimas que Vos faz derramar a ingratidão dos homens.

 

Nossa Senhora do Divino Pranto,

Rogai por nós que recorremos a vós!

Fonte: “Nossa Senhora do Divino Pranto”, material vocacional publicado pelas Irmãs Marcelinas, São Paulo, 1984.

Artigos Devoções

O que é Devoção a Maria

Devoção significa dedicação total ao serviço de Deus. É o ato interior da vontade que se entrega a Deus por generosidade e fervor. A devoção leva a realizar atos, mas é, em primeiro lugar, interior, no íntimo de cada um.

Fundamentada sobre a fé, tem a sua fonte inspiradora na caridade e pode, por vezes, identificar-se com ela. São Tomás nos diz que o ato principal da virtude de religião, de prontidão e disponibilidade da vontade para servir a Deus pelo ato de oferta da vida e de gestos como uma oferenda desta mesma vontade. Ele ainda nos diz que a devoção é dom de Deus, mas também obra do homem, convidado especialmente pela oração, à meditação, à contemplação, que despertam amor e engendram a devoção. Esta deve ser a marca de toda a nossa vida, e constantemente, mas inunda-a de alegria interior, a satisfação de realizar tal ato.

E a devoção a Virgem Maria é um ardor em servi-la para melhor servir a Deus!

Maria, a mulher, a virgem, a mãe cumulada de dons por Deus e que se associa plenamente à obra do Filho de maneira particular, até ser chamada a partilhar sua glória. Maria é para nós um sinal. Situar-se em relação a Maria é dizer algo de Deus e algo de nós! Os nossos contemporâneos são sensíveis a isto. No entanto, foi desde cedo que a Igreja fez memória de Maria, e para dizer alguma coisa de Cristo, a Igreja se faz necessária dizer alguma coisa de Maria, como aconteceu em Éfeso. Os padres conciliares colocaram aquela assembléia sobre a proteção de Maria, “Sub tuum praesidium…” no final do sec. IV.

E assim, ao longo da história Maria tem sido para a Igreja Aquela que convida ao louvor (Lc 1,46-55) e à devoção. Como em Jo 2,5 é também Aquela que mostra, junto da Cruz, até onde deve ir a fidelidade, e, no Cenáculo, que a oração tende primeiramente a pedir o Espírito Santo sobre a Igreja, na comunidade dos discípulos.

Foi sobre tudo a partir do concilio de Éfeso que o culto do povo de Deus a Maria cresceu admiravelmente na veneração e no amor na invocação e na imitação (Lumen Gentium, 66).

Esta veneração e amor nos orientam para Deus, a invocação de Maria situa no interior da comunhão dos santos. Aquela que é a mais próxima de Deus e de nós, como já nos dizia o Papa Paulo VI. A imitação de Maria conduz não a um serviço normal, mas nos leva a um louvor e ao serviço a Deus e aos irmãos.

A verdadeira devoção não consiste numa emoção estéril e passageira, mas deve nascer e ser conservada pela fé, que nos faz reconhecer a grandeza da Mãe de Deus e nos indica a amar filialmente a nossa mãe e a imitar as Suas virtudes (Lumen Gentium, 67).

E assim poderíamos terminar dizendo com as palavras do Concílio: “na sua vida, deu a Virgem Maria exemplo daquele afeto maternal de que devem estar animados todos quantos cooperam na missão apostólica que a Igreja tem de regenerar aos homens” (Lumen Gentium, 65).

 

fonte: Santuário NS Fatima – Brasil

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História criação da Imagem de Nossa Senhora da Amazônia

Aos 23 anos, a designer amazonense Lara Denys assumiu uma grande responsabilidade: a de desenhar a imagem da Nossa Senhora da Amazônia. Nascida em uma família tradicionalmente católica, Lara venceu um concurso nacional para a criação da figura da Virgem. A jovem teve o projeto aprovado pelo Vaticano. Com traços caboclos, Nossa Senhora da Amazônia ganhará agora um Santuário em frente ao Rio Negro, no formato de uma canoa, principal transporte dos povos amazônidas.

Retratar uma figura tão importante para mim, para a minha igreja, era uma responsabilidade de ‘gente grande’, e não para uma menina que mal tinha saído da faculdade”

Lara decidiu participar do concurso devido ao apoio dos pais. “Há pouco mais de um ano, lembro-me de estar em uma missa dominical na Igreja de São Sebastião, quando na hora do ofertório, me dei conta de não ter qualquer valor na bolsa para o ofertório. Porém, naquele momento, me ajoelhei e ofereci a Deus o que Ele mesmo tinha me dado, aquilo que eu tinha de melhor em mim, o meu talento”, contou na missa de apresentação da imagem.

Segundo ela, o anúncio do concurso para a criação da imagem veio em seguida. “Ao saber disso, meus pais me incentivaram com insistência a participar do concurso. Mesmo percebendo claramente que aquele era o chamado dEle, hesitei. Era algo muito grande para a minha pouca experiência; não achei que pudesse ser capaz de tal feito, apesar de dominar razoavelmente a habilidade de desenhar. Retratar uma figura tão importante para mim, para a minha igreja, era uma responsabilidade de ‘gente grande’, e não para uma menina que mal tinha saído da faculdade”, completou.

A designer contou que, antes de produzir a imagem, estudou arte sacra e a fisionomia do caboclo. “Pesquisei em livros e vi até como indígenas carregando bebês. Queria que o traje fosse mais indígena, mas precisava cobrir todo o corpo da Nossa Senhora, para não incitar sexualidade. Planejei cada detalhe”, disse. A roupa de Maria, por exemplo, é de tom terracota, que remete às terras amazônidas e demonstra a humildade da Virgem.

O vestido da Nossa Senhora traz ainda uma simples estampa baseada na arte dos indígenas Waimiri-Atroari. O manto ganhou um tom mais escuro que o tradicional azul celeste. Lara decidiu manter o véu na cor branca por representar a pureza da mãe de Jesus Cristo, que aparece nos braços da Nossa Senhora também com traços caboclos. “Ele é um verdadeiro curumim”, descreveu.

A Nossa Senhora da Amazônia aparece ainda na figura em cima de uma vitória-régia. Segundo Lara, a planta foi escolhida por ser uma das espécies mais conhecidas e bonitas da região. “Além disso, a vitória-régia é forte, cresce em solo infértil, e suporta até 40 quilos. Quando a flor nasce, sempre no escuro, exala um perfume único. Ela é então a base da Nossa Senhora, que aparece como a verdadeira flor da vitória-régia”, ressaltou. Ao redor da Virgem Maria, orquídeas brancas, tradicionais da Amazônia, foram estrategicamente posicionadas. De acordo com a criadora da imagem, as flores representam o feminino.

Fonte: G1

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Aprovada a ladainha dos Beatos de Fátima

Em ocasião do 92º aniversário de morte da beata Jacinta Marto, o bispo de Leiria-Fátima, Dom António Marto, aprovou nesta segunda-feira, 20, a oração oficial aos pastorinhos beatos de Fátima: Francisco e Jacinta Marto. A ladainha foi rezada pela primeira vez na noite deste domingo, 19, durante vigília realizada na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima

Para a composição da ladainha, foram utilizados a homilia de João Paulo II na cerimônia de Beatificação dos Veneráveis Francisco e Jacinta; a Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa sobre a Beatificação dos Pastorinhos de Fátima, Francisco e Jacinta Marto, e as Memórias da Irmã Lúcia, além de textos litúrgicos.

O programa da Festa dos Beatos Francisco e Jacinta Marto começou na Capelinha das Aparições, com a recitação do Rosário. Depois de uma procissão que levou duas telas dos beatos da Capelinha das Aparições até a Igreja da Santíssima Trindade, o reitor do Santuário de Fátima, padre Carlos Manuel Pedrosa Cabecinhas, presidiu a celebração eucarística, em que todas as crianças presentes foram convidadas a subir no altar para receberem as bênçãos de Deus.

Na homilia, padre Carlos lembrou que a santidade é possível a todos. “A santidade não é, de fato, um privilégio reservado a alguns eleitos: todos somos chamados a ser santos. Se hoje a santidade parece pouco atrativa, é sobretudo porque quando falamos de santos, pensamos em figuras exóticas, em pessoas estranhas e com vidas ainda mais estranhas.

Ele também ressaltou que a imagem que se tem dos santos muda quando se olha para o testemunho de vida dos Pastorinhos Beatos de Fátima. “Nos Pastorinhos, a santidade adquire, para nós, um rosto familiar, próximo e, sobretudo, possível”, disse. Ele completou dizendo que esse exemplo contribui para a compreensão de que a santidade seja a vocação de todo o cristão.

Programação

Este ano, a programação da Festa dos Beatos Francisco e Jacinta Marto foi entendida. Além da procissão e da missa realizadas pela manhã, outras atividades estão programadas para o período da tarde, na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima. São elas:

– Conferência sobre a temática dos Pastorinhos, proferida por Maria Luísa Malato, Faculdade de Letras da Universidade do Porto.

– Apontamento musical pela Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima

– Apresentação da publicação “Francisco e Jacinta Marto: candeias que Deus acendeu” – catálogo das exposições comemorativas do centenário dos nascimentos dos Beatos Francisco e Jacinta Marto.

Fonte: Canção Nova

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Grandezas de Maria na Bíblia

1 – Que a Santa Mãe do Divino Salvador tenha recebido de Deus prerrogativas que Lhe são exclusivas, é verdade que se deduz de várias passagens da Bíblia. Para o provar, vamos examinar vários textos sagrados, que a Ela se referem.

Note-se desde já que a Bíblia abre-se e se fecha (Gên. 3,15 – Apoc.12,1) sob o signo da Mulher vitoriosa e bendita, sempre em luta com o dragão.

2 – Eis alguns textos áureos da Bíblia Sagrada:

a) “Porei inimizade entre ti e a Mulher, e entre a tua descendência e a dEla. Ela te esmagará a cabeça, e tu tentarás ferir o seu calcanhar”. (Gên. 3,15)

Comentário: o texto acima é a 1ª profecia da vinda do Salvador feita por Deus logo após a queda de nossos primeiros pais. Nele, ao grupo dos vencidos (Adão e Eva) Deus contrapõe o grupo dos vencedores (Jesus e sua Mãe). – A “descendência da mulher” (no original: sêmen, prole), é, num 1º plano, Jesus Cristo; e, num 2º plano, são todos os remidos que correspondem à graça da Redenção. – O termo “Ela”, como sujeito de “esmagará”, se refere diretamente à “prole”, a Jesus. Mas, será através da natureza humana de Cristo, recebida de Maria, que o poder de Satã será quebrado por Cristo unido à sua Mãe. Logo, também Ela, a “Mulher invicta” desta profecia, com o seu Filho, quebrará a cabeça de Satã. – O termo “inimizade” indica a incompatibilidade absoluta entre Cristo e sua Mãe de um lado, e Satã e os seus aliados, do outro; indica ainda a vitória completa de ambos sobre o Maligno.

b) Dois textos de Isaías:”Eis que a Virgem conceberá e dará à luz um Filho, o Emanuel (Deus conosco)”. (Is. 7,14) “Nasceu-nos um menino …Ele será Deus forte …”. (Is. 9,5)

c) Outros textos de S. Lucas:”Ave, ó cheia de graça…” (Lc. 1,28);”…darás à luz um Filho, e Lhe porás o nome de Jesus; (…) Ele será Filho do Altíssimo” (Lc. 1,32); e “Filho de Deus” (Lc. 1,35); “Bendita és tu entre as mulheres; ( …) donde me vem a dita de vir a mim a Mãe de meu Senhor””. (Lc. 1,42-43)

– Esses textos sagrados destacam as várias grandezas singulares de Nossa Senhora:

3 – A Maternidade Divina: É evidente: – 1º ) no texto “a”, a descendência da Mulher é, no 1º plano, Jesus Cristo. E então a “mulher singular” da profecia é a sua verdadeira Mãe. E como Cristo é Deus, Ela pode e deve chamar-se Mãe de Deus.

2º) Confirma-se isso com os textos da letra “b” (Is. 7,14), pois “a Virgem” é predita aí como a verdadeira Mãe do Emanuel (Deus conosco), portanto, Mãe de Deus.

3º) O mesmo afirmam os textos da letra “c” (Lc. 1,31-32;1,42-43), pois aí se declara que Maria Santíssima é a verdadeira Mãe “do Filho do Altíssimo”, “do Filho de Deus” e a “Mãe de meu Senhor”.

– Argumento de razão – Podemos e devemos chamar a Virgem Maria “Mãe de Deus” porque o objeto-termo de toda maternidade é a pessoa. Não se diz que a mãe é mãe da natureza do filho, mas da sua pessoa. E a Pessoa, em Cristo, é a 2ª da Santíssima Trindade, o Filho de Deus. Na Virgem Maria se realiza, pois, este mistério: ser Ela, ao mesmo tempo, “Mãe de Deus e de Deus filha”. Ela participa do mistério do seu Filho que é “Deus e Homem ao mesmo tempo”.

– Maternidade espiritual – também. De fato, como no 2º plano, aquela “Mulher” é Mãe da “prole” também no sentido de “descendência”, Maria Santíssima é Mãe espiritual dos remidos. O que o próprio Jesus na Cruz confirmou, na pessoa de São João, ao dizer à sua Mãe: “Mulher, eis aí o teu filho”. São João, então, representava a todos os remidos.

– Medianeira – também. Realmente, como Deus deu às mães, como ofício próprio da maternidade, prover o alimento dos filhos, assim Cristo, ao dar à sua Santa Mãe o ofício da maternidade espiritual, deu-Lhe também todas as graças necessárias para a salvação de seus filhos espirituais. Senão esse título seria meramente nominal. Ela é, pois, Medianeira de todas as graças de Cristo para nós.

4 – A Imaculada Conceição – Essa prerrogativa é conseqüência da primeira. Destinada a ser Mãe verdadeira e virginal de Cristo-Deus, não podia Ela ter contato com o pecado. Ademais, se a alguém fosse dado poder escolher a própria mãe, não escolheria a mais virtuosa, a mais pura, a mais santa” E Jesus não só pôde escolher a Sua Mãe, mas criá-lA, pois é Deus. Ele A fez, pois, imaculada, isenta de toda a culpa original. É a razão de conveniência.

Mas, essa verdade está contida no próprio texto da Bíblia (Gên. 3,15), pois aí se prediz para o futuro Salvador e para a sua Mãe, uma inimizade total com Satã, que implica derrota total deste. Isso é incompatível com a condição de quem tivesse estado, por um momento sequer, sob o pecado e, pois, sob o poder do Maligno. É claro que isso pressupõe a concepção imaculada, não só de Cristo-Homem, mas também de sua Santa Mãe.

5 – O ofício de Corredentora – Também está contida no texto de Gên. 3,15 a verdade de que aquela Mulher invicta, posta por Deus em total inimizade com o Demônio, ia participar de todos os sofrimentos e lutas do futuro Redentor. De fato, a Virgem Maria participou da Paixão de Jesus no grau máximo, sofrendo em união com Ele as dores mais atrozes, oferecendo-O a Deus Pai como Vítima por nós. Ela sacrificou-Lhe também o direito natural de Mãe sobre o próprio Filho. Todos esses sacrifícios já estavam incluídos na aceitação da maternidade divina. Ela cooperou voluntariamente para nossa Redenção.

6 – A Assunção corpórea ao céu – A vitória de Cristo sobre Satã, o pecado e a morte foi realizada na Paixão e Morte na Cruz, mas se tornou completa e patente com a sua Ressurreição e Ascensão ao Céu. Ora, o texto do Gênesis associa inseparavelmente o Messias e a sua Mãe na mesma luta e na mesma Vitória final e completa. Ora, a vitória de Maria Santíssima não seria completa se o seu corpo imaculado e virginal tivesse ficado sujeito à corrupção do sepulcro. Jesus Cristo não o permitiu, mas A elevou ao Céu em corpo e alma, no fim de sua vida. Assim cumpriu-se plenamente aquela magnífica profecia.

RESPONDENDO OBJEÇÕES

8 – Os protestantes não cessam de injuriar a Jesus, rebaixando a sua Santa Mãe à condição de uma mulher comum, pela interpretação errônea que dão a alguns textos.

Vejamos na Bíblia como isso é falso: – No encontro de Jesus no Templo, Ele não argüiu a Sua Mãe de não saber que Ele”devia cuidar dos interesses de seu Pai”. (Lc. 2,49) Não era esse o sentido das suas palavras no contexto. Era antes o seguinte: “Não sabeis que devo estar no que é de meu Pai “” (sentido literal) Assim, era normal que sua Mãe entendesse a resposta no sentido de “ficar morando no Templo”, a exemplo de Samuel. Por isso, em Lc. 2,50 lemos: “Eles não entenderam o que Jesus lhes dissera”.

9 – Em Caná, a Mãe de Jesus Lhe informou ter acabado o vinho para os convidados. Jesus respondeu usando a expressão semítica (da língua hebraica): “Mulher, que há entre mim e ti”” E acrescentou: “A minha hora ainda não chegou”. (Jo.2,4) A expressão usada por Jesus tem um sentido próprio daquela língua.

De fato, verificou-se que ela foi usada, pelo menos seis (6) vezes na Bíblia do Antigo Testamento, nas quais se supõe resposta negativa: “não há nada”; uma ou outra vez, indica que “não há nada” porque há oposição; as outras indicam que as partes estão de acordo. (Cf. 2 Reis 3,13; 2 Sam.16,10; 19,22; Jz. 11,12; 1 Reis 17,18; 2 Crôn. 35,21)

Note-se que essas citações conferem com a tradução literal da frase latina:”Quid mihi et tibi est”” = “Que há entre mim e ti””, sem as acomodações ao nosso modo de falar, como por ex., “Que nos importa isso a mim e a ti””, ou “Que queres de mim “”, como hoje se costuma fazer.

Em Caná é claro o sentido de pleno acordo quanto ao fato da providência solicitada (o milagre), com pequena restrição quanto à sua oportunidade. Daí Jesus dizer:”a minha hora ainda não chegou”. Mas antecipou essa hora, e fez o milagre, atendendo a intenção caritativa de sua Santa Mãe.

10 – Quanto ao apelativo “Mulher”, dizem os peritos da língua que Jesus falava, o aramaico, que tem um sentido respeitoso equivalente a “Senhora”. E que dizer do acento de respeito desta palavra na boca de Jesus ao dirigir-se à sua Santa Mãe! Sobretudo no contexto de Caná e da Cruz. Jesus, o melhor dos Filhos, deve ter-Se dirigido à sua santa Mãe com acentuado carinho e respeito filiais. Nesse contexto, tal apelativo lembra ainda a “Mulher” da profecia do Gênesis. (3,15) Então, Jesus Se projeta ao lado de sua Mãe como dando cumprimento àquela profecia.

11 – Por fim, Jesus pregava numa casa cheia de gente. Avisam-Lhe que lá fora estão sua Mãe e os seus (chamados) irmãos. (primos-Ver “F. C. nº 12) Jesus responde:”Minha Mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática”. (Lc. 8,21) É claro que Jesus não está negando à sua Santa Mãe a honra de ser a primeiríssima entre os ouvintes e praticantes da palavra de Deus, antes o supõe, e é seu principal título de glória. O mesmo se diga de Lc.11,27-28.

Fonte: Comunidade Shalom

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Maria, mestra do amor

Todos nós necessitamos de pontos de referência, de pessoas que nos ensinem a caminhar diante do novo de nossa vida, diante dos desafios que surgem no caminho. Em nossa infância tivemos nossos mestres, nossa primeira professora que nos ensinou a escrever as primeiras palavras, nossos mestres que nos prepararam para alcançar uma cultura que nos capacitasse a nos integrarmos na sociedade. Mas foram nossos pais, com certeza, os nossos primeiros mestres.

Eles nos formaram desde antes que nascêssemos e, desde o seio materno, já começamos a aprender lições de vida. Que bom seria se só tivéssemos aprendido boas lições e ensinamentos edificantes! Mas, infelizmente, não é assim, trazemos também fatores dolorosos e marcas que muitas vezes nos arrastam para trás em nosso processo de crescimento pessoal. Contudo, aprendemos com Jesus a transformar o mal em bem e a fazer da necessidade virtude. Ou seja, aprendemos e tiramos proveito também dos acontecimentos tristes e desagradáveis, transformando-os em degraus em nossa escalada até o céu.

Temos uma grande mestra em nossa vida, se queremos trilhar os caminhos de Deus, que não pode ser esquecida um dia sequer. É Maria, aquela que Jesus nos entregou como mãe quando morria na cruz. É ela quem nos toma pela mão – como o fez com Jesus menino – e nos ensina a dar os passos em nossa vida humana e em nossa vida de fé. Podemos nos entregar sem reservas a ela, pois sua mão é firme e seu ensinamento é seguro e muito atual.

Em Mt 7,15-20, Jesus nos diz que a árvore boa produz bons frutos. Olhando para toda a vida do Senhor sobre esta terra vemos apenas gestos que revelam amor. Até nos momentos de dor, de ira – como na expulsão dos vendilhões do templo -, de cansaço etc., Jesus soube apenas expressar amor. Sua ternura para com os enfermos e sofredores fazem-nos pensar em Maria que, em Nazaré, acolhia a todos que a buscavam para prestar-lhes algum pequeno serviço.

É natural que Jesus aprendesse gestos humanos de amor com sua Mãe, pois o próprio Evangelho diz que Ele ‘crescia em sabedoria e graça diante de Deus e dos homens’. Jesus é amor, pois é filho de Deus e Deus é amor, como nos diz São João. Maria, por participação, também se torna amor e gerou seu “fruto”, Jesus – amor. Ela é a árvore boa que produziu este excelente fruto. Contemplando mais de perto essa árvore, podemos perceber alguns aspectos que se destacam e que podem ser para nós uma verdadeira ‘escola de amor’:

Amor a Deus

Maria foi preservada do pecado em vista da concepção de Jesus. O pecado é nosso grande “não” aos planos de Deus sobre nós. Como Maria estava isenta desse risco, toda a sua vida foi um ‘sim’ constante à vontade de Deus. Seu amor a Ele foi tão grande e puro que, conforme nos dizem os Padres da Igreja, Deus a encontrou sobre a face da terra tão aberta à sua graça que a escolheu para ser a mãe de seu Filho Unigênito. Amor gera amor, diz São João da Cruz, e isto se cumpriu na vida de Maria.

Amor filial

Detendo-nos um pouco sobre o amor de Maria para com seus pais, que a tradição chama de “Joaquim e Ana”, embora os Evangelhos nada digam a respeito, podemos encontrar uma referência nas palavras que ela diz nas bodas de Caná: “Fazei tudo o que ele vos disser”. Maria foi aquela filha que soube acolher as palavras de seus pais e deixar-se formar por eles.

Hoje existem formas diferentes de relacionamento entre pais e filhos e conhecemos histórias muito bonitas de amor dentro das famílias. Há mais diálogo e partilha de vida, criou-se uma maior participação dos filhos nos problemas e resoluções familiares. Mas ainda há um longo caminho a ser percorrido por várias famílias e o respeito e a submissão dos filhos aos pais, como o diálogo e compreensão dos pais para com seus filhos continuam sendo valores para se preservar em todos os tempos e lugares.

Amor esponsal

Este aspecto do amor na vida de Nossa Senhora é muito profundo. Ela é chamada pela Igreja de “esposa do Espírito Santo” e, como sabemos, também foi acolhida e protegida por José, seu esposo. Maria soube viver o amor humano com todas as suas expressões de ternura feminina, de entrega de si pela felicidade do lar, de atenção às necessidades de cada ente querido que lhe foi entregue, sendo, portanto, verdadeira esposa de José. Embora o amor entre eles fosse tão grande e forte, souberam oferecer a Deus – para que o Filho de Deus encontrasse total disponibilidade da parte de seus pais aqui na terra – a expressão da intimidade conjugal, tão importante na vida de todo casal que se ama.

Maria, conforme a tradição, oferecera-se a Deus pelo voto de castidade. Deus acolheu sua oferta e a preservou em sua virgindade “antes, durante e depois do parto”, e teve a delicadeza de lhe entregar como esposo José, homem justo, homem conforme o coração de Deus, que acolheu este plano sobre a vida de sua família.

Era uma família especial e ao mesmo tempo simples como qualquer outra. Maria soube ser esposa que se coloca ao lado de seu esposo em todos os momentos. Partiu com ele para Belém, depois para o Egito, retornando a Nazaré, com toda lealdade e sem dramas. Soube esquecer-se para ver seu lar feliz e em segurança. Apesar da pobreza em que viviam, soube cuidar dos seus e das coisas que, com sacrifício, conseguiam para sua casa.

A vida familiar é muito simples e bela, e os problemas que enfrentamos são desafios que a fé nos ensina a superar. Maria, sendo esposa de José, soube também ser fiel ao Espírito Santo que “veio sobre ela, cobrindo-a com sua sombra”. Diz São João da Cruz que “Maria jamais se deixou mover por criatura alguma, mas somente se deixou mover pelo Espírito Santo em sua vida”. Nela o Espírito Santo encontrou morada e plena acolhida a suas moções.

Amor fraterno

É próprio do amor tomar a iniciativa, não esperar que o outro peça ajuda, mas simplesmente se doar, gratuitamente. Quando o anjo anunciou a Maria que ela seria a mãe do Salvador, ele apenas fez referência à gravidez de Isabel sua prima. Isabel não enviou um pedido de ajuda a Maria, mas esta logo se pôs a caminho ‘às pressas’. O mesmo nas bodas de Caná, quando da falta do vinho, não foi necessário que os noivos pedissem socorro, Maria percebeu a necessidade e agiu.

Nossa vida de comunidade – quer na vida religiosa, quer na vida laical ou familiar – é rica em ocasiões para se fazer o bem. Nós vemos o bem a ser feito e, pergunto, por que não o fazemos? Por que esperar que nos peçam, mandem ou obriguem? É tão mais consolador quando podemos fazer algo em pura gratuidade, por que não nos damos esta felicidade então?

É fácil notar que vivemos num mundo de muita informação, muitas palavras, muitos cursos, capacitação, reuniões, congressos etc., mas me parece que existe uma distância que precisa ser vencida entre a palavra e a ação. É bom que nos reunamos e possamos discutir os problemas e soluções, mas é preciso a decisão de colocar em prática o que se disse.

A impressão que se tem é de que basta dizer e chegar a conclusões e pronto. Porém, isso não foi o que Maria, como nossa mestra, nos ensinou com sua vida. São poucas suas palavras registradas nos evangelhos, mas muita foi sua ação. Ela fez e fez muito. Sua maior ação foi acolher o Verbo de Deus em seu seio e gerá-lo para o mundo. Fez-se serva não só em palavras, mas soube se colocar disponível a Deus e a todos que dela precisavam. Talvez o axioma de São João da Cruz “calar e agir” esteja muito atual ainda hoje e carecendo de ser vivido em nosso amor fraterno.

A vida fraterna também é feita de gestos de ternura que se repetem e se multiplicam, em sua simplicidade, dando novo sentido e tornando concreto o amor fraterno. Não basta dizer que nos amamos, não basta rezar juntos, comer juntos, dormir sob o mesmo teto, é preciso expressar amor em gestos concretos, cuidando do outro, olhando em seus olhos, sentindo ‘com’ ele, dando-lhe tempo para que partilhe sua vida, ou seja, ouvindo-o e buscando conhecê-lo melhor, também deixando-se amar e conhecer.

É um círculo de vida que se vai criando e tornando felizes aqueles com quem convivemos. Olhando a ternura com que Maria esteve no cenáculo com os apóstolos em oração, sua vida em Nazaré ou na comunidade primitiva, é impossível não tirar lições de vida fraterna que sustentem nossa caminhada comunitária…

Amor fiel

O amor se prova nos momentos de crise. Amar uma pessoa que está bem, que é bem-sucedida, tem saúde, está de bem com você e com a vida é fácil, até os ateus fazem. Agora, amar quem está mal, perdeu todos os seus bens, ou está doente e precisa de sua presença amiga, ou mesmo que, por algum motivo, não correspondeu à sua expectativa, isto sim é amor de verdade. Amar um viciado, um alcoólatra, uma pessoa que está destruindo sua vida, um condenado… aí está o amor em toda a sua gratuidade. Maria amou seu Filho até o fim. Quando todos o abandonaram, quando Ele era tido como malfeitor e ia ser executado por isso, quando ela corria risco por estar do lado dele naquele momento, Maria estava lá, de pé, com dignidade e força. Sofria mas não se desesperava, e sua presença ali, com certeza, foi uma grande força para Jesus. Quem ama não tem medo de nada nem de ninguém. Está disposto a dar a vida pela pessoa amada.

Amor transcendente

Finalmente vejo Maria como mestra de um amor transcendente, um amor que ultrapassa os limites do tempo e do espaço. São Paulo já dizia que “a caridade jamais passará”, e vemos o amor de Maria tão imensamente profundo que transbordou pelos dois milênios de história e chega até nós, com perspectiva de chegar até o fim dos tempos, quando o Senhor voltar em glória.

Se amamos, temos esta convicção de não nos limitarmos a este determinado lugar ou espaço, o amor nos dá asas e nos faz voar, nos dá condições de sermos um com a pessoa amada ainda que esta esteja distante.

O amor é unitivo e esta unidade transcende o nosso ser e a própria razão para chegar ao outro. Este amor vemos em Maria, orante. Ela viveu uma profunda comunhão de amor com Deus na oração. Como nossa Mestra, olhemos para a intimidade de seu coração, todo aberto ao Espírito Santo, todo atento ao menor toque de Deus sobre si e sobre os que a rodeiam. Só uma comunhão constante com o Senhor poderia capacitá-la para viver sua missão de Mãe do Redentor e Mãe da Igreja. Quando Deus nos entrega uma missão Ele nos prepara, nos educa a ela, e isto se dá primeiramente na oração, e numa oração de total entrega e atenção amorosa a Ele.

Conclusão

Contemplando Maria como nossa mestra de amor, vemos como ainda estamos longe de amar como o Senhor quer que amemos, mas ao mesmo tempo temos a segurança de não caminharmos sozinhos nesta aventura. A vida adquire novo sentido quando nos decidimos a amar e a deixar-nos amar. Nunca nos esqueçamos desta mestra que pode nos ensinar muito a amar de forma concreta e eficaz a quem se aproxima de nós.

fonte: Comunidade Shalom

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Beata Jacinta, milagre da Graça

Em pouco mais de dois anos, a inocente pastorinha de Fátima atingiu altíssimo grau de união com Deus, cumpriu uma grande missão e espalhou pelo mundo inteiro o  perfume de sua santidade. Como conseguiu tudo isto  em tão pouco tempo?

O que é mais fácil: fazer o sol bailar no céu ou mover o coração humano a abraçar a santidade? É bastante conhecido o “milagre do sol” que ziguezagueou no céu, no dia 13 de outubro de 1917, diante de 70 mil pessoas reunidas na Cova da Iria.

Mas a pergunta acima, feita por um famoso sacerdote português, desperta a atenção para outro prodígio operado pelo Imaculado Coração de Maria, mais luminoso e duradouro que o primeiro: a santificação de Jacinta e Francisco Se todos os santos são milagres da graça, estes dois são, por assim dizer, únicos no seu gênero. Por quê?

“Em breve tempo cumpriu uma longa vida”

Até o pontificado de João Paulo II, a Igreja não permitia canonizar uma criança a título de confessora da Fé, ou seja, sem ter sido mártir. Pelo seguinte motivo: para uma pessoa ser elevada à honra dos altares, ela precisa ter praticado a virtude em grau heróico; ora, isso pressupõe uma consistência de caráter que, pelas contingências da natureza humana, falta a uma criança. O Papa Pio XI chegou mesmo a regulamentar o assunto, impossibilitando serem instaurados esses processos de canonização.

Porém, ante as provas incontestáveis da heroicidade das virtudes dos dois pequenos videntes de Fátima, o Papa João Paulo II suspendeu o decreto do seu antecessor e declarou-os bem-aventurados.

A vida de Jacinta é mais conhecida. Primeiro, devido às várias visões particulares tidas por ela de Nossa Senhora. Em segundo lugar, pelos múltiplos aspectos de santidade que transpareciam em sua fogosa alma.

“Em breve tempo cumpriu uma longa vida” diz o Livro da Sabedoria (4,13). Estas palavras são utilizadas no decreto de beatificação da jovem vidente, justamente para mostrar como em pouquíssimos anos atingiu elevados píncaros da perfeição.

Um amor capaz de chegar ao Heroísmo

De um temperamento afeito aos extremos, Jacinta ficou imediatamente fascinada pela “Senhora”, como geralmente a chamava. Logo após a primeira aparição, não se cansava de repetir: “Ai! Que Senhora tão linda! Que Senhora tão linda!” E o seu amor nunca vacilou, mesmo quando foi necessário dar provas de heroísmo.

No dia 13 de agosto, por exemplo, os três pastorinhos foram seqüestrados pelo Administrador (autoridade

 

 municipal). Este, ateu e arbitrário, decidira arrancar-lhes a custo de ameaças a revelação do segredo a eles confiado pela Virgem. Começou por metê-los num cárcere, onde foram mantidos durante três dias entre bandidos e malfeitores. Depois submeteu-os a um brutal interrogatório. Por fim, fez-lhes, aos gritos, a ameaça de matá-los num grande caldeirão de azeite fervente, se não lhes contassem tudo.

Jacinta foi a primeira a enfrentar a possibilidade do martírio.

– Tenho para os três um caldeirão de azeite a ferver na cozinha, prontinho à vossa espera. Jacinta, qual é o segredo que a tal Senhora te revelou? A pobrezinha tremia de medo, mas respondeu com firmeza:

– Eu não o posso dizer, senhor Administrador, ainda que me matem.

Fama de santidade

A fama de santidade de Jacinta espalhou- se rapidamente. Quem dela se aproximava, sentia logo o perfume dos seus dons sobrenaturais e a presença da graça. Sua prima Lúcia assim a descreve: “Jacinta tinha um porte sempre sério, modesto e amável, que parecia traduzir a presença de Deus em todos os seus atos, próprio de pessoas já avançadas em idade e de grande virtude”.

Certa vez, Jacinta acompanhou Lúcia a uma festa e, após o almoço, começou a deixar cair a cabeça, com sono. O dono da casa mandou uma das suas sobrinhas deitá-la em sua cama. Daí a pouco, a pequena dormia a sono solto. Começou a juntar-se a gente do lugarejo e, na ansiedade de a ver, foram espreitar no quarto. Todas ficaram admiradas de vê-la em profundo sono, com um sorriso nos lábios, um ar angelical e as mãozinhas postas voltadas para o céu.

O quarto encheu-se depressa de curiosos. A custo uns saíam para deixar entrar os outros. A dona da casa e suas sobrinhas comentavam admiradas: “Isto deve ser um anjo”. E, tomadas de um reverencial respeito, permaneceram de joelhos junto da cama. À medida que transcorriam as aparições, crescia a confiança do povo no poder de intercessão dos videntes.

Numa tarde, iam eles pela estrada para rezar o terço na casa de uma piedosa senhora. A meio caminho, veio-lhes ao encontro uma jovem de uns 20 anos, suplicando-lhes irem até sua casa rezar por seu pobre pai, o qual, havia mais de três anos, sofria de um incômodo soluço que o impedia de dormir.

Sendo quase noite, e não querendo atrasar o terço, Lúcia pediu a Jacinta que fosse à casa da jovem rezar pelo seu pai, enquanto ela seguiria adiante com o Francisco e a chamaria na volta. Quando retornou, encontrou sua jovem prima sentada numa cadeira, diante de um homem não muito idoso, mas mirrado e chorando de comoção, totalmente curado. Jacinta levantou-se e se despediu, prometendo não se esquecer do ex-enfermo em suas orações. Três dias depois, acompanhado de sua filha, este veio agradecer a graça recebida pelas valiosas orações da humilde pastorinha.

Sacrifícios pela conversão dos pecadores

“Sim, eu quero oferecer sacrifícios para salvar os pecadores”, repetia sempre a pequena Jacinta, especialmente quando seu irmão Francisco apresentava- lhe uma oportunidade de mortificar-se.

Movidos por uma ardente devoção ao Imaculado Coração de Maria, os dois juveníssimos videntes em pouco tempo alcançaram uma alta compreensão do verdadeiro significado do sofrimento.

Poucos meses antes, a Santíssima Virgem lhes mostrara o inferno, local de tormentos eternos, e lhes pedira que oferecessem orações e sacrifícios pela conversão dos pecadores, muitos dos quais para lá vão por não haver quem sofra por eles. Jacinta e Francisco tomaram tão a sério o pedido da “Senhora” que, a partir de então, não deixavam passar ocasião alguma de sacrificar-se nessa intenção.

Lúcia, em suas memórias, afirma serem tão numerosos os exemplos do seu espírito de mortificação que não era possível relatá-los todos. A título de exemplo, narra alguns.

Numa manhã, quando os três videntes brincavam perto de uma vinha, a mãe de Jacinta ofereceu-lhes alguns cachos de uva. Nada mais apetecível, para três crianças vivazes, cansadas e com sede. Mas Jacinta nunca se esquecia do pedido da bela Senhora:

– Não vamos comê-las! E oferecemos esse sacrifício pelos pecadores. Em seguida, foi correndo levar as uvas para algumas crianças pobres, que brincavam pouco além. Quando voltou, estava radiante de alegria. Em outro dia, a tia de Lúcia ofereceu- lhes uma cesta de esplêndidos figos. Jacinta sentou-se com Lúcia, satisfeita, ao lado da cesta. Pegou o primeiro figo para comer, mas, de repente, lembrou-se do pedido da Senhora e disse:

– É verdade! Hoje ainda não fizemos nenhum sacrifício pelos pecadores! Temos que fazer este.

Convite ao holocausto completo

Maior generosidade, contudo, foi necessária para enfrentar a terrível gripe pneumônica de 1918, a qual ceifou milhões de vidas na Europa. Entre elas, as de Jacinta e Francisco. Durante meses, os dois irmãos sofreram com edificante resignação. A primeira operação, mal-sucedida, fora feita apenas com um anestésico local para remediar as dores. Duas costelas foram-lhe tiradas para facilitar a drenagem, deixando uma chaga aberta que permitia a entrada de um punho. Em meio às imensas dores, Jacinta dizia apenas: “Ai! Nossa Senhora! Ai! Nossa Senhora!”

Em janeiro de 1919, a Santíssima Virgem apareceu-lhes para dar uma surpreendente notícia e convidar Jacinta ao holocausto completo. Eis como esta relatou o fato a Lúcia: – Nossa Senhora veio nos ver e disse que vem buscar o Francisco muito breve para o Céu. E a mim, perguntou- me se queria ainda converter mais pecadores. Disse-lhe que sim. Disse-me que iria para um hospital, que lá sofreria muito; que sofresse pela conversão dos pecadores, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria e por amor de Jesus.

Aconteceu como Nossa Senhora predisse. Internada no Hospital Dona Estefânia, em Lisboa, ela a todos edificou por sua inocência e pela encantadora serenidade com que suportava os padecimentos da terrível enfermidade.

De lá, só sairia para o Céu, em 20 de fevereiro de 1920.

Na última visita feita à sua santa prima, Lúcia perguntou-lhe se sofria muito, e colheu de seus lábios esta singela e sublime confidência: “Sofro sim, mas ofereço tudo pelos pecadores e para reparar o Imaculado Coração de Maria. Gosto tanto de sofrer por seu amor! Para dar-lhe gosto! Ela gosta muito de quem sofre para converter os pecadores!”

União mística com Jesus

Em poucos anos de vida, Jacinta atingiu uma tão alta união com Nosso Senhor Jesus Cristo, que pode ter chegado àquele grau chamado de “troca de corações” por alguns teólogos. Disse ela: “Eu não sei como é: sinto Nosso Senhor dentro de mim, compreendo aquilo que Ele me diz, embora não O veja e não escute a sua voz!”

Mas, não nos esqueçamos! Se Jacinta chegou em tão pouco tempo a este grau de união com Deus, foi porque soube entender e praticar ternamente a devoção a Nossa Senhora. Sigamos, pois, nós também, o conselho dado por ela à Lúcia na última despedida: “Diz a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria. Ah! Se eu pudesse meter no coração de toda a gente o fogo que tenho cá dentro do peito, que me queima e me faz gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!” (Revista Arautos do Evangelho, Maio/2004, n. 29, p. 12 a 15)

Fonte: Arautos do Evangelho

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Nossa Senhora de Lourdes

Ao contemplar a história das aparições de Nossa Senhora de Lourdes, na gruta de Massabielle, nossos olhos se voltam para a menina a quem Ela falou. Sua vida, transcorrida em acrisolada virtude, expressa com eloqüência porque Deus “escondeu estas coisas aos sábios e prudentes, e as revelou aos pequeninos” (Lc 10, 21).

Lourdes! Onde encontraremos os termos que alcancem exprimir tudo quanto esse nome significa para a piedade católica no mundo inteiro? Quem poderá traduzir em palavras o ambiente de paz que envolve a gruta sagrada na qual, há 153 anos, a Santíssima Virgem apareceu à humilde Bernadette e inaugurou, de modo definitivo, um novo vínculo com a humanidade sedenta de refrigério e paz? Por desígnio da Divina Providência, a esse lugar associou-se uma ação intensa da graça, especialmente capaz de transmitir aos milhares de peregrinos, vindos de longe, a certeza interior de serem suas preces benignamente ouvidas, seus dramas apaziguados, e suas esperanças fortalecidas.

Com efeito, ao longo deste século e meio, as ásperas rochas de Massabielle tornaram-se palco das mais espetaculares conversões e curas, legando à Santa Igreja Católica um tesouro espiritual de valor incalculável.

Em Lourdes fatos se revestem de uma grandiosidade peculiar, diante da qual nossa língua emudece. Ali está, diante de nós, a sublimidade do milagre. Entretanto, não se pode falar de Lourdes sem nos lembrarmos com veneração da personagem ligada de modo indissociável a essa história de bênçãos e misericórdias.

A modesta pastorinha a quem Nossa Senhora apareceu é o primeiro e maior prodígio de Lourdes: ela simboliza a íntegra fidelidade aos apelos de conversão e penitência, que naqueles dias foram lançados pela Rainha dos Céus, os quais haveriam de chegar aos mais longínquos recantos da Terra.

Infância marcada pela Fé

Bernadette nasceu num século de profundas transformações. Animada, de um lado, pelo surto de devoção mariana que o pontificado do Beato Pio IX estava suscitando, a segunda metade do século XIX presenciava o avanço insolente do ateísmo e do materialismo.

Os espíritos estavam divididos e, a fim de agir precisamente nessa encruzilhada da História, Maria Santíssima quis servir-se da filha primogênita do casal Soubirous.

 

Quão distantes, porém, desta sorte de considerações, estavam François e Louise, em 7 de janeiro de 1844! Nascia-lhes a filha Bernadette, no Moinho Bolly, nas cercanias de Lourdes, durante os dias felizes de fartura ali transcorridos. A menina foi batizada, recebendo o nome de sua madrinha Bernard, ao qual se acrescentou o da Senhora que haveria de lhe aparecer. Marie- Bernard, eis como se chamava Bernadette, sem escapar do diminutivo carinhoso que a acompanharia para o resto da vida.

No Moinho Bolly transcorreu sua primeira infância, marcada por uma religiosidade autêntica e sincera. Além da freqüência aos Sacramentos, a oração em conjunto aos pés do crucifixo e uma exímia prática dos princípios cristãos correspondiam a um dever moral para aquele casal de camponeses. Bernadette cresceu, por assim dizer, respirando a santa Fé Católica do mesmo modo que respirava o puro ar da montanhosa região dos Pirineus.

A miséria visitou o lar dos Soubirous

A época era difícil e os negócios de François Soubirous iam mal. Quando Bernadette tinha 8 anos, mudaramse para um moinho mais simples, e ao cabo de três anos alugaram uma cabana à beira da estrada. Já crescida, ela acompanhava os progressivos insucessos dos pais e enfrentava, com admirável resignação, a situação de indigência a que se viram reduzidos em 1856, a ponto de terem de mudar para o antigo cárcere da rua Petits- Fosées: um cubículo úmido e pestilento, que as autoridades locais haviam julgado inadequado até mesmo para os presos.

A pobreza era ali completa. O cômodo media menos de 20 m² e a família não possuía absolutamente nada, além da mobília mais indispensável e das roupas. A luz do Sol nunca penetrava no recinto, marcado pela grade da janela e pelo ferrolho da pesada porta – reminiscências do antigo calabouço. Ali vivia o casal Soubirous e as quatro crianças, constantemente atormentados pela fome. Quando conseguia comprar pão, a mãe o dividia entre os pequenos, que ainda assim se sentiam insaciados. Bernadette, não raras vezes, privava-se de sua pequena porção em favor dos mais novos, sem nunca demonstrar o menor descontentamento por isso.

À noite, sem conseguir dormir, atormentada pela asma, Bernadette chorava. A causa principal daquele desafogo, porém, não eram a doença ou as duras privações materiais.

O único desejo da angelical menina era fazer a Primeira Comunhão, mas a necessidade de cuidar dos irmãos e da casa a impedia de freqüentar o catecismo, de aprender a ler e escrever e até de falar francês. De fato, quando a Santíssima Virgem lhe dirigiu a palavra, o fez em patois, o dialeto da região de Lourdes. Se Bernadette desejou algo para si, nos dias de sua infância, foi apenas receber o Santíssimo Sacramento, o Senhor ofendido pelos pecados dos homens, que ela aprendera tão cedo a consolar.

Dias de pastoreio em Bartrès

As poucas vezes que Bernadette freqüentou as aulas de catecismo em Lourdes foram malogradas, porque não conseguia acompanhar as demais crianças, bem mais novas e adiantadas que ela. Louise Soubirous preocupava-se com a filha, de treze anos, que ainda não fizera a Primeira Comunhão, e resolveu pedir à amiga Marie Lagües que a recebesse em Bartrès – vilarejo não muito distante de Lourdes – a fim de que Bernadette lá pudesse freqüentar as aulas de catecismo.

Por consideração e amizade, Marie Lagües a recebeu em sua casa, mas não foi tão fiel à promessa quanto seria de se esperar. Logo ocupou Bernadette nos serviços da casa e no cuidado das crianças. E seu marido encontrou nela a pastora ideal para seu rebanho de cordeiros. Foi nesse períodoque Bernadette solidificouse na oração, durante as longas horas transcorridas no mais completo silêncio em meio ao privilegiado panorama pirenaico. Contemplativa, ela montava um pequeno altar em honra da Santíssima Virgem e aí passava horas de grande fervor recitando o Rosário, a única oração que conhecia.

Um fato passado com Bernadette por essa época demonstra a pureza cristalina de seu coração. Certo dia, quando François Soubirous foi visitar a filha, encontrou-a triste e cabisbaixa. Perguntou-lhe o que a afligia.

– Todos os meus cordeiros têm as costas verdes – respondeu ela.

O pai, percebendo tratar-se da marca posta por um negociante, fez um ameno gracejo: – Eles têm as costas verdes porque comeram muita erva.

– E podem morrer? – perguntou assustada Bernadette.

– Talvez…

Penalizada, ela começou a chorar no mesmo instante. O pai, então, contou-lhe a verdade: – Vamos, não chores. Foi o negociante que os marcou assim.

Mais tarde, quando a chamaram de boba por ter acreditado em semelhante brincadeira, sua resposta constituiu uma demonstração involuntária de sua elevada virtude: – Eu nunca menti; não podia supor que aquilo que o meu pai me dizia não era verdade.

Os dias se escoavam lentamente na pequena aldeia, havendo completado sete meses que Bernadette lá chegara. Quanta esperança de aproximar- se da Mesa Eucarística trazia na chegada, e que decepção experimentava agora, após poucas aulas de insignificante instrução! Aquela espera interminável a afligia, mas, como tudo na vida do homem, foi permitida por Nosso Senhor.

“Sofre as demoras de Deus; dedica-te a Deus, espera com paciência, a fim de que no derradeiro momento tua vida se enriqueça” (Eclo 2, 3). Essas palavras, desconhecidas para Bernadette, significam exatamente o modo como Deus procedeu a seu respeito. Ao mesmo tempo que a graça inspirava em sua alma um ardente desejo das coisas do alto, estas pareciam ser-lhe tiradas. Com isso, seu anseio se robustecia, e tudo o que era terreno ia se afigurando como pouca coisa aos seus olhos, cada vez mais aptos para compreender as realidades sobrenaturais.

Como costuma ocorrer com as almas que Deus prova por meio de longas esperas, estavam-lhe reservadas grandes graças.

Celestial surpresa

De volta à casa paterna, Bernadette retomou os antigos afazeres. Na manhã inolvidável de 11 de fevereiro de 1858, saiu com a irmã Toinette e a amiga Jeanne Abadie para o bosque, a fim de recolherem gravetos para a lareira e ossos para vender a fim de comprarem algum alimento. Andaram bastante até chegarem à gruta de Massabielle, onde Bernadette nunca havia estado. Enquanto as vivazes meninas atravessavam a água gelada do rio Gave, Bernadette se preparava para fazer o mesmo.

 

Eis sua própria narração do que então sucedeu: “Escutei um barulho, como se fosse um rumor. Então, virei a cabeça para o lado do prado; vi que as árvores absolutamente não se mexiam. Continuei a descalçar-me. Escutei de novo o mesmo barulho. Levantei a cabeça, olhando para a gruta. Avistei uma Senhora toda de branco, com um vestido branco, um cinto azul e uma rosa amarela sobre cada pé, da cor da corrente do seu terço: as contas do terço eram brancas” 1.

Era a Santíssima Virgem sorrindolhe, e chamando-a para se aproximar d’Ela. Temerosa, Bernadette não se adiantou, mas puxou o terço e começou a rezar. O mesmo fez a “linda Senhora”, a qual embora sem mover os lábios, a acompanhava com seu próprio terço. Após o término do Rosário, Ela desapareceu.

A impressão causada por essa primeira aparição em Bernadette foi profunda. Sem reconhecer nEla a Mãe celeste, a menina sentia-se irresistivelmente atraída por figura tão amável e admirável, na qual não podia parar de pensar. Quando uma freira lhe perguntou, anos mais tarde, na enfermaria do convento, se a Senhora era bela, ela respondeu: – Sim! Tão bela que, quando se vê uma vez, deseja-se a morte só para tornar a vê-la!

Dezoito encontros em Massabielle

Por mais que Bernadette tivesse pedido segredo às suas duas companheiras, às quais contou o que vira, elas não se mantiveram caladas por muito tempo. Logo, dezenas de pessoas comentavam na vizinhança o sobrenatural acontecimento. E era apenas o começo: a impressionante popularidade das aparições assumiram proporções tais, que no dia 4 de março, estavam junto a Bernadette nada menos que vinte mil peregrinos.

Antes de cada visita de Nossa Senhora, Bernadette sentia irresistível desejo de ir a Massabielle. Assim aconteceu nos dias 14 e 18 de fevereiro, quando um pressentimento interior a conduziu até a gruta. Na segunda aparição, a Virgem Santíssima permaneceu novamente em silêncio; disse algo apenas no dia 18, conforme no-lo narra a obediente menina: “A Senhora só me falou na terceira vez. Ela perguntou-me se eu queria ir lá durante quinze dias. Eu respondi que sim, depois que pedisse licença a meus pais” 2.

A quinzena de aparições, que se deu entre 18 de fevereiro e 4 de março, com exceção dos dias 22 e 26, constituiu o cerne da mensagem confiada a Bernadette. A cada dia multiplicava- se o número dos assistentes que empreendiam penosas viagens, atraídos pelos celestiais colóquios. Embora mais ninguém além de Bernadette visse a “Senhora”, todos sentiam Sua presença e se comoviam com os êxtases da camponesa.

– Ela não parecia ser deste mundo – disse uma testemunha.

As palavras de Nossa Senhora não foram muitas, mas de expressivo significado. Disse a Bernadette no mesmo dia 18: “Não prometo fazer-te feliz neste mundo, mas sim no outro”. E nas outras vezes: “Eu quero que venha aqui muita gente”. “Pede a Deus pelos pecadores! Beije a terra pelos pecadores!”. “Penitência, penitência, penitência!” “Vá e diga aos padres que construam aqui uma capela. Quero que todos venham em procissão”.

Ainda durante a quinzena, a Rainha dos Céus confiou três segredos e ensinou uma oração a Bernadette, a qual ela recitou com insuperável fervor todos os dias de sua vida. Após um longo silêncio a respeito de sua identidade, a Senhora revelou seu nome a Bernadette na 16ª aparição, em 25 de março de 1858: “Eu sou a Imaculada Conceição”. Era uma solene confirmação do dogma proclamado pelo Beato Pio IX, quatro anos antes; a pureza da doutrina seria coroada, daqui por diante, pela beleza dos milagres.

Transformada por Nossa Senhora

Um dos critérios de prudência adotados pela Santa Igreja para verificar a autenticidade de revelações como as que recebeu Bernadette, consiste em observar atentamente a conduta dos videntes. Neles, se reflete invariavelmente a veracidade e o teor do que dizem ver: seu testemunho pessoal é decisivo.

No caso de Lourdes, tal como depois sucedeu com os pastorinhos de Fátima, a mudança operada em Bernadette pode ser considerada um milagre da graça. Seus gestos, modos, palavras e, sobretudo sua piedade adquiririam indescritível brilho pelo contato com a Rainha dos Céus: “Na sua atitude, nos seus traços fisionômicos, via-se que a sua alma estava arrebatada. Que paz profunda! Que serenidade! Que elevada contemplação! O olhar da criança para a aparição não era menos maravilhoso que o seu sorriso. Era impossível imaginar algo tão puro, tão suave, tão amável…” 3.

 

Após os êxtases, ela mantinha a clave de sublimidade que a pervadira: o modo como fazia o sinal-dacruz, sua compostura durante a oração e sua fineza de trato, aliados à simplicidade, eram mais distintos que os de qualquer dama que tivesse passado a vida inteira exercitando-se na arte do “savoir-plaire”.

“Não escapa aos pais que se operou nela uma transformação no decorrer deste último mês. Não foram vãs para ela a contemplação e as lições celestes. […] Tendo visto chorar a Senhora de Massabielle pelo pecado e pelos pecadores, esta criança analfabeta compreendeu o grande dever da penitência e da oração” 4.

Até mesmo o Pe. Peyramale, o pároco de Lourdes, célebre pela desconfiança em realção a todos os fatos ocorridos com Bernadette, confessou: “tudo nela evolui de maneira impressionante” 5.

Respondendo aos magistrados

Os espíritos céticos estavam à espreita dos acontecimentos. Sumamente irritados pela afluência multitudinária à gruta, diziam: “É incrível quererem fazer-nos crer em aparições em pleno século XIX”. Tais homens colocavam suas esperanças mais em seus “modernos” inventos que na onipotência de Deus: “É estupidez e obscurantismo admitir a possibilidade de aparições e milagres na época do telégrafo elétrico e da máquina a vapor” 6.

Foi diante de autoridades com essa mentalidade que Bernadette teve de depor três vezes no curto período de uma semana, ainda durante a quinzena das aparições. Durante os intermináveis inquéritos em que a crivaram de perguntas capciosas, Bernadette ouviu coisas brutais: “Vamos prenderte! O que é que vais procurar à gruta? Por que fazes correr tanta gente? Vamos meter-te na prisão! Matar-te-emos na prisão!” 7. Chamaram-na de mentirosa, visionária, louca. A tudo isso ela apenas respondia com a verdade, suportando esses sofrimentos com humildade e doçura. Suas respostas acertadas confundiram os magistrados, que nunca tiveram qualquer motivo legal para prendê-la.

A opinião final que formaram a respeito de Bernadette, e que enviaram ao Ministro da Justiça de então, foi esta: “Segundo o reduzido número daqueles que pretendem ter a seu lado o bom senso, a razão e a ciência, Bernadette Soubirous é portadora de uma enfermidade mental conhecida: está sendo vítima de alucinações, apenas isto!” 8. Teriam eles, como pretendiam, a razão do seu lado? A resposta não demorou a se tornar clara.

A fonte milagrosa e o chamado à expiação

Na aparição de 25 de fevereiro, a Santíssima Virgem disse a Bernadette: “Vai beber à fonte”. Bernadette foi ao rio Gave e bebeu. Contudo, não era ao rio que Ela se referia, mas sim a um canto da gruta onde havia apenas água suja. A menina cavou e bebeu.

Daquela nascente obscura brotou discretamente a água milagrosa, que dali a alguns dias borbulhava em abundância para maravilhamento de todos.Os doentes não demoraram em servir-se dela e as curas inexplicáveis se iniciaram em 1º de março. Enfermos desenganados “pela razão e pela ciência” viam seus males desaparecer num instante, e os argumentos de inúmeros corações reticentes se transformavam em cânticos de fé.

Mas, quando Bernadette, mais tarde, serviu- se da água para suas penosas doenças, ela não lhe foi eficaz. Perguntaram, então: – Essa água cura os outros doentes: por que não te cura a ti? – Talvez a Santíssima Virgem queira que eu sofra – foi a sua resposta. De fato, a sua vocação era sofrer e expiar pela conversão dos pecadores. A água da fonte não era para ela.

Essa filha predileta de Maria compreendeu com profundidade sua singular missão. Tudo quanto haveria de padecer física e moralmente dali em diante – o que não foi pouco – ela desejava unir aos méritos infinitos do Redentor crucificado, para que fosse pleno o efeito das graças derramadas na gruta. Nunca um murmúrio, uma queixa ou um ato de impaciência se desprendeu de seus resignados lábios, afeitos de modo heróico ao silêncio e à imolação.

No Asilo e em Nevers

Após o ciclo das aparições, todos queriam ver Bernadette e tocá-la. Pediam-lhe bênçãos, roubavam relíquias… Homens ilustres empreendiam longas viagens para conhecê-la e altas figuras eclesiásticas não escondiam sua admiração diante dela.

Todavia, quanto a faziam sofrer por causa disso! Em sua acrisolada humildade, Bernadette sentia-se incomodada perante tantas manifestações de deferência. Seu maior desejo era ser esquecida, queria que apenas a Virgem Santíssima fosse objeto de enlevo e amor.

Em Lourdes, ela viveu ainda nove anos no Asilo, administrado pelas Irmãs de Caridade e da Instrução Cristã, de Nevers. Ajudava no atendimento aos doentes, nos serviços da cozinha, na atenção às crianças. Aos 23 anos partiu para a Casa-Mãe da Congregação, em Nevers, desejando avidamente a vida de recolhimento e oração: – Vim aqui para esconder-me – disse ela.

Seus treze anos de vida religiosa foram vincados pela prática de todas as virtudes. De modo especial, o desprendimento de si mesma e o amor ao sofrimento. Desse período, passou nove anos de ininterruptas enfermidades: a asma inclemente, um doloroso tumor no joelho, que evoluiu até uma terrível cárie dos ossos. No dia 16 de abril de 1879, aos 35 anos de idade, ela entregou sua alma ao Criador.

“Encontrar-me-eis junto ao rochedo”

Seus restos mortais incorruptos constituem um dos mais belos vestígios da felicidade eterna que Deus tenha outorgado aos pobres mortais neste Vale de Lágrimas. Intocado, puro, angélico é o corpo de Bernadette, diante do qual o peregrino sente-se atraído a passar horas seguidas em oração, levantando-se depois com a doce impressão de ter penetrado na felicidade eterna de que goza a vidente de Massabielle.

Ali estão, cerrados, mas eloqüentes, os olhos que outrora contemplaram a Santíssima Virgem, a nos ensinar que os únicos a serem exaltados são os mansos e humildes de coração; a nos lembrar que, para realizar Suas grandes obras, Deus não precisa das forças humanas, mas sim da fidelidade à voz de Sua graça.

Sabemos que a missão de Bernadette não terminou. A ação benfazeja de sua intercessão se faz sentir junto à gruta, conforme ela mesma predisse: “Encontrar-me-eis junto ao rochedo que tanto amo”. Que ela nos obtenha, neste ano do jubileu das aparições, uma confiança inquebrantável no poder dAquela que disse: “Eu sou a Imaculada Conceição”.

Fonte: Arautos do Evangelho

Artigos

Uma pequena gota de Maria

– Fui pastor pentecostal durante 25 anos. E digo a vocês que uma pequena gota de Maria fez mais por mim do que 25 anos como pastor. Maria é a nitroglicerina, a dinamite de Deus. Por isso me prostro diante de Jesus em Maria. Não tenho vergonha de me ajoelhar diante de uma imagem de Maria porque ela tem a plenitude do Espírito Santo. Não adoro as imagens nem os ícones, mas eles me colocam diante da realidade que representam.

Maria é a plenitude da graça. Ninguém é mais cheia do Espírito do que ela. Não é magnífico que ela seja nossa mãe? E o Espírito Santo quer brotar do mais profundo do nosso ser para invadir toda a nossa vida, ultrapassá-la e ir ao mundo inteiro. Quer que nós, como Maria, sejamos instrumentos da evangelização. Quando Deus tem um projeto muito difícil de evangelização, quando encontra um povo ou um país muito endurecido, Ele envia a evangelizadora mais eficaz: Maria. Eu sou um exemplo de pessoa com o coração muito duro, muito difícil, muito anticatólico. Mas uma só gota de Maria me transformou e me tornei católico.

O Pai-nosso

A oração é importante. São Paulo disse: “Rezo com meu espírito e com minha inteligência”. Jesus rezou com sua inteligência, com palavras compreensíveis e nos deu uma oração que Ele mesmo criou: o Pai-nosso. Quando rezamos essa oração, ela influencia nossa inteligência, que necessita de cura.

Certo dia, me perguntei se Maria rezava por Jesus. Será que Ele tinha necessidade de oração? Creio que sim. Creio que houve uma oração muito simples que Ele fez – é minha opinião, não é um dogma da Igreja. E acredito que a oração de Jesus começou com Maria. Quando eu era pequeno, minha mãe sempre me falava do meu nascimento. Ela dizia: “Richard, eu te adotei quando tua mãe te rejeitou. Eu te escolhi. Tu estavas doente, para morrer, mas ainda assim eu te escolhi”.

Vou interromper um pouco meu pensamento sobre a oração do coração para falar sobre o sofrimento. No verão passado, fui a Paray-le-Monial e em um dos dias, durante o dia inteiro, rezávamos pelos enfermos. Depois de todo esse dia de oração, à noite tivemos apenas dois testemunhos: o de minha esposa e o meu. Ela testemunhou a cura milagrosa de seus olhos quando encontrou Jesus. E eu testemunhei sobre o meu encontro com Jesus e sobre como continuo doente – estou doente praticamente todo o tempo. Há 30 anos tenho um mal físico e todo mundo já rezou por mim, mas não fui curado ainda. Porque nem todas as pessoas são curadas. Mas isso não muda nossa fé em Jesus. Ele não nos prometeu nos curar a todos, mas estar sempre conosco.

Então, durante esse dia de oração pelos enfermos em Paray-le-Monial, aproximei-me de uma menina de 8 anos numa cadeira de rodas – Ela se chama Clotilde; é paralítica, suas mãos são dobradas, não fala e quase não vê mais; acho que reconhece um pouco a voz das pessoas, quando ouve minha voz, se mexe um pouco. Ajoelhei-me ao lado de Clotilde e impus minhas mãos sobre ela e passei ali 15 minutos. É muito tempo para ficar com uma só pessoa quando se tem 4 mil pessoas para rezar. E quando me levantei alguém me disse que sou muito gentil por rezar tanto tempo por uma pessoa. E eu disse: “Você não entendeu, não sou eu que rezo por ela, é ela que reza por mim”.

Muitas vezes, aqueles que sofrem têm muito mais compaixão que os sãos. Gosto muito de pedir às pessoas que sofrem que rezem por mim. Se você conhece alguém que está sofrendo, em vez de ir rezar por ele, peça-lhe que reze por você, porque é a compaixão que toca.

Então, retomando meu pensamento, quando eu era pequeno, minha mãe me explicou como eu tinha sido doente na minha infância e como me escolheu mesmo assim. E me dizia: “Richard, você vai fazer grandes coisas neste mundo. E se você tiver dúvida do seu grande valor, lembre-se do preço que paguei por você. Eu poderia ter pego uma criança com saúde boa, mas escolhi você e não foi fácil cuidar de você porque você estava sempre doente”. E me explicava a minha origem.

Acho que aconteceu o mesmo na família de Nazaré. Jesus era um menininho como os outros, que corria, brincava, pulava, rolava no chão… E, certamente, muitas vezes Maria lhe explicava sua origem: “Um dia, aquele anjo enorme veio falar comigo. O nome dele era Gabriel. Ele brilhava como o sol e tinha duas asas enormes nas costas e era lindo, meio transparente, os olhos como o sol. E ele me disse: ‘Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor está contigo. Tu és bendita entre todas as mulheres e teu filho será bendito’.”

É muito fácil compreender como uma mãe explica a seu filho de onde ele veio. E creio que essa é a origem da primeira oração de Jesus. Maria trabalhava muito em casa, em Nazaré. Eles eram pobres, não tinham muitas coisas. Tinham aqueles presentes que os magos lhes tinham dado, mas provavelmente gastaram quando estiveram refugiados no Egito. São José era carpinteiro, trabalhava muito para a família, mas viviam muito simplesmente.

Então Maria tinha muito trabalho em casa, tinha que varrer a casa, preparar o alimento, lavar a louça… e Jesus criança corria para lá e para cá em casa e puxava o vestido de Maria. Como ela estava muito ocupada, não se virava logo para Ele. Mas Jesus sabia muito bem como chamar a atenção de sua mãe: olhava bem nos olhos dela e dizia: “Ave, Maria, cheia de graça. Eu, Jesus, estou contigo, você é bendita entre todas as mulheres e eu, Jesus, teu filho, também sou bendito. Santa Maria, mãe de Deus, reza por mim e pelo papai José, pela prima Isabel, pelo priminho João Batista e por todo mundo, agora e na hora de nossa morte. Amém”. Isso é possível que tenha acontecido.

O rosário

Essa oração nos remete ao rosário. É magnífica a oração do rosário! Ela começa como uma oração da nossa inteligência, depois se torna uma oração do coração. Como o Pai-nosso é uma oração com a nossa inteligência, que depois se torna uma oração do coração. Há muitos tipos de oração do coração e é o Espírito Santo que nos ajuda a rezar. Porque Ele mora no nosso coração. É por isso que às vezes rezamos com a mão no coração, essa morada de Deus em nós.

Oração com o corpo

Além do Pai-nosso e do rosário, outro tipo de oração do coração é o movimento do corpo, que corresponde ao movimento do Espírito Santo dentro do coração. É isso o que chamo de adoração corporal, ou seja, o corpo que adora através do movimento. Está escrito que Davi rodopiava com toda energia diante da Arca da Aliança. Maria é a Arca da Aliança. E quando estou diante da Arca da Aliança que é Jesus, também rodo. E quando rodopio, é como se eu entrasse na profundidade do meu coração. E muitas vezes, quando você louva o Senhor com sua inteligência, vai ter vontade de louvá-lo com o corpo, o movimento que vem do Espírito Santo no coração e se torna movimento do corpo.

Quando éramos pequenos, todos dançávamos, nos mexíamos. Podemos dizer que quando criança, o coração dirige o corpo, não temos restrições intelectuais. Um amor tão intenso pelo Espírito Santo liberta nosso corpo e nos “devolve” esse movimento do corpo como uma oração do coração.

Tenho uma cunhada que se chama Suzana. Um dia fomos apanhá-la no aeroporto e percebi que ela desceu do avião toda encurvada. Perguntei à minha esposa como era a Suzana quando criança. Ela me disse que a Suzana era cheia de vida, cheia de alegria, dançava muito, se mexia muito e adorava escrever seu nome em todo lugar. E um dia ela entrou no quarto recém-pintado e, com uma salsicha, escreveu seu nome nas paredes recém-pintadas. Ela tinha muita parresia, audácia, energia de viver. Não era bloqueada por sua inteligência. Tinha um coração de criança. Quando os pais chegaram, perguntaram quem fez isso. E ela, morrendo de medo, disse que não tinha sido ela, mas estava assinado seu nome lá e deram-lhe uma surra. Depois vieram muitas outras surras. Após tantas punições, a Suzana cheia de vida tornou-se encurvada. No entanto, ela era cristã, acreditava no poder do Espírito, era fiel à Igreja. Então, por que estava encurvada?

Na França, era ensinado que o corpo é um perigo. Que é preciso dominá-lo pela inteligência e, sobretudo, não se deve exprimir alegria em público. Então, infelizmente, mesmo os cristãos carismáticos parecem tristes. Mas tive uma idéia. Eu pensei: “É capaz da Suzana ter necessidade de escrever seu nome em algum lugar”, então lhe disse: “Suzana, o único lugar que é realmente meu nessa casa é o meu escritório. Quero te fazer uma proposta, tu podes escolher a tinta na tua cor predileta e te deixo escrever o teu nome no teto do meu escritório”.

O Senhor nos criou para que nosso nome esteja escrito nas paredes da história. Ele quer que a história se lembre do que você fez por Jesus nessa vida. Deus quer que muitas pessoas sejam tocadas pelo amor de Deus através de você.

Então ela escolheu a tinta vermelha, dei-lhe um pincel, deixei-a no meu escritório e fiquei imaginando como ela escreveria: pequeno, grande? Ela estava sempre encurvada, queria desaparecer, não ser vista pelas pessoas; tinham lhe dito que ela não tinha nenhum valor… Dez minutos depois abri a porta e lá estava seu nome escrito, grande. E alguma coisa mudou na vida de Suzana. Ela se abriu de maneira nova e vi a mudança na sua vida. E depois disso, eu sempre dizia nos encontros em que pregava: “Dêem uma parede da casa de vocês para seus filhos escreverem, desenharem, fazerem o que quiserem. Quando crescerem, talvez se encontrem em algum momento desencorajados, então vocês podem lhes mostrar a parede e lhes dizer: ‘Vocês são assim’. E quando se mudarem, levem a parede para mostrar a seus filhos quando precisarem de um estímulo”.

Aconteceu que tive de me mudar. E fiquei no dilema sobre levar o teto com o nome de Suzana. Eu pensava: “Quando Suzana estiver triste, vou precisar mostrar esse teto a ela e dizer: ‘Suzana, você é livre, o Espírito Santo habita em você. Você pode viver a alegria do Espírito. Pode ter parresia, viver a experiência de Deus em público’”. Então decidi levar o teto. Peguei uma serra e o cortei. Ficou lá um buracão e precisei de dois dias para consertar o teto.

Eu trouxe para cá o teto da Suzana e pedi a muitos irmãos da Comunidade Shalom que o assinassem e, se um dia estiverem desencorajados, lhes mandarei o teto da Suzana. O Moysés o assinou. Se um dia ele estiver desencorajado, vou dizer: “O mundo pertence a você, tenha audácia, não fique restrito a alguns países. É preciso estabelecer o Shalom no mundo inteiro. O mundo inteiro precisa deste louvor, desta alegria”.

Então, todo mundo tem que assinar os muros da história. Deus quer nos encorajar e libertar a Suzana que está em nós. Quer que sejamos brilhantes, que transpareçamos o brilho do Espírito Santo. Que ultrapassemos todas as dificuldades da vida e todos os desencorajamentos que nos assolam. Quer que sejamos instrumentos de louvor.

As línguas do Espírito

Por falar nisso, não sei como vou morrer, mas se tiver chance de escolher, quero morrer louvando o Senhor, quero estourar de louvor. Quero ser tão profundamente um instrumento de louvor que meu coração exploda. Quero ser um instrumento de louvor para a glória de Deus. Ele nos criou para louvá-lo, para amá-lo, para rezar com nossa inteligência, para rezar com nosso coração, para meditar o rosário, para louvá-lo numa língua desconhecida.

Vocês cantam no Espírito? Essas palavras maravilhosas do Espírito Santo que brotam nas nossas línguas? O Espírito Santo quer louvar a Deus em nós através da nossa língua, isso é também uma oração do coração. E essas palavras brotam quando pedimos a Jesus que nos encha do Espírito Santo. Ele disse: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba e os rios de água viva correrão do seu seio”. Do mais profundo do nosso espírito, o Espírito Santo começa a subir, subir, subir da nossa voz e nesse tempo de louvor louvamos a Deus com línguas que não entendemos intelectualmente.

É preciso deixar o Espírito Santo fluir do mais profundo do nosso ser. Deus quer nos “equipar” para a oração. Nós precisamos da oração do coração, que é o Pai-nosso, o rosário, o movimento e as línguas. Abramo-nos e peçamos ao Senhor a graça para vivermos o que Ele quer de nós!

*Palestra ministrada no Fórum Carismático Shalom 2003. Mantido o tom coloquial.

Richard Borgman

Fonte: Comunidade Shalom