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Uma Fé semelhante à de Maria

Dom Milton Kenan JúniorNo dia 16 de outubro de 2011, o Papa Bento XVI anunciou a sua decisão de proclamar um “Ano da Fé”, que terá início em 11 de outubro de 2012, no 50º aniversário da inauguração do Concílio Vaticano II, e terminará no dia 24 de novembro de 2013, Solenidade de Cristo Rei do Universo.

Caminhando para esse grande acontecimento eclesial que, no dizer do Santo Padre, “será um momento de graça e de compromisso para uma conversão a Deus cada vez mais completa, para fortalecer a nossa fé n’Ele e para O anunciar com alegria ao homem do nosso tempo” (Homilia na Santa Missa de 16-11-2011), vamos nestes meses que antecedem o início do Ano da Fé, fazer algumas considerações que nos levem a viver com intensidade esse tempo de graça e conversão, a começar por nós, para toda a Igreja!

Em maio, quando nossas comunidades voltaram-se de maneira tão destacada à presença de Maria, seria importante que considerássemos a sua fé. Maria é invocada como a “Mãe da fé”, a “Virgem que acreditou”. No Evangelho de Lucas, encontramos nos lábios de Isabel a bem-aventurança de Maria: “Feliz aquela que acreditou!” (Lc 1,45). Maria, Mãe da Igreja é Modelo de fé.

De forma resumida, o Papa Bento XVI, na sua Carta Apostólica “Porta fidei”, nos faz vislumbrar a grandeza da fé da Virgem: “Pela fé, Maria acolheu a palavra do Anjo e acreditou no anúncio de que seria Mãe de Deus na obediência de sua dedicação (cf. Lc 1,38). Ao visitar Isabel, elevou seu cântico de louvor ao Altíssimo pelas maravilhas que realizava em quantos a ele se confiavam (cf. Lc 1,46-55). Com alegria e trepidação, deu à luz seu Filho unigênito, mantendo intacta sua virgindade (cf. Lc 2,6-7). Confiando em José, seu esposo, levou Jesus para o Egito, a fim de salvá-lo da perseguição de Herodes (cf. Mt 2,13-15). Com a mesma fé, seguiu o Senhor em sua pregação e permaneceu a seu lado, mesmo no Gólgota (cf. Jo 19, 25-27). Com fé, Maria saboreou os frutos da ressurreição de Jesus e, conservando no coração a memória de tudo (cf. Lc 2,19.51), transmitiu-a aos doze reunidos com ela no cenáculo para receberem o Espírito Santo (cf. At 1,14; 2,1-4).”

Não nos é difícil perceber que toda a vida de Maria é amparada pela fé. Ela de fato acreditou! Ela aceitou a vontade divina em sua vida e deixou que a Palavra de Deus plasmasse a sua vida! Tamanha foi sua adesão à palavra divina que no seu ventre “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1,14). Bastaria esse aspecto da vida de Maria para que nossa vida de fé ficasse robustecida!

Mas Maria é também aquela que gesta a fé e a desperta no coração daqueles que se encontra. O próprio evangelista João ao relatar o milagre nas núpcias em Caná da Galiléia nos fala do papel de Maria: aquela por quem o Seu Filho realiza o primeiro dos sinais, pelo qual “manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele” (Jo 2,11). As palavras de Maria são emblemáticas: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). É a ordem d’Aquela que vive da fé, que por primeiro acreditou que “o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lc 1,45)

Maria é testemunha da fé. Uma fé que se faz obediência, docilidade e ao mesmo tempo serviço! No seu encontro com Isabel, sua parenta, Maria é saudada como “bendita entre todas as mulheres” (Lc 1,42); é reconhecida como a “Mãe do meu Senhor” (Lc 1,43); Aquela que se tornou imagem do Filho que ela traz no seu ventre, e, portanto, testemunha por excelência Dele. Será no aconchego de Maria, também, que os discípulos serão sustentados nos dias que sucedem a Paixão e na alvorada da Ressurreição, enquanto aguardam o cumprimento da promessa (cf. At 1,14).

Há 25 anos, o Beato João Paulo II publicava a sua Carta Encíclica “A Bem-aventurada Virgem Maria na vida da Igreja que está a caminho” (Redemptoris Mater); na qual evocava o exemplo de Maria peregrina na fé.

Seria muito importante que aproveitando as diversas ocasiões que o ano litúrgico nos oferece, nas celebrações da Virgem Maria, nas peregrinações, na celebração do mês de maio procurássemos considerar a fé da Virgem.

O exemplo de Maria é um convite para que, não só individualmente, mas toda a Igreja se coloque à escuta da Palavra de Deus. A Palavra de Deus alimenta, e ao mesmo tempo, modela a Igreja, como fez com Maria. Na Exortação Apostólica “Verbum Domini”, o Papa diz que “a Igreja funda-se sobre a Palavra de Deus, nasce e vive dela.” (n.3). É sempre na escuta e no confronto com a Palavra de Deus que a Igreja se rejuvenesce, cresce na fé, e torna-se para o mundo testemunha de Cristo.

À semelhança de Maria, a Igreja é chamada a despertar e gestar a fé na vida de todos os que respondem ao anúncio e convite do Evangelho. A redescoberta da importância de iniciar os fiéis na vida cristã, através de um processo de escuta e conversão, de participação e testemunho, torna a Igreja ainda mais parecida com Maria, Àquela que encontra sua grandeza no “mistério de Cristo e da Igreja”; aquela que cooperou com o seu Filho na obra salvadora e, sustentou a Igreja que nascia com o seu testemunho e a oração.

Ainda na Exortação Apostólica “Verbum Domini”, encontramos uma imagem belíssima da relação que há entre a Igreja (e o cristão) que acolhe a Palavra e Maria: “Contemplando na Mãe de Deus uma vida modelada totalmente pela Palavra, descobrimo-nos também nós chamados a entrar no mistério da fé, pela qual Cristo vem habitar na nossa vida. Como nos recorda Santo Ambrósio, cada cristão que crê, em certo sentido, concebe e gera em si mesmo o Verbo de Deus: se há uma só Mãe de Cristo segundo a carne, segundo a fé, porém, Cristo é o fruto de todos.” (n.28).

O testemunho de fé de Maria é, enfim, um forte apelo para a Igreja nos nossos dias, desafiada seja pela resistência dos que lhe ficam indiferentes, e pela mediocridade daqueles seus membros que não vivem com autenticidade a fé que professam. A força da Igreja em todos os tempos está no testemunho dos seus fiéis, que buscam na união entre fé e vida, fazer da própria vida uma página do Evangelho, talvez a única capaz de ser lida pelos que ainda não creem.

Maria é de fato, “imagem e primícias da Igreja que há de atingir a sua perfeição na vida futura, assim também, já agora, na terra, enquanto não chega o dia do Senhor (cf. 2Pd 3,10), ela brilha, como sinal de esperança segura e consolação aos olhos do povo de Deus peregrino.” (LG 68).

Deixemo-nos guiar por Maria, na nossa preparação e para a celebração do Ano da Fé. Nela temos a Mãe que nos ampara na caminhada da fé e, o modelo que nos estimula a viver a fé com generosa dedicação a Cristo nosso Mestre e aos nossos irmãos!

Dom Milton Kenan Júnior
Bispo Auxiliar de São Paulo (SP)
Fonte: CNBB

 

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O rosário: como rezá-lo bem

Você reza o terço? Já viu imagens de Nossa Senhora representando-a tal como apareceu em Lourdes e em Fátima? Maria está com o terço na mão. Ela acompanhou silenciosamente, passando as contas, o terço que a menina Bernardete rezava na gruta de Lourdes. E, em Fátima, também com o terço na mão, a Santíssima Virgem pediu aos Três Pastorinhos que o rezassem todos os dias.

Tomara que algum dia você possa dizer, como o Papa João Paulo II: «O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade!». Mas, para isso, será preciso que comece a rezá-lo e, se já o reza com frequência, que aprenda a fazê-lo cada dia melhor. Vamos ver como podemos fazer isso.

Primeiro, vencer as dificuldades:

1) Uma primeira dificuldade: “Não sei rezar o terço”, “Não conheço os vinte ‘mistérios’ (ou seja, os cinco correspondentes a cada um dos quatro ‘terços’ que compõem o rosário), não os sei de cor”. Solução: comprar logo, ou pedir a alguma pessoa amiga, algum folheto ou livrinho de orações (há muitos!) que traga a explicação dessa oração: como rezá-lo, quais são os mistérios, que mistérios devem ser rezados nos diferentes dias da semana… É fácil. Pessoas simples aprenderam tudo isso em pouco tempo. Se você “quer”- se “quer” mesmo – não lhes ficará atrás.

Um esclarecimento: a pessoa que o reza sem conhecer ou lembrar os “mistérios” faz, mesmo assim, uma oração válida, ainda que, naturalmente, ele fique incompleto (mas é melhor rezá-lo incompleto do que não rezá-lo).

2) Segunda dificuldade: “Não tenho terço” (o instrumento, o terço material, com as contas, a cruzinha, etc.; ou então o terço em forma de anel, que se usa girando no dedo). Compre-o, que é baratíssimo, e, enquanto não o tiver, conte nos dedos. Mas tenha em conta que vale a pena usar o terço material: se o seu terço (de contas ou de anel) foi bento por um padre ou diácono, ao usá-lo para rezar você ganhará indulgências (Por sinal, você sabia que pode ganhar nada menos que a indulgência plenária – com as devidas condições -, quando o reza em família, ou comunitariamente, num grupo?).

3) Terceira dificuldade: “Não tenho tempo de rezar o terço”. Essa desculpa “não gruda”. O terço pode ser rezado, se for preciso, andando pela rua, fazendo exercício físico de corrida, indo de ônibus, metrô ou trem, guiando carro (melhor do que se irritar com o trânsito), na sala de espera do médico ou do laboratório, em casa, entre outros. E você pode rezá-lo sentado, andando, de joelhos e até deitado (se estiver doente ou em repouso forçado, etc.).

Por sinal, não sei se você sabe que, nas livrarias católicas, são vendidos CDs com o rosário e que também há arquivos em áudio para player portátil. Basta ligar o áudio e ir respondendo ou acompanhando o que ouve.

4) Finalmente, a dificuldade mais comum é a aparente monotonia. “Dizemos sempre a mesma coisa”. “A repetição de tantas Ave-Marias acaba ficando mecânica, cansativa, sem sentido”. “De que adianta fazer uma oração tão repetitiva, que fica rotineira, parece oração de papagaio…”?

Deus faça que, após tê-las lido e, sobretudo, depois de tentar aplicá-las, você dê a razão às palavras de São Josemaria: «Há monotonia porque falta Amor».

Padre Francisco Faus
Fonte: cancaonova.com

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As mãos de Maria

Entrada da Casa de Maria Santíssima em Efeso-Turquia

No Calvário, junto à cruz, estava de pé Maria. Nessa hora, uma das últimas preocupações de Jesus foi a de confiá-la ao apóstolo João. : “Eis aí tua mãe”. O próprio evangelista nos testemunha que “dessa hora em diante… a levou para a sua casa” (Jo 19,27).

Segundo uma antiga tradição, após a morte e ressurreição do Senhor, quando cresceu a perseguição contra os cristãos, na Palestina, João levou Maria Santíssima para a cidade de Éfeso, na Ásia Menor – hoje, pertencente à Turquia. Não se sabe ao certo quanto tempo eles moraram ali. Dessa permanência temos hoje uma “relíquia”: parte da casa onde a Mãe de Jesus morou.

No século treze, passando por Éfeso os cruzados construíram uma pequena capela ao lado dessa casa. O local ficou depois abandonado por muito tempo até que, no final do século dezenove, foi reencontrado por religiosos e religiosas que seguiam a espiritualidade de S. Vicente de Paulo († 1660). Haviam saído da França, pois tinham ouvido falar da existência dessa Casa de Maria, ali; depois de muito procurarem por ela, desanimados, já pensavam voltar a seu país, quando fizeram a descoberta. Então, no altar da capela construída pelos cruzados, colocaram uma imagem de Nossa Senhora das Graças – isto é, aquela imagem que foi feita a partir das descrições de Santa Catarina Labouré († 1876), também ela religiosa na Congregação fundada por S. Vicente: Maria pisa a serpente sobre o globo terrestre e de suas mãos estendidas desprendem-se raios de graças.

Do começo da Primeira Guerra Mundial, até alguns anos depois da Segunda, a Casa de Maria ficou novamente abandonada. Nessa época, pessoas desconhecidas tiraram as mãos da imagem e, segundo o que ali se conta, as jogaram no vale logo em frente. E é assim que ainda hoje se encontra a imagem de Nossa Senhora, em Éfeso: sem mãos.

Imagem no interior da Casa de Nossa Senhora (Éfeso) sem as mãos.

De início, fiquei chocado com a cena: a imagem de Nossa Senhora, a Mãe de Jesus, de braços abertos, acolhendo os peregrinos (cerca de um milhão por ano), mas sem as mãos! Não é fácil aceitar essa situação, mesmo em se tratando de uma imagem. Afinal, as mãos de Maria Santíssima acariciaram Jesus, prepararam sua comida e lavaram sua roupa. Foram elas que apoiaram o Filho de Deus para que ele aprendesse a andar, a comer e a escrever. As mãos de Maria estiveram sempre em função de Jesus e – supremo gesto de dor e de amor! – receberam seu corpo, quando foi tirado da Cruz. Por tudo isso, as mãos de Maria poderiam dar origem a um belo poema. Em Éfeso, contudo, sua imagem ficou semidestruída, amputada, sem mãos. Não sei o motivo por que nunca quiseram providenciar-lhe outras. E não será agora que o farão, já que os peregrinos se acostumaram a vê-la assim, e fazem questão de levar para suas casas uma reprodução que lhes lembra justamente isso: Maria está sem mãos!

Procurando fazer a leitura desse fato, concluí que ele é rico de ensinamentos, especialmente para as mães de nosso tempo.

As mãos de Maria, hoje, são as mãos das jovens que, no dia do casamento, esperam que seus esposos nelas coloquem a aliança. São as mãos das religiosas que se cruzam num gesto de consagração ao Senhor. São as mãos das enfermeiras que, num hospital, apertam o braço de um doente terminal, procurando transmitir-lhe conforto. São as mãos das mães que trocam a roupa dos filhos irrequietos. São, também, as mãos das operárias que cuidam do tear e as das agricultoras que preparam a terra para receber a semente.

A imagem de Maria, em Éfeso, não tem mãos. Mas ela própria tem milhares, tem milhões de mãos pelo mundo afora. Através delas, Maria continua abençoando, amparando e confortando a Jesus, que hoje tem o rosto do menino de rua e da criança da catequese, do aluno curioso e da criança que cedo ficou órfã, do filho brincalhão e da garota estudiosa.

Para algum peregrino de Éfeso poderá ser motivo de surpresa encontrar uma imagem de Maria sem mãos. Para cada mulher que assim a vê, e, particularmente, para cada mãe, é um renovado apelo a emprestar-lhe suas mãos para que, com elas, Maria continue hoje, pelos caminhos do mundo, servindo a seu Filho Jesus.

Dom Murilo Krieger
Arcebispo de Salvador (BA)
Fonte: CNBB

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Mãe de Fátima

Vendo a cada dia 13 esta multidão de peregrinos reunidos ao redor da Mãe de Fátima, algumas palavras me vêm sempre à mente: fidelidade, amor, confiança, família.

Da parte dos peregrinos, dos fiéis, dos filhos é evidente, sobretudo, o amor com que aqui vem. E este gesto de vir ao santuário, na verdade, é apenas um reflexo do caminhar diário nas mãos da Mãe, da busca constante de seguir seu Filho, da procura insaciável do rosto de Deus.

É na mais pura e completa confiança que da Mãe de Fátima nos aproximamos, certos de sermos acolhidos e recebidos com a mesma atenção, paciência e cuidado com que ela falou a Francisco, a Jacinta e a Lúcia. Até parece que nós somos eles, com aquela expressão de criança que ainda não entendeu tudo, mas que sabe que a Mãe vai tomar conta, vai se ocupar das coisas, vai nos tomar no colo.

E tão grande é a nossa confiança, que não temos receio de apresentar à Mãe tantos pedidos, de falar-lhe das nossas dores e mágoas, dos nossos medos e angústias. Diante dela ficamos à vontade para sermos o que somos. E não que sejamos tudo que pensamos de nós mesmos, mas a Mãe nos apresenta a Jesus como tesouros preciosos e de nós fala a Ele sempre bem, nossa causa é sempre a dela, se for para que a vontade de Deus seja feita. Não podemos nos esquecer de que a primeira frase que o Evangelho nos mostra de Maria é uma pergunta: “Como se fará isso?”. Sabendo da resposta de que Deus se ocupará de tudo, ela apenas confirma: “Seja feita em mim a sua vontade”.

Era essa confiança que parece cega, mas que na verdade é santa, é perfeitamente filial, era essa confiança que tinham aqueles pastorinhos e que os fez tão corajosos na hora de falarem às autoridades, de enfrentarem o povo, de cruzarem os olhares de desconfiança e desprezo, mas também os olhares de esperança e fé.

Mas a confiança brota do amor e sustenta-se na esperança. Como a tão jovem Maria entendeu a encarnação de Deus em seu seio? Como os pastorinhos entenderam que a Mãe lhes falava do céu e lhes dava uma missão tão grande?

Porque, de antemão, ela e eles amavam profundamente, mas também porque queriam viver na presença divina e isso experienciavam vivamente pela oração. Não é por outro motivo que Nossa Senhora recomenda a oração, porque, se a oração faz parte da vida, a vida acaba por tornar-se oração e isso significa viver em Deus e Deus viver em nós. Uma Mãe cuidadosa e amorosa não poderia recomendar coisa melhor…

Parece-me, também, muito evidente que onde há confiança, há fidelidade. Uma não pode viver sem a outra. Nas aparições em Fátima, há uma pedagogia da fidelidade: a Mãe marca encontro com os pastorinhos e cumpre sempre sua promessa de vir. As crianças, de quem sempre esperamos esquecimento, distração e indisciplina, não faltam aos encontros. Exercitam a fidelidade, fortificam a fé, dispõem-se ao serviço, à escuta, à mudança. Aceitam o risco do encontro que transforma suas vidas, mas que é também para transformar a vida da Igreja, a vida do mundo.

Encontrar-se com Deus é um risco, porque Ele pode nos seduzir completamente. Na verdade, temos é um grande medo de ser tão felizes… E o encontro com Cristo Jesus, mediado por sua Mãe, é sempre para transformar, para curar, para unir. O primeiro milagre de Jesus vem precedido de uma palavra da Mãe: “Façam tudo o que Ele lhes disser”. É essa mesma frase que ela continua a nos repetir ao lado do Filho. Não pode haver melhor intercessora…

E nesse intercâmbio amoroso que se estabelece entre o Pai e o Filho, entre Mãe e Filho, entre a Mãe e os filhos, entramos e somos envolvidos num verdadeiro espírito de família. Deus nos cria como filhos, nos constitui como herdeiros, nos chama a viver como príncipes de seu Reino. Jesus se revela Salvador, mas nosso irmão, nosso mais querido irmão. Irmão mais velho que nos protege, que nos defende junto ao Pai, que nos congrega ao redor da Eucaristia. Maria se mostra sempre mãe, até dos mais complicados pecadores. Em seu coração se espelham os santos, se lançam os aflitos, se consolam os doentes, se refugiam os pecadores, se encantam as crianças.

Em seu coração, queremos viver todos nós. Essa é a verdade.

E o segredo de Fátima não é para despertar o medo, mas para chamar ao amor, para conclamar o mundo à paz, não à guerra, à competição, ao ódio, à separação, ao menosprezo, ao descartamento do inútil, do mais fraco, do indesejável, do não produtivo.

Mãe atenta, Maria, de Fátima para o mundo, alertava e continua alertando para não cairmos nas seduções do poder, do sucesso, das riquezas e até do saber. Mãe amorosa, Virgem fiel, Rainha da Igreja e dos profetas, Estrela do mar, Maria de Fátima sabe que seu coração triunfará. Porque o Amor é a lei. E outra não há.

Que com Francisco, Jacinta e Lúcia fiquemos a seus pés, confiantes de que ela nos conduzirá pela mão até Jesus.

Frei Yves Terral

Fonte: fatima.com.br

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As seis aparições de Fátima

Fátima é, sem dúvida, a mais profética das aparições modernas!

As aparições de Nossa Senhora, em Fátima são consideradas como sendo a mais profética aparição dos últimos tempos!

N Sra de Fatima_1Com efeito, Fátima marcou o século XX e tem demonstrado ser a grande esperança do terceiro milênio. As profecias de Nossa Senhora de Fátima anunciaram grandes castigos mas, também, grandes meios de salvação. É para estes candentes e atuais acontecimentos que voltaremos nossa atenção.

♦ Deus faz preceder suas grandes intervenções na história por numerosos e variados sinais.

Com freqüência, serve-se Ele de homens de virtude insigne para transmitir aos povos suas advertências, ou predizer acontecimentos futuros.

Desse modo procedeu o Padre Eterno em relação ao advento do Messias, seu Filho Unigênito. A magnitude de tal fato, em torno do qual gira a história dos homens, exigia uma longa e cuidadosa preparação. Assim foi ele prenunciado durante muitos séculos pelos Profetas do Antigo Testamento, de tal forma que, por ocasião do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, tudo estava maduro para sua vinda ao mundo. Até entre os pagãos, muitos esperavam algo que desse solução à crise moral na qual os homens de então estavam imersos.

Quase se poderia afirmar com segurança que, quanto mais importante o acontecimento previsto, tanto maior a grandeza dos sinais que o precedem, a autoridade dos que o anunciam, e o tempo de espera.

É fácil, à luz desta regra, avaliar a importância das previsões de Fátima, pois quem no-las anuncia não é um Anjo, nem um grande santo, mas a própria Mãe de Deus.

Já na época das aparições de Fátima, nos primeiros anos deste nosso século, os acontecimentos mundiais faziam entrever o que seria a triste história contemporânea. De um lado, um progresso material quase ilimitado, a par de uma decadência de costumes como nunca antes se vira. De outro lado, guerras e convulsões sociais de proporções terríveis. A Primeira Guerra Mundial foi um exemplo dessa realidade, largamente superada pela Segunda Guerra Mundial e por tudo quanto se lhe seguiu.

Como Mãe solícita e afetuosa, quis Maria Santíssima, evitar todos esses males a seus filhos. Por isso, desceu do Céu a fim de alertar a humanidade para os riscos que corria se continuasse nas vias tortuosas do pecado. Veio, ao mesmo tempo, indicar os meios de salvação: a recitação do Rosário, a prática dos Cinco Primeiros Sábados, a devoção ao Imaculado Coração de Maria.

♦ As aparições da própria Mãe de Deus

13 de maio de 1917. Lúcia de Jesus, 10 anos, Francisco Marto, 9 anos e Jacinta Marto, 7 anos, após a Missa na igreja de Aljustrel, lugarejo de Fátima, foram pastorear o rebanho de ovelhas nas terras do pai de Lúcia, na Cova da Iria.pastorinhos de Fatima

Após um como que clarão de relâmpago, num céu luminoso e sereno, sobre uma carrasqueira de metro e pouco de altura apareceu-lhes a Mãe de Deus.

Segundo as descrições da Irmã Lúcia, era “uma Senhora vestida toda de branco, mais brilhante que o sol, espargindo luz mais clara e intensa que um copo de cristal cheio de água cristalina, atravessado pelos raios do sol mais ardente”. Seu semblante era de uma inenarrável beleza, nem triste, nem alegre, mas sério, talvez com uma suave expressão de ligeira censura. Como descrever em pormenores seus traços? De que cor os olhos, os cabelos dessa figura celestial? Lúcia nunca o soube dizer ao certo!

O vestido, mais alvo que a própria neve, parecia tecido de luz. Tinha as mangas relativamente estreitas e era fechado no pescoço, descendo até os pés, os quais, envolvidos por uma tênue nuvem, mal eram vistos roçando as franças da azinheira. Um manto lhe cobria a cabeça, também branco e orlado de ouro, do mesmo comprimento que o vestido, envolvendo-lhe quase todo o corpo. “As mãos, trazia-as juntas em oração, apoiadas no peito, e da direita pendia um lindo rosário de contas brilhantes como pérolas, terminando por uma cruzinha de vivíssima luz prateada. [Como] único adereço, um fino colar de ouro-luz, pendente sobre o peito, e rematado, quase à cintura, por uma pequena esfera do mesmo metal”

Nesta primeira aparição, Nossa Senhora pede aos 3 pastorinhos que venham seis meses seguidos, no dia 13, à mesma hora. E diz que ainda viria uma sétima vez.

“Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de suplica pela conversão dos pecadores?

À resposta afirmativa das crianças, Ela acrescentou: “Ides, pois, ter muito que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto”.

Foi ao pronunciar estas últimas palavras (‘a graça de Deus…’, etc.), que abriu pela primeira vez as mãos, comunicando-nos uma luz tão intensa, como que reflexo que delas expedia, que nos penetrava no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente do que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por um impulso ín¬timo, também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente: ‘Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento’.

Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou: ‘Rezem o Terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra’.

E Nossa Senhora se elevou serenamente, subindo em direção ao nascente, até desaparecer no Céu.

A celeste Mensageira havia produzido nas crianças uma deliciosa impressão de paz e de alegria radiante, de leveza e liberdade. Parecia-lhes que poderiam voar como os pássaros. De tempos em tempos, o silêncio em que tinham caído era cortado por esta jubilosa exclamação de Jacinta:

– Ai! que Senhora tão bonita! Ai! que Senhora tão bonita!

Nas aparições, a Virgem Santíssima falou apenas com Lúcia, Jacinta só ouvia o que Ela dizia e Francisco não A ouvia mas apenas via.

♦ A segunda aparição: 13 de junho

Já com a presença de 50 pessoas na Cova da Iria, os 3 pastorinhos viram de novo o reflexo da luz (a que chamavam relâmpago) que se aproximou da N Sra de Fatima_4carrasqueira. Nossa Senhora queria que voltassem no próximo dia 13, que rezassem o Terço todos os dias e aprendessem a ler.

Lúcia pede para que Ela os leve para o Céu. “Sim, à Jacinta e ao Francisco levo-os em breve. Mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação; e serão queridas de Deus estas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono”.

A Virgem anima Lúcia, dizendo que nunca a deixará. “O meu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá até Deus.”

De novo, abriu as mãos e lhes comunicou o reflexo de intensa luz, como que submergindo-os em Deus. E na palma da mão direita de Maria estava um Coração cercado de espinhos que pareciam estar nele cravados. Era o Imaculado Coração de Maria ultrajado pelos pecados da humanidade, querendo reparação! Aos poucos essa visão se esvaeceu diante das vistas enlevadas dos três pastorinhos.

E Nossa Senhora, resplandescente de luz, subiu suavemente para o leste, até desaparecer.

♦ Terceira aparição: 13 de julho

Lúcia, até a tarde do dia anterior, estava resolvida a não comparecer à Cova da Iria. Mas, ao se aproximar a hora, numa sexta-feira, sentiu-se impelida por uma força estranha, à qual não lhe era fácil resistir. Foi ter com os primos, aos quais encontrou no quarto, de joelhos, chorando e rezando pois não queriam ir sem Lúcia. As três crianças, então, se puseram a caminho.

Chegando ao local da aparições, surpreenderam-se com mais de 2 mil pessoas aguardando o extraordinário acontecimento. O pai de Francisco e Jacinta, Sr. Marto, narrou ter visto uma nuvenzinha acinzentada pairar sobre a azinheira, enquanto o sol se turvava e fresca aragem soprava…

“Quero que venham aqui no dia 13 do mês que vem; que continuem a rezar o Terço todos os dias em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”.

E Lúcia revela que Nossa Senhora pediu para eles se sacrificarem pelos pecadores e dizerem muitas vezes, em especial sempre que fizerem algum sacrifício:

“Ó Jesus, é por Vosso amor, pela conversão dos pecadores, e em reparação pelos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria”.

Maria Santíssima revela, então, aos 3 pastorinhos a primeira parte do segredo de Fátima: a visão do inferno; a segunda parte do segredo: o anúncio do Castigo e dos meios para evitá-lo. A tN Sra de Fatima_3erceira parte do segredo permaneceu desconhecida até 26 de junho de 2000. Nesta data, foi ela di¬vulgada por determinação de S.S. o Papa João Paulo II. (Ver o link “Segredo de Fátima”).

Nossa Senhora, então, elevou-se em direção ao nascente, até desaparecer no firmamento. O final da aparição, segundo Sr. Marto, foi indicado por uma espécie de trovão.

♦ Quarta aparição: 15 de agosto

Às vésperas da data, os 3 pastorinhos foram seqüestrados e mantidos por 3 dias sob vigilância pelo Administrador de Ourém, que lhes desejava arrancar os segredos a eles confiados. Assim, não puderam comparecer à Cova da Iria, no dia 13 de agosto. Alguns dos presentes, no local, testemunharam ter ocorrido o trovão, o relâmpago e o surgimento da pequena nuvem, leve, branca e bonita, pairando sobre a azinheira. E que, depois, subiu e desapareceu no céu.

Libertos e estando, em 15 de agosto, a pastorear em Valinhos, Lúcia e Jacinto sentiram algo sobrenatural que os envolvia… E mandaram que João, irmão de Jacinta, fosse chamá-la. Lúcia e Francisco viram o reflexo da luz como um relâmpago e, chegada a Jacinta, logo, Nossa Senhora apareceu sobre a carrasqueira. Ela queria que viessem no próximo dia 13 e que rezassem o Terço todos os dias.

“No último mês farei o milagre para que todos acreditem.” prometeu a Virgem.

Mandou que fossem feitos dois andores para a festa de Nossa Senhora do Rosário com o dinheiro deixado pelo povo na Cova da Iria. O restante seria usado para ajudar na capela que mandariam fazer. E, tomando um aspecto mais triste, acrescentou:

MAOS DE NOSSA SENHORA COM O TERÇO“Rezai, rezai muito e fazei sacrifícios pelos pecadores, que vão muitas almas para o Inferno por não haver quem se sacrifique e peça por elas”.

E Nossa Senhora se retira em direção ao nascente, como das outras vezes.

Durante longos minutos os pastorinhos permaneceram em estado de êxtase. Sentiam-se invadidos por uma alegria inigualável, após tantos sofrimentos e temores

Quinta aparição: 13 de setembro

Nesse dia, 15 a 20 mil pessoas, e talvez mais, acorreram à Cova da Iria. Todos queriam ver, falar e fazer pedidos às crianças para que apresentassem à Virgem. Junto à carrasqueira, começaram a rezar o Terço com o povo, até que num reflexo de luz Nossa Senhora apareceu sobre a azinheira.

“Continuem a rezar o Terço para alcançarem o fim da guerra. Em outubro virá também Nosso Senhor, Nossa Senhora das Dores e do Carmo, São José com o Menino Jesus, para abençoarem o mundo. Deus está contente com os vossos sacrifícios, mas não quer que durmais com a corda [cilício], trazei-a só durante o dia”.

Segundo o testemunho de alguns espectadores, por ocasião dessa visita de Nossa Senhora, como das outras vezes, ocorreram diversos fenômenos atmosféricos. Observaram “à distância aparente de um metro do sol, um globo luminoso, que em breve começou a descer em direção ao poente e, da linha do horizonte, voltou a subir de novo em direção ao sol”. Além disso, a atmosfera tomou uma cor amarelada, verificando-se uma diminuição da luz solar, tão grande que permitia ver a lua e as estrelas; uma nuvenzinha branca, visível até o extremo da Cova, envolvia a azinheira e com ela os videntes. Do céu choviam como que pétalas de rosas ou flocos de neve, que se desfaziam pouco acima das cabeças dos peregrinos, sem deixar-se tocar ou colher por ninguém”.

Ainda que breve, a aparição de Nossa Senhora deixou os pequenos videntes felicíssimos, consolados e fortalecidos em sua fé. Francisco, de modo especial, sentia-se transportado de alegria com a perspectiva de ver, dali a um mês, Nosso Senhor Jesus Cristo, conforme lhes prometera a Rainha do Céu e da Terra.

♦ Sexta e última aparição: 13 de outubro de 1917

Já era o outono. Uma chuva persistente e forte transformara a Cova da Iria num lamaçal e encharcava a multidão de 50 a 70 mil peregrinos, vindos de todos os cantos de Portugal. Assim que chegaram os videntes, Lúcia pediu que fechassem os guarda-chuvas para rezarem o Terço. E, pouco depois, houve o reflexo de luz e Nossa Senhora apareceu sobre a carrasqueira.

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“Quero dizer-te que façam aqui uma capela em minha honra, que sou a Senhora do Rosário, que continuem sempre a rezar o Terço todos os dias. A guerra vai acabar e os militares voltarão em breve para suas casas.”

Ao pedido de cura para uns doentes e conversão para alguns pecadores, Nossa Senhora respondeu:

Uns sim, outros não. É preciso que se emendem, que peçam perdão dos seus pecados”.

E tomando um aspecto triste, Ela acrescentou:

“Não ofendam mais a Deus Nosso Senhor que já está muito ofendido”.

E, abrindo as mãos, fê-las refletir no sol, e enquanto Se elevava, continuava o reflexo da sua própria luz a projetar-se no sol

Visões de cenas simbolizando os Mistérios gozosos, dolorosos e gloriosos do Rosário

Chovera durante toda a aparição. Lúcia, no término de seu colóquio com Nossa Senhora, gritara para o povo: “Olhem para o sol!” Rasgam-se as nuvens, e o sol aparece como um imenso disco de prata. Apesar de seu intenso brilho, pode ser olhado diretamente sem ferir a vista. As pessoas o contemplam absortas quando, de súbito, o astro se põe a “bailar”. Gira rapidamente como uma gigantesca roda de fogo. Pára de repente, para dentro em pouco recomeçar o giro sobre si mesmo numa espantosa velocidade. Finalmente, num turbilhão vertiginoso, seus bordos adquirem uma cor escarlate, espargindo chamas vermelhas em todas as direções. Esses fachos refletem-se no solo, nas árvores, nos arbustos, nas faces voltadas para o céu, reluzindo com todas as cores do arco-íris. O disco de fogo rodopia loucamente três vezes, com cores cada vez mais intensas, treme espantosamente e, descrevendo um ziguezague descomunal, precipita-se em direção à multidão aterrorizada. Um único e imenso grito escapa de todas as bocas. Todos caem de joelhos na lama e pensam que vão ser consumidos pelo fogo. Muitos rezam em voz alta o ato de contrição. Pouco a pouco, o sol começa a se elevar traçando o mesmo ziguezague, até o ponto do horizonte de onde havia descido. Torna-se então impossível fitá-lo. É novamente o sol normal de todos os dias.

O ciclo das visões de Fátima estava encerrado.VIRGEM MARIA

Os prodígios haviam durado cerca de 10 minutos. Todos se entreolhavam perturbados. Depois, a alegria explodiu: “O milagre! As crianças tinham razão!” Os gritos de entusiasmo ecoavam pelas colinas adjacentes, e muitos notavam que sua roupa, encharcada alguns minutos antes, estava completamente seca.

O milagre do sol pôde ser observado a uma distância de até 40 quilômetros do local das aparições.

♦ A promessa da sétima vinda de Nossa Senhora

Em sua primeira aparição, a Santíssima Virgem pediu aos 3 pastorinhos que viessem à Cova da Iria seis meses seguidos. E acrescentou: “Depois voltarei ainda aqui uma sétima vez”.

Seguiram-se as seis aparições, segundo o relato da Irmã Lúcia, pairando o mistério sobre a sétima aparição…

Estará, esta, ligada à promessa do triunfo de Seu Imaculado Coração? Esse triunfo, sem dúvida, configura uma suprema e altíssima esperança para os dias de hoje! Fátima, queiramos ou não, tornou-se com a promessa “Por fim meu Imaculado Coração triunfará” o ponto de referência essencial, indispensável, para nossa vida e para o mundo contemporâneo.

Fátima, inegavelmente, é a aurora do terceiro milênio!

Fonte: Arautos do Evangelho (Especial: Fátima)

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Lições do Segredo de Fátima

Imagem vinda de Fátima-Portugal entronizada no Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima em Santa Cruz do Rio Pardo/SP ornada para a festa do dia 13/05/2012

13 de maio de 2012 vem lembrar-nos a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima, a três humildes pastorinhos, Lúcia, bem aventurados Francisco e Jacinta, acontecida há 95 anos, na Cova da Iria-Fátima, em Portugal.

Fátima tornou-se um forte movimento popular de espiritualidade evangélica, marcada por um apelo fundamental à oração e à conversão.

O que mais tem chamado a atenção da opinião pública é o Segredo de Fátima, que Irmã Lúcia descreveu numa linguagem repleta de imagens vivas, de estilo apocalíptico, portadoras de advertências, lições e mensagens de natureza religiosa.

Lúcia foi a vidente portadora do Segredo de Fátima. Francisco e Jacinta morreram ainda crianças. Lúcia tornou-se monja carmelita e esteve uma vez com Paulo VI e João Paulo II. Faleceu no dia 13 de fevereiro de 2005. O Segredo de Fátima é constituído de três partes. A primeira é o breve e terrível instante em que os pastorinhos têm uma visão do inferno onde se precipitavam “as almas dos pobres pecadores”. A segunda parte do segredo indica o motivo porque os pastorinhos tiveram essa visão: “salvar as almas”, aliás, uma mensagem estritamente bíblica (cf. 1 Pd 1,9). Estamos, assim, diante do mistério da iniqüidade e do mistério da iniqüidade e do mistério da salvação de que nos fala o apóstolo Paulo.

Num modo para muitos surpreendente, a devoção ao Coração Imaculado de Maria vem indicada como um caminho de salvação. Entende-se essa afirmação no sentido de Maria ser exímio modelo de santidade e seguimento do Cristo e mãe que protege e intercede a Deus pelos seus filhos.

Nessa Segunda parte do segredo, hã uma referencia à Primeira e Segunda Guerra Mundial e uma preocupação pela conversão da Rússia que deve ser consagrada ao Coração de Maria. E haverá algum tempo de paz.

Se essas duas partes do Segredo já eram conhecidas, a terceira deixava preocupada muita gente e suscitava a curiosidade sobretudo da mídia.

Por decisão do papa João Paulo II, na passagem do segundo para terceiro milênio, foi publicado o texto da terceira parte do segredo de Fátima, seguido de uma interpretação da Congregação para Doutrina da Fé, presidida pelo então Cardeal Joseph Ratsinger, hoje Bento XVI.

Essa terceira parte é constituída de diversas imagens. Escreve Irmã Lúcia: “Vimos um Anjo, com uma espada de fogo na mão esquerda; ao cintilar, despedia chamas que parecia iam incendiar o mundo; mas apagavam-se com o contato do brilho que da mão direita expedia Nossa Senhora ao seu encontro: o Anjo apontando com a mão direito para a terra, com voz forte disse: Penitência, Penitência, Penitência”!… “E vimos… um Bispo vestido de branco (tivemos pressentimento de que era o Santo Padre) e vários outros Bispos, Sacerdotes, religiosos e religiosas subir uma escabrosa montanha, no cimo da qual estava uma grande Cruz…

O Santo Padre, antes de chegar aí, atravessou uma grande cidade meio em ruínas, e meio trêmulo, com andar vacilante, acabrunhado de dor e pena, ia orando pelas almas dos cadáveres que encontrava pelo caminho; chegando ao cimo do monte, prostado de joelhos aos pés da grande cruz, foi morto por um grupo de soldados que lhe disparam vários tiros e setas e assim foram morrendo um trás outros os Bispos. Sacerdotes, religiosos e religiosas e várias pessoas seculares, cavalheiros e senhoras de várias classes e posições. Sob os dois braços da Cruz estavam dois anjos, cada um com um regador de cristal na mão, neles recolhiam o sangue dos Mártires e com ele regavam as almas que se aproximavam de Deus”.

Essa espada de fogo não parece ser mera fantasia, pois o homem com seus artefatos de guerra é capaz de reduzir a terra a um mar de chamas e cinzas. A figura de Maria que neutraliza o efeito devastador das chamas, simboliza sua presença atuante na história da salvação da humanidade. Questionadora e autenticamente evangélica é a palavra do Anjo que, veemente, brada por Penitencia, ou seja, por Conversão (cf. Mc 1, 15).

Certamente, a montanha, a cidade e os diversos personagens simbolizam a história da humanidade no século que encerrou o segundo milênio: um misto do progresso, de descobertas maravilhosas e de tantas destruições. A caminhada da Igreja é descrita como uma Via Sacra muito dolorosa.

Nessa Via Sacra, sem dúvida, estão representados os papas desde São Pio X até o bem-aventurado João Paulo II que pessoalmente se sentiu identificado com o “Bispo vestido de branco” do segredo. De fato, após o atentado de 13.05.1981, na praça de São Pedro, João Paulo II pediu que lhe trouxessem o texto da terceira parte do segredo. E ao falar sobre esse atentado, no dia 13.05.1994, assim se expressou: “Foi uma mão materna que guiou a trajetória da bala e o Papa agonizante deteve-se no limiar da morte”.

Ao comentar esse Segredo, observa o Cardeal Ratzinger: “Essa mão materna que desviou a bala mortífera, demonstra uma vez mais que não existe um destino imutável, que a fé e a oração são forças que podem influir na história e que, em última analise, a oração é mais forte do que as balas e a fé mais poderosa que os exércitos”!

E o mesmo Cardeal Ratzinger vai afirmar que o essencial, o que permanece do Segredo de Fátima (nas suas três partes) “é a exortação à oração como caminho para a ‘salvação das almas’ e no mesmo sentido, o apelo à penitencia e à conversão”. Essa é a maior lição do Segredo de Fátima que não oferece satisfações à curiosidade humana ávida de revelações sensacionais sobre o fim do mundo e a evolução da história.

Frei Lourenço Maria Papin, OP
Santuário Nossa Senhora do Rosário de Fátima
Santa Cruz do Rio Pardo – SP

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Maria de todas as virtudes

Neste mês de maio voltamos nossos olhares para Maria a Mãe de Jesus, ela é para nós modelo de discípula, pela sua fé aderiu ao plano de Deus, colaborando com a obra da redenção desde seu início, antes mesmo dos apóstolos. Quais foram as virtudes de Maria e qual delas foi a maior?

Falar de Maria de Nazaré, a mãe de Jesus, relacionada às virtudes, nos faz primeiro refletir no sentido desta palavra “virtude” para nós cristãos. É uma palavra latina: virtus, que designa a energia interior, a energia da alma bem nascida e formada. Existem as virtudes naturais que se adquirem e as virtudes sobrenaturais, que são infundidas e doadas, como fruto da graça de Deus agindo na pessoa. Falar de Maria em relação às virtudes nos remete a uma questão teológica mais profunda, ou seja: falar de Maria e a ação do Espírito Santo nela.

Desde a origem da história do Povo de Deus na teofania do monte Sinai, até a culminação eclesial em Pentecostes, o Espírito é o mesmo: força de Deus presente como promessa e realidade de salvação, que se concretiza e se expande para gerar vida e vida em abundância. Jesus sem dúvida é aquele que recebeu a plenitude do Espírito Santo, na sinagoga de Nazaré ele lê o profeta Isaías: “O Espírito do Senhor está sobre mim porque ele me consagrou com a unção…” e em seguida diz: “Hoje se cumpriu esta passagem da Escritura que vocês acabam de ouvir” ( Lc. 4, 14-21). Porém o Espírito Santo está em Maria, ela recebeu a força do Espírito Santo.

O anjo diz a Maria: “O Espírito Santo virá sobre ti e a forca do Altíssimo te envolverá com sua sombra” ( Lc. 1,35). No início do diálogo ele havia saudado Maria; “Alegra-te cheia de graça, o Senhor está contigo” ( Lc 1,28). O Senhor está com Maria e sobre ela ainda virá com sua forca (virtus) para envolvê-la totalmente. Maria então é aquela que foi envolvida por Deus a partir de dentro – ela concebe o filho de Deus – e a partir de fora: ela está envolta na força de Deus.

Na força do Espírito Santo Maria vai percorrer um longo itinerário espiritual, no qual ela se mostra repleta de todas as virtudes que são dons e frutos do Espírito Santo. Ela trilhar um itinerário difícil: passar de mãe para discípula de seu filho. Vai mergulhando cada dia na solidão misteriosa, na qual o mistério a capturou: Jesus deve dedicar-se totalmente às coisas do Pai ( Lc 2,49) e ela vai ficar só, na sua busca “guardando e meditando em seu coração”( Lc 2,51). Maria vai a cada dia buscando e refazendo no diálogo íntimo com Deus, a sua confiança sem limites e renovando o seu sim, o seu “faça-se”. Sendo mãe teve de comportar-se como discípula. E aí então brilha a grande virtude de Maria, a fé: “bem-aventurada você que acreditou” dirá Isabel ( Lc 1,45).

A fé e a adesão total de Maria ao plano de Deus, fez dela a primeira discípula de Jesus, pois ela foi a primeira a receber a notícia de sua vinda (anunciação) e acreditou, aderiu, confiou totalmente dispondo-se a servir e colaborar com o plano de Deus. Na sua humildade ela se abre ao dom que lhe é proposto. Eis aí o grande amor, a caridade exemplar de Maria: amor total a Deus, amor pleno para com a humanidade. Dispôs-se a assumir a tarefa de ser a mãe do salvador, o que lhe faria sofrer certamente: “uma espada de dor traspassará seu coração”( Lc 2,35). Sendo virgem, ela concebe em seu seio, a Palavra, que primeiro concebeu no coração pela fé. Eis aí Maria, repleta de todas as graças e virtudes: toda de Deus pela obediência, toda dos irmãos e irmãs pela generosidade sem limites.

O Concílio Vaticano II ressalta a santidade iminente de “Maria que refulge para toda a comunidade dos eleitos como exemplo de virtudes’( Lumen Gentium n. 65 ). Porém, nós podemos nos perguntar qual a maior virtude de Maria? Se nela brilham de maneira fulgurante todas as virtudes em especial a fé, a esperança e a caridade, que são virtudes teologias, qual seria a maior? A maior virtude de Maria sem dúvida foi o desprendimento e a total disponibilidade a Deus: “Eis aqui a escrava do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1, 38). E ainda, quando ela agradece ao Senhor, vai exclamar: “…olhou para a humilhação de sua escrava”(Lc 1,48).

Este desprendimento e total disponibilidade a que Maria chama de “humilhação” e que, em muitos lugares vem traduzido como humildade, é a expressão de quem está como a terra (húmus), em total disponibilidade para que sobre ela tudo se faca. Através de seu gesto de entrega total, de esvaziamento total de si, confiando de maneira absoluta na palavra e no amor do Pai, Maria se converte em receptáculo dos dons do Espírito Santo. Sem este esvaziamento, este abaixar-se e colocar-se totalmente disponível a Deus, nada poderia ter sido feito. Na medida em que saímos de todas as coisas, nesta medida Deus entra em nós, com tudo o que Ele é e tem. A oração de Maria, portanto, foi sempre esta: “Senhor, não me dês nada, senão aquilo que Tu queres, faze, Senhor, em minha vida, em cada momento, o que tu queres e como Tu queres”.

A maior virtude de Maria foi esta perfeita simplicidade, este desprendimento total e esta disponibilidade perfeita à graça de Deus. Podemos nos perguntar: como Maria pode permanecer nesta virtude tão elevada, que constitui a busca dos maiores místicos, tanto do ocidente como do oriente. E como Maria atingiu tão grande virtude? Foi sem duvida a graça de Deus que a dotou especialmente para que pudesse cumprir sua vocação singular. Deus lhe deu uma graça especial: sua imaculada conceição. A nós todos, o pecado torna difícil nossa entrega total a Deus, ficamos presos no egoísmo. Maria ao invés, teve a força necessária para estar totalmente disponível a Deus em um grau elevadíssimo, total.

Nisto devemos imitar Maria. Ela é o sinal da fidelidade e da disponibilidade total a Deus. Nesta imitação de Maria, em nossa caminhada para Deus, podemos estar unidos, todos, protestantes, ortodoxos e católicos. Ela é um grande sinal (cf. Ap. 12) que Deus nos dá, para mostrar o seu poder de fazer grandes coisas nos pequenos e humildes. Quem se humilha será exaltado dirá Jesus. Quem se esvazia será planificado. Deus estará totalmente disponível por toda a eternidade aos que foram disponíveis a Ele durante a curta peregrinação terrena. Que Maria repleta do Espírito Santo, mulher de todas as virtudes nos ajude a obtermos esta que é a fonte de todas as virtudes: humildade, desprendimento e total disponibilidade.

Nós sabemos o quanto o materialismo tomou conta dos corações. A pessoa hoje é tomada pelo desejo. A sede de prazer embota corações e mentes. A inquietação e a agitação compõem a música de fundo de nossa sociedade competitiva e violenta. Não há paz nem alegria. Pois bem, a força do Espírito Santo que envolveu Maria conferiu-lhe todas as virtudes. E isto foi possível porque ela primeiro esvaziou-se totalmente, vivenciando a grande virtude do desprendimento, ou seja, da total disponibilidade a Deus. Assim, ela pode ser convidada pelo anjo a alegrar-se (Lc 1,28), pois a ela que se esvaziou completamente foi entregue por primeiro o maior dom: Jesus Cristo.

Autor:
Dom Pedro Carlos Cipolini
Bispo Diocesano de Amparo (SP)

 

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No século do ateísmo, o anúncio do Reino de Maria

Em Fátima, Nossa Senhora não se dirigiu apenas à geração do início do século XX, mas sobretudo às que vieram depois. E à medida que as décadas vão passando, (…) as palavras proféticas da Mãe de Deus tomam mais realidade. Parecem ditas para os nossos dias, para nossa Pátria, para cada um de nós, para ti, leitor…

O que veio a Santíssima Virgem anunciar à humanidade pecadora? O que veio implorar? Quem teria coragem de recusar um pedido premente da Mãe de Deus?

Deus faz preceder suas grandes intervenções na história por numerosos e variados sinais. Com frequência, serve-se Ele de homens de virtude insigne para transmitir aos povos suas advertências, ou predizer acontecimentos futuros.

Assim procedeu o Padre Eterno em relação à vinda do Messias, seu Filho Unigênito. A magnitude de tal fato, em torno do qual gira a história dos homens, exigia uma longa e cuidadosa preparação. Assim, foi prenunciado durante muitos séculos pelos Profetas do Antigo Testamento, de tal forma que, por ocasião do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo, tudo estava maduro para Sua vinda ao mundo. Até entre os pagãos, muitos esperavam algum acontecimento que desse uma saída para a crise moral na qual os homens de então estavam imersos.

Quase se poderia afirmar com segurança que, quanto mais importante o acontecimento previsto, tanto maior a grandeza dos sinais que o precedem, a autoridade dos profetas que o anunciam e o tempo de espera.

Dir-se-ia que, em sua infinita sabedoria, Deus, no trato com os homens, se pauta por determinadas regras para as quais muito dificilmente abre exceções.

Com efeito, “o Império Romano do Ocidente se encerrou com uma catástrofe iluminada e analisada pelo gênio de um grande Doutor, que fo Santo Agostinho. O ocaso da Idade Média foi previsto por um grande profeta, que foi São Vicente Férrer. A Revolução Francesa, que marca o fim dos Tempos Modernos, foi prevista por outro grande profeta, que foi ao mesmo tempo um grande Doutor: São Luís Maria Grignion de Montfort. Os Tempos Contemporâneos, que parecem na iminência de se encerrar com nova crise, têm um privilégio maior. Veio Nossa Senhora falar aos homens”.[1]

É fácil, à luz desta regra de História, avaliar a importância das profecias de Fátima, pois quem no-las anuncia não é um Anjo, nem um grande santo ou profeta, mas a própria Mãe de Deus.

Em Fátima, Nossa Senhora prediz inegavelmente o advento de grandes castigos para a humanidade (alguns dos quais já se cumpriram), caso esta não deixe de ofender a Deus. Porém, mais importante, num certo sentido, do que o anúncio das punições divinas, são os meios de salvação indicados pela Mãe de Deus: a oração do Rosário, a prática dos Cinco Primeiros Sábados, a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Sua finalidade mais imediata é dar aos homens a possibilidade de sair das vias tortuosas do pecado. Se outro motivo não houvesse, seria esta suficiente para uma intervenção tão extraordinária como são as Aparições em Fátima.

No entanto, há algo mais, de importância primordial, que motivou a Mãe de Deus a vir em pessoa transmitir sua mensagem aos três pastorinhos. É o anúncio da vitória da Santíssima Virgem sobre o império de Satanás, ou seja, o Reino de Maria, previsto por São Luís Maria Grignion de Montfort e por vários outros santos: “Por fim o meu Imaculado Coração triunfará!” – afirmou Nossa Senhora, em Fátima.

“É uma perspectiva grandiosa de universal vitória do Coração régio e materno da Santíssima Virgem. É uma promessa apaziguadora, atraente e sobretudo majestosa e empolgante”[2]. (…)

Para que nossos olhos possam contemplar maravilhados o meio-dia desse sol – o triunfo do Imaculado Coração de Maria – cuja aurora despontou em Fátima naquele dia 13 de maio de 1917, a Virgem Maria nos dá os meios: “Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão paz.”

Uma dificuldade surge, no entanto. Os pedidos de Nossa Senhora não foram atendidos; os homens continuam a pecar cada vez mais. Que razões temos para crer que Nossa Senhora dará cumprimento à sua promessa?

Suas próprias palavras. Pois a Santíssima Virgem só põe condições para evitar os castigos, mas não para fazer triunfar seu Imaculado Coração. O texto da Mensagem não deixa dúvidas. Após o anúncio da uma sucessão de calamidades que adviriam para a humanidade caso esta não se convertesse, Nossa Senhora concluir, categoricamente, sem antepor condição alguma: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará!”.

Como se chegará a essa vitória final sobre o pecado, não o sabemos, pois não parece tê-lo revelado a Mãe de Deus. Apenas é certo que todos quantos atenderem a seus pedidos se salvarão, e muito possivelmente serão chamados a participar desse magnífico triunfo do Imaculado Coração de Maria.

(João S. Clá Dias, Fátima, Aurora do Terceiro Milênio, São Paulo, Abril 1998, pp. 7-9)

Fonte: Arautos do Evangelho – Recife

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O ROSÁRIO meio fácil e seguro de salvação

Por especial desígnio da infinita misericórdia de Deus, Maria Santíssima revelou ao grande São Domingos de Gusmão, fundador da Ordem dos Dominicanos, um meio fácil e seguro de salvação: o santo Rosário.

Sempre que os homens o utilizam, tudo floresce na Igreja, na terra passa a reinar a paz, as famílias vivem em concórdia e os corações são abrasados de amor a Deus e ao próximo.

Quando dele se esquecem, as desgraças se multiplicam, implanta-se a discórdia nos lares, o caos se estabelece no mundo…

A Ave-Maria, base do Novo Testamento

São Domingos viveu numa época de grandes tribulações para a Igreja.

A terrível heresia dos albigenses se espalhara no sul da França e ameaçava toda a Europa. A profunda corrupção moral dela decorrente abalava os fundamentos da própria sociedade temporal.

Por meio de ardorosas pregações, durante anos tentou ele reconduzir ao seio da Igreja aqueles infelizes que se tinham desviado da verdade. Mas suas eloqüentes e inflamadas palavras não conseguiam penetrar aqueles corações empedernidos e entregues aos vícios.

O Santo intensificou suas orações…

Aumentou suas penitências… Fundou um instituto religioso para acolher os convertidos… De pouco ou nada adiantaram seus esforços. As conversões eram poucas e de efêmera duração.

O que fazer? Certo dia, decidido a arrancar de Deus graças superabundantes para mover à conversão aquelas almas, Frei Domingos entrou numa floresta perto de Toulouse e entregou-se à oração e à penitência, disposto a não sair dali sem obter do Céu uma resposta favorável.

Após três dias e três noites de incessantes súplicas, quando as forças físicas já quase o abandonavam, apareceu- lhe a Virgem Maria, dizendo com inefável suavidade: – Meu querido Domingos, sabes de que meio se serviu a Santíssima Trindade para reformar o mundo? – Senhora, sabeis melhor do que eu, porque, depois de vosso Filho Jesus Cristo, fostes Vós o principal instrumento de nossa salvação.

– Eu te digo, então, que o instrumento mais importante foi a Saudação Angélica, a Ave-Maria, que é o fundamento do Novo Testamento. E, portanto, se queres ganhar para Deus esses corações endurecidos, reza meu Rosário.

Raios e trovões para reforçar a pregação

Com novo ânimo, o zeloso Dominicano dirigiu-se imediatamente à Catedral de Toulouse, para fazer uma pregação.

Mal ele transpôs a porta do templo, os sinos começaram a repicar, por obra dos anjos, para reunir os habitantes da cidade.

Assim que ele começou a falar, nuvens espessas cobriram o céu e desabou uma terrível tempestade, com raios e trovões, agravada por um apavorante tremor de terra.

O pavor dos assistentes aumentou quando uma imagem de Nossa Senhora, situada em local bem visível, levantou os braços três vezes para pedir a Deus vingança contra eles, se não se convertessem e pedissem a proteção de sua Santíssima Mãe.

O santo Pregador implorou a misericórdia de Deus, e a tempestade cessou, permitindo-lhe falar com toda calma sobre as maravilhas do Rosário.

Os habitantes de Toulouse arrependeram- se de seus pecados, abandonaram o erro, e começaram a rezar o Rosário.

Em conseqüência, grande foi a mudança dos costumes nessa cidade.

A partir de então, São Domingos, em seus sermões, passou a pregar a devoção ao Rosário, convidando seus ouvintes a rezá-lo com fervor todos os dias. Assim, obteve que a misericórdia de Nossa Senhora envolvesse as almas e as transformasse profundamente.

Maria foi a verdadeira vencedora dos erros dos albigenses.

Um sermão escrito pela Santíssima Virgem

Relata o Beato Alano uma aparição de São Domingos, na qual este lhe narrou o seguinte episódio: Rezando o Rosário, estava ele preparandose para fazer na Catedral de Notre Dame de Paris um sermão sobre São João Evangelista. Apareceu-lhe então Nossa Senhora e lhe entregou um pergaminho, dizendo: “Domingos, por melhor que seja o sermão que decidiste pregar, trago aqui outro melhor”.

Muito contente, leu o pergaminho, agradeceu de todo coração a Maria e se dirigiu ao púlpito para começar a pregação. Diante dele estavam os professores e alunos da Universidade de Paris, além de grande número de pessoas de importância.

Sobre o Apóstolo São João, apenas afirmou o quanto este merecera ter sido escolhido para guardião da Rainha do Céu. Em seguida, acrescentou: “Senhores e mestres ilustres, estais acostumados a ouvir sermões elegantes e sábios, porém, eu não quero dirigir-vos as doutas palavras da sabedoria humana, mas mostrar-vos o Espírito de Deus e sua virtude”.

E então São Domingos passou a explicar a Ave-Maria, como lhe tinha ensinado Nossa Senhora, comovendo assim, profundamente, aquele auditório de homens cultos.

O Beato Alano de la Roche

As próprias graças e milagres concedidos por Deus através da recitação do Rosário encarregaram-se de propagá- lo por toda parte, tornando-se esta a devoção mais querida dos fiéis cristãos.

Enquanto ela foi praticada, a piedade florescia nas Ordens religiosas e no mundo católico.

Mas, cem anos depois de ter sido divulgada por São Domingos, já ela havia caído quase no esquecimento. Como conseqüência, multiplicaram-se os males sobre a Cristandade: a peste negra devastou a Europa, dizimando um terço da população, surgiram novas heresias, a Guerra dos Cem Anos espalhou desordens por toda parte, e o Grande Cisma do Ocidente dividiu a Igreja durante longo período.

Para atalhar o mal e, sobretudo, preparar a Igreja para enfrentar os embates futuros, suscitou Deus o Beato Alano de la Roche, da Ordem Dominicana, com a missão de restaurar o antigo fervor pelo Rosário.

Um dia em que ele celebrava Missa, em 1460, perguntou-lhe Nosso Senhor: “Por que me crucificas tu de novo? E me crucificas, não só por teus pecados, mas ainda porque sabes quanto é necessário pregar o Rosário e assim desviar muitas almas do pecado. Se não o fazes, és culpado dos pecados que elas cometem”.

A partir de então, o Beato Alano tornou-se um incansável divulgador desta devoção, e assim converteu grande número de almas.

Fator decisivo de grandes vitórias

Foi, sobretudo, nos momentos de grandes perigos e provações para a Igreja, que o Rosário teve um papel decisivo, propiciou a perseverança dos católicos na Fé e levantou uma barreira contra o mal.

Ao ver a Europa ameaçada pelos exércitos do império otomano, que avançavam por mar e por terra, devastando tudo e perseguindo os cristãos, o Papa São Pio V mandou rezar o Rosário em toda a Cristandade, implorando a proteção de Nossa Senhora. Ao mesmo tempo, com o auxílio da Espanha e de Veneza, reuniu uma esquadra no Mar Mediterrâneo para defender os países católicos.

A sete de outubro de 1571, a frota católica encontrou a poderosa esquadra otomana no golfo de Lepanto. E apesar da superioridade numérica do adversário, os cristãos saíram triunfantes, afastando definitivamente o risco de uma invasão.

Antes de travar-se o combate, todos os soldados e marinheiros católicos rezaram o Rosário com grande devoção.

A vitória, que parecia quase impossível, deveu-se à proteção da Virgem Santíssima, a qual – segundo testemunho dado pelos próprios muçulmanos – apareceu durante a batalha, infundindo- lhes grande terror.

No século XVIII, para comemorar a vitória do Príncipe Eugênio de Saboya sobre o exército otomano, devida também à eficácia do Rosário, o Papa Clemente XI ordenou que a festa de Nossa Senhora do Rosário fosse celebrada universalmente.

São Luís Grignion de Montfort

A Igreja seria ainda sacudida por muitas tempestades.

Visando fortalecer seus filhos e prepará- los para suportar as grandes provações futuras, suscitou Deus uma alma de fogo com a missão de reacender a chama da devoção ao Rosário, o qual mais uma vez tinha caído no esquecimento. São Luís Maria Grignion de Montfort, o grande doutor da devoção à Mãe de Deus, exerceu sua missão profética um século antes da Revolução Francesa. As regiões nas quais se deram ouvidos à sua pregação foram as que melhor resistiram aos erros de sua época e conservaram íntegra a Fé.

Fátima, 1917: “Sou a Senhora do Rosário”

Já no século XX, quando a Primeira Guerra Mundial estava em seu auge, Nossa Senhora veio, Ela mesma, em pessoa, lembrar aos homens que a solução para seus males estava ao alcance das mãos, nas contas do Rosário: “Rezai o Terço todos os dias para alcançar a paz e o fim da guerra”, repetiu Ela maternalmente aos três pastorzinhos, em Fátima.

Na última aparição, em outubro de 1917, a Virgem Maria disse quem era: “Sou a Senhora do Rosário”. E para atestar a autenticidade das aparições e a importância do Rosário, operou um milagre de grandeza nunca vista, presenciado pela multidão de 70.000 pessoas que estavam no local: o sol girou no céu, ao meio-dia, parecendo precipitar- se sobre a terra, retomando depois sua posição habitual no firmamento.

Milagres dessa magnitude, só no Antigo Testamento encontramos. Mas nem assim o mundo deu ouvidos à Mãe de Deus. E nunca se abateram sobre a Terra tantas desgraças, nunca houve tantas guerras, nunca a desagregação moral chegou tão baixo.

Entretanto, o meio de obter a paz para o mundo, para as famílias, para os corações, continua ao alcance de nossas mãos, nas contas benditas do Rosário, que Maria Santíssima trazia suspenso de seu braço quando apareceu em Fátima.

Salvou-se porque levava o Terço à cintura

Não é possível expressar quanto a Santíssima Virgem estima o Rosário sobre todas as demais devoções, e como é generosa em recompensar os que trabalham para divulgá-lo.

Conta São Luís de Montfort o caso de Afonso IX, Rei de León, a quem Nossa Senhora protegeu particularmente, pelo simples fato de portar o Rosário à cintura.

Desejando que os seus súditos honrassem a Santíssima Virgem, e para animá-los com seu exemplo, ocorreu a esse monarca portar ostensivamente um grande Rosário, ainda que não o rezasse.

Isto bastou para incentivar os seus cortesãos a rezá-lo devotamente.

Algum tempo depois, o rei ficou às portas da morte, acometido por uma grave enfermidade. Foi então transportado em espírito ao tribunal de Deus, onde os demônios o acusaram de todos os seus crimes. E quando ia ser condenado às penas eternas, apresentou- se em sua defesa a Santíssima Virgem diante de Jesus.

Num prato da balança, foram colocados os pecados do Rei. No outro, a Virgem Maria colocou o grande Rosário que ele portara em honra d’Ela, juntamente com os Rosários que, devido ao seu exemplo, haviam rezado outras pessoas, e estes pesavam mais que todos os pecados por ele cometidos.

Depois, Maria Santíssima, olhando com misericórdia para o Rei, disse: “Consegui de meu Filho, como recompensa pelo pequeno serviço que Me fizeste, levando à cintura o Rosário, o prolongamento de tua vida por mais uns anos. Emprega-os bem, e faz penitência”.

Voltando a si, o rei exclamou: “Oh! Bendito Rosário da Santíssima Virgem, por ele é que fui livre da condenação eterna!” E, recuperando a saúde, passou a rezar o Rosário todos os dias até o fim da vida.

A palavra do Papa, porta-voz de Jesus

“O Rosário transporta-nos misticamente para junto de Maria (…) para que Ela nos eduque e nos plasme até que Cristo esteja formado em nós plenamente” – ensina o Papa João Paulo II. E acrescenta: “Nunca, como no Rosário, o caminho de Cristo e o de Maria aparecem unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo”.

Recordemos suas inspiradas palavras na Carta Apostólica “Rosarium Virginis Mariæ”: “O Rosário acompanhou-me nos momentos de alegria e nas provações.

A ele confiei tantas preocupações; nele encontrei sempre conforto. O Rosário é minha oração predileta. Oração maravilhosa! “Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos Anjos, torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral! “Não te deixaremos nunca mais! “Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último ósculo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em toda parte, hoje e sempre, na terra e no Céu. Amém.”

 

Nunca deixe de rezá-lo!

Sim, acatando fielmente essa exortação do Papa, nunca deixe de rezar o Rosário, sob pretexto de ter muitas distrações involuntárias, falta de gosto em rezá-lo, muito cansaço, insuficiência de tempo, ou qualquer outro. Para rezar bem o Rosário, não é necessário sentir gosto, ter consolações, nem conseguir uma aplicação contínua da imaginação.

Bastam a fé pura e a boa intenção.

E veja quantos benefícios nos proporciona a recitação do Rosário! • Eleva-nos ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo.

• Purifica nossas almas do pecado.

• Faz-nos vitoriosos contra todos os nossos inimigos.

• Torna-nos fácil a prática das virtudes.

• Abrasa-nos no amor de Jesus Cristo.

• Enriquece-nos de graças e méritos.

• Fornece-nos os meios de pagar todas as nossas dívidas com Deus e com os homens.

A tudo isso, acrescenta São Luís Maria Grignion de Montfort: — “Ainda que te encontres à beira do abismo ou já com um pé no inferno ainda que estejas endurecido e obstinado como um demônio, cedo ou tarde te converterás e salvarás, contanto que rezes devotamente todos os dias o santo Rosário, para conhecer a verdade e obter a contrição e o perdão de teus pecados”.

(Revista Arautos do Evangelho, Out/2004, n. 34, p. 34 a 38)
Fonte: Arautos do Evangelho

Artigos

Maria e o crescimento na fé diante da Ressurreição

Maria participa da alegria dos acontecimentos referentes às aparições do Ressuscitado. Certamente, soube da atitude das santas mulheres, as mesmas que estiveram “olhando de longe” (Marcos 15,40) os fatos da cruz e da morte de Jesus e que, passado o sábado, decidiram comprar aromas para ungir seu corpo. São nomeadas: Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé (cf. Marcos 16,1).

Toma conhecimento das aparições pelo testemunho alegre dos discípulos, dos apóstolos e especialmente das discípulas, encarregadas que foram de anunciá-lo por primeiro. Com efeito, “ao voltarem do túmulo, anunciaram tudo isso aos Onze, bem como a todos os outros” (Lucas 24,9).

As aparições são narrativas que contêm a alegre e salvífica notícia a ser comunicada quase que de boca a boca: “Ide já contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos e que ele vos procederá na Galileia” (Mateus 28,7); “Ide anunciar aos meus irmãos que se dirijam para a Galileia; lá me verão” (Mateus 28,10); “Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: ‘Vi o Senhor, e ouvi as coisas que ele me disse'” (João 20,18).

A partir das aparições, os últimos fatos são recordados e aprofundados em seu significado para o Cristo e para nós: “Começando por Moisés e por todos os Profetas, interpretou-lhes em todas as Escrituras o que a ele dizia respeito” (Lucas 24,27); “E eles narraram os acontecimentos do caminho e como o haviam reconhecido na fração do pão” (Lucas 24,35). Sem dúvida, Maria Santíssima vivia esse clima das aparições em união com os discípulos e os onze apóstolos.

As Escrituras não dizem que Jesus Ressuscitado apareceu à sua mãe, mas é possível supor, pois apareceu a vários não nomeados (cf. 1 Coríntios 15,5-8). Santo Inácio de Loyola, na quarta semana dos Exercícios Espirituais, põe a primeira contemplação: como Cristo nosso Senhor apareceu a Nossa Senhora, em primeiro lugar. Cabe no entanto, tudo à imaginação, ainda que iluminada pela fé.

Se Jesus Ressuscitado apareceu a Maria não foi só para fortalecer sua fé. Em primeiro lugar, foi para premiá-la de plena alegria pela fé já testemunhada, especialmente na dor e no abandono da morte de cruz e do sepultamento. Ela sabia melhor do que todos os discípulos, ao guardar tudo no coração, que ele anunciara sua ressurreição ao terceiro dia (cf. Marcos 8, 3; Lucas 18,33). Por isso, esperava a hora de Deus, a realização da promessa de seu Filho, mesmo sem saber como. Em segundo lugar, se o Ressuscitado apareceu-lhe, foi para realizar a promessa e cessar a esperança. Aparecendo-lhe atesta o sentido pleno de sua maternidade: “Ele será chamado Filho de Deus” (Lucas 1, 35). De fato, o senhorio do Ressuscitado confirma e publica para sempre a maternidade divina.

Quer dizer: todos os mistérios da vida de Jesus e de Maria se esclarecem com as luzes da ressurreição e do Espírito Santo, em Pentecostes.

Maria é a primeira a compreender e a vivenciar que o acontecimento da ressurreição é maior que qualquer palavra que anuncie seja que ele ressuscitou, seja que apareceu primeiro a Pedro ou a Madalena, aos apóstolos ou às mulheres. No sentido da plena compreensão, pode-se afirmar que ela foi a primeira a experimentar que a ressurreição é acontecimento que se impõe como atestação para só depois se tornar testemunho. O que para os demais foi um processo, para Maria, devido à sua intimidade com o Senhor no Espírito Santo, foi imediato. O processo para o ato de fé no Ressuscitado, em alguns casos, foi bastante difícil. Haja vista a atestação pública a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e vê minhas mãos! Estende tua mão e põe-na no meu lado não sejas incrédulo, mas crê!” (João 20,27). De fato, a ressurreição fora uma realidade progessiva e de difícil compreensão e aceitação: “Não podiam acreditar ainda e permaneciam surpresos” (Lucas 24,41).

A fé que envolvia Maria não necessitava de nenhuma atestação pública. Permaneceu no silêncio, impertubável na intimidade do encontro feliz entre ela e o Filho. A ela não caberia nenhuma reprovação pela falta de fé. Ao contrário, Jesus recrimina os discípulos: “Insensatos e lentos de coração para crer tudo o que os profetas anunciaram! Não era preciso que o Cristo sofresse tudo isso e assim entrasse em sua glória?” (Lucas 24, 25-26). Também censura os Onze, cuja incredulidade e dureza de coração impediram que dessem crédito aos que o tinham visto ressuscitado (cf. Marcos 16,14).

Ela sabia que seu Filho estava morto e agora vivia! Não precisava de mediação de ninguém para crer que seu Filho vencera a morte. Consequentemente, na experiência nova com o Ressuscitado, ela saboreia e aualiza as palavras de Isabel: “Feliz aquela que acreditou, pois o que lhe foi dito da parte do Senhor será cumprido!” (Lucas 1, 45).

Envolvida pelas alegrias pascais, a Virgem permanece junto aos apóstolos e algumas mulheres, reunidos em oração, até o domingo de Pentecostes (cf. Atos 1,13-14). Cumpriam a ordem do Ressuscitado “que não se afastassem de Jerusalém, mas que aguardassem a promessa do Pai” (Atos 1,4): o batismo com o Espírito Santo (cf. Atos 1,5). Em Pentecostes, a Igreja apostólica se expressa, reunida em torno do Ressuscitado e com Maria, como dom do Espírito Santo que capacita os discípulos para a missão do mundo. Ela compreende-se comprometida e solícita com a missão da Igreja no novo serviço ao seu Filho. Assume com sua presença a responsabilidade de ser Mãe da Igreja nascente, segundo o desejo do seu Filho Crucificado.

Autor: Maria de nossa fé/Edson de Castro Homem. – São Paulo: Paulinas, 2007.

Fonte: www.santissimavirgemmaria.com.br