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Contemplar Cristo com os olhos de Maria

« Transfigurou-Se diante deles: o seu rosto resplandeceu como o sol » (Mt 17, 2). A cena evangélica da transfiguração de Cristo, na qual os três apóstolos Pedro, Tiago e João aparecem como que extasiados pela beleza do Redentor, pode ser tomada como ícone da contemplação cristã. Fixar os olhos no rosto de Cristo, reconhecer o seu mistério no caminho ordinário e doloroso da sua humanidade, até perceber o brilho divino definitivamente manifestado no Ressuscitado glorificado à direita do Pai, é a tarefa de cada discípulo de Cristo; é por conseguinte também a nossa tarefa.

Contemplando este rosto, dispomo-nos a acolher o mistério da vida trinitária, para experimentar sempre de novo o amor do Pai e gozar da alegria do Espírito Santo.

Realiza-se assim também para nós a palavra de S. Paulo: « Refletindo a glória do Senhor, como um espelho, somos transformados de glória em glória, nessa mesma imagem, sempre mais resplandecente, pela ação do Espírito do Senhor » (2Cor 3, 18).

Maria, modelo de contemplação: A contemplação de Cristo tem em Maria o seu modelo insuperável. O rosto do Filho pertence-lhe sob um título especial.

Foi no seu ventre que Se plasmou, recebendo d’Ela também uma semelhança humana que evoca uma intimidade espiritual certamente ainda maior. À contemplação do rosto de Cristo, ninguém se dedicou com a mesma assiduidade de Maria.

Os olhos do seu coração concentram-se de algum modo sobre Ele já na Anunciação, quando O concebe por obra do Espírito Santo; nos meses seguintes, começa a sentir sua presença e a pressagiar os contornos.

Quando finalmente O dá à luz em Belém, também os seus olhos de carne podem fixar-se com ternura no rosto do Filho, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura (cf. Lc 2, 7).

Desde então o seu olhar, cheio sempre de reverente estupor, não se separará mais d’Ele. Algumas vezes será um olhar interrogativo, como no episódio da perda no templo: « Filho, porque nos fizeste isto? » (Lc 2, 48);

em todo o caso será um olhar penetrante, capaz de ler no íntimo de Jesus, a ponto de perceber os seus sentimentos escondidos e adivinhar suas decisões, como em Caná (cf. Jo 2, 5);

outras vezes, será um olhar doloroso, sobretudo aos pés da cruz, onde haverá ainda, de certa forma, o olhar da parturiente, pois Maria não se limitará a compartilhar a paixão e a morte do Unigênito, mas acolherá o novo filho a Ela entregue na pessoa do discípulo predileto (cf. Jo 19, 26-27);

na manhã da Páscoa, será um olhar radioso pela alegria da ressurreição

e, enfim, um olhar ardoroso pela efusão do Espírito no dia de Pentecostes (cf. At 1,14).

As recordações de Maria: Maria vive com os olhos fixos em Cristo e guarda cada palavra sua: « Conservava todas estas coisas, ponderando-as no seu coração » (Lc 2, 19; cf. 2, 51). As recordações de Jesus, estampadas na sua alma, acompanharam-na em cada circunstância, levando-a a percorrer novamente com o pensamento os vários momentos da sua vida junto com o Filho.

Foram estas recordações que constituíram, de certo modo, o “rosário” que Ela mesma recitou constantemente nos dias da sua vida terrena.

E mesmo agora, entre os cânticos de alegria da Jerusalém celestial, os motivos da sua gratidão e do seu louvor permanecem imutáveis. São eles que inspiram o seu carinho materno pela Igreja peregrina, na qual Ela continua a desenvolver a composição da sua “narração” de evangelizadora.

Maria propõe continuamente aos crentes os “mistérios” do seu Filho, desejando que sejam contemplados, para que possam irradiar toda a sua força salvífica.

Quando recita o Rosário, a comunidade cristã sintoniza-se com a lembrança e com o olhar de Maria.

Rosário, oração contemplativa: O Rosário, a partir da experiência de Maria, é uma oração marcadamente contemplativa. Privado desta dimensão, perderia sentido, como sublinhava Paulo VI: « Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de tornar-se uma repetição mecânica de fórmulas e de vir a achar-se em contradição com a advertência de Jesus: “Na oração não sejais palavrosos como os gentios, que imaginam que hão de ser ouvidos graças à sua verbosidade” (Mt 6, 7).

Por sua natureza, a recitação do Rosário requer um ritmo tranqüilo e uma certa demora a pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor, vistos através do Coração d’Aquela que mais de perto esteve em contacto com o mesmo Senhor, e que abram o acesso às suas insondáveis riquezas ».

Precisamos de deter-nos neste profundo pensamento de Paulo VI, para dele extrair algumas dimensões do Rosário que definem melhor o seu caráter próprio de contemplação cristológica.

Recordar Cristo com Maria: O contemplar de Maria é, antes de mais, um recordar. Convém, no entanto, entender esta palavra no sentido bíblico da memória (zakar), que atualiza as obras realizadas por Deus na história da salvação. A Bíblia é narração de acontecimentos salvíficos, que culminam no mesmo Cristo. Estes acontecimentos não constituem somente um “ontem”; são também o “hoje” da salvação.

Esta atualização realiza-se particularmente na Liturgia: o que Deus realizou séculos atrás não tinha a ver só com as testemunhas diretas dos acontecimentos, mas alcança, pelo seu dom de graça, o homem de todos os tempos.

Isto vale, de certo modo, também para qualquer outra piedosa ligação com aqueles acontecimentos: « fazer memória deles », em atitude de fé e de amor, significa abrir-se à graça que Cristo nos obteve com os seus mistérios de vida, morte e ressurreição.

Por isso, enquanto se reafirma, com o Concílio Vaticano II, que a Liturgia, como exercício do ofício sacerdotal de Cristo e culto público, é « a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força », convém ainda lembrar que « a participação na sagrada Liturgia não esgota a vida espiritual.

O cristão, chamado a rezar em comum, deve também entrar no seu quarto para rezar a sós ao Pai (cf. Mt 6, 6); mais, segundo ensina o Apóstolo, deve rezar sem cessar (cf. 1 Tes 5, 17) ».

O Rosário, com a sua especificidade, situa-se neste cenário diversificado da oração « incessante », e se a Liturgia, ação de Cristo e da Igreja, é ação salvífica por excelência, o Rosário, enquanto meditação sobre Cristo com Maria, é contemplação salutar. De fato, a inserção, de mistério em mistério, na vida do Redentor faz com que tudo aquilo que Ele realizou e a Liturgia atualiza, seja profundamente assimilado e modele a existência.

Aprender Cristo de Maria: Cristo é o Mestre por excelência, o revelador e a revelação. Não se trata somente de aprender as coisas que Ele ensinou, mas de “aprender a Ele”. Porém, nisto, qual mestra mais experimentada do que Maria? Se do lado de Deus é o Espírito, o Mestre interior, que nos conduz à verdade plena de Cristo (cf. Jo 14, 26; 15, 26;16, 13), de entre os seres humanos, ninguém melhor do que Ela conhece Cristo, ninguém como a Mãe pode introduzir-nos no profundo conhecimento do seu mistério.

O primeiro dos “sinais” realizado por Jesus –a transformação da água em vinho nas bodas de Caná – mostra-nos precisamente Maria no papel de mestra, quando exorta os servos a cumprirem as disposições de Cristo (cf. Jo 2, 5).

E podemos imaginar que Ela tenha desempenhado a mesma função com os discípulos depois da Ascensão de Jesus, quando ficou com eles à espera do Espírito Santo e os animou na primeira missão.

Percorrer com Ela as cenas do Rosário é como freqüentar a “escola” de Maria para ler Cristo, penetrar nos seus segredos, compreender a sua mensagem.

Uma escola, a de Maria, ainda mais eficaz, quando se pensa que Ela a dá: obtendo-nos os dons do Espírito Santo com abundância e, ao mesmo tempo, propondo-nos o exemplo daquela « peregrinação da fé », na qual é mestra inigualável.

Diante de cada mistério do Filho, Ela convida-nos, como na sua Anunciação, a colocar humildemente as perguntas que abrem à luz, para concluir sempre com a obediência da fé: « Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra » (Lc 1, 38).

Configurar-se a Cristo com Maria: A espiritualidade cristã tem como seu caráter qualificador o empenho do discípulo em configurar-se sempre mais com o seu Mestre (cf. Rom 8, 29; Fil 3, 10.21). A efusão do Espírito no Batismo introduz o crente como ramo na videira que é Cristo (cf. Jo 15, 5), constitui-o membro do seu Corpo místico (cf. 1 Cor 12, 12; Rom 12, 5). Mas a esta unidade inicial, deve corresponder um caminho de assimilação progressiva a Ele que oriente sempre mais o comportamento do discípulo conforme à “lógica” de Cristo: « Tende entre vós os mesmos sentimentos que havia em Cristo Jesus » (Fil 2, 5). É necessário, segundo as palavras do Apóstolo, « revestir-se de Cristo » (Rom13, 14; Gal 3, 27).

No itinerário espiritual do Rosário, fundado na incessante contemplação – em companhia de Maria – do rosto de Cristo, este ideal exigente de configuração com Ele alcança-se através do trato, podemos dizer, “amistoso”. Este introduz-nos de modo natural na vida de Cristo e como que faz-nos “respirar” os seus sentimentos. A este respeito diz o Beato Bártolo Longo: « Tal como dois amigos, que se encontram constantemente, costumam configurar-se até mesmo nos hábitos, assim também nós, conversando familiarmente com Jesus e a Virgem, ao meditar os mistérios do Rosário, vivendo unidos uma mesma vida pela Comunhão, podemos vir a ser, por quanto possível à nossa pequenez, semelhantes a Eles, e aprender destes supremos modelos a vida humilde, pobre, escondida, paciente e perfeita ».

Neste processo de configuração a Cristo no Rosário, confiamo-nos, de modo particular, à ação maternal da Virgem Santa. Aquela que é Mãe de Cristo, pertence Ela mesma à Igreja como seu « membro eminente e inteiramente singular » sendo, ao mesmo tempo, a “Mãe da Igreja”. Como tal, “gera” continuamente filhos para o Corpo místico do Filho. Fá-lo mediante a intercessão, implorando para eles a efusão inesgotável do Espírito. Ela é o perfeito ícone da maternidade da Igreja.

O Rosário transporta-nos misticamente para junto de Maria dedicada a acompanhar o crescimento humano de Cristo na casa de Nazaré. Isto permite-lhe educar-nos e plasmar-nos, com a mesma solicitude, até que Cristo esteja formado em nós plenamente (cf. Gal 4, 19). Esta ação de Maria,totalmente fundada sobre a de Cristo e a esta radicalmente subordinada, « não impede minimamente a união imediata dos crentes com Cristo, antes a facilita ». É o princípio luminoso expresso pelo Concílio Vaticano II, que provei com tanta força na minha vida, colocando-o na base do meu lema episcopal: Totus tuus. Um lema, como é sabido, inspirado na doutrina de S.Luís Maria Grignion de Montfort, que assim explica o papel de Maria no processo de configuração a Cristo de cada um de nós: “Toda a nossa perfeição consiste em sermos configurados, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Portanto, a mais perfeita de todas as devoções é incontestavelmente aquela que nos configura, une e consagra mais perfeitamente a Jesus Cristo. Ora, sendo Maria entre todas as criaturas a mais configurada a Jesus Cristo, daí se conclui que de todas as devoções, a que melhor consagra e configura uma alma a Nosso Senhor é a devoção a Maria, sua santa Mãe; e quanto mais uma alma for consagrada a Maria, tanto mais será a Jesus Cristo”. Nunca como no Rosário o caminho de Cristo e o de Maria aparecem unidos tão profundamente. Maria só vive em Cristo e em função de Cristo!

Suplicar a Cristo com Maria: Cristo convidou a dirigirmo-nos a Deus com insistência e confiança para ser escutados:« Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei e abrir-se-vos-á » (Mt 7, 7). O fundamento desta eficácia da oração é a bondade do Pai, mas também a mediação junto d’Ele por parte do mesmo Cristo (cf. 1 Jo 2, 1) e a ação do Espírito Santo, que « intercede por nós » conforme os desígnios de Deus (cf. Rom 8, 26-27). De fato, nós « não sabemos o que devemos pedir em nossas orações » (Rom 8, 26) e, às vezes, não somos atendidos « porque pedimos mal » (Tg 4, 3).

Em apoio da oração que Cristo e o Espírito fazem brotar no nosso coração, intervém Maria com a sua materna intercessão. “A oração da Igreja é como que sustentada pela oração de Maria”.

De fato, se Jesus, único Mediador, é o Caminho da nossa oração, Maria, pura transparência d’Ele, mostra o Caminho, e “é a partir desta singular cooperação de Maria com a ação do Espírito Santo que as Igrejas cultivaram a oração à santa Mãe de Deus, centrando-a na pessoa de Cristo manifestada nos seus mistérios”. Nas bodas de Caná, o Evangelho mostra precisamente a eficácia da intercessão de Maria, que se faz porta-voz junto de Jesus das necessidades humanas: « Não têm vinho » (Jo2,3).

O Rosário é ao mesmo tempo meditação e súplica. A imploração insistente da Mãe de Deus se apóia na confiança de que a sua materna intercessão tudo pode no coração do Filho. Ela é “onipotente por graça”, como, com expressão audaz a ser bem entendida, dizia o Beato Bártolo Longo na sua Súplica à Virgem. Uma certeza esta que, a partir do Evangelho, foi-se consolidando através da experiência do povo cristão.

No Rosário, Maria, santuário do Espírito Santo (cf. Lc 1, 35), ao ser suplicada por nós, apresenta-se em nosso favor diante do Pai que a cumulou de graça e do Filho nascido das suas entranhas, pedindo conosco e por nós.

Anunciar Cristo com Maria: O Rosário é também um itinerário de anúncio e aprofundamento, no qual o mistério de Cristo é continuamente oferecido aos diversos níveis da experiência cristã.

O módulo é o de uma apresentação orante e contemplativa, que visa plasmar o discípulo segundo o coração de Cristo.

De fato, se na recitação do Rosário todos os elementos para uma meditação eficaz forem devidamente valorizados, torna-se, especialmente na celebração comunitária nas paróquias e nos santuários, uma significativa oportunidade catequética que os Pastores devem saber aproveitar.

A Virgem do Rosário continua também deste modo a sua obra de anúncio de Cristo. A história do Rosário mostra como esta oração foi utilizada especialmente pelos Dominicanos, num momento difícil para a Igreja por causa da difusão da heresia. Hoje encontramo-nos diante de novos desafios. Porque não retomar na mão o Terço com a fé dos que nos precederam? O Rosário conserva toda a sua força e permanece um recurso não neglicenciável na bagagem pastoral de todo o bom evangelizador.

Aprendendo das grandes figuras da Igreja:

Pe. José Kentenich:

O “Ave” no ouvido

O “Magnificat” nos lábios

O Filho nos braços

A espada no coração

A língua de fogo sobre a cabeça

A serpente debaixo dos pés

Vestida de sol

Coroada de estrelas

Transfigurada junto a Deus

Chiara Lubich:

“Entrei na Igreja um dia, e com o coração cheio de confiança, perguntei-lhe: ” Por que quiseste permanecer na terra, em todos os pontos da terra, pela dulcíssima Eucaristia, e não encontraste um modo, tu que és Deus, para trazer deixar também Maria, a Mãe de todos nós que peregrinamos?” No silêncio, parecia responder: “Não a trouxe porque quero revê-la em ti. Ainda que não sejais imaculados, o meu amor vos virginizará, e tu, vós, abrireis braços e coração de mães à humanidade que, como outrora, tem sede de seu Deus e de sua Mãe. A vós, portanto, lenir as dores, as chagas; a vós enxugar as lágrimas. Canta as ladainhas e procura espelhar-te nelas”.

Cantemos as ladainhas:

Ladainha da “Lumen Gentium”

Senhor, tende piedade de nós

Cristo, tende piedade de nós,

Senhor, tende piedade de nós

Santa Maria, Mãe de Deus,

Filha predileta do Pai

Mãe do Verbo encarnado,

Templo do Espírito Santo

Virgem escolhida desde toda a eternidade,

Nova Eva,

Filha de Adão,

Filha de Sião,

Virgem Imaculada,

Virgem de Nazaré,

Virgem envolvida pelo Espírito Santo,

Mãe do Senhor,

Mãe do Emanuel,

Mãe de Cristo,

Mãe de Jesus,

Mãe do Salvador,

Colaboradora do Redentor,

Vós que acolhestes a Palavra,

Vós que destes ao mundo a Vida,

Vós que apresentastes Jesus ao Templo,

Vós que mostrastes Jesus aos Magos,

Vós que alegrastes a mesa de Cana,

Vós que participastes da obra da salvação,

Vós que sofrestes junto da Cruz,

Vós que implorastes o dom do Espírito,

Mãe dos viventes,

Mãe dos fiéis,

Mãe de todos os homens,

Eleita entre os pobres do Senhor,

Serva humilde do Senhor,

Serva da Redenção,

Peregrina no caminho da fé,

Virgem da obediência,

Virgem da esperança,Virgem do amor,

Modelo de santidade,

Membro eminente da Igreja,

Imagem da Igreja,

Mãe da Igreja,

Advogada nossa,

Auxílio dos cristãos,

Socorro dos pobres,

Mediadora da graça

Elevada à glória celeste,

Glorificada no corpo e na alma,

Exaltada acima dos anjos e santos,

Rainha do Universo,

Sinal de consolação,

Sinal de esperança segura,

Sinal da glória futura,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecado do mundo, perdoai-nos, Senhor,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecado do mundo, ouvi, Senhor,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecado do mundo, tende piedade de nós.

 

Dom Alberto Taveira Corrêa

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Nossa Senhora do Pilar

Quando Nosso Senhor Jesus Cristo, antes de voltar para o Pai, deu aos seus Apóstolos e discípulos as últimas instruções referentes à missão que lhes encomendava nesta Terra, disse-lhes: “Ide, pois, e ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28, 19). Indicava-lhes assim que o anúncio da Boa-Nova não devia ficar restrito ao povo eleito, mas, pelo contrário, abranger todos os homens.

Nossa Senhora do Pilar - Basilica de Zaragoza.jpg
Perante os vagalhões da História, impulsionados amiúde
por uma sanha anticristã, o Pilar e o culto à Santíssima
Virgem permaneceram inalterados

Misteriosas foram as vias escolhidas pelo Senhor para tornar efetivo esse mandato. As primeiras pregações dos Apóstolos, logo após Pentecostes, tiveram lugar em Jerusalém (cf. At 2, 41ss). Elas ocasionaram uma avalanche de conversões, fazendo explodir o ódio do Sinédrio contra os que abraçavam a Fé em Cristo.

Iniciaram-se, então, violentas perseguições, aguçadas no período em que, pela saída de Pilatos do governo da Judeia, fez-se um vazio de poder e o Sinédrio ficou de fato com o mando nas mãos. Com isso, muitos cristãos viram-se obrigados a fugir para outras terras, levando consigo o testemunho de uma Fé acrisolada pelas provações. Eram eles o fermento que começava a penetrar na massa do mundo pagão para, de dentro, transformá-lo por inteiro.

Foi, sem dúvida, nesse momento histórico que vários Apóstolos partiram para terras de missão. E coube a um deles, conforme o Mestre profetizara, viajar até “os confins da terra” (At 1, 8) então conhecida, até o finis terræ delimitado pelas mitológicas colunas de Hércules: a Hispania, uma das mais prósperas colônias do Império, rica em recursos minerais e cujas gentes haviam-se integrado na estrutura administrativa e cultural de Roma.

 

Difícil missão para o Filho do Trovão

Segundo uma venerável tradição, coube este encargo a Tiago Maior, filho de Zebedeu. Ele deve ter chegado à Península Ibérica a bordo de algum barco fretado por judeus da diáspora, pois numerosos escritos da Antiguidade Cristã mencionam, desde o século III, traços de sua presença nessa região.

Muito pouco se conhece, entretanto, sobre as circunstâncias de sua pregação. A respeito do lugar em que o Apóstolo aportou e o percurso por ele seguido, os dados disponíveis permitem apenas aventurar hipóteses. Pode-se, porém, dar por certo que no ano 40 ele se encontrava na cidade de Cæsaraugusta, atual Saragoça, onde, depois de infaustos labores missionários, obtivera frutos muito modestos. Segundo consta, em toda a nação apenas sete famílias haviam abraçado a Fé em Cristo. Estas o acompanhavam em suas lides pela expansão do Reino.1

Grande deve ter sido a provação do Filho do Trovão ao constatar resultados tão abaixo dos anseios de uma alma fogosa como a sua, que havia presenciado as profícuas pregações em Jerusalém, com multidões inteiras se convertendo à Lei Evangélica. E bem podemos supor que o demônio do desânimo tenha batido às portas de seu coração… Confiança e oração eram as únicas armas a seu alcance nessa difícil conjuntura, e dispôs-se a usá-las.

 

Inesperada e animadora visita da Virgem Maria

Na noite de 1 para 2 de janeiro do ano 40, o Apóstolo São Tiago saiu do recinto amuralhado de Cæsaraugusta para ir rezar à beira do rio Ebro os salmos do Deus verdadeiro, costume judaico ainda conservado pelos primeiros cristãos. Pensava, certamente, no desdém com que os habitantes daquela cidade, mergulhados no paganismo e no vício, desprezavam o convite à vida da graça. Era chegado o momento escolhido pela Providência para marcar pelos séculos uma nação inteira.

De súbito, uma intensa luz envolveu o ambiente e grande multidão da milícia celeste se tornou visível. Mas aquela fabulosa visão, contrastante com a dura prova pela qual passava o Apóstolo, não era senão uma espécie de moldura para o que logo em seguida aconteceria. Maria Santíssima, a Mãe de Jesus, que ainda era viva e morava em Jerusalém, chegava trazida sobre uma nuvem por mãos angélicas até o local onde São Tiago se encontrava. Junto a Ela, outros espíritos celestes portavam uma coluna de jaspe, da altura de um homem e de um palmo de diâmetro. Colocaram-na no chão e a Virgem pousou sobre ela, saudando com afeto o intrépido Apóstolo, que contemplava extasiado o inaudito espetáculo.

Por singular privilégio, São Tiago ia receber diretamente dos lábios de Nossa Senhora o consolo e o ânimo de que necessitava para continuar com determinação sua lide, certo de que as dificuldades do momento constituíam apenas uma prova cuja superação traria abundantes frutos espirituais. E como penhor desta celeste mensagem, quis Maria Santíssima deixar ao Filho de Zebedeu o pedestal sobre o qual pronunciara palavras semelhantes a estas: “Olha esta coluna sobre a qual Me assento. Sabe que meu Filho a enviou do alto por mãos de Anjos. Neste lugar a virtude do Altíssimo obrará prodígios e milagres admiráveis por minha intercessão e reverência em favor daqueles que implorem meu auxílio em suas necessidades; e a coluna permanecerá neste lugar até o fim do mundo, e nunca faltarão nesta cidade fiéis adoradores de Cristo”.2

Concluída a celeste e inesperada visita, São Tiago encontrou-se novamente a sós com seus discípulos. Podemos conceber a alegria que tomou conta daquele reduzido grupo de cristãos: a Mãe de Deus viera consolá-los na tribulação, deixando um peculiar símbolo do que, como fruto de seu apostolado, deveria ser a Fé inabalável daquele povo.

 

Primórdios do atual Santuário

Poucas são as notícias das quais dispomos sobre o acontecido a partir desse momento, a não ser que, para conservação do valioso Pilar – com esse nome passou a ser conhecida, mais tarde, a celestial coluna -, São Tiago e os seus ergueram uma minúscula edícula, que foi conservada tal qual até a reforma da Basílica, realizada em meados do século XVIII. Construída em adobe, no sentido paralelo à muralha da cidade, tinha ela quase quatro metros e meio de cumprimento por pouco mais de dois de largura.3

É de se supor também que, embora o culto às imagens ainda não estivesse estabelecido na Igreja, tenham eles colocado sobre a coluna alguma efígie de Maria Santíssima, pois, caso contrário, almas recém-saídas das trevas do paganismo facilmente poderiam torná-la objeto de um culto fetichista, como não era raro acontecer na época com peças semelhantes. Outros, entretanto, acreditam que também uma imagem foi entregue por Nossa Senhora a São Tiago, quiçá a mesma que até hoje é venerada no local.

Convento_de_Santa_Engracia_em_ruinas_.jpg
Saragoça foi uma das cidades mais afetadas pela invasão das
tropas  de Napoleão, imbuídas do espírito anticristão que
dominou  a França na virada  do século anterior

Ruínas do Real Mosteiro de Santa Engrácia, destruído pelas
tropas francesas em 14/8/1808   – Litografia de James
Duffield  Harding  reproduzindo uma  aquarela
de Edward Hawke  Locker (1777-1849)

De uma forma ou de outra, não se fizeram esperar os frutos da pregação do Apóstolo e seu pequeno grupo de seguidores. A partir daquele momento a Fé começou a vingar com força tanto em Saragoça quanto no resto da Península Ibérica. Já São Paulo nos fala da existência de uma Igreja na Espanha (cf. Rm 15, 24) e são constantes as referências a ela no decorrer da História. E quando, no século IV, se iniciou a perseguição de Diocleciano, Santa Engrácia e seus companheiros escreveram com seu sangue naquela cidade o belíssimo episódio dos “inumeráveis mártires”, narrado pelo poeta Prudêncio em sua obra Peristéfanon.

 

O Pilar, inabalável durante dois mil anos

Fundada pelos iberos no terceiro século da Era Antiga, Saragoça experimentou ao longo de sua multissecular história o influxo de diversas raças e culturas, que modelaram aos poucos o caráter de suas gentes.

Cerca de 15 anos antes do nascimento de Cristo, transformou-se em uma cidade romana tomando, em honra ao Imperador, o nome de Cæsaraugusta. Foi mais tarde habitada por visigodos, conquistada por muçulmanos, reconquistada pelos cristãos, e, em tempos mais recentes, dominada pelos franceses durante a invasão napoleônica.

Mas, em meio a todas essas vicissitudes, algo se manteve inalterado a despeito de tanta desgraça. Desde o século I da Era Cristã até nossos dias, lateja no coração dos saragoçanos a Fé católica professada sob o manto de Nossa Senhora do Pilar, devoção que nem as furibundas perseguições romanas, nem a dominação visigótica, nem o orgulho da heresia ariana, nem a invasão sarracena, nem as baionetas do exército de Napoleão, carregadas de ódio revolucionário contra a Religião, conseguiram destruir.

Perante os vagalhões da História, impulsionados amiúde por uma sanha anticristã, o Pilar e o culto à Santíssima Virgem permaneceram inalterados, por mercê da especial proteção profetizada pela Virgem Santíssima no momento de sua aparição.

 

Intolerância dos almorávides

Deixemos para outra oportunidade os interessantes fatos ocorridos durante as dominações germânicas, e situemo-nos na segunda década do século VIII, quando, aproveitando-se da decadência da dinastia visigoda, os guerreiros do Islã conquistaram a quase totalidade da Península Ibérica. Dependendo das circunstâncias concretas com que se encontraram em cada lugar, os novos senhores das Espanhas impuseram condições muito diversas à prática da Religião Católica, as quais variavam desde a perseguição declarada até uma tolerância benévola.

Na cidade de Saragoça, o culto foi autorizado, embora com pesadas restrições, entre elas a proibição de fazer qualquer reparo nos templos, o que leva a perguntar-se qual seria o estado desses edifícios, à medida que as décadas e os séculos fizessem sentir sobre eles os seus efeitos…

Quase quatro séculos levava a cidade de Saragoça sob domínio sarraceno, quando em 1118, um rei jovem e empreendedor – Alfonso I, o Batalhador – acometeu a reconquista da cidade. O Bispo Dom Bernardo, há pouco expulso da sé cæsaraugustana pela crescente intolerância dos almorávides, acabara de falecer e, para substituí-lo, o monarca propôs ao Papa da época, Gelásio II, a nomeação de um virtuoso clérigo francês chamado Pedro de Librana. O próprio Sumo Pontífice, que se encontrava então no sul da França, conferiu-lhe a ordenação episcopal e cumulou de benefícios espirituais aos que outorgassem esmolas para reparação da cidade e da sua igreja.4

Retomada por fim a cidade, o novo Bispo pôs-se a campo para tornar efetivo o desejo, manifestado pelo Santo Padre, de promover- -se a restauração do vetusto templo. Entre outras providências, enviou uma carta a todos os fiéis da Cristandade, na qual menciona aquela “igreja da gloriosa Virgem Maria” como “prevalente e antecedente a todas por sua antiga e bem-aventurada nomeada de santidade e dignidade”.5 Outros documentos da época também certificam que a catedral dessa diocese estava dedicada à Bem-aventurada Virgem Maria.6

Ora, se no século XII esse templo era conhecido em toda a Europa, como atesta a naturalidade com a qual Dom Pedro de Librana fala dele em sua carta, não há como negar sua existência anterior à invasão sarracena. Pois se nesse período de quatro séculos, como vimos, a ninguém foi permitido fazer qualquer reforma nos templos cristãos, a fortiori estava proibido edificar um novo.

Basilica_do_Pilar_bombas.jpg
Duas bombas atravessaram o telhado da Basílica e uma
terceira caiu a poucos metros da fachada; nenhuma
delas  explodiu

A partir desse momento, a história da Igreja de Santa Maria de Saragoça, como então era conhecida, pode ser acompanhada através dos documentos que atestaram os fatos mais importantes ali ocorridos. Destes, destacaremos apenas dois que confirmam a profecia feita por Nossa Senhora em sua aparição ao Apóstolo São Tiago: “A coluna permanecerá neste lugar até o fim do mundo”.

 

A invasão napoleônica

Uma das fases mais dramáticas da história da Espanha se deu no início do século XIX, quando as tropas de Napoleão, imbuídas do espírito anticristão que dominou a França na virada do século anterior, ocuparam a nação espanhola.

Saragoça foi uma das cidades mais afetadas pela invasão. Duas vezes sitiada pelo exército francês, opôs heroica resistência ao primeiro cerco e sofreu inenarráveis tormentos durante o segundo, no qual as tropas napoleônicas usaram um desproporcionado arsenal de recursos bélicos, visando sujeitar aquele povo indômito que, como diria o marechal francês Suchet, “lutava diariamente pé a pé, corpo a corpo, de casa em casa, de um muro a outro, contra a perícia, a perseverança e o valor sem cessar renascente de nossos soldados”.7

Para sustentar esta desigual luta, os aragoneses auferiam a necessária energia aos pés da Virgem do Pilar, como testemunharam os próprios invasores. Assim se exprimiu um oficial galo, descrevendo uma situação na qual a resistência dos saragoçanos parecia insustentável: “Sabíamos que a agitação na cidade crescia por momentos, que o clero continuava sustentando a fé nos milagres, e que a imagem da Virgem não tinha ainda sido descida de seu Pilar. O povo tinha uma fé tão viva e punha tal confiança naquela sagrada Imagem que não podíamos esperar subjugá-lo sem antes ter arruinado seu venerado templo”.8

De fato, a obstinada resistência daquele povo só foi vencida quando o esgotamento, a fome e as epidemias já não permitiam aos escassos sobreviventes da cidade em ruínas sequer levantar as armas. Elevando-se a quarenta mil o número de mortos, foi assinada a capitulação. Mais uma vez, e de forma providencial, a imagem da Virgem Santíssima e a já então Basílica não sofreram maior dano do que a desavergonhada espoliação de todas as suas peças e joias de valor. O Pilar permaneceu em pé como símbolo da inquebrantável Fé do povo aragonês.9

 

Bombas que não explodiram

Já no século XX, mais um fato mostrou a incomum proteção celeste sobre a Basílica. Poucos dias depois de começada a Guerra Civil Espanhola, na madrugada de 3 de agosto de 1936, um avião carregado com quatro bombas partiu de Barcelona em direção a Saragoça.

Ciente do imenso efeito psicológico que produziria nos católicos a destruição do simbólico Santuário, o piloto o sobrevoou a baixa altura e jogou sobre ele sua destrutiva carga. Duas dessas bombas atravessaram o telhado e caíram em lugares muito próximos do venerado Pilar. Uma terceira atingiu a calçada exterior, a poucos metros da fachada principal. Nenhuma delas explodiu. Apenas percutiram estrepitosamente o solo…

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Ao acordar, Miguel contou que sonhava estar na Santa
Capela de Nossa Senhora do Pilar, em Saragoça

“O milagre de Calanda” – Basílica de Nossa
Senhora do Pilar

Como não ver nessa tentativa falida a mão da Providência, preservando o lugar onde Deus havia prometido operar “prodígios e milagres admiráveis” por intercessão de Maria Santíssima?

 

O Milagre de Calanda

Calanda é um município agrícola situado cem quilômetros ao sudeste de Saragoça, na vizinha província de Teruel. Nele se produzem ótimas azeitonas e um singular gênero de pêssegos – grandes, aromáticos e de notável doçura – muito apreciados em todo o país. O que, porém, lhe deu fama internacional não foram seus excelentes produtos agrícolas, nem os episódios de sua antiga história, mas o fato de ter-se verificado ali, pela intercessão de Nossa Senhora do Pilar, um dos mais impressionantes milagres da história do Cristianismo.

O protagonista desse prodígio foi Miguel Juan Pellicer Blasco, filho de pobres lavradores nascido naquele vilarejo na segunda década do século XVII.10 Quando atingiu a idade de trabalhar, mudou-se para a casa de um tio em Castellón de la Plana. E, ali, estando certo dia junto a uma carroça muito carregada, puxada por duas mulas, escorregou, caiu por terra e uma das rodas passou por cima de sua perna direita, fraturando-lhe a tíbia.

Como os tratamentos aplicados não surtiram efeito, Miguel fez uma penosa viagem a Saragoça, onde havia um hospital mais preparado para cuidar de seu caso. Ao chegar à cidade, sua primeira providência foi visitar Nossa Senhora do Pilar, a cujos pés se confessou e comungou. Só depois de feito isso ingressou no Real Hospital de Nossa Senhora de Gracia, onde os médicos, constatando o estado da perna, decidiram amputá-la.

De acordo com as práticas vigentes naquela instituição, o membro foi enterrado no cemitério do hospital, conforme consta em seus arquivos.

 

Vida de esmoler

Condenado a viver como aleijado o resto de seus dias, e incapaz de manter-se com o próprio trabalho, Miguel passou a viver das esmolas que obtinha na porta da Basílica de sua querida Virgem do Pilar. A figura do mendigo aleijado em pouco tempo se tornou familiar aos fiéis que frequentavam aquele templo onde também ele, muito devoto, ouvia Missa todos os dias.

Decorridos dois anos, acentuou-se em Miguel o desejo de retornar à terra natal; embora não querendo ser uma carga para seus pais, decidiu empreender o caminho de volta. Despediu-se devotamente de Nossa Senhora e, segundo seu costume, untou com o azeite da lamparina do altar o extremo da perna amputada. Depois de um penoso percurso de vários dias, recorrendo à caridade dos tropeiros, chegou à morada paterna, onde foi recebido com todo carinho e bondade.

Consciente do peso que supunha num lar tão pobre a manutenção de um filho inválido, Miguel pedia esmolas nas circunvizinhanças e ajudava, tanto quanto lhe era possível, nas tarefas caseiras. Assim transcorreu sua vida até a noite de 29 de março de 1640.

Ao voltar para o lar depois de um dia muito duro, deparou-se com duas companhias de soldados de cavalaria em passagem pelo vilarejo. Distribuídas as casas para o pernoite, coube à família Pellicer hospedar um desses militares ao qual, por hospitalidade, cederam a cama de Miguel Juan. E o jovem se dispôs a passar a noite sobre uma simples esteira, aos pés do leito de seus pais. Encomendou-se com o acostumado fervor a Nossa Senhora do Pilar e deitou-se cedo, pois estava com a perna doente muito dolorida pelo esforço feito na jornada.

 

Sonhava estar na Santa Capela

Antes de se recolher, a mãe, sempre cuidadosa com seu inválido filho, foi verificar à luz do candeeiro se ele estava bem acomodado no improvisado leito, e qual não foi sua surpresa ao sentir um incomum e suave perfume e ver assomar por baixo das cobertas dois pés cruzados.

Admirados, os pais logo acordaram Miguel, que dormia um plácido e profundo sono. Atentando para as duas pernas, ele não sabia explicar como aquilo acontecera. Apenas contou que “sonhava estar na Santa Capela de Nossa Senhora do Pilar de Saragoça, untando a perna enferma com o azeite de uma lamparina, como costumava fazer quando estava nessa cidade”, e por isso “estava certo de que a Virgem do Pilar lha tinha trazido e colocado”.11

A notícia logo se espalhou pela vizinhança, produzindo grande alvoroço. Para maior espanto das pessoas, constatou-se na perna reposta por intercessão de Nossa Senhora a presença de várias cicatrizes nela existentes antes da amputação, tornando evidente que se tratava mesmo do membro amputado de Miguel. E quando, mais tarde, se fez uma verificação no cemitério do hospital, onde fora enterrado, nada se encontrou. Eloquente prefigura da ressurreição da carne que se dará…

 

Milagre comprovado por inúmeras pessoas

Cinco dias depois do milagre, lavrou-se, com o concurso de numerosas testemunhas, uma ata notarial cujo original se conserva no Arquivo da Prefeitura de Saragoça. A família Pellicer partiu para a Basílica a fim de render graças à Celestial Princesa. Ali, o impacto causado pelo milagre foi ainda maior, pois o antigo mendigo do Pilar era conhecido em quase toda a cidade. O acontecimento acabou por repercutir na corte espanhola, e o rei Felipe IV quis conhecer pessoalmente o favorecido por Nossa Senhora, diante do qual se inclinou para oscular a perna miraculada.

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É com os olhos postos nessa história bimilenar de Fé
que devemos considerar o futuro da
Espanha e do mundo

A instâncias da Prefeitura, o Arcebispado instaurou um rigoroso processo a fim de, após ouvir todas as testemunhas possíveis e estudar em profundidade as circunstâncias do caso, ditar sentença. Como é óbvio, à vista da evidência dos fatos, esta foi positiva. E a meticulosa formalidade do procedimento jurídico tornou este milagre um dos mais documentados de toda a História da Igreja, constituindo um verdadeiro desafio, por seu rigor histórico e científico, a todos quantos procuram examinar sob uma perspectiva materialista e ateia os fenômenos sobrenaturais.

 

Ponto de partida para Deus

“Nunca faltarão nesta cidade adoradores de Cristo”. Ainda nos nossos dias marcados pelo relativismo e pela indiferença religiosa, a devoção a Nossa Senhora permanece viva nos corações dos saragoçanos, comprovada pelas centenas de milhares de fiéis que acorrem todo ano a prestar-Lhe homenagem no dia de sua festa, frequentam diariamente a Santa Capela, sempre cheia de devotos, ou declinam suas faltas em algum dos confessionários distribuídos por toda a Basílica.

Será junto a essa coluna sagrada, símbolo da indefectível ajuda de Maria, onde encontraremos a solução para uma nação que, como todo o continente europeu, vai aos poucos abandonando a Fé? A resposta é, sem dúvida, sim! Se aquele Pilar sobre o qual sentou-Se Nossa Senhora presenciou impertérrito tantas catástrofes, temos razões para confiar na promessa: “a coluna permanecerá neste lugar até o fim do mundo”.

É com os olhos postos nessa história bimilenar de Fé que devemos considerar o futuro da Espanha e do mundo. Como fez há quase dois mil anos o Filho do Trovão, voltemo-nos com confiança para nossa Celestial Intercessora e apresentemos a Ela as nossas dificuldades presentes. A isso nos estimula o Beato João Paulo II, o “primeiro Papa peregrino” a visitar a Basílica do Pilar: “Essa herança de fé mariana de tantas gerações, há de converter se não só em recordação de um passado, mas em ponto de partida para  Deus. […] Porque nessa continuidade religiosa, a virtude engendra nova virtude. A graça atrai graça. E a secular presença de Santa Maria, vai arraigando-se através dos séculos, inspirando e encorajando as gerações sucessivas”.12 (Pe. Ignacio Montojo Magro, EP – Revista Arautos do Evangelho, Out/2012, n. 130, p. 32 à 39)

 FONTE: ARAUTOS DO EVANGELHO (OUTUBRO/2012)

Nossa Senhora do Pilar

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A VIRGEM MARIA ESTÁ VIVA E DISTRIBUI AS GRAÇAS DE DEUS

Entrevista com o mariólogo leigo irlandês Williams A.Thomas

Por José Antonio Varela Vidal

ROMA, sexta-feira, 21 de setembro de 2012 (ZENIT.org) -. Dias atrás foi concluído em Roma o 23° Congresso Mariológico Internacional, que, no contexto do 50° aniversário do Concílio Vaticano II, abriu espaço para a reflexão sobre o desenvolvimento da mariologia nos últimos anos, assim como a devoção à mãe de Jesus.

ZENIT conversou com o teólogo e mariólogo irlandês, o leigo William A. Thomas, que é também jornalista e escritor de temas religiosos, e consultor em seu país de casos especiais para dois dicastérios da Santa Sé.

ZENIT: Qual foi a importância deste Congresso para a comunidade mariológica?

Williams A. Thomas: Foi muito importante, porque analisou o desenvolvimento da mariologia desde o Concílio Vaticano II até hoje. Devemos levar em conta que, nesta ocasião, foram 16 documentos no total, com quatro muito importantes, dentre eles o capítulo 8 da Lumen Gentium, que foi a coroa dedicada à Virgem como Mãe da Igreja. E sobre isso nos detemos a estudar no Congresso.

ZENIT: E quais foram as principais conclusões?

Williams A. Thomas: Que desde o tempo do Concílio existem problemas em relação a devoção à Virgem Maria, já que antes disso, existia uma grande devoção seja pelo terço como pelas novenas e a consagração, por exemplo. Após o Concílio esta devoção foi eliminada em muitos países. O problema para os mariólogos é que o Vaticano II foi dedicado à reforma da liturgia, mas se questiona onde está a Mãe de Deus neste esquema posterior.

ZENIT: Por que isso aconteceu?

Williams A. Thomas: Como um Concílio Ecumênico, e tendo que conversar com outras pessoas, como os protestantes, que não têm a devoção a Maria, algumas Igrejas removeram as estátuas e imagens dos templos, por exemplo.

ZENIT: Isso acontece ainda hoje?

Williams A. Thomas: Digamos que, desde 1967, até o tempo de João Paulo II, existia pouca devoção, e não se aprofundava nos estudos de mariologia. Mas já existia o Cultus Marialis escrito dez anos mais tarde por Paulo VI, onde o Papa fala tudo sobre a Virgem: quem é, onde está, o seu papel na Igreja, e não somente para a Igreja Católica, mas para todos no mundo. Ele diz que todos nós devemos acreditar na Virgem Maria, querendo assim recomeçar a devoção mariana.

ZENIT: Bem, os papas sempre impulsionaram…

Williams A. Thomas: Sim, mas houve vozes, como Karl Rahner, que disse que as graças que recebemos de Deus não chegam através da Virgem Maria, e que ela não é intermediária de todas as graças. Ele disse que ela é importante particularmente como mãe, mas segundo Rahner não roga por nós, e muitas pessoas passaram a não rezar mais o rosário.

ZENIT: Para os mariólogos ela é intercessora de todas as graças?

Williams A. Thomas: O nosso trabalho foi muito importante para estudar a mariologia, e olhar para a Virgem que como Mãe de Deus está viva e distribui graças. Essa é a devoção dos católicos na Igreja, mas os protestantes não acreditam e dizem: “somente a escritura”. Por isso, João Paulo II escreveu a Redemptoris Mater, em 1988, e ali está indicado onde está a Virgem Maria na Bíblia.

ZENIT: Os muçulmanos também dão um lugar a Maria, certo?

Williams A. Thomas: Os muçulmanos acreditam que Jesus é um grande profeta e por isso a sua mãe também é muito importante, e por ela têm um grande respeito. Hoje em Lourdes e Fátima é possível encontrar muçulmanos.

ZENIT: Fala-se de novas aparições da Virgem do mundo … Como o senhor vê isso?

Williams A. Thomas: Sim, são muitas nos últimos 100 anos, porque a devoção mariana não é muito forte e a Virgem Maria sabe que o problema da mariologia desde o tempo do Concílio Vaticano II, é que o foco está sobre a liturgia e não sobre a Mãe da Igreja. Por isso as aparições estão ai para que estudemos estas mensagens e analisemos quais mensagens de Deus encontramos.

ZENIT: O senhor contava que está publicando uma coleção de livros marianos …

Williams A. Thomas: É um grande trabalho. Estou fazendo um compêndio de todos os santuários marianos autênticos do mundo e já tenho três volumes completos. O plano é escrever10 amais, de 300 páginas cada um até 2017, quando o Papa anunciará o Ano Mariano no centenário das aparições da Virgem de Fátima. Seria a terceira vez na história da Igreja que celebramos um ano mariano. O primeiro foi em 1954 para comemorar o 100 º aniversário do dogma da Imaculada. João Paulo II declarou o segundo em 1987 e o terceiro seria em 2017.

ZENIT: Quantos santuários marianos existem no mundo hoje?

Williams A. Thomas: Pelo menos um em cada país, porque a Virgem é mãe de cada país. Por exemplo, no México há muitos, mas um é o nacional, de Guadalupe. Assim também na Argentina, em Lujan ou no Uruguai, Nossa Senhora dos 33, ou no Chile, Nossa Senhora do Carmo. Poderíamos continuar com a França, a Irlanda, a Espanha …

ZENIT: E as invocações a Maria?

Williams A. Thomas: São 4.200 títulos que segundo a Igreja foram dados à Virgem Maria.

 

FONTE ZENIT

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Sem Maria não há Igreja

Bento XVI nos fala da importância da Virgem Maria na vida da Igreja.

O Papa Bento XVI faz reflexão sobre a Virgem Maria, retomando comentário de São Cromácio de Aquileia aos Atos dos Apóstolos.

Bento XVI afirma que presença da Mãe de Deus com os Apóstolos, depois da Ascensão, não é apenas um dado histórico de um acontecimento do passado. A presença de Nossa Senhora no Cenáculo adquire um significado de grande valor, pois Ela partilha com eles a memória viva de Jesus, na oração. Ela compartilha a missão de Seu Filho, de conservar a Sua memória, de conservar a sua presença.

O Santo Padre lembra que para gerar o Verbo, a Virgem Maria já recebeu o Espírito Santo. No Cenáculo, unida em oração com os Apóstolos, ela compartilha a expectativa do mesmo dom, para que no coração de cada crente “se forme Cristo” (cf. Gl 4, 19). Sem Pentecostes não há Igreja e não há Pentecostes sem a Mãe de Jesus, pois Ela viveu de modo único o que a Igreja experimenta todos os dias pela ação do Espírito. São Cromácio de Aquileia dizia que: “não se pode falar de Igreja, se não estiver presente Maria, Mãe do Senhor […] A Igreja de Cristo encontra-se onde se anuncia a Encarnação de Cristo através da Virgem”.

A Constituição dogmática Lumen gentium afirma que o lugar privilegiado de Maria é a Igreja, onde Ela é saudada como membro eminente e inteiramente singular. Nossa Senhora é exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade (cf. LG 53).

Bento XVI ressalta que “venerar a Mãe de Jesus na Igreja significa aprender dela a ser comunidade que reza”. A oração é uma das características essenciais da primeira descrição da comunidade cristã, descrita nos Atos dos Apóstolos (cf. 2, 42). Muitas vezes, nossas orações de dão em momentos de sofrimento, para receber luz, consolação e ajuda. Mas, Maria nos convida a nos dirigir a Deus “não só na necessidade, nem só para nós mesmos, mas de modo unânime, perseverante e fiel, num só coração e numa só alma.

Nossas vidas às vezes passam por momentos difíceis e exigentes, que requerem escolhas inadiáveis, renúncias e sacrifícios. “A Mãe de Jesus foi posta pelo Senhor em momentos decisivos da história da salvação, e soube responder sempre com plena disponibilidade, fruto de um vínculo profundo com Deus amadurecido na oração assídua e intensa”. Na sexta-feira da Paixão, o Discípulo amado foi entregue a Virgem Maria e, com ele, toda a comunidade dos discípulos (cf. Jo 19, 26). “Entre a Ascensão e o Pentecostes, Ela encontra-se com e na Igreja em oração” (cf. At 1, 14).

Nossa Senhora é Mãe de Deus e Mãe da Igreja. Ela exerce a sua maternidade espiritual até o fim da história. Confiemos a ela toda a nossa existência pessoal e eclesial, e também a nossa passagem final. Maria nos ensina a necessidade da oração e nos mostra que só com um vínculo constante, íntimo e cheio de amor com o seu Filho é que podemos sair de nós mesmos, com coragem, para alcançar os confins do mundo e anunciar em toda a parte o Senhor Jesus, Salvador do mundo.

Fonte: Canção Nova

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A Virgem Maria e o mistério da cruz

 

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A virgem Maria e o Mistério da cruz de Cristo

Jesus chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8, 34)

Jesus colocou como exigência para aqueles que O querem seguir, a atitude livre de tomar a sua cruz e segui-Lo. Tomar a nossa cruz significa assumir o mistério do sofrimento em nossas vidas. Tomar a nossa cruz significa ainda mais, implica um certo tipo de morte (cf. Mc 8, 35), por amor a Cristo e ao Seu Evangelho. Somos livres para assumir a cruz, mas o Mestre nos alerta que a liberdade somente existe para aqueles que querem segui-Lo (cf. Mc 8, 35b). Aqueles que não quiserem tomar sua cruz e segui-Lo, aqueles que quiserem salvar suas vidas, vão perdê-la (cf. Mc 8, 35a), ou seja, vão perder a liberdade.

Renunciar a si mesmo e seguir Jesus Cristo é a verdadeira liberdade, de poder dizer sim no amor a Ele e ao Seu Evangelho, de poder dizer sim no amor ao próximo. Assumir a cruz em nossas vidas significa amar como Jesus amou, ou seja, em meio às dores e aos sofrimentos. Desde o ventre materno Jesus foi perseguido e, de certa forma, a sua Mãe, a Virgem das dores, compartilhou com Ele esses sofrimentos. As sete dores de Maria, que são meditadas por muitos devotos, estão diretamente ligadas aos sofrimentos de Seu Filho Jesus Cristo.

Nossa Senhora, por ser sua Mãe, participou dos sofrimentos de Jesus Cristo. Mais do que qualquer outra pessoa, ela assumiu os sofrimentos da cruz de Cristo em sua vida. A Virgem Maria seguiu seu Filho até o fim, desde a sua infância até a idade adulta, na sua vida pública, que culminou em Seu sacrifício no Calvário. Maria assumiu a cruz do sofrimento por causa de Jesus, por causa de sua prisão, pelo seu julgamento injusto, pelas suas dores na flagelação e na coroação de espinhos, pelos ultrajes e blasfêmias contra Ele, pela Sua crucifixão, pela sua morte.

A Virgem Maria não somente assumiu a sua cruz com fidelidade no seguimento a Seu Filho, mas também assumiu a maternidade espiritual de toda a Igreja. Pouco antes de Sua morte, Jesus disse à sua Mãe: “Mulher, eis o teu filho!” (Jo 19, 26). Entregando João como filho, Jesus entregava a todos nós cristãos aos cuidados da sua Mãe. Nossa Senhora jamais diria não a um pedido de Jesus, ainda mais que este foi feito naquele momento derradeiro na cruz. Por isso, Maria assume a cada um de nós cristãos como filhos. Ela é a nossa Mãe espiritual, que compartilha também os nossos sofrimentos. Ela nos consola em nossas dores e, nas nossas quedas, nos ajuda a levantar. Ela está conosco e não nos abandonará, como não abandonou Jesus, mas foi fiel até o fim.

A Virgem Maria é uma Mãe zelosa, que cuida de cada um dos seus filhos, por isso, não tenhamos medo de nos confiar inteiramente a Ela. Foi o próprio Cristo que, em Seu testamento espiritual, nos entregou Maria como nossa Mãe. Entregando Nossa Senhora a João, Jesus a entrega a todos nós: “Eis a tua mãe!” (Jo 19, 27). Ela é nossa Mãe espiritual e devemos nos consagrar a ela toda nossa vida. Ela nos ajudará a tomar a nossa cruz, a assumir os sofrimentos com alegria, por amor a Jesus e ao Seu Evangelho. Ela será nosso auxílio para chegarmos ao Reino definitivo de Seu Filho Jesus Cristo.

Fonte: Canção Nova

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É preciso que se fale sobre Fátima…

A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um pequeno rebanho na Cova da Iria, freguesia de Fátima, concelho de Vila Nova de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos.

Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma “Senhora mais brilhante que o sol”, de cujas mãos pendia um terço branco.

A Senhora disse aos três pastorinhos que era necessário rezar muito e convidou-os a voltarem à Cova da Iria durante mais cinco meses consecutivos, no dia 13 e àquela hora. As crianças assim fizeram, e nos dias 13 de Junho, Julho, Setembro e Outubro, a Senhora voltou a aparecer-lhes e a falar-lhes, na Cova da Iria.

A 19 de Agosto, a aparição deu-se no sítio dos Valinhos, a uns 500 metros do lugar de Aljustrel, porque, no dia 13, as crianças tinham sido levadas pelo Administrador do Concelho, para Vila Nova de Ourém.

Na última aparição, a 13 de Outubro, estando presentes cerca de 70.000 pessoas, a Senhora disse-lhes que era a “Senhora do Rosário” e que fizessem ali uma capela em Sua honra. Depois da aparição, todos os presentes observaram o milagre prometido às três crianças em Julho e Setembro: o sol, assemelhando-se a um disco de prata, podia fitar-se sem dificuldade e girava sobre si mesmo como uma roda de fogo, parecendo precipitar-se na terra.

Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13/14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917, na parte já revelada do chamado “Segredo de Fátima”.

Anos mais tarde, a Ir. Lúcia conta ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, tinha aparecido um Anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência.

Desde 1917, não mais cessaram de ir à Cova da Iria milhares e milhares de peregrinos de todo o mundo, primeiro nos dias 13 de cada mês, depois nos meses de férias de Verão e Inverno, e agora cada vez mais nos fins de semana e no dia-a-dia, num montante anual de quatro milhões.

Vivamos a mensagem de Fátima

O melhor presente para Maria é ver seus filhos pecadores buscando o caminho da conversão. Vamos, pois, praticar o que Ela sempre nos pede:

  1. Arrependendo-nos dos nossos pecados,emendando a nossa vida e vivendo na graça de Deus.
  2. Trajando com modéstia e e fugindo aos pecados de impureza, ao luxo e aos divertimentos mundanos.
  3. Praticando a devoção dos 5 primeiros sábados e da Comunhão reparadora.
  4. Consagrando-nos pessoalmente ao Coração Imaculado de Maria. Consagração que deve representar de fato uma doação total e perene a Nossa Senhora.
  5. Entronizando em nossos lares o Coração Imaculado de Maria, como Rainha da Família.
  6. Cumprindo a vontade de Deus na fidelidade aos nossos deveres cristãos, de estado e de profissão, em espírito de penitência pelos nossos pecados, de reparação pelos pecados dos outros e de desagravo ao Coração Imaculado de Maria.
  7. Rezando diariamente o terço, sendo possível em família como Nossa Senhora nos recomendou em todas as aparições.

    Como acontece com os grandes carismáticos da história da espiritualidade cristã, mais do que aquilo que os Pastorinhos nos disseram, interessa o modo como eles viveram, sobretudo a partir da primavera de 1916, altura em que teria começado a sua experiência mística, em ordem à mensagem que lhes seria confiada.

    O grande recado trazido pela Mãe de Deus a Fátima e transmitido pelo testemunho de três crianças, aponta para o que é central na mensagem cristã: a maior loucura do homem está na recusa de Deus como seu princípio e seu fim, do Deus uno e trino que cria e salva com um amor de tal maneira sério que não  desiste de procurar por todos os meios reconduzir-nos ao caminho da nossa plena realização, humana e divina.E quando as almas se dão conta da seriedade deste Amor, não descansam na ânsia de adorá-lo(Francisco) e de torná-los conhecidos dos homens(Jacinta).

    (…) É urgente que se tornem cada vez mais fortes as vozes que nos falam de Fátima, não apenas como um local de peregrinação, entre muitos outros, mas sobretudo como repetição do grito bíblico que denuncia a ilusão das seguranças terrenas:“Maldito aquele que põe no homem a sua confiança, que toma por apoio um ser de carne e afasta do Senhor o seu coração” (Jer 17,5)

    O pecado, afinal, é isso mesmo:afastar-se de Deus, em busca de seguranças que nos dispensem de considerá-lo como origem e fim de tudo.

    Foi essa a tentação de nossos primeiros pais, é esse o caminho de perdição por onde nos metemos a cada momento, está aí o erro colossal da nossa civilização que acaba desembocando na rejeição de todo o relacionamento com Deus. Repete-se a blasfêmia e o desfecho da aventura de Babel: o mundo sem Deus auto-destrói-se,esmagando o homem, que,desarmado perante as ameaças que descobre por detrás das suas ambições, grita, à beira do desespero.

    É para nos salvar deste desespero que Deus, em Fátima, fazendo passar o Evangelho pelo carinho de Maria, Sua e nossa Mãe, nos recorda que não há outra segurança, para nós, senão o seu amor criador e redentor.

 ..:Oração a Nossa Senhora de Fátima:..
Santíssima Virgem, que na Cova da Iria vos dignastes aparecer a três humildes pastorinhos e lhes revelastes os tesouros de graças contidos na reza do Terço, incuti profundamente em nossa alma o devido apreço em que devemos ter por esta devoção, para Vós tão querida, a fim de que, meditando os mistérios da nossa Redenção, aproveitemos de seus preciosos frutos e alcancemos as graças… que vos pedimos nesta devoção, se forem para maior glória de Deus, honra vossa e salvação de nossas almas. Amém.

Site Fonte: Santissima Virgem

Nossa Senhora cura do cancerArtigos

Ave Maria, cheia de graça…

Maria nos ensina muitas coisas. Com ela, passamos a entender melhor o sentido de ser serva, servo do Senhor. Descobrimos como ser atentos aos mínimos detalhes, como assim ela foi em Caná. Aprendemos a ter atitudes reflexivas e a não ser deixado levar pela onda que passa, assim como Maria acolheu o anúncio do anjo ( Lc 1,29).

Ela nos ensina a perceber a vida de forma intensa, conservando e meditando no coração os acontecimentos do dia-a-dia. Ensina a caminhar com o povo e ser atento às suas necessidades, a servir, doar, ser sal da terra, luz do mundo e fermento na massa para muitos. Mostra como assumir nossa identidade de jovens batizados e comprometidos com o Reino de Deus.

Sem dúvida Maria teve uma preparação de berço. A formação familiar foi fundamental para ela se tornar uma pessoa mais digna, consciente de si, cheia de auto-estima, preparada para a vida e seus desafios.

Uma das cenas mais marcantes da vida de Maria foi o anúncio do anjo, que lhe trouxe um recado divino: ela seria a mãe do Salvador. Entre tantas, Maria foi escolhida para gerar, educar, seguir os passos de seu filho Jesus, assumir a maternidade da humanidade aos pés da cruz e não fazer outra coisa que fosse guiar seus filhos ao Filho.

A escolhida

Maria teve de manter segredo. Isso criou um certo embaraço no seu relacionamento com José, a ponto de ele pensar em abandoná-la em segredo. Mais eis que o anjo do Senhor lhe apareceu em sonho e o fez entender melhor sua missão, que ele também abraçou com toda humildade, como educador, pai e protetor.

Maria caminhou grávida, contando com todo o apoio de José. Após o recenseamento, eles procuraram uma estalagem para passar a noite. Mas nenhuma pode abrigar aquela família, cuja mulher estava prestes a dar à luz. É surpreendente notar que o Filho de Deus não nasceu em berço de ouro, nem sua mãe foi contemplada com o melhor serviço hospitalar, muito menos seu pai tinha o emprego mais sofisticado da época.

A mulher

Em Caná, Jesus dá o melhor vinho depois que sua mãe diz aos servos: Fazei tudo o que Ele vos disser (Jo. 2,5). A fé do antigo povo de Deus culmina ,agora, na fé de Maria. Da mesma maneira que a comunidade de Israel era freqüentemente representada pela imagem de uma mulher, Maria representa a comunidade dos cristãos.

É importante perceber que os evangelistas tecem uma trajetória de Maria que acompanha o seu filho em todos os momentos da vida, mostrando assim o valor desmedido da mãe para com seu filho. Além do mais, deixa que seja feita a vontade do Pai.

A presença de Maria em toda vida de seu Filho Jesus reforça a confiança que temos em sua pessoa, tendo-a como Auxiliadora, mulher que soube aceitar o convite do Senhor para ser a mãe do Filho do Homem e, no céu, intercede por nós pecadores.

Sua caridade ultrapassa os simples gestos e atitudes concretas de alguma ajuda material, de acolhida de uma visita, de um gesto de perdão. Ela é uma presença que compreende, acolhe, fortalece, dá segurança. Ela é filha, mãe, esposa, companheira e amiga.

Autor: José Pereira Lima Filho/Antônio Gomes de Medeiros Filho ( Boletim Salesiano Set/Out 2003).
Site Fonte: Santissima Virgem

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Feliz com Maria

A mãe de Jesus é proclamada mãe de Deus. A base da fé cristã se dá em Jesus, por Ele não ser apenas um homem e sim também Deus. O filho que Maria gerou é pessoa divina. Ela acompanhou seu filho até a ressurreição. Por Ele ter ido ao céu, Maria também o acompanhou em seguida, sendo levada à eternidade na glória do Filho. Celebramos essa realidade da subida de Maria, viva em corpo e alma, para junto de Deus. Nós a proclamamos feliz, porque, de fato, ela cumpriu a missão que lhe foi confiada, apesar de seu sofrimento, vendo a injustiça humana perseguidora de Jesus. Mas, assim como Ele triunfou sobre tudo, sua felicidade foi imensa com essa vitória.

Maria, simples criatura de Deus, foi escolhida como modelo de isenção de pecado e de abertura total à ação do Criador. Ela bem lembra à prima Isabel a grandiosidade de Deus, que olhou para ela, simples serva obediente e humilde. Seu reconhecimento da bondade do Senhor é estímulo para também desenvolvermos nossa docilidade e adesão ao projeto de Deus a nosso respeito. Se todos ouvissem a Deus como Maria, teríamos pessoas mais felizes e convivência humana mais saudável. Jesus reconhece todas as pessoas que realizam o projeto de Deus como sua mãe. “Felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a põem em prática” (Lc 11, 28).

Já na preparação à vinda do Salvador, o povo hebreu, a caminho da terra prometida, levava a arca da aliança pelo deserto afora. Era o sinal da presença de Deus, o amparo e protetor do povo contra todas as adversidades da caminhada. O povo confiava no seu Senhor para atingir o objetivo de sua luta para fugir da escravidão e conquistar a liberdade. Com Jesus, a libertação se reveste da amplitude existencial. O objetivo da caminhada de seguimento a Ele vai até a eternidade. Mesmo nas adversidades o sacrifício é meritório e redundante em prêmio, tem em vista a cidade permanente. O ser humano quer revestir-se de imortalidade.

A felicidade transitória nada é em comparação com a imorredoura. A meta da realização humana plena só é atingida totalmente com a visão face a face do esplendor de Deus. O filho de Maria veio nos garantir tal finalidade. Maria foi a primeira a assumir essa causa trazida por Jesus. Torna-se verdadeira discípula e assume a missão de apresentar o filho para termos a vida unida à dele. A felicidade de Maria também pode acontecer em todos os que se tornam verdadeiros discípulos do Divino Mestre. Com Ele alcançamos a vitória sobre a morte, conforme diz Paulo. “Graças sejam dadas a Deus, que nos dá a vitória pelo Senhor Nosso, Jesus Cristo” (1 Cor 15, 57).

Para entendermos a missão de Maria e sua glorificação é preciso colocarmos fé no projeto de Deus. Ele visa o bem humano, com a valorização de sua caminhada terrestre, através da implantação da justiça e da convivência fraterna de todos, mas tendo o objetivo da conquista do Reino eterno. Não fosse isso, não perceberíamos a ação de Deus em Maria, fazendo dela um exemplo de fidelidade a Deus. Ela fez da sua felicidade a realização do projeto de Deus. Nós também somente conquistamos a felicidade autêntica imitando-a na realização desse projeto.

 

Dom José Alberto Moura
Fonte: Comunidade Shalom

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A assunção de Maria

Ela espera por nós!

Imaginemos nossa mãe terrena, ou uma mãe amorosa de muitos filhos. Ela os cria com amor, vela seu sono, cura seus machucados, os alimenta com carinho, e os educa na lei dos homens e de Deus, para que sejam bons.

Os filhos crescem e cada um segue sua vocação, busca sua realização e constrói sua própria vida e sua própria família.

A Mãe, porém, nunca deixa de sonhar e desejar reunir toda a família, aumentada com a chegada dos netos, ao redor de sua mesa para viverem dias felizes de amor e unidade.

Com a Mãe do céu acontece a mesma coisa, Maria a Mãe de Jesus, que no meio dos sofrimentos da cruz, lhe entregou todos os seus discípulos, na pessoa do Apóstolo João, como seus filhos, também nos espera no céu.Os fatos miraculosos atravessam os tempos mostrando a proteção e intercessão de Maria por seus devotos fiéis, alcançando de Deus para eles cura de doenças e a salvação eterna.

No dia 15 de agosto, celebramos a Assunção de Nossa Senhora. Isto é a elevação de Maria ao céu, de corpo e alma.

Além de Maria, apenas Jesus se elevou ao céu, levando consigo o corpo que assumira no seio virginal de Maria. Os outros mortais deverão esperar a ressurreição do último dia para que o seus corpos possam voltar a se unir à alma, no gozo do céu ou na maldição do inferno.

Maria teve uma série de privilégios. Inspirada por Deus ela cantou: “Desde agora as gerações hão de chamar-me de Bendita, pois o Senhor fez em mim coisas maravilhosas, e santo é o seu nome” (Lc 1, 48-49).

Os privilégios de Maria se devem à vontade de Deus Pai, que desejou preparar para seu Filho, Mãe que fosse digna dele.

Por isso os privilégios começam com a concepção imaculada de Maria (Imaculada Conceição) e prosseguem na pureza de toda a sua vida sem pecado, e na preservação da sua virgindade. Maria concebeu o Filho de Deus por ação do Espírito Santo (Cf. Lc 1,35), e o deu à luz permanecendo sempre virgem. A conclusão dos privilégios é a Assunção, pois um corpo que jamais foi manchado por pecado algum, não deveria sofrer a decomposição ocasionada pelo pecado original de Adão e Eva.

Portanto nossa Mãe querida já esta na Casa do Pai, e espera ansiosa e carinhosa a chegada dos seus outros filhos, que recebeu de Jesus aos pés da cruz.

Na Diocese de Umuarama, esta foi a Festa de Nossa Senhora escolhida para ser feriado. Dia 15 de agosto, portanto, é Dia Santo de Guarda, e assim como nos domingos, todos os católicos devem santificá-lo, antes de tudo, participando da Santa Missa, Feliz festa da Assunção. E lembrem-se de que Maria espera que sejamos fiéis a Deus para um dia estarmos com ela no céu.

 

 

 

 

 

 

Dom José Maria Maimone
Bispo de Umuarama (PA)
Fonte: CNBB

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Maria: pedagoga da solidariedade

A simplicidade dos gestos e palavras nos ensina a ser melhores

A palavra “pedagogia” é de origem grega. Entre os ocidentais ela firmou-se como a ciência do ensino. Nas Sagradas Escrituras encontramos inúmeros pedagogos que nos ensinam o caminho da felicidade em Deus. Dentre estes inúmeros professores na arte da fé encontramos a Virgem Maria.

Na simplicidade dos gestos e palavras, Nossa Senhora ocupa um lugar especial dentro da história da salvação. Escolhida por Deus para ser a Mãe do Salvador, ela nos ensina o caminho que nos conduz a seu Filho Jesus Cristo. A Santíssima Virgem Maria é o caminho do amor para chegarmos a Cristo. Foi por intermédio do “sim” de Maria que Jesus Cristo realizou a Sua primeira visita aos homens.

Na pedagogia da escola de Maria aprendemos o valor do serviço em um mundo extremamente agitado por tantas vozes e sons que nos dizem que, em primeiro lugar, deve ser feita a nossa vontade. Em meio a uma sociedade que passa a ver o outro como alguém distante, corremos o risco de assistir as necessidades e o sofrimento dos nossos irmãos e irmãs como se estivéssemos vendo um telejornal.

Assista: “Maria, a intercessora nas Bodas de Caná”, com Dom Alberto Taveira

Não! A dor do outro não é um programa jornalístico. Ela é real e requer que saiamos de nossas anestesias da indiferença e sintamos verdadeiramente a dor de nossos irmãos e irmãs de maneira caridosa e fraterna. Quem precisa de nossa ajuda não é um estranho, cujo indiferentismo possa nos fazer acreditar que nada temos a ver com a realidade de quem sofre.

A Virgem Maria, quando soube pelo Anjo Gabriel que sua prima Isabel estava grávida, não esperou um convite formal para ir ao encontro das necessidades da prima. Nossa Senhora percebeu, naquele acontecimento, uma oportunidade de colocar-se a serviço daquela que precisava de sua ajuda.

“E eis que Isabel, tua parenta, está também para dar à luz um filho em sua velhice e já está sem eu sexto mês, ela que era chamada estéril. Naquele tempo, Maria partiu às pressas, ruma à região montanhosa, para uma cidade de Judá” (cf. Mc 1,26-45).

Diante da realidade de Isabel, Maria sabia, em seu coração, que sua amiga precisava de sua ajuda. Ela vai às pressas. Nada foi obstáculo para ela. Atravessou uma região montanhosa. Venceu as dificuldades do caminho para estar a serviço. O gesto solidário de Nossa Senhora é um caminho pedagógico-espiritual para todos nós.

A Santíssima Virgem atualiza em sua vida o ensinamento que seu Filho vai nos deixar: “Pois o Filho do Homem veio, não para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate pela multidão” (Cf. Mc 10,45). Diante da necessidade de Isabel, Maria vê, com os olhos do coração, uma oportunidade de fazer o bem. O gesto solidário da Mãe do Salvador é um exemplo para que o frio da indiferença não estacione no tempo de nossa vida.

A pedagogia mariana é uma lição de cuidado e carinho com relação às diversas necessidades daqueles que estão do nosso lado. Na metodologia do cuidado com o outro não é necessário esperar um convite formal para a prática do bem. A solidariedade é sempre um convite não formal para o bem. Pequenos gestos podem fazer grande diferença. Maria é a grande pedagoga do amor generoso e solidário com os necessitados. Ela nos ensina, a cada dia, a arte de sermos conduzidos por um amor de Mãe e Mestra na arte do cuidado com o próximo…

Autor:
Padre Flávio Sobreiro
Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP. Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre – MG.
Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG.
http://www.flaviosobreiro.com

Fonte:
Canção Nova