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O mês de Maria

As referências dos Evangelhos e do Atos dos Apóstolos a Maria, Mãe de Jesus, apesar de poucas, deixam ver muito desta privilegiada criatura, escolhida para tão alta missão. São Paulo, na Carta aos Gálatas (4,4), dá a entender claramente que, no pensamento divino de nos enviar o seu Filho, quando os tempos estivessem maduros, uma Mulher era predestinada a no-Lo dar. Para que se compreenda a presença de Maria nesta predestinação divina, a Igreja, na festa de 8 de dezembro, aplica à Mãe de Deus, aquilo que o livro dos Provérbios (8, 22) diz da sabedoria eterna: “os abismos não existiam e eu já tinha sido concebida. Nem fontes das águas haviam brotado nem as montanhas se tinham solidificado e eu já fora gerada. Quando se firmavam os céus e se traçava a abóboda por sobre os abismos, lá eu estava junto dele e era seu encanto todos os dias”. Era pois a predestinada nos planos divinos.Maio: Mês de Maria.

Para se perceber melhor o perfil materno de Nossa Senhora, três passagens bíblicas podem esclarecer. A primeira é a das Bodas de Caná, que realça a intercessora. Quando percebeu – o olhar feminino que tudo vê e tudo observa – estar faltando vinho, sussurra no ouvido do Filho sua preocupação e obtém, quase sem pedir, apenas sugerindo, o milagre da transformação da água em generoso vinho. Ela é de fato a mãe que se interessa pelos filhos de Deus que são seus filhos.

Outra passagem do Evangelho esclarecedora da personalidade de Maria é a que nos mostra seu silêncio e sua humildade. O anjo a encontra na quietude de sua casa, rezando, para dizer-lhe que fora escolhida por Deus para dar ao mundo o Emanuel, o Salvador. Ela se assusta com a mensagem celeste, porque, na sua humildade, nunca poderia ter pensado em ser escolhida do Altíssimo. Acolhe assim, por vontade divina, a palavra do mensageiro, silenciosamente, sem dizer, nem sequer ao noivo José, o que nela se realizava. Deus tem o direito de escolher e por isto Ela diz apenas o generoso “sim” que a tornou Mãe de Deus.

O terceiro traço de Maria-Mãe é sua corajosa atitude diante do sofrimento. Ao apresentar o seu Jesus no templo, ouve a assustadora profecia do velho Simeão: “uma espada de dor transpassará a tua alma”. Pouco mais tarde, estreitando ao peito o Menino Jesus, deve fugir para o Egito com o esposo, para que a crueldade de Herodes não atingisse a Criança que – pensava ele, Herodes – lhe poderia roubar o trono. Quando seu filho tem doze anos, desencontra-se dele e, ao achá-lo após três dias, queixa-se amorosamente: “por que fizeste isto? Eu e teu pai te procurávamos, aflitos”. Sua coragem se confirma na paixão e crucifixão de Jesus. De pé, ali no Calvário, sofre e associa-se ao sacrifício do redentor. É a mulher forte, a mãe corajosa e firme, a quem a dor não derruba. De fato, a espada de Simeão lhe atravessara a alma e o coração. É a Senhora das Dores.

Maio, mês a Ela dedicado pela piedade cristã, é um convite para voltarmos nosso olhar a esta Mãe querida para pedir-Lhe, abra as mãos maternas em Bênção de carinho sobre nossos passos nesta difícil escalada da Jerusalém celeste.

Por
Dom Benedicto de Ulhoa Vieira
Arcebispo Emérito de Uberaba – MG

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A Senhora sobre a azinheira

A cena é bem conhecida de todos nós: uma azinheira, árvore de porte médio e de extrema simplicidade com suas folhas miúdas e arredondadas. Sobre ela, um anjo e depois uma Senhora, vestida de branco e, abaixo, ao pé da árvore, cabeças totalmente voltadas para o céu, três crianças que pastoreiam o rebanho no baixio desértico.

Da Senhora, os pequenos ouvem conselhos e, especialmente, pedidos de oração pela paz no mundo, pela queda do comunismo, pelo perigo representado pela Rússia, pela castidade. Reunidos pela devoção popular, os conselhos e pedidos da Mãe do Céu se tornaram um dos cânticos religiosos mais conhecidos no mundo. Eis alguns trechos:

Se o mundo quiserdes da guerra livrar
Fazei penitência por tanto pecar

Por essa recomendação da Virgem, vemos que nenhum ato de penitência, oraçao ou de sofrimento unidos à cruz de Cristo se perde. Pelo contrário, é capaz de evitar até uma guerra. Graças à penitência dos pastorezinhos e de todo o povo que se uniu a eles, Portugal livrou-se da guerra.

A penitência por ela recomendada indica, também, o poder dessa prática de livrar-nos da pena do pecado. Sabemos como o sacramento da Reconciliação apaga totalmente nossas culpas, mas nos deixa as penas, a serem reparadas por nossa penitência aqui, nesta terra, ou depois de nossa morte, no purgatório. Antes fazer penitência e unir nossos sacrifícios e sofrimentos ao de Cristo ainda aqui nessa terra que ter que padecer no purgatório.

É uma pena que hoje, atraídos pelos prazeres da vida, não demos à penitência seu justo valor, seja como intercessao, seja como reparaçao pelas penas dos nossos pecados e os dos nossos irmãos.

A Virgem lhes manda o terço rezar
A fim de alcançarem da guerra o findar

Segundo Joao Paulo II, o Rosário é a “escola de Maria”. Ao recitá-lo, unimos nosso coração ao dela, que está sempre unido ao nosso e ao do Filho. Dessa forma, pouco a pouco, a vamos imitando, tendo seus mesmos pensamentos e sentimentos, amando Jesus e os homens como ela os ama.

Se a Senhora nos aponta o grande poder da penitência, não nos deixa de apontar, também, o terço e do rosário como armas poderosas inclusive sobre a guerra. Talvez hoje a guerra que travemos nao seja em nível mundial, mas certamente há, ainda, muitas guerras a evitar, muitos ânimos a aplacar, não somente entre os povos, mas especialmente entre pessoas de nossas famílias e em nosso interior. Por experiência própria e a nível comunitário, podemos testemunhar o extraordinário poder do rosário.

Vesti com modéstia, com grande pudor,
Olhai como veste a mae do Senhor

Dos conselhos e orientações sobre como evitar ou acabar as guerras de todos os tipos, passamos a um conselho que, aparentemente, está fora de contexto, inclusive com relação aos outros versos da música. Ocorre que a modéstia e pudor no vestir-se denotam liberdade interior com relação ao que o mundo e a moda tentam nos impor. Essa liberdade, própria dos filhos de Deus, é também própria dos que promovem a paz, dos misericordiosos, dos pobres de coração, dos mansos, dos humildes, dos que têm os olhos no céu e por ele esperam. Está, portanto, intimamente ligada à paz e é sinal e consequência de uma vida voltada para Deus.

Com estes cuidados a mãe amorosa
Do céu vem os filhos salvar carinhosa

Jesus nos salvou por seu sangue derramado por amor. Maria “nos salva” levando-nos a fazer a vontade de Deus, levando-nos a poder usufruir das graças da salvação, as graças conquistadas para nós por Jesus Cristo. Seus conselhos e cuidados nos recolocam no caminho de seu Filho.

Neste mês de maio, recorramos ao terço, recitemos o rosário, sem esquecer a penitência como ato de amor a Deus. Através do terço, oração, entremos na escola de Maria, que tudo guardava em seu coração e que era toda somente de Deus. Vale a pena entrar para essa “escola” bendita, frequentada por Jesus em sua vida terrena, contemplada por ele na sua glória, frequentada por todos os santos e sempre aberta a novos discípulos.

Fonte:  Maria Emmir Nogueira, Co-fundadora da Comunidade Shalom

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Imitando as virtudes de Maria

Profunda humildade: Maria sabia reconhecer-se como humilde serva, sentia-se nada diante do Senhor, sem vaidade nenhuma oferecia ao Senhor os louvores que recebia e não havia nada em seu coração que centrasse nela própria. Ela era simples, todos seus actos eram feitos no silêncio e no escondimento. A humildade de Maria é a principal virtude que esmaga a cabeça do demônio. Nossa Senhora nunca se esqueceu que tudo nela era dom de Deus. Ela se alegrava em servir ao próximo e se colocava sempre em último lugar.

Imitando essa virtude: Devemos buscar a humildade, pensando sempre que se temos qualidades e potenciais tudo devemos a Deus, tudo isso é dom de Deus. Compreendamos que o homem sem Deus não é nada e nada possui. Nunca se deixar levar pelo orgulho, pela vaidade e soberba. Ser modestos, comedidos, sem vaidade, sempre dispostos a servir aos outros, ter simplicidade na maneira de se apresentar e quando receber um elogio dar os créditos a Deus. A humildade se opõe a soberba. “Porque pôs os olhos na humildade da sua Serva…” (Luc. 1,48) “Derrubou os poderosos de seus tronos E exaltou os humildes.” (Luc. 1,52).

Paciência Heróica: Nossa Senhora passou por muitos momento estressantes de provação, de incomodo e de dor, durante toda sua vida, mas suportou tudo com paciência. Sua tolerância era admirável! Nunca se revoltou contra os acontecimentos, nem mesmo quando viu o próprio filho na Cruz! Sabia que tudo era vontade de Deus e meditava tudo isso em seu coração. Maria, nossa mãe, teve sempre paciência, sabendo aguardar em paz aquilo, que ainda não se tenha obtido, acreditando que iria conseguir, pela espera em Deus.

Imitando essa virtude: Ter paciência é não perder a calma, manter a serenidade e o controle emocional. Além disso é saber suportar, como Maria, os dissabores e contrariedades do dia a dia, saber suportar com paciência nossas próprias cruzes. Devemos saber ouvir as pessoas com calma e atenção, sem pressa, exercitando assim a virtude da caridade. Fazer um esforço para nos calarmos frente aquelas situações mais irritantes e estressantes. Quando houver um momento de impaciência pode-se rezar uma oração, como por exemplo, um Pai-nosso, buscando se acalmar para depois tentar resolver o conflito. Devemos nos propor, firmemente não nos queixarmos da saúde, do calor ou do frio, do abafamento no carro lotado, do tempo que levamos sem comer nada… Temos que renunciar, frases típicas, que são ditas pelos impacientes: “Você sempre faz isso!”, “De novo, mulher, já é a terceira vez que você…!”, “Outra vez!”, “Já estou cansado”, “Estou farto disso!”. Fugir da ira, se calando ou rezando nesses momentos. A paciência se opõe a Ira! “Não só isso, mas nos gloriamos até das tribulações. Pois sabemos que a tribulação produz a paciência, a paciência prova a fidelidade e a fidelidade, comprovada, produz a esperança.”(Rom. 5,3-4) “Eu, porém, vos digo que todo aquele que (sem motivo) se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento; e quem proferir um insulto a seu irmão estará sujeito a julgamento do tribunal; e quem lhe chamar: Tolo, esta­rá sujeito ao inferno de fogo.”(Mat 5,22).

Contínua Oração: Nossa Senhora era silenciosa, estava sempre num espírito perfeito de oração. Tinha a vida mergulhada em Deus, tudo fazia em Sua presença. Mulher de oração e contemplação, sempre centrada em Deus. Buscava a solidão e o retiro, pois é na solidão que Deus fala aos corações. “Eu a levarei à solidão e falarei a seu coração (Os 2, 14)” Em sua vida a oração era contínua e perseverante, meditando a Palavra de Deus em seu coração, louvando a Deus no Magnificat, pedindo em Caná, oferecendo as dores tremendas que sentiu na crucificação de Jesus, etc.

Imitando essa virtude: Buscar uma vida interior na presença de Deus, um “espírito” contínuo de oração. Não se limitar somente as orações ao levar, ao se deitar e nas refeições, estender a oração para a vida, no trabalho, nos caminhos, em fim, em todas as situações, buscando a vontade de Deus em sua vida. “Tudo quanto fizerdes, por palavra ou por obra, fazei-o em nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus Pai”. (Cl 3,17). e “Não vos inquieteis com nada! Em todas as circunstâncias apresentai a Deus as vossas preocupações, mediante a oração, as súplicas e a ação de graças. E a paz de Deus, que excede toda a inteligência, haverá de guardar vossos corações e vossos pensamentos, em Cristo Jesus.”(Fil 6,6-7).

Obediência Perfeita: Maria disse seu “sim” a Deus e ao projeto da salvação, livremente, por obediência a vontade suprema de Deus. Um “sim” amoroso, numa obediência perfeita, sem negar nada, sem reservas, sem impor condições. Durante toda a vida Nossa Mãezinha foi sempre fiel ao amor de Deus e em tudo o obedeceu. Ela também respeitava e obedecia as autoridades, pois sabia que toda a autoridade vem de Deus.

Imitando essa virtude: O Catecismo da Igreja Católica indica que a obediência é a livre submissão à palavra escutada, cuja verdade está garantida por Deus, que é a Verdade em si mesma. Esforcemo-nos para obedecer a requisitos ou a proibições. A subordinação da vontade a uma autoridade, o acatamento de uma instrução, o cumprimento de um pedido ou a abstenção de algo que é proibido, nos faz crescer. Rezar pelos superiores. Obedecer sempre a Deus em primeiro lugar e depois aos superiores. Obedecer a Deus é obedecer seus Mandamentos, ser dócil a Sua vontade. Também é ouvir a palavra e a colocar em prática. “Então disse Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra.” (Luc 1, 38).

Mãe do Supremo Amor: Nossa Mãe cheia de graça ama toda a humanidade com a totalidade do seu coração. Cheia de amor, puro e incondicional de mãe, nos ama com todo o seu coração imaculado, com toda energia de sua alma. Nada recusa, nada reclama, em tudo é a humilde serva do Pai. Viveu o amor a Deus, cumprindo perfeitamente o primeiro mandamento. Fez sempre a Vontade Divina e por amor a Deus aceitou também amar incondicionalmente os filhos que recebeu na cruz. Era cheia da virtude da caridade, amou sempre seu próximo, como quando visitou Isabel, sua prima, para ajudá-la, ou nas bodas de Caná, preocupada porque não tinham mais vinho.

Imitando essa virtude: Todos os homens são chamados a crescer no amor até à perfeição e inteira doação de si mesmo, conforme o plano de Deus para sua vida. Devemos buscar o verdadeiro amor em Deus, o amor ágape, que nos une a todos como irmãos. Praticar o amor ao próximo, a bondade, benevolência e compaixão. O amor é doação, assim como Maria doou sua vida e como Jesus se doou na cruz para nos salvar, também devemos nos doar ao próximo, por essa razão o amor é a essência do cristianismo e a marca de todo católico. “Por ora subsistem a fé, a esperança e o amor – estes três. Porém, o maior deles é o amor.” (I Cor. 13,13).

Mortificação Universal: Maria, mulher forte que assume a dor e o sofrimento unida a Jesus e ao seu plano de salvação. Sabe sofrer por amor, sabe amar sofrendo e oferecendo dores e sacrifícios. Sabe unir-se ao plano redentor, oferecendo a Vítima e oferecendo-se com Ela. Maria empreendeu, e abraçou uma vida cheia de enormes sofrimentos, e os suportou, não só com paciência, mas com alegria sobrenatural. Nada de revolta, nada de queixas, nada de repreensões ou mau humor. Pelo contrário, dedicou-se à meditação para buscar entender o motivo que leva um Deus perfeito a permitir aqueles acontecimentos. Pela meditação, pela submissão, pela humildade, Ela encontrou a verdade.

Imitando essa virtude: Muitas vezes Deus nos envia provações que não compreendemos, portanto devemos seguir o exemplo de Nossa Senhora e meditar os motivos que levam um Deus perfeito a permitir essas provações, aceitá-las e saber oferecer todas as nossas dores a Jesus em expiação dos nossos pecados, pelos pecados de todos e pelas almas, unindo nossos sofrimentos aos sofrimentos de Jesus na Cruz. Não devemos oferecer somente os grandes sofrimentos, devemos oferecer também o jejum, fugir do excesso de conforto e prazeres e, na medida do possível, oferecer alguns sacrifícios a Deus, seja no comer (renunciar de algum alimento que se tenha preferência ou simplesmente esperar alguns instantes para beber água quando se tem sede), nas diversões (televisão principalmente), nos desconfortos que a vida oferece (calor, trabalho, etc.), sabendo suportar os outros, tendo paciência em tudo. É indispensável sorrir quando se está cansado, terminar uma tarefa no horário previsto, ter presente na cabeça problemas ou necessidades daquelas pessoas que nos são caras e não só os próprios. Oferecer os sofrimentos, desconfortos da vida, jejuns e sacrifícios a Deus pela salvação das almas. “Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta.” (Lamentações 1,12).

Doçura Angélica: Nossa Senhora, é a Augusta Rainha dos Anjos, portanto senhora de uma doçura angélica inigualável. Ela é a cheia de graça, pura e imaculada. Ela pode clamar as Legiões Celestes, que estão às ordens, para perseguirem e combaterem os demônios por toda a parte, precipitando-os no abismo. A Mãe de Deus é para todos os homens a doçura. Com Ela e por Ela, não temos temor.

Imitando essa virtude: A doçura é uma coragem sem violência, uma força sem dureza, um amor sem cólera. A doçura é antes de tudo uma paz, a manifestação da paz que vem do Senhor. É o contrário da guerra, da crueldade, da brutalidade, da agressividade, da violência… Mesmo havendo angústia e sofrimento, pode haver doçura. “Portanto, como eleitos de Deus, santos e queridos, revesti-vos de entranhada misericórdia, de bondade, humildade, doçura, paciência.” (Col. 3,12).

Fé Viva: Feliz porque acreditou, aderiu com seu “sim” incondicional aos planos de Deus, sem ver, sem entender, sem perceber. Nossa Senhora gerou para o mundo a salvação porque acreditou nas palavras do anjo, sua fé salvou Adão e toda a sua descendência. Por causa desta fé, proclamou-a Isabel bem-aventurada: “E bem-aventurada tu, que creste, porque se cumprirão as coisas que da parte do Senhor te foram ditas” (Lc 1,45). A inabalável fé de Nossa Senhora sofreu imensas provas: – A prova do invisível: Viu Jesus no estábulo de Belém e acreditou que era o Filho de Deus; – A prova do incompreensível: Viu-O nascer no tempo e acreditou que Ele é eterno; – A prova das aparências contrárias: Viu-O finalmente maltratado e crucificado e creu que Ele realmente tinha todo poder. Senhora da fé, viveu intensamente sua adesão aos planos de Deus com humildade e obediência.

Imitando essa virtude: A fé é um dom de Deus e, ao mesmo tempo, uma virtude, devemos pedir a Jesus como fizeram os apóstolos para aumentar a nossa fé. Porém ter fé não é o bastante, é preciso ser coerente e viver de acordo com o que se crê. “Porque assim como sem o espírito o corpo está morto, morta é a fé, sem as obras” Tg (2,26). Ter fé é acreditar que se recebe uma graça muito antes de possuí-la e é, acima de tudo, ter uma confiança inabalável em Deus! “Disse o Senhor: Se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta amoreira: Arranca-te e transplanta-te no mar, e ela vos obedecerá.” (Luc 17,6).

Pureza Divina: Senhora da castidade, sempre virgem, mãe puríssima, sem apego algum as coisas do mundo, Deus era o primeiro em seu coração, sempre teve o corpo, a alma, os sentidos, o coração, centrados no Senhor. O esplendor da Virgindade da Mãe de Deus, fez dela a criatura mais radiosa que se possa imaginar. O dogma de fé na Virgindade Perpétua na alma e no corpo de Maria Santíssima envolve a concepção Virginal de Jesus por obra do Espírito Santo, assim como sua maternidade virginal. Para resgatar o mundo, Cristo tomou o corpo isento do pecado original, portanto imaculado, de Maria de Nazaré.

Imitando essa virtude: Esta preciosa virtude leva o homem até o céu, pela semelhança que ela dá com os anjos, e com o próprio Jesus Cristo. Nossa Senhora disse, na aparição de Fátima, que os pecados que mais mandam almas para o inferno, são os pecados contra a pureza. Não que estes sejam os mais graves, e sim os mais freqüentes. Praticar a virtude da castidade, buscando a pureza nos pensamentos, palavras e ações! Os olhos são os espelhos da alma. Quem usa seus olhos para explorar o corpo do outro com malícia perde a pureza. Portanto, coloque seus olhos em contemplação, por exemplo, na Adoração, e receba a luz que santifica. Quem luta pela castidade deve buscá-la por três meios: o jejum, a fugida das ocasiões de pecado e a oração. “Celebremos, pois, a festa, não com o fermento velho nem com o fermento da malícia e da corrupção, mas com os pães não fermentados de pureza e de verdade” (I Cor.5,8).

Fonte: Veritatis Splendor

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O Rosário

“Uma reflexão sobre a história e a importância da recitação do Rosário pelos cristãos à luz da Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae, do Papa João Paulo II.”

“Papa muda o terço depois de quinhentos anos” “Papa renova o terço depois de séculos”. `João Paulo II altera modo de rezar o terço”. Estas e outras manchetes – mais ou menos exatas – encabeçaram as páginas de jornais de todo o mundo quando o Papa João Paulo II publicou, no dia 16 de outubro de 2002, a sua Carta Apostólica Rosarium Virginis Mariae (1) sobre o Santo Rosário, em que incluía a possibilidade de rezar novos mistérios e estimulava uma renovação dessa tradicionalíssima devoção mariana. […]

BREVE HISTÓRIA DO ROSÁRIO

É difícil dizer quando começa a história do Rosário, pois foi nascendo como algo natural e espontâneo no povo cristão. Na Idade Média, faz-se referência à Virgem Maria com o título de “Rosa”. Num manuscrito medieval francês lê-se, por exemplo: “Quando a bela rosa Maria começa a florescer, o inverno das nossas tribulações se desvanece e começa a brilhar o verão da eterna alegria”. As imagens de Nossa Senhora são adornadas com uma coroa de rosas, e nos hinos cantados em sua homenagem é designada como um “jardim de rosas” (em latim medieval, rosarium).

Nessa época, nasceu o costume de rezar cento e cinqüenta Ave-Marias em substituição dos cento e cinqüenta Salmos do Ofício divino. Para contá-las, utilizavam-se grãos enfileirados num barbante, em grupos de dez, ou nós feitos numa corda. Ao mesmo tempo, meditava-se e pregava-se a vida da Virgem Maria.

Embora haja diferentes opiniões sobre o modo como o Rosário se formou gradualmente, não há dúvida de que São Domingos (1170-1221) foi o homem que, no seu tempo, mais contribuiu para essa formação, não sem a inspiração da própria Santíssima Virgem. Esta oração foi a grande arma de que o santo se valeu para combater a heresia albigense: na sua pregação, narrava os mistérios evangélicos e depois recitava com os ouvintes as Ave-Marias.

Por volta de fins do século XV, os dominicanos de Flandres e de Colônia deram ao Rosário uma estrutura similar à que se passou a utilizar daí por diante: rezavam cinco ou quinze mistérios, cada um composto de dez Ave-Marias. A Ave-Maria, recomendada desde antes do século XII pelos Concílios numa versão mais breve do que a que conhecemos, adquire então a sua forma definitiva, com o acréscimo da petição de uma boa morte: “rogai por nós, pecadores, agora e na hora da nossa morte”. Por essa época, ganha forma também a contemplação dos mistérios, divididos em gozosos, dolorosos e gloriosos, procurando-se assim repassar semanalmente os fatos centrais da vida de Jesus e de Maria, como um resumo do Evangelho. Em último lugar, acrescenta-se a ladainha, cuja origem na Igreja é independente e muito antiga.

A partir de então, o Rosário estende-se graças às aprovações pontifícias e à difusão das Confrarias do Santo Rosário. O Papa São Pio V atribuiu a vitória da batalha de Lepanto contra os turcos, a 7 de outubro de 1571, à intercessão de Nossa Senhora por meio do Rosário. Com o tempo, vir-se-ia a celebrar a festa de Nossa Senhora do Rosário nesse dia 7 de outubro.

Houve um notável impulso dessa devoção em tempos de Leão XIII, chamado, como vimos, “o Papa do Rosário”. Todos os Pontífices dos últimos séculos promoveram aquela que é provavelmente a devoção mais praticada pelos fiéis católicos. Nos últimos tempos, contribuíram de maneira especial para a propagação dessa devoção mariana as aparições de Lourdes e Fátima. Aos três pastorzinhos de Fátima, Nossa Senhora pedia expressamente: “Rezem o Rosário”. […]

O ROSÁRIO E A VIDA CRISTÃ

Na sua Carta apostólica, o Santo Padre João Paulo II mostra a imensidade de tesouros que contém em si essa oração tão tradicional na Igreja. Riquezas para o desenvolvimento da vida cristã, para o aprofundamento no conhecimento de Cristo, para a revitalização da Igreja e da sociedade em geral. Por isso, quis o Papa comemorar os seus vinte e cinco anos de pontificado estabelecendo um Ano do Rosário, de outubro de 2002 a outubro de 2003.

Considerar esta Carta nos seus pontos principais pode ser um ótimo meio de incluirmos ou revitalizarmos essa devoção na nossa vida, e de sermos, também nós, propagadores do amor a Maria.

Crise?

O Rosário atravessa uma crise? O Papa fala de “uma certa crise desta oração” (n. 4), referindo-se a uma compreensão errônea por parte de alguns, que os leva a considerar o Rosário uma devoção própria de épocas passadas. Daí a revitalização que João Paulo II procura fomentar, criando novos mistérios e propondo o ano de 10/2002 à 10/2003 o ano do Rosário.

Se o Rosário está realmente em crise, talvez seja porque está em crise o amor, que é o mais terrível tipo de crise do coração humano e da sociedade. Justamente por isso impõe-se um esforço de renovação, pois o Rosário é – digamos assim – uma “grande canção de amor”.

Uma das maiores resistências que alguns experimentam diante desta oração mariana é a repetitividade das Ave-Marias. “Considerando superficialmente uma tal repetição, pode-se ser tentado a ver o Rosário como uma prática árida e aborrecida. Chega-se, porém, a uma idéia muito diferente quando se considera o terço como expressão daquele amor que não se cansa de voltar à pessoa amada com efusões que, apesar de semelhantes na sua manifestação, são sempre novas pelo sentimento que as permeia […]. Para entender o Rosário, é preciso entrar na dinâmica psicológica do amor” (n. 26).

Não dizem as canções de amor sempre a mesma coisa? Isso é mau, por acaso? Os namorados não repetem sempre as mesmas frases: “eu te amo”, “eu te adoro”, “você é o meu amor”? Com Maria Santíssima e com Jesus Cristo não há de ser diferente.

Para quem ama, a repetição das Ave-Marias no Rosário não é vazia nem monótona. Para os que ainda não amam devidamente, essa repetição pode ser um bom caminho para aprenderem a amar. João Paulo II não se recata em mostrar a sua preferência: “O Rosário é a minha oração predileta. Oração maravilhosa! Maravilhosa na simplicidade e na profundidade” (n. 2).

Para confirmar esta realidade, basta pensar que é “oração amada por numerosos santos” (n. 1), que são os campeões no amor. O Beato Bártolo Longo tomou-o como ponto princípal da sua missão e esteio da sua piedade. São Luís Maria Grignion de Monfort sustentava que é “ó método mais fácil de meditação” e “a mais difícil das orações vocais”. São Josemaría Escrivá chamava-lhe “arma poderosa para vencer na luta interior e para ajudar todas as almas”(2).

Mesmo para os santos, essa oração tão simples era um desafio. É o que relata com tanta espontaneidade Santa Teresa de Lisieux: “Sozinha (envergonho-me de confessá-lo), a recitação do terço custa-me mais do que servir-me de um instrumento de penitência… Sinto que o rezo tão mal! Esforço-me em vão por meditar os mistérios do Rosário, não consigo fixar o meu espírito… Fiquei durante muito tempo desolada com esta falta de devoção que me espantava, pois amo tanto a Santíssima Virgem que me deveria ser fácil recitar em sua honra as orações que lhe são agradáveis. Agora, desconsolo-me menos, penso que a Rainha dos Céus, sendo minha Mãe, deve ver a minha boa vontade e contentar-se com isso” (3). Que consoladoras são estas palavras para tantos que, embora desejando ser bons filhos de Nossa Senhora, notam que ainda teriam tanto a crescer nessa oração!

Oração para todos

A variedade de santos canonizados e de almas santas que testemunham a favor do Rosário mostra a riqueza dessa oração, que “tem não só a simplicidade de uma oração popular, mas também a profundidade teológica de uma oração adaptada a quem sente a exigência de uma contemplação mais madura” (n. 39). Pode ser rezado por milhares de pessoas numa catedral, no doce aconchego do lar, ou por um sacerdote sozinho no silêncio do confessionário. Reza-o a bisavó analfabeta num casebre no sertão, o bispo na sua residência episcopal, o estudante num vagão de trem do metrô, o doente no hospital, a enfermeira e o médico cristão. Os próprios jovens são “capazes de surpreender uma vez mais os adultos, assumindo esta oração e recitando-a com o entusiasmo típico da sua idade” (n. 42).

Se a alguém o terço poderia parecer uma oração para pessoas sem instrução, valha aquele conselho de São Josemaria Escrivá: “Para os que empregam como arma a inteligência e o estudo, o terço é eficacíssimo. Porque, ao implorarem assim a Nossa Senhora, essa aparente monotonia de crianças com sua Mãe vai destruindo neles todo o germe de vanglória e de orgulho” (4). E mais uma razão de peso do Santo para os que nos sabemos pecadores: “bendita monotonia de ave-marias, que purifica a monotonia dos teus pecados!”(5)

Por outro lado, como ressalta o Santo Padre, “longe de constituir uma fuga dos problemas do mundo, o Rosário leva-nos a vê-los com olhar responsável e generoso, e alcança-nos a força de enfrentá-los com a certeza da ajuda de Deus” (n. 40). Em tantas coisas em que, à primeira olhada, nos pareceria que não podemos fazer nada, o Rosário é como uma “arma” que permite entrar na batalha como bons soldados de Cristo.É, sem dúvida, uma oração “destinada a produzir frutos de santidade” (n. 1) nos cristãos individualmente e em toda a Igreja. Por isso vale a pena repassar as contas do terço uma e outra vez, e sempre. Conta-se que Santa Bernadette Soubirous, depois de ter tido o privilégio de ver Nossa Senhora nas aparições de Lourdes, procurava viver uma vida normal. Mas as pessoas que conviviam com ela gostavam de ter um objeto que ela tivesse tocado. Um dia, uma amiga sua, querendo que ela tocasse o seu terço mas não encontrando nenhum motivo plausível, disse-lhe: “Veja como o meu rosário está enferrujado”, enquanto lho estendia. Ao que Bernadette respondeu, bem-humorada: “Minha boa amiga, recite-o mais vezes e ele não enferrujará”… E não o tocou.

O conselho vale para todos nós. Recitemos o terço mais vezes e o nosso amor não enferrujará.

Contemplação

O Rosário “é uma oração marcadamente contemplativa. Privado desta dimensão, perderia o sentido, como sublinhava Paulo VI.: «Sem contemplação, o Rosário é um corpo sem alma e a sua recitação corre o perigo de se tornar uma repetição mecânica de fórmulas […]. Requer um ritmo tranqüilo e uma certa demora em pensar, que favoreçam, naquele que ora, a meditação dos mistérios da vida do Senhor»” (n. 12).

A contemplação pede serenidade. É assim que a mãe contempla calmamente o seu filhinho que dorme; que o artista contempla durante um longo tempo uma obra de arte numa exposição; que o músico contempla uma bela canção. O terço pode ter exatamente esta função: conferir o “ritmo”, o “tempo”, o “compasso” de contemplação que é tão necessário numa época corrida como a que vivemos. Para não poucos, tentar interromper a agitação da vida moderna repentinamente e pôr-se a refletir não é tarefa nada fácil. A imaginação agita-se amalucadamente, a memória traz mil eventos ou imagens, e não deixa o mundo interior serenar. E a pessoa sente-se tentada a abandonar o seu esforço de concentração e de recolhimento do coração junto de Deus. Mas a oração serena do terço pode ajudar justamente a prender o mundo interior à volta de uma oração repetitiva, deixando espaço para que a alma se aconchegue junto do Senhor. A memória fica levemente entretida na oração vocal, a imaginação não se sente solta e perdida ao considerar os mistérios que estão sendo rezados, e o coração encontra-se livre para entabular um diálogo sereno com Deus sobre tantas e tantas coisas de que gostaria de falar, mas para as quais parecia não haver ocasião.

Por isso, o Rosário é “um método para contemplar” (n. 28). Não o único método, já que há muitos e muito bons. Mas um método útil e comprovado por tantas e tantas almas. Aproveitar os textos do Beato Bártolo Longo sobre os mistérios do Rosário pode ser para nós uma excelente oportunidade de nos introduzirmos nessa contemplação, a fim de – conduzidos por boas mãos – chegarmos por Maria a Jesus Cristo.

Compêndio do Evangelho

Quando a televisão anuncia como chamada para o próximo bloco: “Logo após os comerciais, não perca: finalmente solucionado o mistério de…”; fica em nós uma ponta de curiosidade sobre o tal mistério: “Que será?” Talvez nos esclareçam então quem foi o autor daquele antigo crime, ou que o tão falado OVNI não era mais do que um balão meteorológico, ou que finalmente saiu a escalação da seleção nacional. O conceito de “mistério” tem hoje uma carga de sensacionalismo, de manchete jornalística, mas nem sempre foi assim. A palavra grega “mistério” está ligada originariamente às cerimônias religiosas dedicadas aos deuses. Como poucos eram os “iniciados” que sabiam dar amplas explicações sobre os complicados deuses gregos, havia sempre muito de desconhecimento, e um halo místico envolvia aquelas cerimônias.

O cristianismo assumiu a palavra aplicando-a às verdades da fé que não podem ser completamente compreendidas, por ultrapassarem a capacidade do ser humano: assim, por exemplo, o mistério da Santíssima Trindade. É no mesmo sentido que se aplica a palavra aos “mistérios da salvação”, àquelas realidades que, dizendo respeito a Cristo e ao nosso destino eterno, nunca são perfeitamente compreendidas. “Cada passagem da vida de Cristo, como é narrada pelos Evangelistas, reflete aquele Mistério que supera todo o conhecimento (cfr. Ef 3, 19). É o Mistério do Verbo feito carne, no qual «habita corporalmente toda a plenitude da divindade» (Col 2, 9). Por isso, o Catecismo da Igreja Católica insiste tanto nos mistérios de Cristo, lembrando que «tudo na vida de Jesus é sinal do seu Mistério» (n. 515)” (n. 24).

É ainda neste sentido que se utiliza a palavra “mistérios” do Rosário. Trata-se de passar “diante dos olhos da alma os principais episódios da vida de Jesus Cristo” (n. 2), a fim de compreender mais a fundo o seu significado para a nossa vida interior e a nossa relação com Deus. É uma forma de repassar constantemente os acontecimentos que se deram na passagem de Deus entre os homens e que guardam em si os elementos essenciais para a vida cristã.

Os diversos ciclos de mistérios criados pela tradição cristã – Gozosos, Dolorosos, Gloriosos e, agora, Luminosos – “não são certamente exaustivos, mas apelam para o essencial, introduzindo o espírito no gosto de um conhecimento de Cristo que brota continuamente da fonte límpida do texto evangélico” (n. 24).

Devoção cristológica

Devoção tipicamente mariana, o Rosário é, sem dúvida, uma devoção muito cristológica, porque não se pode separar Maria do seu Filho, Jesus. “É o caminho de uma devoção mariana animada pela certeza da relação indivisível que liga Cristo à sua Mãe Santíssima: os mistérios de Cristo são também, de certo modo, os mistérios da Mãe, mesmo quando não está diretamente envolvida, pelo fato de Ela viver dEle e para Ele” (n. 24).

Na bela expressão de João Paulo II, “recitar o Rosário nada mais é senão contemplar com Maria o rosto de Cristo” (n. 3). A atitude contemplativa, em que tanto insiste o Santo Padre, é contemplação do rosto de Cristo. Mas quem nos poderia ensinar melhor a contemplá-lo do que a sua Mãe? Ela nos irá desvendando os mistérios encerrados nessa contemplação. Porque “as recordações de Jesus estampadas na sua alma acompanharam-na em cada circunstância, levando-a a percorrer novamente com o pensamento os vários momentos da sua vida junto com o Filho. Foram estas recordações que constituíram, de certo modo, o «rosário» que Ela mesma recitou constantemente nos dias da sua vida terrena” (n. 11).

Por isso, “percorrer com Ela as cenas do Rosário é como freqüentar a «escola» de Maria para «ler» Cristo, penetrar nos seus segredos, compreender a sua mensagem” (n. 14). Seria impossível encontrar melhor Mestra na matéria mais fundamental da nossa vida cristã. Porque Ela, mais do que ninguém, quer que meditemos nos mistérios da vida de Cristo.

Mas este conhecimento não se limita a um aprendizado teórico ou meramente externo. “No itinerário espiritual do Rosário, fundado na incessante contemplação – em companhia de Maria – do rosto de Cristo, este ideal exigente de configuração com Ele alcança-se através do trato, podemos dizer «amistoso»” (n. 15). Assim como a amizade íntima nos vai “assemelhando” ao amigo, assim a amizade com Cristo adquirida pela recitação do Rosário nos vai “configurando” com Ele. Tornamo-nos mais e mais semelhantes a Cristo, que é uma maneira sintética de dizer que nos. vamos santificando.

Petição através de Maria

Não esqueçamos, porém, que “numerosos sinais demonstram quanto a Virgem Maria quer, também hoje, precisamente através desta oração, exercer aquele cuidado maternal ao qual o Redentor prestes a morrer confiou, na pessoa do discípulo predileto, todos os filhos da Igreja: «Mulher, eis aí o teu filho» (Jo 19, 26)” (n. 7). Ela nunca abandona essa tarefa definitiva que lhe foi confiada pelo seu Filho amado. Cuida de nós como Mãe carinhosa, atenta a todas as nossas necessidades e pedidos.

“Mediante o Rosário, o fiel alcança a graça em abundância, como se a recebesse das próprias mãos da Mãe do Redentor” (n. 1). Não percamos esta oportunidade, portanto, já que são muitas as nossas necessidades. Tanto pessoais, como familiares ou da sociedade em geral.

Dizia Nossa Senhora – falando como de uma terceira pessoa –, nas aparições de Fátima: “Quero que […] continuem a rezar o terço todos os dias, em honra de Nossa Senhora do Rosário, para obter a paz do mundo e o fim da guerra, porque só Ela lhes poderá valer”(6). Para as grandes necessidades mundiais, Ela é a grande intercessora. Mas também para as pequenas dificuldades pessoais Ela se apresenta como a Mãe que se ocupa das “tolices” da criança como se fossem a coisa mais importante do mundo.

“A imploração insistente à Mãe de Deus apóia-se na confiança de que a sua materna intercessão tudo pode no coração do Filho. Ela é «onipotente por graça» como, com expressão audaz a ser bem entendida, dizia o Beato Bártolo Longo na sua Súplica à Virgem” (n. 16). Esta expressão significa que, por graça e disposição divina, Deus concede tudo o que Ela pede. Sendo onipotente o seu Filho, Ela de certa forma o é também, pois alcança fruto para todos os seus pedidos.

Não devemos entender esse poder intercessor apenas quanto à concessão de graças para curas materiais ou para a solução de questões econômicas e materiais em geral. A intercessão de Maria é particularmente poderosa no que se refere às graças espirituais, pois mais importantes e necessárias do que as curas do corpo são as da alma. Assim, o Rosário é um importante instrumento de apostolado cristão. Por isso, João Paulo II diz que “o Rosário conserva toda a sua força e permanece um recurso não descurável na bagagem pastoral de todo o bom evangelizador” (n. 17). Será, portanto, a grande arma para alcançar a conversão à fé daquela pessoa da família que hoje se encontra distante; ou para conseguir que um conhecido participe de uma atividade de formação cristã, ou pelo bem das almas em geral.

Por isso, “se adequadamente compreendido, o Rosário é certamente uma ajuda, não um obstáculo, para o ecumenismo” (n. 4). No diálogo com os não-católicos, Maria, muito mais do que um “obstáculo”, poderá ser uma “medianeira”, facilitando o entendimento mútuo. Com efeito, não são poucos os evangélicos, espíritas ou judeus que têm um carinho todo particular pelo terço, caminho para a aproximação e o diálogo.

A paz e a família

Ao incentivar a devoção do Rosário, o Santo Padre João Paulo II tem no coração dois “alvos” a serem diretamente atingidos, como ele mesmo afirma: “À eficácia desta oração, confio de bom grado hoje […] a causa da paz no mundo e a causa da família” (n. 39).

Se, historicamente, o Rosário esteve muito ligado à vitória em muitas batalhas que os cristãos tiveram de enfrentar, hoje a vitória mais necessária é a vitória da paz. Peçamos a Maria esse maravilhoso dom e sintamo-nos envolvidos pessoalmente na causa da paz, pois “não se pode recitar o Rosário sem sentir-se chamado a um preciso compromisso de serviço à paz” (n. 6). E comecemos esta tarefa pelo âmbito das pessoas mais próximas de nós, já que a grande paz” se constrói a partir das “pequenas pazes”.

“Análoga urgência de empenho e de oração surge de outra realidade crítica da nossa época, a da família, célula da sociedade, cada vez mais ameaçada por forças desagregadoras em nível ideológico e prático, que fazem temer pelo futuro desta instituição fundamental e imprescindível e, conseqüentemente, pela sorte da sociedade inteira. Propõe-se o relançamento do Rosário nas famílias cristãs, no âmbito de uma pastoral mais ampla da família, como ajuda eficaz para conter os efeitos devastadores desta crise da nossa época” (n. 7).

“O Rosário foi desde sempre também oração da família e pela família. Outrora, esta oração era particularmente amada pelas famílias cristãs e favorecia certamente a união. É preciso não abandonar esta preciosa herança. Importa voltar a rezar em família e pelas famílias, servindo-se ainda desta forma de oração” (n. 41). Velhos hábitos tornam-se novos e atualíssimos quando remoçados devidamente, e assim pode e deve acontecer com a oração do Rosário em família. O quadro tradicional da família reunida à volta da lareira ou do fogão a lenha, perto de um antigo e enorme rádio na sala de estar, rezando o terço, pode ser substituído pelo da família moderna, num apartamento, com a presença desligada da televisão e dos modernos aparelhos de som, bem como com os celulares desconectados…

“Muitos problemas das famílias contemporâneas, sobretudo nas sociedades economicamente evoluídas, derivam do fato de ser cada vez mais difícil comunicar-se. As pessoas não conseguem estar juntas, e os raros momentos para isso acabam infelizmente absorvidos pelas imagens de uma televisão” (n. 41). Este quadro realístico traçado por João Paulo II faz pensar que é o momento de tomar iniciativas que, possibilitando a oração em comum, cheguem também a favorecer um clima de diálogo sereno, de entendimento e troca de impressões na vida do lar. Em alguns casos, talvez seja o ponto de partida para a solução de uns problemas familiares de longa data ou o meio de atalhar os primeiros sintomas de desunião.

Oração final

O Papa conclui a sua Carta com uma chamada amorosa de pai: “Que este meu apelo não fique ignorado!” E não ficará se cada um de nós fizer o que estiver ao seu alcance para reavivar esta devoção na sua própria vida, em primeiro lugar, e, depois, à sua volta: na família, entre as amizades de trabalho, da vizinhança, entre parentes e conhecidos…

“Entrego esta Carta apostólica nas mãos sapientes da Virgem Maria, prostrando-me em espírito diante da sua imagem venerada no Santuário esplêndido que lhe edificou o Beato Bártolo Longo, apóstolo do Rosário. De bom grado, faço minhas as comoventes palavras com que ele conclui a célebre Súplica à Rainha do Santo Rosário: “Ó Rosário bendito de Maria, doce cadeia que nos prende a Deus, vínculo de amor que nos une aos anjos, torre de salvação contra os assaltos do inferno, porto seguro no naufrágio geral, não te deixaremos nunca mais. Serás o nosso conforto na hora da agonia. Seja para ti o último beijo da vida que se apaga. E a última palavra dos nossos lábios há de ser o vosso nome suave, ó Rainha do Rosário, ó nossa Mãe querida, ó Refúgio dos pecadores, ó Soberana consoladora dos tristes. Sede bendita em todo o lado, hoje e sempre, na terra e no céu»” (n. 43).

(1) Daqui por diante, as referências a essa Carta apostólica serão indicadas apenas pelo número do parágrafo entre parênteses.

(2) São Josemaría Escrivá, Santo Rosário, 3a. ed., Quadrante, São Paulo, 2001, Introdução.

(3) História de uma alma, man. B., fol. 25.

(4) São Josemaría Escrivá, Sulco, Quadrante, São Paulo, 1987, n. 474.(5) Ibid., n. 475.

(6) William Thomas Walsh, Nossa Senhora de Fátima, Quadrante, São Paulo, 1996, pág. 69.

Fonte: Apostolado Spiritus Paraclitus  (Baseado na obra “Introdução do livro O Rosário de Nossa Senhora, Quadrante, 2002”.)

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Maria e a Família: Atitudes de Maria na Família

O mês de maio é conhecido como mês mariano. Nossas famílias se preparam para homenagear as mães. Por esse motivo, é oportunidade para lembrarmos também da mãe de Jesus, que aos pés da cruz, foi entregue pelo próprio Jesus como mãe de toda humanidade: “mulher, eis o teu filho, depois olhou para o discípulo e lhe disse: eis aí a tua mãe” (Jô 19, 25). A Igreja, no decorrer da história reconheceu que Maria é a mãe de Deus por ter gerado Cristo em seu ventre. Dessa forma se enfatiza os méritos de Jesus, que sem deixar de ser verdadeiro homem, é também verdadeiro Deus.

Mas, nesse mês de maio, voltemos nossa atenção para a figura de Maria mãe e aprendamos dela as atitudes para serem seguidas por nossas famílias, pois acreditamos que nas famílias cristãs as atitudes marianas se tornam meios eficazes para vivermos coerentes com a nossa fé que valoriza a vida como dom pleno do Pai.

E entre tantas atitudes marianas vistas e que podemos contemplar e seguir, citamos a disponibilidade de estar a serviço: “Eis aqui a serva do Senhor”, a ajuda a outras famílias que precisam: “Eles não tem mais vinho” (Jo 2,3), ou mesmo a preocupação com o filho, “Eis que teu pai e eu te procurávamos cheios de aflição” (Lc 2, 48) . Gostaria de chamar a atenção para a fortaleza de Maria como uma das atitudes mais desejadas e esperadas para as famílias de nosso tempo.

Diante da cena da cruz, ao ver seu filho se consumindo por amor, certamente Maria se sentia esmagada pela dor – mas permaneceu em pé, não desfalece, é forte e nos inspira a fortaleza.

Maria sempre está pronta a carregar com o filho todo o peso do sofrimento que lhe fora reservado. Ela compreende e compartilha o sofrimento do filho. Se tivéssemos olhos espirituais com certeza ao olhar para Jesus veríamos que junto dele está Maria.

A atitude de Maria diante da Cruz de Cristo indica que é decisivo e importante permanecer em pé e acreditar na vitória que virá, mesmo quando a realidade mais próxima é o sofrimento. Por isso o nosso lugar como família cristã é permanecer com Maria junto à cruz de Cristo como fiéis e amados discípulos.

Essa atitude de Maria também pode ser alcançada por nós que, sentindo os sofrimentos dos nossos dias, nos inquietamos e corremos o perigo de desanimar e desacreditar nas famílias. Com Maria, aprendemos e nos motivamos a mantermo-nos em pé.

Que as forças marianas, sejam mais vividas e testemunhadas nos lares católicos e cristãos, e que as contrariedades da vida não sejam para nós sinais de aniquilamento e fim da família querida por Deus, mas que sejam sinais de nossa semelhança com Maria que, no seu sentido mais profundo soube viver as dores, confiando sempre que os projetos de Deus são maiores que as dificuldades dos momentos difíceis.

Deus abençoe as nossas famílias com a fortaleza mariana!

Diác. Rosinei Erasmo

Colaborador Diocesano para o Setor Família e Vida

Jaboticabal/SP

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A primeira Imagem esculpida de Nossa Senhora de Fátima

Há um cheiro sacramental espalhado por S. Mamede do Coronado, na Trofa (Portugal). Vem escorraçado pelo pó que sai das oficinas onde velhos “santeiros” talham e pintam estatuetas. São os discípulos de José Ferreira Thedim, o homem que há 82 anos criou a imagem de Nossa Senhora de Fátima. “Um mestre”, diz Zacarias Tedim, sobrinho do escultor. “O número um em arte sacra”, afirma o povo da aldeia.

José Ferreira Thedim nasceu em S. Mamede do Coronado (Portugal) em 1892 e aí morreu em 1971. “O pai era escultor e os irmãos também. Mas o meu tio recorda Zacarias, era o mais artístico de todos”, que aos 65 anos faz um pouco mais do que meia dúzia de imagens.

As estátuas de José Ferreira Thedim primavam pela exuberância, conta Joaquim Oliveira, 76 anos, 20 dos quais pintava o que José F. Thedim cinzelava. “Era o único a moldar, a desenhar e a fazer. Lembro-me que na oficina havia uma educação especial. Um silêncio tremendo. Parecia uma igreja”.

Seria esse profissionalismo, que fez “escola” em S. Mamede do Coronado (Portugal), que levaria a Igreja a escolher José F. Thedim para talhar a figura de Nossa Senhora de Fátima.

 “Muito antes do meu tio ter sido incumbido, em 1917, de esculpir a imagem, já outra tinha sido feita por Teixeira Lopes, escultor de arte antiga”, explica Zacarias. “Era uma mulher de busto forte, vergada, vestida com um traje normal. Só que foi rejeitada”.

Sem figura para assinalar o 13 de Maio, diz Zacarias, o Santuário encomendou outra. “Pediram uma nova imagem à Casa Fânzeres, de Braga, que a confiou a José F. Thedim”. Mas o contato não teria sido casual, destaca o padre Lucindo Silva, abade há 17 anos da vizinha S. Romão do Coronado. “José F. Thedim era amigo do antigo pároco de S. Mamede. E o bispo de Leiria, na época das Aparições, era de S. Pedro de Fins”.

Multiplicação do dinheiro

Escolhido o “santeiro”, “José F. Thedim foi levado até à irmã Lúcia para recolher dados para o trabalho”. Mas o certo, afirma Joaquim Oliveira, pintor, é que no início José F. Thedim teria ido buscar idéias “a um catálogo espanhol” para conceber a imagem original. Sim, “porque há uma original e uma repetitiva”, frisa o padre Lucindo. “A diferença está na forma como foi feito o manto, mas também no fato de uma ser artística e a outra comercial”. Foi esta última que acabou por encher os bolsos a muitos “santeiros”, esclarece Avelino Vinhas, enquanto passeia  com seus 90 anos pela escadaria da Casa Estúdios Nossa Senhora de Fátima.

“Trabalhei com o José F. Thedim dos 12 até aos 20 anos e depois estabeleci-me. Fiz milhares de contos de réis em Fátima e espalhei a nossa arte cristã por todas as nações do Mundo”.

Hoje alegra-se em ter estátuas na China, na América, na Catedral de Luanda e até “um Coração de Maria na terra do Papa, em Cracóvia”.

A visão de Lúcia

Acabada a obra, “com um metro e três centímetros dos pés até ao cabeça”, a imagem seguiu para o Santuário, diz  Zacarias Thedim. “Foi abençoada pelo pároco de Fátima a 13 de Maio de 1920 e a 13 de Junho foi colocada na Capelinha das Aparições”. A partir daí o trabalho de José F. Thedim internacionalizou-se. A tal ponto que em 1931 Pio XI atribuiu-lhe o título de comendador da Santa Sé.

Incansável, o escultor cria, em 1947, a Virgem Peregrina. Novamente, salienta Zacarias, “teve de falar com Lúcia, porque precisava de uma visão fiel”. No trajeto das alterações à estátua juntou-se a José F. Thedim o discípulo Joaquim Oliveira. “Depois de ter dado a primeira volta ao Mundo, a imagem voltou e chamaram-me para a restaurar”, conta. “Fui à presença de Lúcia que me disse o que queria e não queria na imagem”. E o que não queria, confessa, “era que soubessem que eu lá tinha estado”.

Seguiu-se S. João de Deus, “Pietá”, várias homenagens e um pedido especial do antigo presidente norte-americano Eisenhower que lhe encomendou uma “Santane de Beauprais”.

Hoje, a obra de José F. Thedim está espalhada por galerias, igrejas, mosteiros e conventos de todo o Mundo. O problema, frisa Joaquim Oliveira, é que a escola de Thedim está acabando. “Os jovens não ligam a isto. E nós somos os “santeiros”, porque escultores, só os das Belas Artes”.

Talhada em cedro do Brasil

A primeira imagem e que se encontra até hoje entronizada na capelinha das aparições, bem com as primeiras esculpidas para peregrinação pelo mundo foram feitas em madeira de cedro vinda dos Estados de S. Paulo, Paraná e Santa Catarina no Brasil. Uma material lenhoso, colorido e com um cheiro característico muito bom para a talha.

A Coroa

A coroa que a imagem ostenta apenas nas grandes celebrações é um exemplar único cunhado em Lisboa e nela trabalharam gratuitamente 12 artistas durante três meses. Pesa 1200 gramas e é enriquecida por 313 pérolas e 2679 pedras preciosas. Esta coroa  foi oferecida pelas mulheres portuguesas a 13 de Outubro de 1942, em ação de graças por Portugal não ter entrado na 2º Guerra Mundial, e tem incrustada a bala oferecida por João Paulo II.

O falecido Sumo Pontifice ofereceu a bala que lhe trespassou o corpo no atentado de que foi vítima em Roma, a 13 de Maio de 1981, em sinal de agradecimento à Virgem, por lhe salvo a vida.

Fonte:  Zacarias Thedim

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Nossa Senhora da Visitação

"A visitação" Pintor Domenico Ghirlandaio c. 1491 (Musée du Louvre, Paris)

FESTA 31/05

Maio é o mês dedicado à particular devoção de Nossa Senhora. A Igreja o encerra com a Festa da Visitação da Virgem Maria à santa prima Isabel, que simboliza o cumprimento dos tempos. Antes ocorria em 02 de julho, data do regresso de Maria, uma semana depois do nascimento e do rito da imposição do nome de São João Batista.

A referência mais antiga da invocação de Nossa Senhora da Visitação pertence a Ordem franciscana, que assim a festejavam desde 1263, na Itália. Em 1441, o Papa Urbano VI instituiu esta festa, pois a Igreja do Ocidente necessitava da intercessão de Maria, para recuperar a paz e união do clero dividido pelo grande cisma.

A Bíblia narra que Maria viajou para a casa da família de Zacarias logo após a anunciação do Anjo, que lhe dissera “vossa prima Isabel, também conceberá um filho em sua idade avançada. E este é agora o sexto mês dela, que foi dita estéril; nada é impossível para Deus”. (Lc 1, 26, 37). Já concebida pelo Espírito Santo, a puríssima Virgem foi levar sua ajuda e apoio à parenta genitora do precursor do Messias Salvador.

O encontro das duas Mães é a verdadeira explosão de salvação, de alegria e de louvor ao Criador. Dele resultou a oração da Ave Maria e o cântico do “Magnificat”, rezados e entoados por toda a cristandade aos longos destes mais de dois milênios.

Desde 1412, Nossa Senhora da Visitação é festejada especialmente pelos italianos da Sicília, como a Padroeira da cidade da Enna. Mas nem todo o mundo cristão celebrava esta veneração, por isto foi confirmada no sínodo de Basiléia em 1441.

Os portugueses sempre a celebraram com muita pompa, porque rei D. Manuel I, o Venturoso, que governou entre 1495 e 1521, escolheu Nossa Senhora da Visitação a Padroeira da Casa de Misericórdia de Lisboa, e de todas as outras do reino.

Foi assim que este culto chegou ao Brasil Colônia, primeiro na Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro, depois se disseminou por todo território brasileiro. Antigamente os fieis faziam uma enorme procissão até os Hospitais da Misericórdia para levar conforto aos enfermos e suas doações às instituições. Hoje, as paróquias enviam as doações recolhidas com antecedência, para as Pastorais dos enfermos, que atuam com os voluntários junto às Casas de Saúde mais deficitárias. Tudo para perpetuar a verdadeira caridade cristã, iniciada pela Mãe de Deus ao visitar a santa prima levando sua amizade e ajuda quando mais precisava.

Em 1978, a Madre Maria Vincenza Minet foi chamada pelo Senhor para fundar uma congregação de religiosa sob o carisma de Nossa Senhora da Visitação. Com o apoio do Bispo de Assis, nesta cidade da Itália nasceu as Servas da Visitação em 1978, para abrirem missões a fim de atender as necessidades dos mais pobres e marginalizados em todos os continentes. Hoje, além da Itália, atuam na Polônia, Filipinas, África e Brasil.

Fonte: Editora Paulinas

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Nossa Senhora de Fátima: Há 94 anos o céu visitou a terra

A mensagem de Fátima ecoa hoje com ainda mais vigor

Era 13 de maio de 1917, uma manhã de domingo como tantas outras, quando o céu se abriu e Nossa Senhora veio visitar a terra, trazendo um apelo de conversão para toda a humanidade. Escolheu como mensageiros os humildes pastorinhos da Serra de Aire, Jacinta de 7 anos, seu irmão Francisco, de 9, e sua prima Lúcia, de 10 anos.

O lugar escolhido também surpreende pela simplicidade. A Cova da Iria era uma terra de pastagens para o rebanho de ovelhas, coberta de uma vegetação rasteira, pedras e algumas árvores, como a azinheira, utilizada por Nossa Senhora do Céu como púlpito, para falar aos pequeninos e por intermédio deles ao mundo inteiro.

O fato é que, há 94 anos, o 13 de Maio é um marco na história de Portugal, da Igreja e do mundo. A vida daquelas crianças também mudou completamente depois daquele dia. Fiéis ao apelo de Nossa Senhora: «Oferecei a Deus todos os sofrimentos que Ele vos enviar, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores».

Os Três Pastorinhos entregaram-se a esta sua grande missão, principalmente pela recitação diária do terço e a prática de sacrifícios, de tal modo que já em 1919 e 1920, respectivamente, Francisco e Jacinta foram levados ao céu. E depois de a Santa Igreja ter reconhecido as virtudes heroicas deles e um milagre por meio da intercessão deles, o Papa João Paulo II – no dia de 13 de maio de 2000 – declarou-os beatos, reconhecendo assim o cumprimento heroico da missão que receberam de Nossa Senhora.

Na terceira aparição da Virgem Maria às crianças – em julho de 1917, Lúcia recebeu de Nossa Senhora uma missão específica: «Jesus quer servir-Se de ti, para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção a Meu Imaculado Coração». Missão que ela assumiu com muito empenho durante toda a vida.

Em outubro daquele mesmo ano, conforme a Senhora havia prometido, concluiu-se o ciclo das aparições. Aquele dia ficou marcado com o surpreendente “Milagre do Sol” – historicamente certo e reconhecido inclusive pela ciência. Diante deste sinal de Deus, o bispo D. José nomeou, em maio de 1922, uma Comissão Canônica para o processo Diocesano das Aparições e em 13 de outubro de 1930 declarou como dignas de crédito as visões das crianças na Cova da Iria, permitindo oficialmente o culto a Nossa Senhora de Fátima que, a esta altura, já atraía milhares de peregrinos de diversas partes do mundo ao local.

A essência da Mensagem de Fátima é chamar a atenção dos homens para as verdades eternas da salvação. Sua primeira exigência é a reparação das ofensas cometidas contra Deus, contra Jesus e contra o Imaculado Coração de Maria.

Jacinta Marto, a mais nova entre os três videntes, expressava esta verdade quando já enferma – e totalmente absorvida pelo desejo do Céu – vivia seus últimos dias aqui na terra. «Se os homens soubessem o que é a eternidade, faziam tudo para mudar de vida», proclamava ela.

Francisco, que tinha caráter firme e era, segundo relatos, o mais radical nas penitências, era de poucas palavras e de muita oração. Sabendo que seria logo levado ao Céu pela Branca Senhora, não queria outra coisa senão consolar o coração de Jesus com suas orações e penitências. Enquanto a sua irmã e a prima iam à escola, ele aproveitava para ficar com “Jesus Escondido”, como costumava referir-se à Santíssima Eucaristia.

À Lúcia foi confiada – pela Virgem de Fátima – a missão de nos transmitir a Mensagem de Fátima, guardar por um tempo “o Segredo de Fátima” e ser, durante sua vida na terra, um sinal concreto de fé e esperança para os peregrinos e devotos de Nossa Senhora. Faleceu aos 98 anos, em 13 de fevereiro de 2005.

Noventa e quatro anos já se passaram e a Mensagem de Fátima parece-nos ecoar com ainda mais vigor. As inúmeras graças alcançadas e o número cada vez maior de peregrinos que vêm à Cova da Iria são sinais evidentes da presença real da Mãe de Deus neste lugar.

Apoiemo-nos com fé na promessa que Nossa Senhora nos fez: «Por fim meu Imaculado Coração triunfará» e caminhemos como fiéis peregrinos rumo à salvação eterna.

Fonte/Autora:

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Dijanira Silva
dijanira@geracaophn.com

Dijanira Silva Apresentadora da Rádio CN FM 103.7 em Fátima Portugal

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A missão da Irmã Lúcia

A difusão da devoção ao Imaculado Coração de Maria foi a incumbência específica dada por Nossa Senhora a essa privilegiada vidente.

A visita da Virgem Maria foi para a Irmã Lúcia “o início de uma singular missão, à qual ela se manteve fiel até ao fim dos seus dias”, afirma o Papa João Paulo II na mensagem enviada ao Bispo de Coimbra, por ocasião das exéquias da quase centenária freira carmelita.

Qual foi em concreto essa missão? A resposta, encontramo-la nas “Memórias” de Lúcia.

A graça de Deus será vosso conforto

Com aquela celestial Senhora “vestida de luz”, a vidente manteve vários diálogos. Já na primeira aparição, a 13 de maio, perguntou-lhe:

– E eu também vou para o Céu?

– Sim, vais.

– E a Jacinta

– Também.

– E o Francisco?

– Também, mas tem que rezar muitos Terços. (…) Quereis oferecer-vos a Deus para suportar todos os sofrimentos que Ele quiser enviar-vos, em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido, e de súplica pela conversão dos pecadores?

– Sim, queremos.

– Ide, pois, ter que sofrer, mas a graça de Deus será o vosso conforto.

“Foi ao dizer estas palavras – esclarece a Irmã Lúcia, em suas memórias – que abriu as mãos, fazendo penetrar em nossos peitos o reflexo que delas expedia. A qual luz nos penetrava no peito e no mais íntimo da alma, fazendo-nos ver a nós mesmos em Deus, que era essa luz, mais claramente do que nos vemos no melhor dos espelhos. Então, por um impulso íntimo, também comunicado, caímos de joelhos e repetíamos intimamente: ‘Ó Santíssima Trindade, eu Vos adoro. Meu Deus, meu Deus, eu Vos amo no Santíssimo Sacramento’.

“Passados os primeiros momentos, Nossa Senhora acrescentou: ‘Rezem o Terço todos os dias para alcançarem a paz para o mundo e o fim da guerra’.”

Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar

Na segunda aparição, a 13 de junho, Nossa Senhora confiou à Irmã Lúcia uma missão específica, dizendo-lhe:

– A Jacinta e o Francisco, levoos em breve, mas tu ficas cá mais algum tempo. Jesus quer servir-Se de ti para Me fazer conhecer e amar. Ele quer estabelecer no mundo a devoção ao meu Imaculado Coração. A quem a abraçar, prometo a salvação, e serão queridas de Deus essas almas, como flores postas por Mim a adornar o seu trono.

E a eleita religiosa acrescenta: “Nossa Senhora me disse que nunca me deixaria e que seu Imaculado Coração seria o meu refúgio e o caminho que me conduziria a Deus”.

Comentando essa confortadora promessa da Santíssima Virgem, Jacinta expande-se com sua prima em manifestações de amor:

“Aquela Senhora disse que o seu Imaculado Coração será o teu refúgio e o caminho que te conduzirá a Deus. Não gostas tanto disto? Eu gosto tanto do seu Coração! É tão bom! Gosto tanto do Coração Imaculado de Maria! É o Coração da nossa Mãezinha do Céu! Tu não gostas tanto de dizer muitas vezes: Doce Coração de Maria! Imaculado Coração de Maria! Eu gosto tanto, tanto! Doce Coração de Maria, sede a minha salvação! Imaculado Coração de Maria, convertei os pecadores, livrai as almas do inferno!”

Eu fico mais algum tempo na terra

A designação de Lúcia para uma missão específica é relatada, com acréscimo de alguns pormenores, num diálogo entre os três pastorinhos a propósito da aparição de 13 de junho de 1917. Francisco pergunta à sua prima:

– Para que estava Nossa Senhora com um coração na mão espalhando pelo mundo essa luz tão grande que é Deus? Tu estavas com Nossa Senhora na luz que descia para a terra, e a Jacinta, comigo, na que subia para o Céu.

– É que tu, com a Jacinta, vais em breve para o Céu, e eu fico com o Coração Imaculado de Maria mais algum tempo na terra.

– Quantos anos ficas aqui?

– Não sei, bastante tempo!

– Foi Nossa Senhora quem o disse? – insiste Francisco.

– Foi. E eu o vi nessa luz que Ela nos fez penetrar no peito.

Ouvindo esta última afirmação, Jacinta exclama:

– É assim mesmo! Eu também assim o vi. Esta gente fica tão contente só por lhe dizermos que Nossa Senhora mandou rezar o Terço e que aprendesses a ler! O que seria se soubessem o que Ela nos mostrou em Deus, no seu Imaculado Coração, nessa luz tão grande! Mas isso é segredo, não se lhe diz. É melhor que ninguém o saiba.

Amor ardente ao Imaculado Coração

E em outro trecho das “Memórias”, a Irmã Lúcia escreve: “Parece-me que, naquele dia (13 de julho de 1917, terceira aparição), este reflexo teve por fim principal infundir em nós um conhecimento e amor especial para com o Coração Imaculado de Maria, assim como das outras duas vezes o teve a respeito de Deus e do mistério da Santíssima Trindade.
Desde esse dia, sentimos no coração um amor mais ardente pelo Coração Imaculado de Maria”.

Qual era a força desse amor, pode-se avaliar pela recomendação feita por Jacinta à Irmã Lúcia em julho de 1919, pouco antes de ir para o Hospital de Ourém: “Falta-me pouco para ir para o Céu. Tu ficas cá para dizeres que Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Imaculado Coração de Maria. Quando for para dizeres isso, não te escondas. Diz a toda a gente que Deus nos concede as graças por meio do Coração Imaculado de Maria, que as peçam a Ela. Ah! se eu pudesse meter no coração de toda gente o lume que tenho cá dentro no peito a queimar-me e a fazer- me gostar tanto do Coração de Jesus e do Coração de Maria!”

Fonte: Arautos

Artigos

O que é ser santo?

Autor: Frei Lourenço Maria Papin, OP


A Igreja toda viveu um forte momento de emoção religiosa com a beatificação de João Paulo II por Bento XVI, no passado dia primeiro de maio.

E a Igreja no Brasil, particularmente reviverá essa emoção com beatificação da brasileira Irmã Dulce, no próximo 22 de maio. Irmã Dulce, carinhosamente chamada de “o anjo bom da Bahia” em razão de seu trabalho com os doentes, pobres e marginalizados.

Os ritos da Beatificação, assim como na canonização, são gestos eclesiais para lembrar que todos somos chamados por Deus a ser santos.

“Vocação Universal à Santidade na Igreja” é o significativo título do capítulo V da Constituição Dogmática Lumen Gentium do Concílio Vaticano II.

A propósito, escreveu João Paulo II: “A santidade é a prioridade permanente da Igreja” (Cf. Carta Apostólica “No início do novo milênio” – NMI – n. 30). E Igreja somos todos nós, sem distinção, igualitáriamente.

Mas afinal, o que é ser santo? Antes de tudo, a santidade não é privilégio de alguns nem é elitista.  Ela não está além das nuvens, mas ao alcance de todos, pois “esta é a vontade de Deus: a vossa santificação”, escreveu Paulo à sua comunidade de Tessalônica (1 Tess 4,3).

Aliás, os cristãos, no tempo dos apóstolos, sem falsa modéstia, se chamavam de santos. É tão bonita a conclusão da carta de Paulo aos filipenses, escrita na prisão em Roma: “Saudai a todos os santos em Cristo Jesus. Os irmãos que estão comigo vos saúdam. Todos os santos vos saúdam, especialmente os da casa do Imperador” (Fl 4,21). Santos estes corajosos, pois certamente viviam na clandestinidade!

Ser santo é viver a Caridade, isto é, levar até as últimas consequências os dois supremos mandamentos: amar a Deus  sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmo (Cf Mt 22, 34-40). A santidade consiste essencialmente na Caridade e no fato de sermos filhos de Deus, “participantes de sua natureza divina” (2 Pd 1, 4b).

Ser santo é viver na amizade filial com Deus. É estar em comunhão com a Trindade Santa, mistério de infinito amor. A Trindade é fonte e inspiração de toda a santidade.

Ser santo é ter vida de oração pessoal e comunitária permanente . É ouvirr e praticar a Palavra de Deus com todas suas exigências, numa atitude de Fé vivificada pela Caridade.

Ser santo é estar em comunhão participativa com a Igreja, com a comunidade. Ninguém se torna santo isoladamente. Na Igreja vamos encontrar os Sacramentos como canais de graças especiais para o crescimento na santidade. Ser santo é ter vida sacramental, sobretudo eucarística.

Ser santo é estar em continuo e humilde processo de conversão, procurando afastar o maior obstáculo à santidade que pe o pecado. Ser santo é viver em estado de Graça.

Ser santo é fazer de toda nossa vida uma oblação a Deus, como expressão de entrega e serviço a Ele e aos irmãos, sobretudo pobres e necessitados.

Ser santos é respeitar a defender a dignidade da pessoa humana, obra-prima de Deus, remida e restaurada pelo sangue de Cristo. Ser santo é ter fome e sede justiça e promover a paz como exigência de vida digna para todos. Essa é a dimensão social da santidade.

A santidade pode florescer em toda parte, nos mais variados estilos de vida: na vida conjugal e familiar, na vida sacerdotal e religiosa nas diversas modalidades da vida profissional e até mesmo na vida politica.

Entre as centenas de processos de beatificação de leigos e leigas que tramitam no Vaticano, pelo menos dois se referem a politicos: Alcides De Gasperi, admirável estadista, por vários anos primeiro ministro da Itália no após guerra, e Giorgio La Pira, respeitado jurista que foi deputado federal no parlamento italiano e duas vezes prefeito de Florença.

Independente de beatificação ou canonização, estejamos certos que há multidões de santos e santas anônimos pelos caminhos da vida, tantos deles, quem sabe, bem perto de nós, no meio de nós! Se não os houvesse, a Redenção teria sido um fracasso, como profetizou um meu confrade, Frei João Alves Basílio.

E para nos questionar, cito aqui as desconcertantes palavras de um grande convertido, escritor e jornalista católico francês, Léon Bloy (1846  – 1917): “A única tristeza é não ser santo”!

Sim, “a única tristeza é não ser santo”: na vida pessoal, na vida de família e de comunidade, na vida profissional, política e social. Essa tristeza desaparecerá e dará lugar  à verdadeira alegria, na medida e m que houver empenho na busca da santidade.

Será a santidade um ideal impossível? Mas Deus nunca exige de seus filhos o impossível!

Não obstante as fraquezas e limitações humanas, pois somos santos e pecadores, acreditamos no ideal da santidade, sabendo que o seu protagonista é o próprio Espírito de Deus, forte e suavemente agindo na criatura humana.